Os analistas do Credit Suisse apresentam um longo relatório sobre as perspectivas para o mercado mundial de câmbio para 2020. Na parte dedicado ao dólar contra o real, a avaliação é de que a cotação deve oscilar entre R$ 4,18 e R$ 4,35.
Segundo o banco, apesar dos recordes nominais na cotação dólar, acima da linha de R$ 4,20, a moeda americana não estaria tão cara assim (ou a moeda brasileira tão barata). Avaliando a taxa real efetiva de câmbio (Reer, em inglês), medida que compara o real com pares comerciais, a moeda está no meio de um range de 20 anos que indica sobre ou sub valorização (veja imagem abaixo)

Além disso, diz o CS os elementos tradicionais para se dizer que a moeda está subvalorizada não estão presentes, como superávit em conta corrente e baixo desemprego.
Segundo o banco, o comportando do risco-país, medido pelo CDS, já dá ao Brasil a classificação de grau de investimento, o que torna a moeda vulnerável a ruídos políticos.

O CS também confirma algo que é lugar comum por aqui. Com a queda de Selic e a forte redução, ou mesmo fim, das operações de arbitragem de juros, o real virou um “hedge” relativamente barato para se proteger de oscilações em outros mercados brasileiros. “Isso não deve mudar no curto prazo”, diz o CS.
Por ora, explica o banco, a recente alta nas expectativas de inflação é muito pequena para indicar qualquer mudança na relação de “carry” (arbitragem) da moeda. Se o crescimento surpreender muito para cima é possível que essa percepção mude.
Na avaliação mais ampla sobre moedas emergentes, o banco prefere exposição a países que tenham juros mais elevados, estabilidade no balanço de pagamentos e nos quais os riscos políticos estejam embutidos no preço ou recuando. Se encaixam nesses quesitos, o rublo russo e a lira turca. Nenhuma moeda da América Latina se qualifica.