Bolsonaro diz que deu ‘carta branca’ para Guedes fazer mudanças no Coaf
O presidente Jair Bolsonaro conversou com jornalistas neste domingo (4) e, entre outros pontos, sinalizou que Paulo Guedes possui autonomia para conduzir o Coaf

O presidente Jair Bolsonaro disse neste domingo (4) que deu "carta branca" para que o Ministro da Economia, Paulo Guedes, faça mudanças no comando do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf)
Bolsonaro lembrou que a ideia original do governo era transferir o órgão para o Ministério da Justiça. O Congresso, no entanto, manteve o Coaf na estrutura da Economia.
"Dei carta branca a todos os ministros para indicarem as pessoas, e eu tenho o poder de veto. Na MP da reestruturação dos ministérios, (o Coaf) estava com a Justiça. Quando vai para a Economia, Paulo Guedes que define. Se ele quiser mudar, mude sem problema", respondeu a jornalistas, ao deixar o Palácio do Alvorada para participar de um culto evangélico em Brasília.
Exoneração no Inpe
Bolsonaro também confirmou que a exoneração do diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão, ocorreu por uma solicitação sua.
Para o presidente, não havia mais "clima" para que ele continuasse no cargo. A demissão ocorreu após a divulgação pelo órgão de dados sobre o aumento do desmatamento da Amazônia neste ano. Bolsonaro confirmou que o ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, demitiu Galvão a seu pedido.
"Eu não peço. Certas coisas eu mando. Por isso que sou presidente. Após as declarações dele a meu respeito, pessoais, não tinha clima para continuar mais. Não tinha clima", afirmou.
Leia Também
Bolsonaro negou ter censurado os dados, contestados por ele, sobre o aumento do desmatamento na Amazônia em 2019. "Eu não censurei, eu não disse que não tinha que divulgar, mas a forma com que foi divulgado...com áreas sobrepostas, áreas acumuladas. É complicado. Não é a posição de um brasileiro que quer servir a sua pátria está preocupado com os negócios do Brasil. É lamentável", completou.
O presidente voltou a dizer que os dados sobre o aumento do desmatamento estariam sendo usados no exterior para "desacreditar o Brasil". "Estamos adiantados com Mercosul, com Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, isso dá um freio na gente, perde todo mundo", avaliou.
Bolsonaro repetiu que deveria ter sido avisado antes da divulgação dos dados pelo Inpe. "Eu acho até que se um funcionário como ele descobre um dado desse, ele tinha que chegar apavorado até para os ministros para falar olha o que vai estourar, o que a gente vai divulgar, o absurdo. Avisa o presidente para não ser surpreendido", afirmou. "Ele tem que manter reservados esses dados antes de sair. Ele tem a responsabilidade", completou.
Resposta ao decano
O presidente ainda disse que ficou "chateado" com as afirmações dadas ao jornal O Estado de São Paulo pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello.
Em entrevista publicada no sábado (3), o ministro afirmou - ao comentar a decisão do STF que manteve a demarcação de terras indígenas com a Funai - que o presidente "minimiza perigosamente a importância da Constituição" e "degrada a autoridade do Parlamento brasileiro", ao reeditar o trecho de uma medida provisória que foi rejeitada pelo Congresso no mesmo ano.
"Me equivoquei na questão da MP. Foi assessor que fez, mas a responsabilidade é minha. Estou chateado porque ele (Mello) foi para o lado pessoal", respondeu a jornalistas. Bolsonaro aproveitou para alfinetar a decisão de Mello no caso no qual o STF passou a considerar a homofobia como crime.
"Acredito que esse tipo de decisão cabe ao Congresso", repetiu. "Mas eu tenho que ficar quieto. Não posso criticar decisão de um poder ou outro, tenho que respeitar os poderes", completou.
STF autoriza partilha de dados
Até agora, cinco ministros já votaram a favor da tese que a Receita não pode ser privada de encaminhar ao MP informações detalhadas importantes para investigações
Senadores propõem PEC que libera envio de dados ao MP sem aval judicial
Medida é uma reação à decisão do presidente da Corte de paralisar investigações que utilizaram informações do antigo Coaf, da Receita e do Banco Central
Governo publica seis nomeações para diretoria de UIF, o antigo Coaf
Todas as nomeações são para cargos lotados na Diretoria de Inteligência Financeira do órgão, que agora está na estrutura do Banco Central
Relator diz que nome do Coaf será mantido e haverá indicação apenas de servidores
Deputado Reinhold Stephanes Junior iniciou a leitura de seu relatório sobre a Medida Provisória nº 893, que trata do “novo Coaf”
Lava Jato entra na mira do Supremo
Até novembro, o STF deve analisar o mérito de ações que discutem a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância, um dos pilares da Lava Jato.
Maia diz que trabalhará para aprovar MP do Coaf na Câmara
Presidente da Câmara defendeu mudança não abre brechas para a nomeação de políticos para o órgão de controle
Após governo mandar Coaf para o BC, Ricardo Liáo é nomeado novo presidente do órgão
Indicação é vista como uma forma de garantir certa continuidade na administração do Coaf
Medida Provisória oficializa mudança do Coaf para o Banco Central
Segundo porta-voz, Coaf será uma “unidade de inteligência financeira” que não perderá o caráter colaborativo com outros órgãos e manterá o perfil de combate à corrupção.
Em podcast, Maia diz que decisão do governo de transferir Coaf para BC é boa
Presidente da Câmara afirmou também que a Casa irá discutir a proposta de autonomia do Banco Central
Bolsonaro diz que deseja transferir Coaf para o BC
O órgão pode ter um quadro efetivo e até mudar de nome; presidente diz que quer “tirar o Coaf do jogo político”
Decisão de Toffoli sobre Coaf pode barrar Brasil na OCDE
Há duas semanas, Toffoli suspendeu provisoriamente todos os processos no País em que houve compartilhamento de dados fiscais e bancários com investigadores sem autorização judicial prévia
Decisão de Toffoli afeta projeto antilavagem
Ministro proibiu o compartilhamento de informações de órgãos de controle sem aval de Justiça; decisão coloca em risco um projeto do Ministério da Justiça que existe desde 2007
Procuradores trocaram mensagens sobre Flávio Bolsonaro, diz The Intercept
Dallagnol manifestou dúvidas sobre qual poderia ser a postura do ex-juiz Sérgio Moro em relação à investigação que envolve o senador, que é filho do presidente
A pedido de Flávio Bolsonaro, Toffoli suspende inquéritos com dados do Coaf
Ministro tomou a decisão em um processo em que se discute a possibilidade ou não de os dados bancários e fiscais do contribuinte serem compartilhados sem a intermediação do Poder Judiciário
Bolsonaro sanciona lei dos ministérios e edita nova MP; Coaf fica na Economia
Pela primeira MP de Bolsonaro, tanto Coaf quanto registro sindical ficariam sob a coordenação do Ministério da Justiça, de Sergio Moro
Bolsonaro destaca confiança de investidores na economia e diz que tende a vetar bagagem gratuita em voos
Presidente lista investimentos recentemente anunciados e reforça importância da reforma da Previdência. Também fala que não perdemos nada com Coaf no Ministério da Economia
Bolsonaro confirma que irá sancionar a transferência do Coaf ao Ministério da Economia
Qualquer alteração no texto, que precisava ser aprovada pelo Congresso até a próxima segunda-feira, colocaria em risco o calendário e obrigaria o presidente a recriar sete ministérios
Vinte e nove senadores registram voto a favor de Coaf com Moro
Entre os parlamentares que insistiram em registrar seu posicionamento apesar de a votação do destino do Coaf ter sido simbólica, estão seis senadores do Podemos, seis do PSD e três do PSDB
Governo aprova MP do Coaf e Sergio Moro perdeu, mas ganhou
Prevaleceu o cálculo político e governo viu que misturar política com redes sociais e a voz das ruas pode ser algo perigoso para seus próprios planos
Votação de texto sobre Coaf mobiliza governo
Na semana passada, a Câmara derrotou o governo e aprovou, por 228 a 210 votos, a transferência do Coaf para a Economia