Lucro com propósito: os investimentos que trazem retorno e ao mesmo tempo fazem o bem
Os investimentos de impacto já viraram moda e provam para você que é possível ganhar dinheiro com ações que trazem mudanças sociais
Quando eu era pequeno convivia muito com projetos sociais. A origem católica da família fez com que minha rotina na igreja, para além da missa de domingo às 8 da manhã, fosse cercada de ações de caridade.
Meu avós, por exemplo, eram membros dos chamados “vicentinos”, um grupo que arrecada alimentos e roupas para famílias carentes. Até hoje o seu Manoel, que já ostenta seus 87 anos, participa dessas atividades filantrópicas e se queixa porque os filhos e netos não seguiram seus passos.
Quando comecei a fazer a cobertura jornalística do mercado financeiro, pensava que investimentos e mudanças sociais estavam em campos bem separados - e não vou achar estranho se você também tiver essa ideia.
Mas e se eu te disser que os dois conceitos podem formar uma dupla de sucesso?
Já faz alguns anos que investidores podem contar com a alternativa dos chamados “investimentos de impacto”. Provavelmente você já ouviu falar de algum, mas nunca percebeu que o objetivo final deles era financiar iniciativas que trouxessem mudanças sociais.
Antes que você me pergunte: não, não se trata de filantropia nos mesmos moldes que meu avô faz até hoje. O objetivo aqui é obter retornos financeiros com aquele dinheiro que você já estava pensando em doar para caridade. É uma soma entre rendimento e incentivo a projetos que trazem mudanças sociais.
Leia Também
Com foco em expansão no DF, Smart Fit compra 60% da rede de academias Evolve por R$ 100 milhões
Nesta matéria vou explicar um pouco como funciona esse setor do mercado e como você pode fazer parte dele.
Pensando fora da caixa
Os investimentos de impacto funcionam de forma muito mais simples do que as pessoas imaginam. Em geral, são gestores que captam recursos dentro do mercado financeiro e investem em projetos de empreendedorismo com objetivos de mudanças socioambientais.
O foco dessas empresas que fazem o "meio de campo" entre a fonte de recursos e o projeto em si é procurar iniciativas nascentes. Ou seja, que possuem uma grande ideia, mas que ainda patinam em termos de estrutura para conseguir consolidá-lo.
O grande diferencial é que os projetos de impacto social acabam se enquadrando dentro da lógica do mercado. Mesmo com o objetivo principal sendo a transformação, existe também a demanda para que o negócio traga resultado aos que investem nele.
Para te ajudar a entender um pouco mais sobre esses projetos, separei para você algumas das principais gestoras de investimentos de impacto do Brasil.
Yunus
Uma das grandes marcas que vêm à cabeça quando o assunto é investimento de impacto é a Yunus. Em atuação no Brasil desde 2013, o grupo foi fundado pelo economista premiado com o Nobel da Paz em 2006 Muhammad Yunus.
A empresa começou focada no microcrédito, mas logo ganhou novas características e passou a olhar para o apoio aos empreendedores sociais. Os critérios para a escolha dos projetos são:
- urgência do problema social;
- solidez do modelo de negócio;
- replicabilidade.
Eu bati um papo com o Luciano Gurgel, gestor da área de investimentos da Yunus no Brasil, e ele me contou que a prioridade da empresa sempre foi o impacto social. Para ele, a grande sacada é criar uma linguagem de mercado que ao mesmo tempo está disposta a resolver problemas sociais.
Com uma estrutura consolidada no Brasil, a Yunus é madrinha de diversos projetos pelo País. Os principais deles são:
- Assobio: promove o reflorestamento de mata nativa dentro do estado de São Paulo;
- Instituto Muda: realiza serviços de coleta de resíduos sólidos para condomínios residenciais na Grande São Paulo, sendo que 100% desses materiais a cooperativas de reciclagem;
- 4YOU2: oferece aulas de inglês com professores estrangeiros, a custos acessíveis, para estudantes de baixa renda;
- Redação Online: plataforma de conexão entre estudantes e sites de vestibulares e concursos. O foco é ajudar as pessoas que não têm acesso a aulas particulares e que buscam uma melhor formação de redação de texto.
Em abril deste ano, a empresa conseguiu uma captação de R$ 8 milhões na primeira rodada do seu fundo captado com recursos de investidores brasileiros.
Falando de perfil de investimento, o próprio Luciano Gurgel conta que a maneira como essas aplicações se desenvolvem é distinta das tradicionais. “O dinheiro que a gente capta é diferente daquele recurso rápido, que precisa de um retorno imediato. Buscamos investidores que trabalham seu capital com calma, aquele dinheiro que está sobrando e que ele destinaria para uma simples doação.”
Din4mo
Outro importante player dos investimentos de impacto é a Din4mo. Fundada há cinco anos no Brasil, a empresa também tem como missão o empreendedorismo social. Nesse processo, o foco de trabalho se dá por três frentes:
- Saúde e bem-estar;
- Educação;
- Redução da desigualdade.
Convidei o Marco Gorini, um dos fundadores a Din4mo, para uma conversa e ele me contou que a ideia de criar a companhia partiu de um “vácuo” que existia entre os investidores e as aceleradoras de projetos de impacto.
A ideia da Din4mo foi trabalhar com startups que já estão em uma fase mais avançada de negócio, mas que ainda encontram dificuldades em alcançar as fontes de investimentos.
Gorini conta que o seu trabalho sempre carrega um olhar de longo prazo e que ele busca apoiar o empreendedor com consultorias e alavancagem das empresas. Para o executivo, um termômetro de sucesso da Din4mo é o fato de que todas as empresas sob seu comando seguem vivas e gerando impacto, em meio a um mercado no qual a maior parte os projetos acabam afundando no meio do caminho.
Atualmente, o principal projeto da Din4mo é o programa “Vivenda”, que reforma casas de famílias de baixa renda. Para Gorini, o sucesso desse projeto advém da estratégia mais agressiva de investimentos às famílias, ultrapassando o simples ato de reforma das suas casas.
Artemisia
Quando o assunto é aceleração de negócios, uma das referências é a Artemisia.
Fundada em 2004, a empresa nasceu com o objetivo central de combater problemas sociais, mas nos últimos anos a estratégia de negócio mudou e os trabalhos como aceleradora ganharam destaque.
A gerente de Relações Institucionais da empresa, Priscila Martins, também conversou comigo sobre o modelo de negócio praticado por lá.
Nesse bate-papo, ela comentou que as condições sociais do Brasil são muito desafiadoras, com diversos recursos básicos deficitários, e que a proposta é exatamente combater essas situações através do empreendedorismo.
“Nossa missão é criar uma massa de startups que alavanquem o mercado de investimentos de impacto para mudar a realidade do Brasil”, conta.
O primeiro grande projeto da Artemisia foi o movimento “Choice”, que criou uma rede de jovens engajados e dispostos a trabalhar em startups.
A ideia era que esses grupos trouxessem empreendedores interessados em negócios de impacto social. Uma vez selecionado, o projeto passa para a segunda fase de ação, com programas de apoio ao empreendedor e uma aceleradora que atualmente conta com uma parceria do Facebook.
Todos os anos são selecionadas duas turmas com os melhores modelos de negócios. No processo, os participantes ganham vantagens na hora de fazer contatos com potenciais investidores, além de receberem dicas para melhorar o desempenho de suas empresas. Nesse tema, a Artemisia trabalha com três focos:
- refinamento do impacto social do empreendedor (melhora dos objetivos);
- estruturação do modelo de negócio;
- desenvolvimento das competências do empreendedor (formação profissional).
Priscila conta que a mais recente onda de investimentos de impacto tem partido das fintechs. Em geral, essas empresas fazem um trabalho de inclusão financeira. A ideia é promover produtos e serviços que levam a população a fazer uma melhor gestão dos seus recursos.
Para você ter uma ideia, nos últimos sete anos a Artemisia apoiou mais de 500 empreendimentos, sendo que 140 entraram no projeto de aceleração, com investimento total de R$ 150 milhões.
Vox Capital
A gestora pioneira no investimento de impacto no país é a Vox Capital. Fundada em 2009 e com R$ 130,9 milhões sob gestão, a empresa tem entre os fundadores Antonio Ermírio de Moraes Neto, herdeiro do grupo Votorantim.
O primeiro fundo de impacto da Voz, captado em 2012, foi de R$ 84 milhões. O valor teve como destino dez empresas espalhadas entre os setores de educação, saúde e financeiro. A Vox agora trabalha em um segundo fundo, que arrecadou mais R$ 80 milhões.
Mas tudo tem um porém
A ideia de apoiar um projeto de transformação social e ao mesmo ganhar dinheiro com isso atrai o interesse de muita gente. Afinal, quem não quer aliar benfeitorias com rentabilidade?
Ocorre, porém, que ao falarmos especificamente em investimentos de impacto, esse combo “ganhar uma grana + ajudar o mundo” pode não se tornar realidade para todas as pessoas.
Um dos grandes obstáculos dessas aplicações é que elas não são voltadas para investidores de varejo. Quer dizer que, para conseguir entrar em uma dessas rodadas de investimentos, você terá que comprovar uma posição consolidada no mundo dos investimentos, como por exemplo apresentar grandes patrimônios investidos (da ordem dos milhares ou milhões).
Mas como nossa missão aqui no Seu Dinheiro é nunca deixar você sem referências, fui atrás de algumas alternativas que possuem projetos alinhados aos investimentos de impacto.
Foi aí que encontrei as plataformas de crowdfunding, que nada mais são do que projetos alavancados por meio de financiamentos privados e que visam trazer retornos futuros.
Embora as iniciativas de crowdfunding não sejam voltadas especificamente para financiar investimentos de impacto, é possível encontrar nas plataformas projetos com esse objetivo. O repórter Kaype Abreu fez uma matéria especial sobre essa modalidade de investimentos e trouxe algumas dicas para quem quer se aventurar por eles.
Ultrapar (UGPA3) e Smart Fit (SMFT3) pagam juntas mais de R$ 1,5 bilhão em dividendos; confira as condições
A maior fatia desse bolo fica com a Ultrapar; a Smartfit, por sua vez, também anunciou a aprovação de aumento de capital
RD Saúde (RADL3) anuncia R$ 275 milhões em proventos, mas ações caem na bolsa
A empresa ainda informou que submeterá uma proposta de aumento de capital de R$ 750 milhões
Muito além do Itaú (ITUB4): qual o plano da Itaúsa (ITSA4) para aumentar o pagamento de dividendos no futuro, segundo a CFO?
Uma das maiores pagadoras de dividendos da B3 sinaliza que um novo motor de remuneração está surgindo
Petrobras (PETR4) amplia participação na Jazida Compartilhada de Tupi, que detém com Shell e a portuguesa Petrogal
Os valores a serem recebidos pela estatal serão contabilizados nas demonstrações financeiras do quarto trimestre de 2025
Americanas (AMER3) anuncia troca de diretor financeiro (CFO) quase três anos após crise e traz ex-Carrefour e Dia; veja quem assume
Sebastien Durchon, novo diretor financeiro e de Relações com Investidores da Americanas, passou pelo Carrefour, onde conduziu o IPO da varejista no Brasil e liderou a integração do Grupo Big, e pelo Dia, onde realizou um plano de reestruturação
Essa empresa aérea quer que você pague mais de R$ 100 para usar o banheiro do avião
Latam cria regras para uso do banheiro dianteiro – a princípio, apenas passageiros das 3 primeiras fileiras terão acesso ao toalete
Ambipar (AMBP3): STJ suspende exigência de depósito milionário do Deutsche Bank
Corte superior aceitou substituir a transferência dos R$ 168 milhões por uma carta de fiança e congelou a ordem do TJ-RJ até a conclusão da arbitragem
Sinal verde: Conselho dos Correios dá aval a empréstimo de R$ 20 bilhões para reestruturar a estatal
Com aprovação, a companhia avança para fechar o financiamento bilionário com cinco bancos privados, em operação que ainda depende do Tesouro e promete aliviar o caixa e destravar a reestruturação da empresa
Oi (OIBR3) consegue desbloqueio de R$ 517 milhões após decisão judicial
Medida permite à operadora acessar recursos bloqueados em conta vinculada à Anatel, enquanto ações voltam a oscilar na bolsa após suspensão da falência
WEG (WEGE3) pagará R$ 1,9 bilhão em dividendos e JCP aos acionistas; veja datas e quem recebe
Proventos refletem o desempenho resiliente da companhia, que registrou lucro em alta mesmo em cenário global incerto
O recado da Petrobras (PETR4) para os acionistas: “Provavelmente não teremos dividendos extraordinários entre 2026 e 2030”
Segundo o diretor financeiro da companhia, Fernando Melgarejo, é preciso cumprir o pré-requisito de fluxo de caixa operacional robusto, capaz de deixar a dívida neutra, para a distribuição de proventos adicionais
A ação do Assaí virou um risco? ASAI3 cai mais de 6% com a chegada dos irmãos Muffato; saiba o que fazer com o papel agora
Na quinta-feira (27), companhia informou que fundos controlados pelos irmãos Muffato adquiriram uma posição acionária de 10,3%
Anvisa manda recolher lotes de sabão líquido famoso por contaminação; veja quais são e o que fazer
Medida da Anvisa vale para lotes específicos e inclui a suspensão de venda e uso; produto capilar de outra marca também é retirado do mercado
O “bom problema” de R$ 40 bilhões da Axia Energia (AXIA3) — e como isso pode chegar ao bolso dos acionistas
A Axia Energia quer usar parte de seus R$ 39,9 bilhões em reservas e se preparar para a nova tributação de dividendos; entenda
Petrobras (PETR3) cai na bolsa depois de divulgar novo plano para o futuro; o que abalou os investidores?
Novo plano da Petrobras reduz capex para US$ 109 bi, eleva previsão de produção e projeta dividendos de até US$ 50 bi — mas ações caem com frustração do mercado sobre cortes no curto prazo
Stranger Things vira máquina de consumo: o que o recorde de parcerias da Netflix no Brasil revela sobre marcas e comportamento do consumidor
Stranger Things da Netflix parece um evento global que revela como marcas disputam a atenção do consumidor; entenda
Ordinários sim, extraordinários não: Petrobras (PETR4) prevê dividendos de até US$ 50 bilhões e investimento de US$ 109 bilhões em 5 anos
A estatal destinou US$ 78 bilhões para Exploração e Produção (E&P), valor US$ 1 bilhão superior ao do plano vigente (2025-2029); o segmento é considerado crucial para a petroleira
Vale (VALE3) e Itaú (ITUB4) pagarão dividendos e JCP bilionários aos acionistas; confira prazos e quem pode receber
O banco pagará um total de R$ 23,4 bilhões em proventos aos acionistas; enquanto a mineradora distribui R$ 3,58 por ação
Embraer (EMBJ3) pede truco: brasileira diz que pode rever investimentos nos EUA se Trump não zerar tarifas
A companhia havia anunciado em outubro um investimento de R$ 376 milhões no Texas — montante que faz parte dos US$ 500 milhões previstos para os próximos cinco anos e revelados em setembro
A Rede D’Or (RDOR3) pode mais: Itaú BBA projeta potencial de valorização de mais de 20% para as ações
O preço-alvo passou de R$ 51 para R$ 58 ao final de 2026; saiba o que o banco vê no caminho da empresa do setor de saúde
