Foi como liberar um grito preso na garganta, dentro das possibilidades que o período de silêncio imposto pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) permite. Foi essa a sensação que tive ao participar na manhã de hoje da cerimônia que marcou o início das negociações das ações da Neoenergia (NEOE3), na sede da B3.
A oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da empresa de energia estava engasgada desde o fim de 2017, quando a primeira tentativa de abertura de capital fracassou. Na semana passada a Neoenergia enfim conseguiu levar a oferta adiante, com uma emissão de até R$ 3,744 bilhões, o equivalente a R$ 15,65 por ação.
A ansiedade era tanta que desde a semana passada a empresa vinha convidando a imprensa para o evento, que aconteceu na manhã desta segunda-feira. Além de mim e dos demais jornalistas, compareceram representantes dos bancos que coordenaram a oferta, advogados e sócios da Neoenergia.
O salão de eventos da bolsa estava todo "envelopado" com painéis que mostravam imagens da empresa, que atua na distribuição, transmissão e geração de energia em 18 Estados brasileiros.
As ações da Neoenergia vendidas na oferta pertenciam ao grupo espanhol Iberdrola, ao fundo de pensão Previ e ao Banco do Brasil – que se desfez de toda a participação e, desse modo, deixa de ser sócio da empresa. A Iberdrola segue no controle da companhia após o IPO, com 50% do capital.
"Agradeço à confiança dos nossos novos acionistas, que passam a trilhar conosco esse futuro", afirmou Mario Ruiz-Tagle, presidente da Neoenergia, durante o discurso antes do tradicional toque da campainha que marca o início simbólico do pregão.
No primeiro dia de negociações, as ações da Neoenergia fecharam em forte alta de 8,37%, cotadas a R$ 16,96. Com a valorização, a companhia encerrou o primeiro dia na bolsa avaliada em R$ 20,586 bilhões Confira também nossa cobertura completa de mercados.
Tagle concedeu uma breve entrevista depois da cerimônia, mas pouco disse sobre os planos da companhia, alegando as restrições impostas pelo período de silêncio. Mas disse que as perspectivas da empresa são de crescimento.
"É o que vamos continuar fazendo, é o que sabemos fazer e em que a equipe da Neoenergia está mais engajada", disse.
Sobre as críticas de que a empresa vem sendo agressiva tanto nos lances realizados no leilão de energia como na disputa por ativos, como a Eletropaulo, Tagle disse que "o mercado deu a resposta", em referência ao IPO.
"Entendemos a crítica porque não nos conhecem. Mas somos uma companhia com disciplina de alocação de capital, com foco em resultado em rentabilidade e em crescimento para os nossos acionistas", afirmou.