Acusada de desviar recursos de de créditos imobiliários que havia transferido à gestora de recursos Polo Capital, a incorporadora Gafisa (GFSA3) diz que é credora de uma dívida de R$ 11 milhões da gestora.
"Se o Grupo Polo não estava de acordo com a forma de cobrança e repasse desses valores, poderia ter agendado uma reunião com a Gafisa, visando esclarecimentos e informações", informa a empresa, em comunicado encaminhado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A Polo detém créditos de 20 séries da primeira emissão de certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) da Gafisa, cujo saldo devedor é da ordem de R$ 60 milhões.
Nesse tipo de operação, a incorporadora "empacota" uma série de financiamentos que tem a receber de clientes e antecipa os recursos vendendo os títulos a investidores no mercado.
Pelo acordo com a Polo, a Gafisa ficou responsável pela cobrança dos financiamentos e deveria repassar os recursos recebidos para as contas da gestora. No mês passado, porém, emitiu os boletos contendo dados bancários da própria incorporadora, que é comandada desde outubro passado pela gestora GWI, do investidor coreano Mu Hak You.
A acusação de desvio de recursos dos CRI foi feita pela Polo por meio de um fato relevante encaminhado à CVM nesta semana.
Empreendimento em conjunto
No comunicado, a Gafisa diz que se associou à Polo e a outra construtora na execução de um empreendimento no Rio de Janeiro. Mas as sócias não teriam aportado os recursos no projeto e que a incorporadora vem arcando sozinha com todos os custos. É daí que saiu o valor de R$ 11 milhões que a empresa diz que tem a receber.
"Tentamos cobrar inúmeras vezes esta dívida de forma amigável sem êxito", informa a empresa, que diz ter aberto ações de arbitragem e na Justiça para reaver os valores.
O problema é que quem saiu perdendo foram os investidores dos CRI emitidos pela Polo, que não têm nada a ver com a disputa sobre o empreendimento.
Procurada, a Polo informou não comentaria o assunto.