O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira (3) que seu país vai tarifar os vinhos da França e "todo o resto" em razão do Imposto sobre Serviços Digitais do país europeu.
Trump, que falou durante coletiva de imprensa em Londres, onde participará de reunião da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), disse que não vai permitir que a França "tire vantagem" de empresas americanas.
O presidente dos EUA também voltou a acusar a União Europeia de tratar os EUA "de forma muito injusta" no que diz respeito ao comércio. Ontem, o governo americano já havia ameaçado impor tarifas de até 100% a US$ 2,4 bilhões em importações de produtos franceses por causa do imposto.
Segundo relatório do Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR, na sigla em inglês), o imposto francês discrimina empresas digitais americanas como Google, Apple, Facebook e Amazon.
UE
Nesta segunda, o USTR também anunciou que está iniciando um processo para avaliar a elevação de tarifas a produtos da União Europeia, após a OMC ter rejeitado as últimas apelações do bloco no caso dos subsídios à fabricante de aviões Airbus.
"As descobertas de hoje confirmam que, apesar de perder em cinco relatórios anteriores da OMC, a Europa permanece mais focada em gerar litígios sem mérito do que em abordar os subsídios maciços à Airbus que continuam a prejudicar a indústria aeroespacial dos EUA e seus trabalhadores", escreveu em um comunicado o representante comercial americano, Robert Lighthizer.
O USTR afirma que publicará um Aviso de Registro Federal sobre o processo ainda nesta semana. "À luz do relatório de hoje e à falta de progresso nos esforços para resolver esta disputa, os EUA estão iniciando um processo para avaliar o aumento das tarifas e sujeitando produtos adicionais da UE às tarifas", diz o comunicado.
No dia 14 de outubro, a OMC já havia dado autorização para que os EUA impusessem sanções comerciais de até US$ 7,5 bilhões a produtos da UE, após ter decidido que subsídios concedidos pelo bloco à Airbus são ilegais.
Na decisão de hoje, a OMC diz que "com base nas análises e descobertas anteriores, concluímos que a União Europeia não tomou medidas apropriadas para remover os efeitos adversos".
Escalada
O anúncio de Trump faz parte de uma escalada que teve início nesta semana com os EUA comunicando a retomada de tarifas sobre a importação de aço e alumínio de Brasil e da Argentina.
O presidente americano acusou os países de desvalorizarem as suas moedas, o que seria prejudicial aos produtores agrícolas americanos. Em novembro, a moeda americana apresentou uma valorização de 5,77% no mês e fechou cotado a R$ 4,24.
Trump voltou a apelar ao Federal Reserve. Segundo ele, a entidade precisa agir e reduzir as taxas de juros para que os países 'não tirem vantagem do nosso dólar forte'.
*Com Estadão Conteúdo