A Bula da Semana: Novo mês, velhos temas
Guerra comercial e reforma da Previdência continuam no radar do mercado financeiro, mas investidor fica com a sensação de novidades sobre esses temas em julho

O mercado financeiro vira a folhinha do calendário para o mês de julho e renova as esperanças em relação à reforma da Previdência e à guerra comercial, que podem ter definições importantes ao longo deste segundo semestre. Na Câmara, é grande a expectativa pela votação da proposta na comissão especial nesta semana, ao passo que uma nova trégua entre Estados Unidos e China traz algum alívio aos ativos de risco hoje.
Após uma reunião amigável, os presidentes Donald Trump e Xi Jinping sorriram e apertaram as mão, durante o G20, no Japão. Washington decidiu adiar a tarifa de 25% sobre os US$ 300 bilhões de produtos chineses que ainda não estão sobretaxados bem como permitir a venda de componentes de tecnologia à fabricante Huawei. Com isso, as conversas entre os dois países devem ser retomadas em breve, em direção a um acordo.
E os ativos globais respiram aliviados com essa boa notícia nesta segunda-feira, já que não houve uma escalada da tensão entre as duas maiores economias do mundo. Ainda assim, os investidores devem ir devagar com o otimismo, pois ainda é preciso haver um avanço concreto nas negociações para reduzir o impacto na economia global - e tudo isso em meio à eleição presidencial norte-americana, que começa em 2020, mas já está em andamento.
Por ora, a trégua reduz alguns riscos à atividade, mas não os elimina, deixando os mercados mais reféns dos indicadores econômicos. O Federal Reserve também está atento a esses riscos e tem condicionado um ajuste nos juros norte-americanos a eventuais sinais de desaceleração nos EUA. Um corte na taxa só deve ser impedido se houver maior certeza nas relações comerciais combinada com um cenário de pleno emprego e inflação crescente.
E o destaque da semana fica com os dados sobre o mercado de trabalho nos EUA, o chamado payroll. Os números serão conhecidos na sexta-feira, mas a reação à geração de vagas, ao ganhos médio por hora e à taxa de desemprego no país pode ficar esvaziada, por causa do feriado pelo Dia da Independência, na quinta-feira. Aliás, Wall Street fecha mais cedo já no dia 3 de Julho.
Previdência tem semana decisiva
No Brasil, todos os olhos estão voltados para Brasília, onde o parecer sobre as novas regras para aposentadoria deve ser lido amanhã, sendo colocado para votação no dia seguinte. Após os atos de ontem em 88 cidades de todo o país, a ala política pode se mostrar motivada (pressionada?) em atender aos anseios de boa parte da população.
Leia Também
Mercado se despede de 2019
A Bula da Semana: Adeus ano velho
Tudo vai depender dos deputados e governadores chegarem a um consenso sobre a inclusão dos servidores estaduais e municipais na proposta de reforma da Previdência. O prazo final para um acordo entre as partes e a reinclusão de estados e municípios no texto é amanhã, dando tempo para ajustes finais no parecer que será lido pelo relator horas depois.
Vencida essa etapa na comissão especial, governo e Congresso acreditam na apreciação da matéria no plenário da Câmara, em dois turnos, até 18 de julho - ou seja, antes do início do recesso parlamentar. Se a reforma da Previdência for aprovada ainda neste mês, será um ponto de partida para apreciação de outros projetos importantes, como a reforma tributária, bem como para a retomada do ciclo de cortes de juros (Selic) pelo Banco Central.
O mercado financeiro trabalha com uma queda total de até 1 ponto percentual na taxa básica, renovando o piso histórico para 5,50%. No entanto, o início do processo ainda depende totalmente dos desdobramentos na cena político, que, por oras, são pouco claros. Ainda há a possibilidade de o BC começar a cortar em julho, mas também crescem as chances de início do processo apenas em setembro.
Embora o mercado ainda divida as apostas sobre qual seria a amplitude e a duração de eventual corte, esse novo contexto de expectativa para a Selic tem ajudado a sustentar a Bolsa brasileira no patamar dos 100 mil pontos, retirando gordura dos prêmios na curva implícita de juros futuros. O dólar, por sua vez, também tem refletido fatores externos.
Entre os indicadores econômicos domésticos, as divulgações mais importantes estão relacionadas ao desempenho da indústria. A produção industrial em maio será divulgada amanhã e deve confirmar as expectativas de um desempenho fraco, reforçando as chances de um Produto Interno Bruto (PIB) próximo à estabilidade no segundo trimestre. Na quinta-feira, saem os indicadores antecedentes da indústria automotiva em junho.
Confira os principais destaques desta semana:
Segunda-feira: O mercado financeiro reage à trégua entre EUA e China no G20, abrindo espaço para a retomada das negociações comerciais. A 12ª rodada de conversas entre os dois países pode ser marcada em breve. Segundo a agência estatal chinesa Xinhua, as tratativas serão baseadas na “igualdade” e no “respeito”.
Também é importante ficar de olho hoje na reunião do cartel de países produtores e exportadores de petróleo (Opep), que acontece até amanhã. A expectativa é de que o corte na produção da commodity seja estendido até o fim do ano. No Brasil, destaque para a pesquisa Focus do BC (8h25), que pode trazer novas revisões nas estimativas do mercado.
Terça-feira: Os números da produção industrial brasileira em maio, calculados pelo IBGE, são os destaque do dia. Os dados serão conhecidos às 9h e não se espera um número capaz de mudar a percepção geral de que a economia brasileira estagnou recentemente, apesar da expectativa por um crescimento robusto na comparação anual, passados os efeitos na atividade da paralisação dos caminhoneiros em maio de 2018.
Quarta-feira: Os mercados em Nova York fecham mais cedo, às 14h (de Brasília). Ainda assim, merecem atenção as leituras finais dos índices dos gerentes de compras (PMI) sobre a atividade nos setores industrial e de serviços no Brasil e na zona do euro. Nos EUA, sai a pesquisa ADP sobre a geração de vagas no setor privado norte-americano, tida como uma prévia do payroll.
Quinta-feira: O feriado pelo Dia da Independência dos EUA mantém Wall Street fechada.
Sexta-feira: As atenções se voltam para o emprego nos EUA. A expectativa é de abertura de 180 mil postos de trabalho em junho, com a taxa de desemprego permanecendo em 3,6%, no menor nível desde 1969. O último relatório, referente ao mês de maio, mostrou a geração de apenas 75 mil vagas, estimulando especulações sobre cortes de juros pelo Fed.
Então, é Natal
Pausa no mercado doméstico, amanhã e quarta-feira, por causa das festividades natalinas reduz a liquidez dos negócios ao longo da semana
Mercado se prepara para festas de fim de ano
Rali em Nova York e do Ibovespa antecede pausa para as festividades de Natal e ano-novo, que devem enxugar liquidez do mercado financeiro nos próximos dias
CPMF digital e impeachment agitam mercado
Declarações de Guedes embalaram Ibovespa ontem, mas criação de “CPMF digital” causa ruído, enquanto exterior digere aprovação de impeachment de Trump na Câmara
Mercado em pausa reavalia cenário
Agenda econômica fraca do dia abre espaço para investidor reavaliar cenário, após fim das incertezas sobre guerra comercial e Brexit
Mercado recebe ata do Copom, atento ao exterior
Ata do Copom, hoje, relatório trimestral de inflação e IPCA, no fim da semana, devem calibrar apostas sobre Selic e influenciar dólar e Ibovespa
China segue no radar, agora com dados de atividade
Crescimento da indústria e do varejo chinês acima do esperado em novembro mantém o apetite por risco no mercado financeiro
A Bula da Semana: Contagem regressiva
Última semana cheia de 2019 deve ser marcada por liquidez reduzida no mercado financeiro e ajustes de fim de ano nos ativos globais
Mercado comemora fim das incertezas
Vitória de Boris Johnson nas eleições, abrindo caminho para o Brexit, e progresso em direção a acordo comercial limitado entre EUA e China embalam os mercados
Copom se prepara para aterrissar e Brasil, para decolar
BC brasileiro indica que fim do ciclo de cortes da Selic está próximo, mas mantém porta aberta para novas quedas, enquanto S&P melhora perspectiva do rating do país
Dia de decisão de BCs
Bancos Centrais dos EUA e do Brasil anunciam decisão de juros, mas atenção do mercado financeiro está na sinalização dos próximos passos
Mercado resgata cautela, à espera de decisão
Véspera de decisão do Fed e do Copom e contagem regressiva para prazo final de novas tarifas dos EUA contra a China deixam mercados na defensiva
Agenda define rumo dos mercados
Expectativa por decisão do Fed e do Copom, na quarta-feira, e por acordo comercial entre EUA e China antes do dia 15 marcam início da semana
A Bula da Semana: Semana de decisão de BCs
Bancos Centrais dos EUA (Fed) e do Brasil (Copom) anunciam decisão sobre a taxa de juros na quarta-feira; um dia depois, é a vez do BC da zona do euro (BCE)
IPCA e payroll dividem atenção com guerra comercial
Dados de inflação no Brasil e emprego nos EUA devem agitar o mercado financeiro hoje, que segue atento ao noticiário sobre a guerra comercial
Mercado renova otimismo sobre acordo comercial
Investidor monitora negociações entre EUA e China e possibilidade de remoção de aumento tarifário previsto para o dia 15
Não vai ter acordo
As investidas protecionistas da Casa Branca, com o presidente norte-americano, Donald Trump, usando a artilharia das tarifas contra vários parceiros comerciais, assustam o mercado financeiro. Os investidores alimentavam esperanças de que Estados Unidos e China iriam assinar um acordo antes do fim do ano, mas já se dão conta de que uma nova taxação contra […]
Mercado entre guerra comercial e PIB
O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no terceiro trimestre deste ano (9h) é o destaque do dia, já que a agenda econômica está esvaziada no exterior, mantendo o foco na guerra comercial. Aqui, a expectativa é de que a economia brasileira volte a surpreender, enquanto lá fora a preocupação é com as […]
Mercado renova esperanças no mês do Natal
Último mês do ano começa com esperanças renovadas em torno de acordo comercial entre EUA e China capaz de evitar novas tarifas no dia 15
A Bula da Semana: Agenda carregada recheia a semana
Último mês de 2019 começa com uma série de indicadores econômicos relevantes no Brasil, lançando luz sobre o cenário do país em 2020
Mercado mostra cautela na Black Friday
Investidor mostra pouca disposição em comprar ativos de risco, em meio à tensão entre EUA e China