Fuga de dólares bate US$ 40 bilhões em 12 meses. Surpreso? Não deveria…
Saída de recursos é a maior desde que abandonamos o regime de bandas cambiais em 1999. Desde abril, o BC vem alertando para uma mudança estrutural no mercado de câmbio

Não tem dólar no mercado. De fato, ao olhar os dados do Banco Central (BC) constatamos que faz 20 dias úteis, ou desde 16 de setembro, que a saída, considerando as contas comercial e financeira, supera a entrada e as cifras são grandes.
Nesse período, a saída líquida é de US$ 11,5 bilhões. Muita coisa. Mas olhando janelas de 12 meses a situação chama ainda mais a atenção. A fuga de dólares já soma US$ 40 bilhões, considerando os US$ 6,85 bilhões que deixaram o país nas duas primeiras semanas de outubro. São US$ 60,6 bilhões que saíram na conta financeira e uma magra entrada de US$ 21,5 bilhões na conta de comércio exterior.
Para dar um parâmetro, US$ 40 bilhões são equivalentes a 10,7% das reservas internacionais do país, de US$ 374 bilhões. Esse montante também representa 17,6% do total exportado em todo o ano passado. Se a oferta diminui, não é preciso falar o que acontece com o preço. Dólar acima de R$ 4 vai virando o "novo normal" do momento.
Em julho, já tínhamos alertado para esse inédito movimento de saída. De fato, não observamos tamanha saída líquida de dólares desde meados de 1999, pouco depois do país adotar o regime de câmbio flutuante. Para efeito de comparação, no pior momento da crise financeira de 2008/2009, a saída de dólares bateu US$ 18 bilhões, considerando janelas de 12 meses.
Antes de seguir adiante, repito aqui o conselho prático, já dado por aqui outras vezes: "Seja qual for o comportamento futuro do câmbio, é prudente você sempre manter uma exposição em dólar na sua carteira. Nós inclusive já escrevemos uma reportagem para ajudar você nessa tarefa."
O que passa?
O diagnóstico não é novo e já falamos dele em outras ocasiões. Em agosto escrevi que poderíamos ir nos acostumando com um dólar mais caro. Aliás, o último a explicar o fenômeno da alta do dólar foi o próprio presidente do BC, Roberto Campos Neto, em evento na semana passada (veja aqui).
Leia Também
De fato, o próprio BC vem alertando sobre uma mudança estrutural no mercado de câmbio brasileiro desde abril, quando o diretor de Política Monetária, Bruno Serra Fernandes, fez importante palestra falando da perda relativa de atratividade do financiamento externo e de com isso afetava a liquidez em dólares no país.
Resumindo a questão. O comprometimento com uma agenda de ajuste fiscal, proporcionou a queda da inflação e dos juros – já temos estimativas de Selic abaixo de 4%! Quem diria, não é mesmo?
Com isso, o Brasil deixou de ser o paraíso das operações de arbitragem de taxa de juros (carry-trade). Leia-se, pegar dólar no mercado externo a custo quase zero e virar ganhar Selic de 14% ou mais.
Além disso, as reformas no mercado de crédito, notadamente a redução do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no crédito direcionado, proporcionaram um rápido crescimento do mercado de capitais doméstico. Temos empresas domésticas – Petrobras notadamente – pré-pagando dívidas que foram tomadas no mercado externo e contratando financiamentos em moeda local.
Grosso modo, somando as duas coisas, não temos o dólar de curto prazo vindo arbitrar juros e, além disso, temos maior demanda pela moeda para pagamentos externos. Quem dá a liquidez? Primeiro os bancos, com suas posições vendidas, que beiram os US$ 30 bilhões. Mas como há limites regulatórios, é o BC que vem atuando no mercado à vista, como disse que faria.
Em abril, Serra disse que não estava claro quão duradoura seria essa mudança de ambiente. Já estamos no meio de outubro e esses vetores seguem atuando de forma intensa.
O quadro preocupa? Podemos dizer que não. Como disse o próprio Campos Neto, temos um movimento inédito de alta do dólar com queda no risco país e dos juros futuros. A desvalorização não está associada a uma crise de balanço de pagamentos e o mercado também não está pedindo mais juros para financiar a dívida brasileira.
O que pode mudar esse quadro? De forma momentânea há grande expectativa com os leilões de petróleo dos excedentes da cessão onerosa. Estruturalmente, fica a aposta na continuidade da agenda de reformas e privatizações para que o país atraia mais capital externo para investimentos.
Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado
Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos
Para Gabriel Galípolo, inflação, defasagens e incerteza garantem alta da Selic na próxima semana
Durante a coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do segundo semestre de 2024, o presidente do Banco Central reafirmou o ciclo de aperto monetário e explicou o raciocínio por trás da estratégia
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente
Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.
Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste
Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Normas e tamanho do FGC entram na mira do Banco Central após compra do Banco Master levantar debate sobre fundo ser muleta para CDBs de alto risco
Atualmente, a maior contribuição ao fundo é feita pelos grandes bancos, enquanto as instituições menores pagam menos e têm chances maiores de precisar acionar o resgate
Se errei, não erro mais: Google volta com o conversor de real para outras moedas e adiciona recursos de segurança para ter mais precisão nas cotações
A ferramenta do Google ficou quatro meses fora do ar, depois de episódios nos quais o conversor mostrou a cotação do real bastante superior à realidade
Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%
Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa
Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado
Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Bradesco dispara em ranking do Banco Central de reclamações contra bancos; Inter e PagSeguro fecham o pódio. Veja as principais queixas
O Bradesco saiu da sétima posição ao fim de 2024 para o primeiro colocado no começo deste ano, ao somar 7.647 reclamações procedentes. Já Inter e PagSeguro figuram no pódio há muitos trimestres
Dona do Google vai pagar mais dividendos e recomprar US$ 70 bilhões em ações após superar projeção de receita e lucro no trimestre
A reação dos investidores aos números da Alphabet foi imediata: as ações chegaram a subir mais de 4% no after market em Nova York nesta quinta-feira (24)
Subir é o melhor remédio: ação da Hypera (HYPE3) dispara 12% e lidera o Ibovespa mesmo após prejuízo
Entenda a razão para o desempenho negativo da companhia entre janeiro e março não ter assustado os investidores e saiba se é o momento de colocar os papéis na carteira ou se desfazer deles
Por que o ouro se tornou o porto seguro preferido dos investidores ante a liquidação dos títulos do Tesouro americano e do dólar?
Perda de credibilidade dos ativos americanos e proteção contra a inflação levam o ouro a se destacar neste início de ano
Fim da linha para o dólar? Moeda ainda tem muito a cair, diz economista-chefe do Goldman Sachs
Desvalorização pode vir da relutância dos investidores em se exporem a investimentos dos EUA diante da guerra comercial com a China e das incertezas tarifárias, segundo Jan Hatzius
A culpa é da Gucci? Grupo Kering entrega queda de resultados após baixa de 25% na receita da principal marca
Crise generalizada do mercado de luxo afeta conglomerado francês; desaceleração já era esperada pelo CEO, François Pinault
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
Rodolfo Amstalden: Seu frouxo, eu mando te demitir, mas nunca falei nada disso
Ameaçar Jerome Powell de demissão e chamá-lo de frouxo (“a major loser”), pressionando pela queda da taxa básica, só tende a corromper o dólar e alimentar os juros de longo prazo
Ação da Neoenergia (NEOE3) sobe 5,5% após acordo com fundo canadense e chega ao maior valor em cinco anos. Comprar ou vender agora?
Bancos que avaliaram o negócio não tem uma posição unânime sobre o efeito da venda no caixa da empresa, mas são unânimes sobre a recomendação para o papel