Imediatamente me lembrei dessa frase icônica do então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, em meio à abertura do processo de impeachment contra a então presidente da república, Dilma Rousseff.
Só para que fique claro, este não é um espaço para discutirmos política.
Não vou entrar em méritos e deméritos particulares e exatamente por isso Eduardo Cunha nos serve tão também.
Ele integra um grupo seleto de brasileiros odiados a nível nacional, sem exceções. Basicamente, todos desprezamos Eduardo Cunha.
Naquele momento, em 2016, sua frase carregava muito simbolismo. Era o fim um ciclo. Um ciclo iniciado mais de 12 anos antes, em que o país cresceu e reduziu sua desigualdade econômica, sobretudo em resposta à demanda infinita da China por commodities.
Mas, devido a uma sucessão de erros de gestão - como a nova matriz econômica - e os escândalos de corrupção, nosso salto de prosperidade chegou ao fim entre 2014 e 2015.
O Ibovespa - nosso principal índice de ações - bateu os 38 mil pontos, seu menor patamar desde a crise do subprime, em 2008.
A Selic subiu a 14,75% ao ano e os títulos públicos brasileiro de longo prazo, como o Tesouro IPCA+, chegaram a ser negociados a juros reais de mais de 6,5% ao ano, para vencimentos superiores a 10 anos.
Então, as preces de Eduardo Cunha foram ouvidas
Imagino que ele não tenha sido o único a implorar por misericórdia. Milhões de outros brasileiros, anônimos em suas dificuldades, também sentiram o golpe e aguardavam ansiosos por uma reviravolta.
E a misericórdia veio.
Passado o turbulento impeachment da Dilma, aprovamos importantes reformas sob a gestão do presidente mais impopular e, ao mesmo tempo, mais reformista que tivemos desde o Plano Real.
Isso reflete um pouco daquilo que considero a essência do Brasil: um país que não tem vocação para explodir.
Se vai dar certo ou não, é outra história. Mas explodir não parece o caso.
Até porque, sempre foi assim. O Brasil é um eterno caso de reversão à média.
Precisamos caminhar em direção ao abismo, olhar para baixo, sentir o vento chacoalhar e as primeiras rachaduras se projetarem abaixo de nós, para só então nos darmos conta de que não queremos, e não iremos pular.
E essa é uma premissa fundamental se você está construindo um plano de aposentadoria precoce.
Uma aposentadoria precoce, tropicalizada
A maioria de nós começou a trabalhar por volta dos 18 anos. Alguns um pouco antes (eu por exemplo, comecei aos 16), outros um pouco depois.
Até a aposentadoria formal, pelo INSS, temos em média 45 anos pela frente. Pela nova previdência, os homens só podem solicitar seu benefício depois dos 65 anos, e as mulheres depois dos 62 anos.
Uma aposentadoria precoce é qualquer aposentadoria que consiga ser alcançada de maneira independente antes disso.
Tomando por exemplo uma série de caso de sucesso nos EUA - onde o movimento FIRE (Financial Independence, Retire Early) se torna cada vez mais popular -, dez anos parece um prazo suficiente para conquistar uma aposentadoria precoce, nos EUA.
Talvez aqui no Brasil, pela nossa essência macunaímica e nossa eterna sina de sabotarmos tantos os planos de crescimento quanto de autodestruição, esses 10 anos demorem um pouco mais. Treze, quatorze ou quinze anos, a depender do ciclo que se projeta diante de nós.
Se estivermos realmente caminhando em direção a um precipício, vou começar a me animar.
Eu e o Rodolfo Amstalden (que é basicamente quem me ensinou tudo isso), sabemos que o país não vai se jogar no abismo e, ao olhar para trás, talvez inicie um novo ciclo.
Um ciclo que poderá encurtar, e muito, o prazo da sua aposentadoria precoce.
Estamos de olho, e vamos trazer cada vez mais novas ideias de investimento aos membros da comunidade Empiricus FIRE®, que receberam um guia essa semana sobre como ajustar suas carteiras para o que vem por aí.