‘É evidente que as fintechs incomodam, é preciso respeitar’, diz presidente do Itaú
Candido Bracher diz não saber qual será o banco do futuro. Para ele, é preciso preparar a instituição para ser adaptável

Presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher diz viver, pessoalmente, um momento fascinante. À frente do maior banco privado do País, quando o setor vive talvez sua maior mudança estrutural por conta das transformações trazidas pela tecnologia, ele se diz afortunado por poder influenciar a mudança de rota da instituição. "Você não escolhe a hora de estar nos negócios", diz. "A hora te escolhe." Afirma, porém, não saber qual será o banco do futuro. Para ele, sempre existirá mercado financeiro e intermediários. No mais, é preparar o banco para ser adaptável. O desafio não é pequeno. Ao mesmo tempo em que empresas de todas as áreas tentam ocupar o espaço dos bancos - com os jovens consumidores aplaudindo as novas alternativas -, uma quantidade grande de clientes busca estruturas tradicionais. Assim, ele fez a opção de atuar em algumas frentes, como explica a seguir.
Qual será o Itaú do futuro?
O banco tem de estar permanentemente em transformação. É o mais importante. Mais do que ter uma fórmula ou um produto matador, a chave para o êxito está na capacidade permanente de se transformar. Isso envolve não apenas agilidade interna - mecanismos que permitam mudanças rápidas -, mas uma cultura adaptável. As pessoas geralmente são avessas a mudanças e uma empresa que quer estar sempre em transformação precisa que as pessoas sintam na mudança seu ambiente de conforto. Não o contrário. Ainda não há, porém, um cenário claro do que vai ser o mercado financeiro daqui a cinco anos.
Vai ter mercado financeiro daqui a cinco anos?
Sem dúvida. As pessoas continuarão fazendo transações, poupando, pegando dinheiro emprestado, pagando contas.
Precisa de banco para isso?
Leia Também
Família Coelho Diniz abocanha mais uma fatia do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3); confira os detalhes
Haverá sempre intermediários. Agora, que nome se dará a essas instituições, se estarão organizadas em grandes conglomerados ou não, tudo isso são perguntas em aberto. Se você soubesse como estaria o mercado daqui a 10 ou 15 anos, era só traçar uma linha reta e pronto. Mas não sabemos. É preciso estar permanentemente em transformação.
Mas não foi sempre assim?
É claro que os mercados sempre mudaram e os bancos de hoje são aqueles que tiveram capacidade de se adaptar. Mas os elementos de incertezas são outros. No passado - e durante toda a minha carreira -, os principais fatores de dúvidas vinham da economia: se o PIB iria crescer, se teria ou não inflação, se haveria crise de liquidez, como ficaria o câmbio. Hoje, isso não preocupa.
O que preocupa?
Saber o desenho futuro do mercado financeiro. E como o banco estará preparado para isso.
O que isso significa na prática?
Muita coisa. Significa uma mudança cultural. Significa partir da necessidade do cliente, em uma atitude de escuta, para que ele ganhe tempo. É preciso voltar toda a organização para isso. Ter o melhor produto, cobrar adequadamente por ele e remunerar o capital. Ou seja, o que toda empresa bem administrada faz para seus clientes, seus acionistas e a sociedade.
Há uma geração nova que não vê o banco mais como uma estrutura física. Na prática, o banco do futuro vai estar no celular?
As pessoas esperam que exista uma bala de prata ou um produto matador. Estou convencido de que não há bala de prata. O que há é a atitude correta. Bem como perseverança na atitude. Estamos investindo para desenhar a agência do futuro.
Então elas não somem?
Durante muitos anos haverá papel para as agências. Especialmente porque nem todos os clientes são jovens e digitais. Tudo isso faz parte de testar ideias, ter o retorno de satisfação - ou não - dos clientes, e constantemente ter o retorno do produto. Entre as coisas que precisam ser transformadas está a forma de fazer produtos e serviços financeiros, com tecnologia.
Recentemente o sr. passou o dia trabalhando numa agência. Foi um movimento simbólico de estar próximo do cliente?
Essa iniciativa faz parte de um programa chamado "Posso ajudar?", do qual todos os diretores vão participar. Posso dizer, pela minha experiência, que ajuda a entender de maneira mais sensível a necessidade do cliente, pensar em soluções e no que se pode melhorar.
Como assim?
Vou dar um exemplo. Fui para a agência no quinto dia útil do mês, o dia de maior movimento. Havia dez caixas eletrônicos, dois com filas de clientes que pediam ajuda aos jovens aprendizes. Trabalhei como aprendiz e foi triste constatar que há pessoas que precisam de auxílio porque não sabem ler. Há clientes com vários níveis de dificuldades e perfis.
O que isso significa?
Uma das características que diferencia empresas estabelecidas de fintechs, por exemplo, é que lidamos com universos diferentes, com um portfólio complexo de produtos e clientes. As mais novas, em geral, têm um espectro semelhante, com o mesmo perfil e oferta de produtos muito mais simples. Os estabelecidos precisam ser capazes de inovar.
Quais as barreiras para inovar?
Até algum tempo atrás eu achava que era uma questão de copiar. A fintech faz o produto novo que, depois de algum tempo, é copiado, melhorado e pronto. Hoje não acho que inovação seja só rapidez em copiar. Tem de ser capaz de produzir produtos e serviços de uma maneira integrada à tecnologia e a outras áreas de negócios, de forma rápida, testando, ouvindo clientes, voltando, readaptando, relançando. Existe um aprendizado na forma de fazer. Ouço várias empresas que, quando começaram a crescer em públicos diferentes, esbarram na complexidade. Aí quando eles crescem...
.... vêm os grandes grupos e atuam com todo seu poder, como o Itaú fez com a XP ou no mercado das maquininhas?
A XP não chega a ser uma fintech. É um modelo de negócio diferente e não é baseado essencialmente em tecnologia. A forma de distribuição da XP tem bastante tecnologia, mas é distribuição por meio dos autônomos. É um modelo difícil de ser replicado por um banco.
Por quê?
Porque é complicado agir por meio de agentes autônomos. Nossos gerentes oferecem todos os tipos de produtos, mesmo os que não geram receita ao banco. É difícil fazer isso com os agentes. Quando vimos a XP, entendemos que gostaríamos de crescer com essa atuação, apesar de não conseguir reproduzir o modelo.
As fintechs incomodam?
É evidente que incomodam. Tenho um respeito imenso por essas novas empresas e estamos longe de descartá-las. São importantes, incomodam e fazem coisas diferentes. Mas tem certas coisas que fazem e não me causam admiração como, por exemplo, cobrar (tarifa) zero. Não é viável. Queremos conquistar clientes com produtos de qualidade, experiência diferenciada e economia de tempo.
Isso significa que o Itaú está criando um Nubank melhorado?
A gente tenta fazer tudo melhorado. Volto à história de que não tem bala de prata. Esse negócio requer persistência.
Do varejo às redes sociais, todos querem ocupar a função de banco. Como lidar com mais concorrência e tão futurista?
É preciso manter o olho na bola. Se ficar olhando para todas as notícias que surgem, não se faz o que tem de ser feito. A segurança no futuro tem de vir da convicção na capacidade de competir bem, dentro das mesmas regras do jogo.
Não tem bala de prata, mas se fosse para apontar as principais opções de gestão, quais seriam?
Uma é eleger a satisfação do cliente como principal objetivo. A segunda é fazer isso através de duas ferramentas fundamentais: tecnologia e pessoas. Integrar tecnologia e negócios. A terceira coisa é a gestão de pessoas. Talvez hoje os melhores talentos não se sintam atraídos pelos formatos tradicionais de trabalho. Quando se anda pelo banco é possível ver como ele mudou.
Como é, do ponto de vista pessoal, comandar essa mudança?
É fascinante. Tenho a sorte de estar responsável por uma instituição num momento importante. As pessoas acham que o importante é o lucro do trimestre. Isso, de fato, dá trabalho. Mas a possibilidade de o presidente influir sobre os resultados é limitada. O banco tem sua inércia. O trabalho mais importante é o de preparar o banco para o futuro. A possibilidade de influenciar é muito maior. Me sinto afortunado de estar aqui nesse momento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Agora vai? BRF e Marfrig remarcam (de novo) as assembleias de fusão. Entenda as críticas dos minoritários e o que esperar da votação
As assembleias gerais extraordinárias (AGE), que definem o futuro da combinação de negócios dos frigoríficos, serão realizadas no dia 5 de agosto
Dividendos e JCP: Telefônica (VIVT3) vai distribuir R$ 330 milhões em proventos; confira os prazos
Telefônica vai distribuir proventos aos acionistas na forma de juros sobre capital próprio, com pagamento programado somente para próximo ano
Previ vende R$ 1,9 bilhão em ações da BRF (BRFS3) e zera posição de 30 anos; veja o que motivou o fundo de pensão
Vendas aconteceram ao longo da última semana, enquanto fundo trava uma disputa com a empresa na Justiça
MRV (MRVE3) ensaia retorno aos bons tempos com geração de caixa no 2T25 e até Resia fica no azul — mas nem tudo foi festa
De acordo com a prévia operacional divulgada nesta segunda-feira (14), a MRV&Co voltou a gerar caixa no 2T25 — mas a operação principal ainda ficou no vermelho
BRB entra na mira da CVM — e nova investigação não tem nada a ver com o Banco Master, segundo jornal
Todo o comando do Banco de Brasília está sendo processado pela autarquia por irregularidades financeiras; entenda
Ações da Embraer (EMBR3) caem 11% em uma semana e JP Morgan diz que o pior ainda está por vir
O banco norte-americano acredita que, no curto prazo, a fabricante brasileira de aeronaves continuará volátil, com ações sendo usadas como referência para o risco tarifário
Dupla listagem do Méliuz (CASH3): bilhete premiado ou aposta arriscada? O BTG responde
A plataforma aposta na listagem na OTC Markets para aumentar liquidez e fortalecer sua posição no mercado de criptomoedas, mas nem tudo são flores nessa operação
Petrobras indica nova diretora de sustentabilidade e passa a ser comandada por maioria feminina
Com a nomeação da engenheira Angélica Garcia Cobas Laureano, funcionária de carreira da Petrobras, a diretoria executiva da companhia passa a ter 55% de mulheres
Um novo vilão para o Banco do Brasil (BBAS3)? Safra identifica outro problema, que pode fazer as coisas piorarem
Apesar de o agronegócio ter sido o maior vilão do balanço do 1T25 do BB, com a resolução 4.966 do Banco Central, o Safra enxerga outro segmento que pode ser um problema no próximo balanço
Marfrig (MRFG3) avança na BRF (BRFS3) em meio a tensão na fusão. O que está em jogo?
A Marfrig decidiu abocanhar mais um pedaço da dona da Sadia; entenda o que está por trás do aumento de participação
SpaceX vai investir US$ 2 bilhões na empresa de Inteligência Artificial de Elon Musk
Empresa aeroespacial participa de rodada de captação da xAI, dona do Grok, com a finalidade de impulsionar a startup de IA
Taurus (TASA4) é multada em R$ 25 milhões e fica suspensa de contratar com a administração do estado de São Paulo por dois anos
Decisão diz respeito a contratos de fornecimento de armas entre os anos de 2007 e 2011 e não tem efeito imediato, pois ainda cabe recurso
Kraft Heinz estuda separação, pondo fim ao ‘sonho grande’ de Warren Buffett e da 3G Capital, de Lemann
Com fusão orquestrada pela gestora brasileira e o Oráculo de Omaha, marcas americanas consideram cisão, diz jornal
Conselho de administração da Ambipar (AMBP3) aprova desdobramento de ações, e proposta segue para votação dos acionistas
Se aprovado, os papéis resultantes da operação terão os mesmos direitos das atuais, inclusive em relação ao pagamento de proventos
Acionistas da Gol (GOLL54) têm até segunda (14) para tomar decisão importante sobre participação na empresa
A próxima segunda-feira (14) é o último dia para os acionistas exercerem direito de subscrição. Será que vale a pena?
Braskem (BRKM5) volta ao centro da crise em Maceió com ação que cobra R$ 4 bilhões por desvalorização de 22 mil imóveis
Pedido judicial coletivo alega perdas imobiliárias provocadas pela instabilidade geológica em cinco bairros da capital alagoana, diz site
É hora de adicionar SLC Agrícola (SLCE3) na carteira e três analistas dizem o que chama atenção nas ações
As recomendações de compra das instituições vêm na esteira do Farm Day, evento anual realizado pela companhia
MRV (MRVE3) resolve estancar sangria na Resia, mesmo deixando US$ 144 milhões “na mesa”; ações lideram altas na bolsa
Construtora anunciou a venda de parte relevante ativos da Resia, mesmo com prejuízo contábil de US$ 144 milhões
ESG ainda não convence gestores multimercados, mas um segmento é exceção
Mesmo em alta na mídia, sustentabilidade ainda não convence quem toma decisão de investimento, mas há brechas de oportunidade
Méliuz diz que está na fase final para listar ações nos EUA; entenda como vai funcionar
Objetivo é aumentar a visibilidade das ações e abrir espaço para eventuais operações financeiras nos EUA, segundo a empresa