🔴 [EVENTO GRATUITO] MACRO SUMMIT 2024 – FAÇA A SUA INSCRIÇÃO

Cotações por TradingView
Eduardo Campos
Eduardo Campos
Jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo e Master In Business Economics (Ceabe) pela FGV. Cobre mercado financeiro desde 2003, com passagens pelo InvestNews/Gazeta Mercantil e Valor Econômico cobrindo mercados de juros, câmbio e bolsa de valores. Há 6 anos em Brasília, cobre Banco Central e Ministério da Fazenda.
Tudo indica que vai ter Disney

Dólar sustentou a linha dos R$ 4, mas isso pode durar pouco tempo

Dólar teve uma das maiores quedas semanais do ano ao recuar 2,7%. Vetores locais e externos colocam moeda americana sob ataque

dólares nota
Petrobras, Correios e loterias bombaram no Seu Dinheiro. - Imagem: Shutterstock

Os vendedores bem que tentaram, mas os comprados também defenderam sua posição. Assim, o dólar comercial encerrou a semana com firme queda de 2,7%, maior desde o fim de janeiro, mas sustentou a mítica linha dos R$ 4. No entanto, alguns vetores sugerem que essa “muralha”, que é respeitada desde 16 de agosto, está para cair.

Note que não fiz (e nem farei) uma afirmação de que o dólar vai para baixo dos R$ 4 na semana que vem. O câmbio é conhecido por humilhar os melhores economistas e operadores, imagina o estrago que faria em um mero escriba.

No âmbito local, o que se ouve nas mesas e nas conversas com os traders é que o mercado teria adquirido nova dinâmica, com a aprovação final da reforma da Previdência e expectativa de firme entrada de dólares com os leilões do excedente do pré-sal, previsto para 6 de setembro.

No lado do fluxo de verdade, no entanto, não temos e nem devemos ter noticias de entradas de dólar tão cedo. Por enquanto, o quadro é de saída líquida de US$ 6,8 bilhões em outubro até o dia 22, o que eleva a fuga de dólar em 12 meses para cima dos US$ 40 bilhões, algo inédito desde 1999.

Podemos ver a formação de preço como fluxo mais expectativa. Então, uma forma de avaliar como essa mudança de expectativas vira “skin in the game”, ou “pele em jogo”, é olharmos as posições futuras na B3.

Ao longo da semana, os fundos locais foram grandes vendedores de dólar futuro e cupom cambial (juro em dólar). Até ontem, último dado disponível, o estoque vendido, que pode ser visto como aposta de queda do dólar, tinha subido a US$ 5,147 bilhões, de US$ 4 bilhões no dia 18. O gringo continua carregando cerca de US$ 31 bilhões em posição comprada e os bancos estão vendidos em outros US$ 26,5 bilhões.

A grande "briga" entre comprados e vendidos será na quinta-feira, dia 31, que marca a formação da Ptax, taxa referencial calculada pelo BC, que liquida os contratos futuros.

Dólar sob fogo

Além desse ventos locais, temos outros vetores globais que não podem ser desprezados e que, por vezes, podem se mostrar ainda mais relevantes para a formação de preço.

Para ajudar nessa avaliação global da moeda, uso aqui um relatório da consultoria GaveKal, que nos conta que o “valorizado dólar está finalmente começando a parecer vulnerável”.

Segundo a consultoria, nos últimos 11 dias úteis, o DXY, que mede o desempenho do dólar ante uma cesta de moedas, acumula queda de 1,5%. “Uma série de fatores está pesando e se isso persistir, o dólar pode assistir a uma pronunciada queda nos próximos meses.”

Vamos aos fatores: 

  • O Federal Reserve (Fed), banco central americano, está “imprimindo” mais dinheiro que seus pares. Há três meses, o BC americano vinha reduzindo o tamanho do seu balanço, mas agora volta a comprar títulos, seja pelo “QE que não é QE”, que é a compra de US$ 60 bilhões por mês em títulos, seja pelas massivas operações no mercado de “repo”, necessárias para manter a liquidez no mercado interbancário e a taxa de juros dentro da meta. Para dar uma base, o Banco Central Europeu (BCE), que chama seu programa de compra de ativos de “QE” sem medo, vai comprar cerca de US$ 22 bilhões por mês. Além disso, a expectativa majoritária é de nova redução do juro básico na reunião do Fed da semana que vem.
  • O risco de um Brexit sem acordo diminuiu, o que dá suporte à libra esterlina e ao ao preço do euro.
  • O presidente americano, Donald Trump, fez um recuo tático na guerra comercial. Vale lembrar que a incerteza com relação a esse tema tem dado suporte ao dólar pelos últimos dois anos.
  • Elizabeth Warren aumentou as chances de ser candidata pelo partido Democrata, algo que é negativo para o dólar. A política desenhada por ela resultaria em aumento de custos no mercado americano (mais impostos, regulação bancária mais estrita, etc) e redução custos de importação, já que ela tenderia a rever tarifas. É o exato oposto da política de Trump, que resultou em um fortalecimento secular do dólar.

Tanto a Gavekal quanto eu fazemos a seguinte ressalva: todos esses vetores podem se reverter. O Fed pode mudar sua política, Trump pode voltar a atacar os chineses e o Brexit, bom esse é o mais imprevisível deles.

O fato é que nas últimas semanas, mais precisamente desde a reunião de líderes e grandes formadores de opinião de mercado no Fundo Monetário Internacional (FMI), a narrativa mudou. Deixamos de ouvir e ler sobre os temores de uma recessão global e passamos a ver mais artigos e ouvir mais opiniões sobre uma desaceleração suave da economia americana.

Os EUA vinham crescendo com mais vigor que os outros pares, atraindo capital global, algo que fortalece o dólar. Agora, com os EUA perdendo ímpeto, mas sem gerar pânico de recessão, o dólar perde um pouco de atratividade, de força relativa. Esse ciclo, se confirmado, abre espaço para os mercados emergentes, Brasil entre eles, voltarem a atrair capital.

Compartilhe

Internacionalização

Práticas e acessíveis, contas em dólar podem reduzir custo do câmbio em até 8%; saiba se são seguras e para quem são indicadas

9 de setembro de 2022 - 6:30

Contas globais em moeda estrangeira funcionam como contas-correntes com cartão de débito e ainda oferecem cotação mais barata que compra de papel-moeda ou cartão pré-pago. Saiba se são para você

LONDON LONDON

A libra é o ‘novo euro’? Banco alerta para crise da moeda britânica no governo de Liz Truss

5 de setembro de 2022 - 16:57

Hoje, o euro ficou mais barato que o dólar norte-americano novamente, sendo negociado na faixa de US$ 0,98

DOS CAMPOS PRA CARTEIRA

De olho na Copa do Mundo, moeda do Catar já subiu quase 17% — saiba como mitigar a valorização do rial

4 de setembro de 2022 - 16:45

Parte do planejamento de qualquer viajante internacional é a compra da moeda local, neste caso o rial — que, na sexta-feira (02) valia R$ 1,42

E OS PLANOS PRA DISNEY?

Dólar acumula desvalorização de 7% frente ao real no ano — veja o que mexe com o mercado de câmbio

3 de setembro de 2022 - 10:29

Após três sessões consecutivas de alta, em que acumulou valorização de 4,07%, o dólar à vista recuou mais de 1% no pregão desta sexta-feira (02)

AGORA VAI!

O real digital vem aí: saiba quando os testes vão começar e quanto tempo vai durar

10 de agosto de 2022 - 19:57

Originalmente, o laboratório do real digital estava previsto para começar no fim de março e acabar no final de julho, mas o BC decidiu suspender o cronograma devido à greve dos servidores

SALTO COM BARREIRAS

Passe de mágica? Rublo se torna a moeda com melhor desempenho no mundo — entenda o que fez a divisa dar esse salto

27 de junho de 2022 - 20:24

A moeda russa se valorizou cerca de 35% até agora no ano, superando todas as principais divisas, e mais do que dobrou de valor da baixa pós-invasão

VAI TER DISNEY?

Dólar acumula desvalorização de 12,59% frente ao real no ano — veja o que mexe com o mercado de câmbio

21 de maio de 2022 - 10:05

A moeda norte-americana teve o pior desempenho semanal em quase dois meses, quando levou um tombo de mais de 5%

O QUE VEM PELA FRENTE

Fique de olho: inflação é o destaque entre indicadores da semana no Brasil e lá fora; confira a agenda completa

3 de abril de 2022 - 10:00

Investidores começam a segunda-feira com a divulgação do IPC-Fipe de março, que busca estimar o custo de vida de famílias com renda de um a dez salários mínimos em São Paulo

REVISÃO BILIONÁRIA

Fluxo secou? B3 corrige erro nos dados e R$ 27 bilhões em dinheiro estrangeiro “somem” da bolsa em 2022

1 de abril de 2022 - 18:10

A operadora da bolsa no país anunciou hoje que fará uma “revisão metodológica” dos dados sobre renda variável dos últimos três anos

Na mínima desde setembro

Por que o dólar está despencando? Os motivos que explicam o forte alívio no mercado de câmbio

1 de fevereiro de 2022 - 5:42

O dólar à vista fechou janeiro na casa de R$ 5,30, acumulando baixa de quase 5% no mês. Entenda o que está mexendo com o real e a taxa câmbio

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies