Que a Cielo publicaria mais um trimestre com resultados ruins todo mundo esperava. Mas a capacidade da companhia de surpreender até o mais pessimista dos analistas fez ações amargarem uma queda expressiva de 3,65% nesta quarta-feira (30), cotadas a R$ 7,65. Leia também nossa cobertura de completa de mercados.
A empresa de maquininhas de cartão controlada por Banco do Brasil e Bradesco registrou lucro líquido de R$ 358,1 milhões. O resultado representou uma queda de 51,7% em relação ao terceiro trimestre do ano passado e ficou abaixo das projeções do mercado.
Na tentativa de defender a liderança de um mercado com uma competição cada vez mais acirrada, a Cielo derrubou os preços – e, junto com eles, as margens. Mas o plano aparentemente começa a dar resultados diante do aumento tanto no volume de transações realizadas nas maquininhas da empresa como na base de clientes.
No resultado passado as ações da Cielo até reagiram bem a essa tendência de recuperação, mas a queda de hoje sinaliza que os investidores não estão com tanta paciência para aguardar por uma virada da companhia.
Apesar do lucro abaixo do esperado, os analistas que cobrem a empresa veem sinais de evolução. De todo modo, ainda não recomendam a compra das ações. Leia a seguir algumas indicações:
BTG Pactual: "Comprando tempo"
Recomendação: neutra
Preço-alvo: R$ 7,00
"Embora continuemos cautelosos por muitas razões (incluindo o fato de a Cielo ter dois bancos como controladores), nossa visão para as ações se tornou um pouco mais positivo... ou, digamos, menos negativo do que quando a empresa divulgou o resultado do segundo trimestre."
"A Cielo é uma grande empresa de pagamentos, mesmo para os padrões globais. Então, por que não promover uma fusão com uma grande empresa de pagamentos nos EUA? Ou com a Stone? Não há uma solução fácil. Mas, com os stakeholders aparentemente procurando uma, apostar contra as ações da Cielo pode ser perigoso."
Goldman Sachs: "Volumes maiores novamente, mas lucro continua caindo"
Recomendação: neutra
Preço-alvo: R$ 7,00
"O mercado pode apreciar o fato de o crescimento do volume da Cielo ter acelerado novamente, mas as receitas permanecem fracas e com a rentabilidade por operação em queda em razão da competição por preços."
Itaú BBA: "Resultados fracos, apesar do aumento de volume"
Recomendação: market perform (neutra)
Preço-alvo: R$ 7,50
"Apesar da surpresa positiva do volume de transações, esperamos que resultados da empresa continuem fracos, o que impede uma postura mais construtiva do mercado para a tese de investimento da Cielo."
Safra: "Resultados fracos com deterioração nos preços"
Recomendação: market perform (neutra)
Preço-alvo: R$ 8,00
"Continuamos a ver um fraco desempenho na Cielo, refletindo os impactos do ambiente competitivo mais feroz (o que afeta os preços) e a abordagem comercial mais agressiva da companhia."