Depois de não conseguir cumprir o plano de reforçar o caixa com R$ 5 bilhões com a venda de ativos, a produtora de alimentos BRF pode ter de realizar uma oferta de ações para reduzir o endividamento. A avaliação é dos analistas do banco suíço UBS.
A empresa anunciou hoje a venda das unidades na Europa e Tailândia por US$ 340 milhões (R$ 1,3 bilhão). Com isso, obteve um total de R$ 4,1 bilhões dentro do plano de reequilibrar o balanço.
A BRF adiou por mais seis meses de meta de atingir uma relação entre dívida e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 3 vezes, originalmente prevista para o fim deste ano.
Em reação ao anúncio, as ações da companhia (BRFS3) eram negociadas em queda de quase 5% no início da tarde, cotadas a R$ 22,97. No mesmo horário, o Ibovespa subia 0,52%.
Para o UBS, a possibilidade de que a empresa venha a fazer uma oferta de ações aumentou depois do descumprimento do plano. O banco tem recomendação de venda para as ações, com preço-alvo de R$ 20,00. A realização de uma oferta é negativa porque significa a diluição dos atuais acionistas.
A BRF agora estima que a relação entre a dívida líquida e o Ebitda ficará em torno de 5 vezes no fim de 2018, já incluindo os efeitos de todas as vendas de ativos anunciadas, e recuar para aproximadamente 3,65 vezes neste ano.
"A empresa não projeta mais vendas de ativos neste ano, mas mesmo se vendesse as margens precisariam dobrar para a companhia atingir a nova meta", escrevem os analistas do UBS, em relatório a clientes.
Em teleconferência, o presidente da BRF, Pedro Parente, justificou o desempenho aquém do esperado pelo fato de a companhia ter encontrado "adversidades" na Argentina e na Europa, regiões nas quais realizou vendas de ativos.
*Com Estadão Conteúdo