Os obstáculos no caminho da sua aposentadoria precoce – e o dilema da ‘idade ideal’
Se aposentar jovem exige vencer o tabu de “vagabundo” e uma disciplina para poupar e investir ao longo de 10 anos
Neste domingo pré-natalino, começo com um agradecimento a todos os leitores que me escreveram na última semana. Eu, o Richard Camargo e a Marina Gazzoni nos dividimos para conseguir dar conta de ler as centenas de e-mails que chegaram. A ideia de se aposentar aos 40 anos (ou o quanto antes) é tentadora, mas o caminho é cheio de obstáculos.
Se você está chegando aqui agora, na minha primeira coluna eu pedi aos leitores que refletissem sobre três questões:
- Quantos anos você tem?
- Com quantos anos você quer se aposentar?
- Qual o maior obstáculo que o separa deste objetivo?
As respostas trazem relatos variados de dilemas pessoais, como a dificuldade de poupar, dúvidas sobre onde investir e, claro, o hiato entre a idade atual e sua aposentadoria. Recebi relatos da máxima relevância e vou abordar alguns deles nos próximos domingos.
Antes de qualquer coisa, quero falar sobre aquele que considero o primeiro obstáculo a todos os investidores que desejam se aposentar antes do senso comum: a moral penitente.
O primeiro desafio para se aposentar aos 40 anos (ou o quanto antes) não é econômico. Trata-se de um desafio moral, herdado de um tabu. Se não formos capazes de reconhecê-lo desde já, não poderemos seguir em frente.
Lembrei disso quando li o e-mail enviado pelo Marco Aurélio:
Ele está preocupado em como as pessoas próximas vão reagir quando ele conquistar seu objetivo de se aposentar aos 39 anos.
A pressão social para trabalhar até o fim da vida é algo que quem busca se aposentar antes terá de encarar.
Sugiro que você puxe uma conversa na festa de Natal sobre seus planos de se aposentar cedo e veja o que acontece.
É bem possível que você seja criticado por ter o desejo de se aposentar antes do que a média. Pode ser até que aquele seu tio mala te chame de vagabundo.
Como é Natal, torço para que ele se contenha e deixe o comentário para depois que o peru esfriar. Mas é quase certo que alguém na mesa vai ao menos pensar isso.
Eu sinceramente não vejo como chamar de vagabundo alguém que economiza e investe boa parte do que ganha mensalmente. E tem um diagnóstico lúcido sobre onde quer estar daqui a dez ou quinze anos.
De onde vem o preconceito?
Vem da moral penitente de que o emprego deve ser encarado como um sacrifício necessário, de que precisamos sofrer 40 anos em um trabalho medíocre para depois tentar espremer algo de um INSS desidratado.
O trabalho sem motivação e por sacrifício é a grande epidemia moderna. Estamos cada vez mais cansados de engolir isso goela abaixo.
A maioria das pessoas passa os "melhores" anos de suas vidas profissionais dedicando energia a tarefas inúteis, reuniões monótonas e metas inatingíveis.
Diga-me: é isso que você quer para sua vida?
O trabalho sem motivação e por sacrifício é a grande epidemia moderna. Estamos cada vez mais cansados de engolir isso goela abaixo.
A maioria das pessoas passa os "melhores" anos de suas vidas profissionais dedicando energia a tarefas inúteis, reuniões monótonas e metas inatingíveis.
Diga-me: é isso que você quer para sua vida?
A primeira coisa a fazer é libertar-se dessa amarra moral. Hoje você troca seu tempo por um salário porque precisa dele para viver. Ter dinheiro suficiente para viver de renda é a verdadeira liberdade financeira e individual.
Corrida contra o tempo
Outra questão apontada pelos leitores é sobre a idade. Quando, exatamente, você deve começar a trabalhar para a sua aposentadoria? E quem já passou da meia idade deve jogar a toalha ou ainda dá tempo de virar o jogo e fugir da fila do INSS?
Entre os leitores que me escreveram, a maioria tem entre 30 e 50 anos e deseja se aposentar entre os 40 e os 60 anos. Esse é um ótimo sinal, que me encorajou muito a seguirmos adiante.
Alguns até começaram antes e parecem ter um projeto meio encaminhado.
Veja o caso do Felipe:
Ele já poupa uma quantidade relevante do seu salário aos 29 anos. A grande dúvida é onde investir o dinheiro que guarda.
Felipe, você já tem consciência financeira e atitude para aderir ao FIRE. Enxergou o problema relativamente cedo, terá tempo para conseguir executar seu plano e desfrutará da sua liberdade financeira muito antes da média. Continue a acompanhar a coluna que posso lhe ajudar.
Mas infelizmente eu devo ser sincero e admitir que não poderei ajudar todo mundo. Veja o exemplo do Roberto:
Ele tem 54 anos e pretende se aposentar aos 56 anos. Como requisito, a correta execução do plano de aposentadoria precoce exige um mínimo de dez anos de diferença entre sua idade atual e a idade desejada para se aposentar.
Então, se você não topa dedicar dez anos de agora em diante ou mesmo se não tem esse tempo, eu não me sinto habilitado a ajudar no seu caso.
Com menos de dez anos, teríamos que apostar excessivamente na sorte ou em alguma operação financeira com retornos milagrosos. Esse tipo de abordagem simplesmente não faz o meu perfil.
Acho que a meta de aposentadoria precoce é importante demais para que seja abandonada à sorte ou dependa de milagres.
Em vez disso, prefiro calcular em cima de chances concretas, tendo o tempo e os juros compostos como aliados.
E de quanto tempo estamos falando, exatamente?
Mais do que a sua idade, o importante é avaliar o Delta, ou seja, a diferença entre a sua idade atual e a idade em que você quer ser aposentar.
Então, pouco importa se você tem hoje 20 anos ou 50 anos, desde que esteja confortável com a premissa de dedicar dez anos à construção da sua independência financeira.
Se você tem mais de 50 anos, pelo menos para mim, não faz sentido nenhum que jogue a toalha.
Qualquer planejamento que faça a partir de agora com base na metodologia FIRE trará ganhos exponencialmente maiores do que não fazer nada.
Quando preciso ter?
A terceira dúvida mais frequente que recebi dos leitores é sobre quanto exatamente é necessário juntar para poder dizer “Adeus” ao seu chefe e viver de renda.
Essa questão será o tema da minha próxima coluna aqui no Seu Dinheiro. Prometo que trago um exemplo concreto e um número preciso.
Até o próximo domingo e um excelente Natal!
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