Entenda como funciona o rating, a nota de crédito dos países e das empresas
A avaliação sobre a capacidade financeira de países e empresas de uma maneira padronizada serve para que os investidores conheçam o nível de risco a que estão se expondo na hora de comprar títulos de dívida. Eu conto para você o conceito que está por trás dessas notas
Quando penso nas agências de rating e na forma como empresas e países são avaliados eu me lembro do meu avô. Preocupado com a educação financeira da minha mãe e meus tios, ele criou uma espécie de rating pessoal para avaliar a situação de cada um deles.
Se um filho gastava toda a mesada que recebia e depois vinha pedir mais dinheiro, perdia pontos. Por outro lado, se usava o dinheiro para coisas importantes e sabia administrar bem a quantia até o fim do mês, recebia uma espécie de "bônus".
Com as devidas licenças, essa história ilustra como funcionam os ratings concedidos pelas agências de classificação de risco tanto para países e como para empresas. Uma nação que mantém dívidas em dia e uma situação fiscal saudável, por exemplo, recebe notas mais elevadas, enquanto que economias descontroladas costumam perder níveis de avaliação.
É claro que existem muitas variáveis em jogo quando o assunto é nota de crédito. Foi pensando nisso que preparei para você esse guia com tudo o que você precisa saber sobre ratings.
Mas afinal, o que são ratings?
O conceito parece difícil, mas na verdade é muito simples. O rating é uma nota atribuída pelas agências de classificação de risco de crédito. Essa nota pode se referir a um país, uma empresa ou um banco, e reflete a capacidade que esse órgão tem de honrar suas dívidas. Quanto maior a nota, mais confiável essa instituição é.
No mercado financeiro, essa nota serve para que os investidores conheçam o nível de risco a que estão se expondo caso queiram comprar títulos de dívida de uma determinada empresa ou de um país. A nota de crédito permite ainda uma comparação entre os diferentes países e empresas, algo fundamental na hora de decidir onde colocar os recursos.
Leia Também
Como o rating é calculado
Cada agência de classificação utiliza métricas e níveis próprios para atribuir uma nota de rating, mas no geral essas avaliações levam em consideração alguns fatores financeiros.
No lado técnico, são considerados fatores como balanço patrimonial, ativos (patrimônio), passivos (dívidas), fluxo de caixa e projeções estatísticas. Além disso, as agências também levam em consideração elementos externos à empresa, como cenário de negócios, situação do setor e legislação.
Feito esses levantamentos, as agências então classificam as empresas ou países em dois grandes grupos: os com grau de investimento e os com grau especulativo.
O primeiro nível ocorre quando o avaliado possui boas condições de quitar suas dívidas e está distante de um calote. No fim das contas, acaba sendo um sinal de recomendação para que investidores apliquem seu dinheiro. Já no grau especulativo a situação é inversa: a empresa ou o país está com suas finanças comprometidas e tem grande chance de dar calote.
As agências de classificação
A ideia de criar uma agência especializada nas análises financeiras e conjunturais das empresas e dos países nasceu nos Estados Unidos. Esse processo em muito tem a ver com a expansão territorial americana no século XIX, que tornou o fluxo de informações sobre as empresas mais difícil. Com investidores buscando cada vez mais dados para aplicar seu dinheiro, surgem as companhias focadas no fornecimento de informações sobre a capacidade dos clientes em honrarem suas dívidas.
As primeiras agências oficiais a atuarem nesse ramo foram a Fitch Ratings, Moody’s e Standard & Poor’s Global (S&P Global), que por sinal são as três maiores em atuação no mundo hoje em dia. Para você ter uma ideia, no início da década, essas três agências controlavam mais de 90% das classificações do planeta.
A tabela de notas
Cada agência de risco trabalha com um tipo distinto de classificação. A Moody’s, por exemplo, utiliza com uma faixa de avaliação que vai de "AAA" até "C". Já S&P e Fitch utilizam a faixa entre "AAA" e "D".

O que significa ter um rating bom
Se na teoria as notas de classificação de risco podem parecer abstratas demais, na prática essa história muda. Os ratings muitas vezes são levados em consideração pelo mercado na hora de tomada de decisão de investimentos, sobretudo estrangeiros.
No caso de um país, por exemplo, a falta de uma boa nota de crédito soberana pode comprometer a visão que os investidores têm daquela economia. Sem dinheiro injetado, o efeito cascata vem, levando a desvalorização de ações e de moedas locais.
Vale lembrar que os ratings soberanos também servem como uma espécie de régua para as notas de créditos das empresas daquele país. Uma economia com notas baixas acaba atrapalhando a visão que os investidores podem ter das companhias que atuam naquele país. Esse exemplo fica bastante claro quando olhamos para os ratings de empresas estatais, como a Petrobras. Hoje, a petroleira possui a mesma nota que o rating soberano do Brasil nas três principais agências ("BB-" na S&P Global e Fitch, e "Ba2" na Moody’s), mesmo que sua saúde financeira tenha melhorado muito nos últimos anos e as perspectivas para os negócios sejam bastante positivas.
Outro ponto a ser levado em consideração é o caráter transitório dos ratings. A nota atual de um país é a “foto” mais recente de sua economia, já a sequência de classificações representa um “filme”. Isso fica claro quando se observa duas economias com a mesma nota de crédito. A foto é a mesma, mas o filme pode mostrar realidades bastante diferentes em termos de desenvolvimento, já que uma pode estar em pleno crescimento enquanto a outra sofre um quadro fiscal agonizante.
A credibilidade das agências de rating
Durante muito tempo, a nota dada pelas agências de classificação de risco era considerada pelo mercado a principal métrica de avaliação de qualquer país ou empresa. Mas esse reconhecimento todo ficou comprometido durante a crise financeira de 2008. Naquela época, os "papéis podres", que foram os pivôs de toda a crise, estavam avaliados com notas máximas pelas agências de risco. Uma baita crise de reputação.
Não bastasse isso, o trabalho das agências sofre de um grave problema conceitual: o conflito de interesses. Isso acontece porque, na prática, as próprias empresas e países pagam para que instituições emitam suas notas. Voltando à história do meu avô, seria como se meus tios ou minha mãe tirassem parte da mesada para pagar pela sua própria avaliação. E quando o avaliado é, ao mesmo tempo, cliente, acaba sendo difícil tirar do mercado a ideia de conflito.
Ainda assim, os ratings continuam sendo um dos critérios mais usados para se avaliar a situação financeira de quem possui dívidas no mercado. Para você ter uma ideia, as notas ainda são usadas como critérios decisivos para investimentos de grandes fundos estrangeiros. A falta de grau de investimento faz com que vários fundos acabem impedidos de operarem no mercado pela insegurança financeira e fiscal.
A situação do Brasil
O Brasil é um típico exemplo de que a foto atual não consegue contar o filme completo. Historicamente, a nossa economia demorou vários anos para conseguir alcançar o desejado grau de investimento. E ele só veio em 2008, durante o segundo mandato do ex-presidente Lula.
Conseguimos sustentar esse patamar por pouco tempo, mais especificamente sete anos. Em 2015, no auge da crise econômica que começou a tomar forma no governo Dilma Rousseff, as três principais agências de classificação de risco cortaram a nota brasileira, retirando o grau de investimento.
No atual panorama, o rating soberano brasileiro possui notas "BB-" na S&P e na Fitch, três notas abaixo do grau de investimento. Já na Moody’s, o Brasil está com nota "Ba2", duas abaixo do selo de bom pagador.

A dificuldade atual do Brasil em elevar sua nota de crédito ocorre tanto pela profunda crise econômica, que ainda hoje traz reflexos na nossa atividade, como pela grave situação fiscal do governo, que procura alternativas para cobrir o rombo, como a reforma da Previdência e reforma tributária.
Rating global x rating nacional
Um diferenciação importante e que pouca gente se atenta é a história do rating global e rating nacional. O conceito é bastante simples: os ratings globais são aqueles em que o país ou a empresa estão avaliados em relação ao mercado financeiro mundial. Ou seja, a nota atribuída é um comparativo com a situação econômica e fiscal de todo o mundo. É o caso, por exemplo, dos ratings soberanos de cada país e do rating global "BB-" da Petrobras que citamos acima.
Já o rating nacional é um pouco diferente e só pode ser aplicado dentro da conjuntura financeira de cada país. Aqui, a avaliação é feita olhando para o mercado interno, e isso acaba mudando os parâmetros de notas. Veja o exemplo da Petrobras: se lá fora a petroleira apresenta um rating "BB-" pela S&P Global e Fitch, no cenário brasileiro ela apresenta classificação "AAA". Logo, um rating muito bem avaliado dentro do Brasil, sendo considerado um dos ativos mais seguros para se investir, no exterior pode não receber o mesmo reconhecimento.
Game of Thrones, Friends, Harry Potter e mais: o que a Netflix vai levar em acordo bilionário com a Warner
Compra bilionária envolve HBO, DC, Cartoon Network e séries de peso; integração deve levar até 18 meses
A guerra entre Nubank e Febraban esquenta. Com juros e impostos no centro da briga, quais os argumentos de cada um?
Juros, inadimplência, tributação e independência regulatória dividem fintechs e grandes instituições financeiras. Veja o que dizem
Depois de escândalo com Banco Master, Moody’s retira ratings do BRB por risco de crédito
O rebaixamento dos ratings do BRB reflete preocupações significativas com seus processos e controles internos, atualmente sob investigação devido a operações suspeitas envolvendo a aquisição de carteiras de crédito, diz a agência
Cyrela (CYRE3) e SLC (SLCE3) pagam R$ 1,3 bilhão em dividendos; Eztec (EZTC3) aumentará capital em R$ 1,4 bilhão com bonificação em ações
A maior fatia da distribuição de proventos foi anunciada pela Cyrela, já o aumento de capital da Eztec com bonificação em ações terá custo de R$ 23,53 por papel e fará jus a dividendos
Gol (GOLL54) é notificada pelo Idec por prática de greenwashing a viajantes; indenização é de R$ 5 milhões
No programa “Meu Voo Compensa”, os próprios viajantes pagavam a taxa de compensação das emissões. Gol também dizia ter rotas neutras em carbono
Se todo mundo acha que é uma bolha, não é: veja motivos pelos quais o BTG acredita que a escalada da IA é real
Banco aponta fundamentos sólidos e ganhos de produtividade para justificar alta das empresas de tecnologia, afastando o risco de uma nova bolha
Produção de cerveja no Brasil cai, principalmente para Ambev (ABEV3) e Heineken (HEIA34); preço das bebidas subiu demais, diz BTG
A Ambev aumentou os preços de suas marcas no segundo trimestre do ano, seguida pela Heineken, em julho — justamente quando as vendas começaram a encolher
Vale (VALE3) desafia a ordem de pagar R$ 730 milhões à União; mercado gosta e ações sobem mais de 1%
Em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a mineradora alega que a referida decisão foi proferida em primeira instância, “portanto, seu teor será objeto de recursos cabíveis”
De seguro pet a novas regiões: as apostas da Bradesco Seguros para destravar o próximo ciclo de crescimento num mercado que engatinha
Executivos da seguradora revelaram as metas para 2026 e descartam possibilidade de IPO
Itaú com problema? Usuários relatam falhas no app e faturas pagas aparecendo como atrasadas
Usuários dizem que o app do Itaú está mostrando faturas pagas como atrasadas; banco admite instabilidade e tenta normalizar o sistema
Limpando o nome: Bombril (BOBR4) tem plano de recuperação judicial aprovado pela Justiça de SP
Além da famosa lã de aço, ela também é dona das marcas Mon Bijou, Limpol, Sapólio, Pinho Bril, Kalipto e outras
Vale (VALE3) fecha acima de R$ 70 pela primeira vez em mais de 2 anos e ganha R$ 10 bilhões a mais em valor de mercado
Os papéis VALE3 subiram 3,23% nesta quarta-feira (3), cotados a R$ 70,69. No ano, os ativos acumulam ganho de 38,64% — saiba o que fazer com eles agora
O que faz a empresa que tornou brasileira em bilionária mais jovem do mundo
A ascensão de Luana Lopes Lara revela como a Kalshi criou um novo modelo de mercado e impulsionou a brasileira ao posto de bilionária mais jovem do mundo
Área técnica da CVM acusa Ambipar (AMBP3) de violar regras de recompra e pede revisão de voto polêmico de diretor
O termo de acusação foi assinado pelos técnicos cerca de uma semana depois da polêmica decisão do atual presidente interino da autarquia que dispensou o controlador de fazer uma OPA pela totalidade da companhia
Nubank (ROXO34) agora busca licença bancária para não mudar de nome, depois de regra do Banco Central
Fintech busca licença bancária para manter o nome após norma que restringe uso do termo “banco” por instituições sem autorização
Vapza, Wittel: as companhias que podem abrir capital na BEE4, a bolsa das PMEs, em 2026
A BEE4, que se denomina “a bolsa das PMEs”, tem um pipeline de, pelo menos, 10 empresas que irão abrir capital em 2026
Ambipar (AMBP3) perde avaliação de crédito da S&P após calote e pedidos de proteção judicial
A medida foi tomada após a empresa dar calote e pedir proteção contra credores no Brasil e nos Estados Unidos, alegando que foram descobertas “irregularidades” em operações financeiras
A fortuna de Silvio Santos: perícia revela um patrimônio muito maior do que se imaginava
Inventário do apresentador expõe o tamanho real do império construído ao longo de seis décadas
UBS BB rebaixa Raízen (RAIZ4) para venda e São Martinho (SMTO3) para neutro — o que está acontecendo no setor de commodities?
O cenário para açúcar e etanol na safra de 2026/27 é bastante apertado, o que levou o banco a rever as recomendações e preços-alvos de cobertura
Vale (VALE3): as principais projeções da mineradora para os próximos anos — e o que fazer com a ação agora
A companhia deve investir entre US$ 5,4 bilhões e US$ 5,7 bilhões em 2026 e cerca de US$ 6 bilhões em 2027. Até o fim deste ano, os aportes devem chegar a US$ 5,5 bilhões; confira os detalhes.
