Dois gigantes estão medindo forças — e trazendo caos à cidade dos mercados
China e Estados Unidos voltaram a colidir na guerra comercial. Mas a batalha entre os titãs deixou um rastro de destruição nos mercados globais: o Ibovespa desabou aos 97 mil pontos, as bolsas americanas recuaram forte e o dólar à vista subiu ao nível de R$ 4,12

A mercadolândia, cidade que abriga os agentes financeiros e serve como sede para o Ibovespa e as diversas bolsas globais, vive momentos de tensão. Já há algum tempo, os moradores vinham sentindo a terra tremer sob seus pés: prédios estalavam, paredes trincavam e pontes chacoalhavam.
O que causava esses tremores, no entanto, não era uma falha tectônica ou um fenômeno geológico. As vibrações, cada vez mais intensas, eram geradas pela aproximação de duas figuras titânicas — e esses gigantes estavam em rota de colisão.
No centro da cidade, muitos tinham a esperança de que os colossos poderiam desviar suas trajetórias e não colidir de frente — ou até mesmo não se encontrarem. Mas essa torcida mostrou-se em vão: nesta sexta-feira (23), Estados Unidos e China voltaram a se chocar no front da guerra comercial. E a troca de pancadas foi feia.
Enquanto desferiam golpes e tentavam nocautear um ao outro, esses dois gigantes acabaram trazendo caos à mercadolândia: construções acabaram em ruínas, carros terminaram esmagados e postes foram arrancados. Entre bolas de fogo e um raios laser, quem sofreu foi a cidade.
A torre do Ibovespa, por exemplo, teve perdas de 2,34% nesta sexta-feira, aos 97.667,49 pontos, acumulando queda de 2,14% desde segunda-feira — vale lembrar que, na semana passada, o principal índice da bolsa brasileira já havia recuado 4%.
No conjunto dos mercados americanos, o estrago também foi sentido: no acumulado da semana, o Dow Jones recuou 1%, o S&P 500 teve baixa de 1,44% e o Nasdaq caiu 3,1% — os três índices registraram baixas de mais de 2% nesta sexta-feira.
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Em linhas gerais, os mercados globais já assumiram uma postura cautelosa ao longo da semana: sem maiores evoluções nas relações entre EUA e China, os agentes financeiros optaram por ficar na defensiva. Afinal, há o temor de que a disputa entre americanos e chineses poderá gerar uma desaceleração intensa da economia global.
Mas, se é verdade que esse cenário não era animador, também é verdade que os mercados se agarravam a uma tábua de salvação: os cortes de juros nas principais economias do mundo. Dadas as incertezas político-econômicas, os agentes financeiros apostavam no afrouxamento monetário como ferramenta para estimular a atividade global.
Só que, ao longo da semana, os tão aguardados sinais de disposição por parte do Federal Reserve (Fed) e do Banco Central Europeu (BCE) não vieram com a intensidade desejada pelos mercados — ambas as instituições fizeram apenas indicações tímidas em direção ao corte de juros.
E, nesta sexta-feira, os gigantes da guerra comercial entraram em embate direto, provocando um rastro de destruição nos mercados. Mas a história do pregão desta sexta-feira pode ser divida em três atos.
Primeiro ato: preocupação
No início do dia, os mercados encontravam-se tensos com um novo desdobramento das tensões no front comercial: a China, afinal, anunciou hoje cedo a imposição de tarifas de 5% a 10% a serem aplicadas sobre US$ 75 bilhões em importações americanas — a medida começará a valer a partir de 1º de setembro.
A medida é uma espécie de revide a uma iniciativa semelhante adotada pelo governo dos EUA: no início desse mês, Washington anunciou a adoção de sobretaxas de 10% sobre US$ 300 bilhões em produtos importados da China.
Esse novo episódio trouxe uma primeira onda de destruição à cidade dos mercados, uma vez que as tensões entre americanos e chineses pareciam estar estabilizadas — ou, ao menos, não mostravam novos sinais de deterioração. E, com a escalada da guerra comercial, cresceram os temores de que a economia global poderá sofrer impactos negativos.
Nesse contexto, o Ibovespa abriu o pregão de hoje em baixa de mais de 1% — as bolsas americanas também iniciaram a sessão no campo negativo. Mas, às 11h, o presidente do Fed, Jerome Powell, fez seu aguardado discurso no simpósio de Jackson Hole — e esse quadro de apreensão foi temporariamente revertido.
Segundo ato: alívio
O segundo ato foi de alívio generalizado: Powell assumiu um tom mais moderado em seu discurso, dizendo que o Fed irá "agir de forma apropriada" para sustentar a expansão da economia do país.
Essa sinalização foi entendida como um indício de que, apesar de os dados econômicos ainda não indicarem o enfraquecimento nos EUA, o banco central do país está aberto a continuar cortando os juros caso os riscos no horizonte comecem a ameaçar a atividade doméstica — em julho, o Fed já reduziu as taxas em 0,25 ponto.
Com isso — e tendo a nova cartada da China em mente — os mercados recuperaram a confiança, certos de que o banco central americano continuará cortando os juros. Como resultado, o Ibovespa reduziu as perdas e se aproximou do zero a zero, enquanto as bolsas americanas conseguiram virar para alta.
Parecia que a indicação do Fed seria suficiente para conter os ânimos dos titãs e neutralizar os danos feitos até então aos mercados. Só que esse alívio teve vida curta: pouco tempo depois do discurso, o presidente dos EUA, Donald Trump, foi ao Twitter — e não poupou palavras para falar sobre Powell e a China.
Terceiro ato: pessimismo
No terceiro ato, o pessimismo voltou a ser o sentimento predominante dos mercados, e muito por causa do tom bastante agressivo usado por Trump. Entre outros pontos, o republicano disse que o Fed, novamente, "não fez nada", e questionou, de modo irônico, qual seria o maior inimigo dos EUA: Powell ou Xi Jinping.
Mas não foi apenas isso: Trump ainda disse que irá anunciar em breve as medidas a serem tomadas pelo governo americano em resposta à elevação das tarifas por parte de Pequim. "Nós não precisamos da China e, francamente, estaríamos bem melhor sem eles", escreveu o presidente americano.
....better off without them. The vast amounts of money made and stolen by China from the United States, year after year, for decades, will and must STOP. Our great American companies are hereby ordered to immediately start looking for an alternative to China, including bringing..
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) August 23, 2019
Trump ainda disse que as companhias americanas estão "obrigadas" a começarem a procurar uma alternativa à China. "Eu vou anunciar uma resposta às tarifas nesta tarde", escreveu — até o fechamento do pregão, contudo, o presidente americano ainda não havia feito nenhum pronunciamento oficial sobre o tema.
Assim, uma nova onda de choque gerou danos intensos às edificações da mercadolândia: o Ibovespa voltou ao patamar dos 97 mil pontos e as bolsas americanas mergulharam ao campo negativo, em meio à tensão antes do anúncio das contra-medidas a serem anunciadas pelo governo americano.
E o dólar e os juros?
Esse clima de cautela generalizada também mexeu com o mercado de câmbio: o dólar à vista subiu 1,14%, a R$ 4,1246 — é a maior cotação de encerramento para a moeda americana desde 19 de setembro do ano passado, quando fechou a R$ 4,1308.
Nem mesmo a continuidade das vendas de dólares no mercado à vista por parte do Banco Central serviu para conter o novo avanço da moeda americana nesta sexta-feira. O BC vendeu mais US$ 550 milhões hoje, mesma quantia negociada na quinta-feira — na quarta, a venda foi de US$ 200 milhões. As operações vão até o dia 29.
A curva de juros também foi pressionada, acompanhando a alta do dólar. Na ponta curta, os DIs para janeiro de 2021 subiram de 5,37% para 5,44%; na longa, os com vencimento em janeiro de 2023 avançaram de 6,37% para 6,44%, e os para janeiro de 2025 foram de 6,88% para 6,94%.
Quase 100% vermelho
Em meio à cautela global, quase todas as ações que compõem o Ibovespa fecharam em queda nesta sexta-feira —apenas Smiles ON (SMLS3) conseguiu se sustentar no campo positivo, com ganhos de 2,83%.
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