Você compraria um título com remuneração negativa? Tem gente que compra! Entenda a lógica por trás dos juros abaixo de zero
Entenda por que praticar juros negativos é possível mesmo contrariando a lógica das finanças e conheça os riscos dessa estratégia para a economia mundial e o seu bolso
Que tal comprar um título de renda fixa que paga -1,0% ao ano? Ou então emprestar R$ 100 para alguém que, no fim do prazo, vai te devolver somente R$ 90? Não faz muito sentido, certo? Pelo menos à primeira vista, parecem ser péssimos negócios. Mas no mundo de juros negativos em que estamos vivendo, operações como essas estão acontecendo.
É claro que juros negativos ainda são estrangeiros para nós, brasileiros. Mas nos países desenvolvidos, eles já são uma realidade pelo menos desde a crise de 2008. No vídeo a seguir, eu explico a lógica por trás disso e como esse cenário pode afetar os seus investimentos:
Confira a seguir a transcrição do vídeo sobre a lógica por trás dos juros negativos
O mundo passa hoje por um cenário atípico e, até pouco tempo atrás, impensável para os economistas: taxas de juros negativas em vários países desenvolvidos - na zona do euro e em países como Suíça, Suécia, Dinamarca e Japão. Segundo um levantamento recente do jornal "Financial Times", cerca de 25% do mercado global de títulos de dívida - sejam eles títulos públicos ou de crédito privado - são hoje negociados a taxas abaixo de zero. Isso dá cerca de US$ 17 trilhões, mais do que o PIB da China.
Mas o que significa uma taxa de juros nominal negativa? E que tipo de consequência esse cenário pode ter para um país como o Brasil, que ainda nem sonha com um fenômeno desse tipo? Juros negativos: e eu com isso?
Juros negativos são exatamente o que parecem ser. Em países onde os bancos centrais determinaram taxas negativas, os bancos pagam para deixar o dinheiro depositado junto ao BC, em vez de receber uma remuneração. No mercado de crédito, títulos do governo e de dívidas de empresas também podem acabar sendo negociados a taxas abaixo de zero. Ou seja, investidores que compram um título de renda fixa a taxas negativas vão efetivamente receber menos do que investiram na data de vencimento. E você aí pensando que a vida do investidor em renda fixa no Brasil é que ficou difícil!
Leia Também
A lógica por trás desse fenômeno é exatamente a mesma de qualquer outro corte de juros: estimular a atividade econômica. Os bancos passam a ter mais incentivo para emprestar para as empresas produzirem e as famílias consumirem. Já os investidores vão buscar retornos maiores em ativos mais arriscados e ligados à economia real, como ações, imóveis, ou mesmo a abertura de negócios próprios. Em outras palavras, uma taxa de juros negativa nada mais é do que uma taxa de juros que caiu demais, a ponto de ir abaixo de zero.
Tem também um outro motivo que pode levar um banco central a adotar juros negativos: a tentativa de evitar que a moeda do país se valorize demais, o que tornaria os seus produtos pouco competitivos no mercado internacional. Um exemplo clássico é a Suíça, que já lançou mão dessa estratégia no passado. Moedas fortes e seguras, como o franco suíço, atraem recursos do mundo todo em momentos de crise e aversão a risco. Mas essa entrada desenfreada de moeda estrangeira pode ser muito prejudicial à economia do país.
Eu sei o que você deve estar se perguntando: por que alguém compraria um título que paga remuneração negativa? De fato, isso não tem qualquer lógica, a menos que o investidor acredite que a taxa de juros possa cair ainda mais e pretenda vender o título antes do vencimento, para ganhar com a sua valorização. Outra possível explicação é que o investidor esteja apostando na valorização da moeda em que o título foi emitido - pode ser que ela compense a taxa negativa. Nesta reportagem, o Eduardo Campos explica melhor essa tese.
Mas quais as implicações desse mundo de juros negativos para o investidor brasileiro? Bem, teoricamente, esse cenário deveria ser positivo para o Brasil. Se os ativos mais seguros do mundo estão pagando quase nada ou menos que nada, quem tem dinheiro na mão pode estar disposto a correr risco num mercado emergente como o Brasil - seja por meio do investimento direto, seja pela compra de ações na bolsa, seja pelo investimento em renda fixa, já que os nossos juros ainda são altos.
- Veja mais: Investidores comuns estão aprendendo como antecipar o movimento das ações com um dos maiores analistas técnicos do país. VAGAS LIMITADAS. Corra. Entre aqui.
O problema é que o mundo desenvolvido tem mantido os juros baixos ou negativos desde a crise de 2008 e, até agora, a economia não deu um grande salto. Pelo contrário, está encarando o risco de recessão. Vale lembrar que esses países têm menos demanda por investimento, e a sua população envelheceu e está vivendo mais. Pessoas mais velhas são menos dispostas a gastar e tomar risco, já que preferem segurar o dinheiro que juntaram, mesmo que em troca de uma remuneração menor.
O temor é que a atividade não pegue no tranco, e os bancos centrais se vejam sem armas para lutar contra uma nova grande crise que possa vir por aí. E num cenário desses, não vai ser o Brasil que vai nadar sozinho de braçada.
Existem também outros riscos, como o superendividamento de famílias e empresas por causa do período prolongado de crédito farto, tomada excessiva de risco pela busca de maiores retornos, aumento da desigualdade social, formação de bolhas ou mesmo um repique inflacionário, caso os juros caiam além da conta. Esse cenário também pode acabar prejudicando a saúde financeira dos bancos, que podem fazer empréstimos demais por retorno de menos - afinal de contas, eles vivem de receber juros, certo?
A verdade é que ainda não existe consenso sobre como esse tipo de política monetária afeta o crescimento, nem sobre a extensão dos problemas que poderia causar. Mas parece que existe um limite até onde a estratégia dos juros negativos pode ser usada, inclusive no caso de evitar a supervalorização de moedas fortes, como a história suíça já provou.
Gostou do vídeo? Então não deixe de se inscrever no canal do Seu Dinheiro no YouTube e clicar no sininho para receber as notificações. E pode deixar dúvidas e ideias para outros vídeos no campo do comentários.
Brasil captou no exterior com menor prêmio da história este ano: “há um apetite externo muito grande”, diz secretário do Tesouro
Em evento do BNDES, Rogério Ceron afirmou que as taxas dos títulos soberanos de cinco anos fecharam com a menor diferença da história em relação aos Treasurys dos EUA
Isentas de imposto de renda ou não, debêntures incentivadas continuarão em alta; entenda por quê
A “corrida pelos isentos” para garantir o IR zero é menos responsável pelas taxas atuais dos títulos do que se pode imaginar. O fator determinante é outro e não vai mudar tão cedo
Renda fixa: Tesouro IPCA+ pode render 60% em um ano e é a grande oportunidade do momento, diz Marília Fontes, da Nord
Especialista aponta que as taxas atuais são raras e que o fechamento dos juros pode gerar ganhos de até 60% em um ano
Quanto rendem R$ 10 mil na renda fixa conservadora com a Selic estacionada em 15% — e quais são os ativos mais atrativos agora
Analistas de renda fixa da XP Investimentos simulam retorno em aplicações como poupança, Tesouro Selic, CDB e LCI e recomendam ativos preferidos na classe
Tesouro Selic deve ser primeiro título do Tesouro Direto a ter negociação de 24 horas, diz CEO da B3
Rogério Ceron, secretário do Tesouro Nacional, também falou sobre o que esperar do próximo produto da plataforma: o Tesouro Reserva de Emergência
Nada de 120% do CDI: CDB e LCA estão pagando menos, com queda de juros à vista e sem o banco Master na jogada; veja a remuneração máxima
Levantamento da Quantum Finance traz as emissões com taxas acima da média do mercado e mostra que os valores diminuíram em relação a julho
Chamada final para retornos de 15% ou IPCA + 7%? Analistas indicam o melhor da renda fixa para setembro, antes de a Selic começar a cair
BTG Pactual, BB Investimentos, Itaú BBA e XP recomendam travar boa rentabilidade agora e levar títulos até o vencimento diante da possibilidade de corte dos juros à frente
CDB do Banco Master a 185% do CDI ou IPCA + 30%: vale a pena investir agora? Entenda os riscos e até onde vai a garantia do FGC
Os títulos de renda fixa seguem com desconto nas plataformas de corretoras enquanto a situação do banco Master continua indefinida
Liquidação no mercado secundário dispara retorno de CDBs do Banco Master: de IPCA + 30% a 175% do CDI
Sem a venda para o BRB, mercado exige prêmio maior para o risco aumentado das dívidas do banco e investidores aceitam vender com descontos de até 40% no preço
Como ficam os CDBs do banco Master e do Will Bank após venda ao BRB ser barrada? Retornos chegam a 25% ao ano ou IPCA + 19%
A percepção de risco aumentou e investidores correm para vender seus títulos novamente, absorvendo prejuízos com preços até 40% menores
SPX diminui aposta no Banco do Brasil e vê oportunidade rara no crédito soberano da Argentina
Com spreads comprimidos travando o mercado local de títulos de dívida, a SPX afina a estratégia para preservar relação risco-retorno em fundos de crédito
Braskem, Vale, Mercado Livre… onde estão os riscos e oportunidades no crédito para quem investe em debêntures, na visão da Moody’s
Relatório da agência de risco projeta estabilidade na qualidade do crédito até o próximo ano, mas desaceleração da atividade em meio a juros altos e incertezas políticas exigem cautela
Prêmio das debêntures de infraestrutura é o menor em cinco anos — quem está comprando esse risco e por quê?
Diferença nas taxas em relação aos retornos dos títulos públicos está cada vez menor, diante da corrida aos isentos impulsionada por uma possível cobrança de imposto
A nova jogada dos gestores de crédito para debêntures incentivadas em meio à incerteza da isenção do IR
Com spreads cada vez mais apertados e dúvidas sobre a isenção do imposto de renda, gestores recorrem ao risco intermediário e reforçam posições em FIDCs para buscar retorno
Tesouro Direto vai operar 24 horas por dia a partir de 2026
Novidades incluem título para reserva de emergência sem marcação a mercado e plataforma mais acessível para novos investidores
Tesouro Direto IPCA ou Prefixado: Qual a melhor opção de renda fixa para lucrar na virada de ciclo dos juros?
Com juros em queda e inflação sob controle, entenda como escolher a melhor opção de rentabilidade para proteger e potencializar os investimentos
Debêntures da Petrobras (PETR4) e prefixados com taxa de 13% ao ano são destaques. Confira as recomendações para renda fixa em agosto
BTG Pactual, Itaú BBA e XP recomendam travar boa rentabilidade agora e levar títulos até o vencimento diante das incertezas futuras
Tesouro Educa+ faz aniversário com taxas de IPCA + 7% em todos os vencimentos; dá para garantir faculdade, material e mais
Título público voltado para a educação dos filhos dobrou de tamanho em relação ao primeiro ano e soma quase 160 mil investidores
De debêntures incentivadas a fundos de infraestrutura, investidores raspam as prateleiras para garantir títulos isentos — e aceitam taxas cada vez menores
A Medida Provisória 1.303/25 tem provocado uma corrida por ativos isentos de imposto de renda, levando os spreads dos títulos incentivados a mínimas históricas
De SNCI11 a URPR11: Calote de CRIs é problema e gestores de fundos imobiliários negociam alternativas
Os credores têm aceitado abrir negociações para buscar alternativas e ter chances maiores de receber o pagamento dos títulos