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Bruna Furlani
Bruna Furlani
Jornalista formada pela Universidade de Brasília (UnB). Fez curso de jornalismo econômico oferecido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Tem passagem pelas editorias de economia, política e negócios de veículos como O Estado de S.Paulo, SBT e Correio Braziliense.
ENTREVISTA EXCLUSIVA

‘Crescimento de lucro é melhor do que PIB’: entenda por que o estrategista-chefe do Santander espera alta entre 15% e 20% no Ibovespa em 2020

Em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro, Gewehr disse que as maiores apostas para a bolsa estão no setor elétrico, de saúde, construção e correlatos

Bruna Furlani
Bruna Furlani
9 de dezembro de 2019
5:08 - atualizado às 14:00
Daniel Gewehr, estrategista-chefe para a América Latina do Santander
Daniel Gewehr, estrategista-chefe para a América Latina do Santander - Imagem: Divulgação Santander

Entre os pousos e decolagens que fez ao longo dos últimos 40 dias em que fez uma espécie de "roadshow" por países da Europa, Estados Unidos e vizinhos brasileiros, uma das perguntas que o estrategista-chefe para América Latina do Santander, Daniel Gewehr, mais ouviu foi: "como você defende o investimento no Brasil se o PIB não está vindo?"

Mesmo com os dados um pouco mais otimistas sobre o indicador divulgados na última terça-feira (3), a resposta de Gewehr para essa pergunta sempre foi uma só: "Crescimento de lucro é melhor do que PIB".

E, segundo ele, há três motivos que ajudam a confirmar a tese de que o lucro das empresas vai expandir e fazer com que a bolsa consiga ter uma alta entre 15% e 20% no ano que vem. Entre eles estão: alavancagem operacional com aumento de margem das companhias, ciclo de redução do endividamento das empresas e queda na taxa de juros.

"Se você colocar esses três fatores no liquidificador, isso fará com que o lucro das companhias cresça muito mais do que o PIB sugere. Enquanto o PIB nominal [que inclui os efeitos da inflação] está rodando ao redor de 5% - que seria o 1% da expectativa deste ano mais a inflação -, o lucro da bolsa deve crescer em torno de 16% no ano que vem."

E alguns setores devem ser mais beneficiados do que outros. Em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro, Gewehr disse que as maiores apostas para a bolsa estão no setor elétrico, de saúde, construção e correlatos.

"Há também o setor de locação de carros, que achamos bem interessante. Inclusive, eu sempre brinco que se existisse um ETF [uma espécie de fundo de índice] de locadoras, eu com certeza teria um. Eu acredito bastante nas três maiores, que são Localiza, Unidas e Movida", disse o estrategista-chefe do Santander.

Gewehr ainda comentou de que forma o Brasil pode ser impactado com a situação que ocorre hoje na América Latina e falou sobre os demais riscos domésticos e externos para a nossa economia. Veja agora todos os detalhes dessa conversa na entrevista a seguir:

Depois de conversar com tantos investidores estrangeiros, qual foi a percepção que teve deles sobre o primeiro ano do governo Bolsonaro?

Eu estava na Europa há cerca de um mês e as principais perguntas dos investidores eram: como que você gosta de Brasil se o PIB não está vindo? E a nossa tese é que crescimento de lucro é melhor do que PIB. A expectativa para o indicador era de expansão de 0,4% e ele veio em 0,6%, o que foi além do esperado, mas ainda há um longo caminho para atrair o estrangeiro.

E por que uma das suas principais defesas foi de que o crescimento de lucro das empresas é melhor do que um PIB mais alto?

Hoje, o PIB nominal está rodando ao redor de 5% - que seria o crescimento de 1% deste ano mais a inflação, que está ao redor de 4%. Já o lucro da bolsa deve crescer em torno de 16% no ano que vem. O alvo para o Ibovespa neste ano era de 115 mil pontos e estamos quase lá. Ainda não soltamos o alvo para o próximo ano, mas eu acredito que a bolsa tem potencial de subir ainda algo entre 15% e 20%. E a justificativa para a expansão maior dos lucros e para a sua valorização em relação ao principal indicador da economia está em três fatores.

E quais seriam esses fatores?

O primeiro ponto seria a alavancagem operacional. Entre 70% e 75% das empresas listadas na bolsa conseguiram aumentar a sua margem ano contra ano porque houve a reforma trabalhista e isso ajudou na redução da estrutura de custos. Outro ponto é o ciclo de desalavancagem. Se olharmos 18 meses atrás, a relação entre a dívida líquida e o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) da bolsa estava acima de três vezes, hoje essa relação está em duas vezes. Ou seja, as empresas estão menos endividadas, sobra mais dinheiro no caixa e mais lucro para os acionistas.

Qual seria o terceiro ponto?

O terceiro ponto é o afrouxamento monetário [corte da taxa de juros para impulsionar a economia]. Se colocarmos esses três fatores no liquidificador, isso fará com que o lucro das empresas cresça muito mais do que o PIB sugere.

E essa valorização viria dos investidores profissionais ou de outros fatores? Qual seria o combustível dessa pernada?

Se você me perguntar se eu acho que haverá um grande aporte de recursos no Brasil por parte do estrangeiro, eu acho que não. Eu acho que tem potencial, mas que a realocação de ativos domésticos será mais forte. No jogo de forças, estou mais otimista com a migração da renda fixa para a renda variável. A gente estima uma entrada de R$ 120 bilhões com a migração dos fundos de renda fixa para renda variável nos próximos dois anos, por exemplo.

Além da valorização que deve vir com a entrada de dinheiro da renda fixa para a renda variável, o que te faz acreditar que a bolsa pode subir ainda mais em 2020?

O primeiro ponto é que, de um mês para cá, os analistas começaram a revisar as projeções para as companhias, e a avaliação passou de negativa para neutra ou levemente positiva. Se pegarmos o consenso da bolsa, é possível ver isso com clareza. Isso ocorreu porque o mercado esperava que o PIB seria de 2,5% no começo do ano e foi revisando-o gradativamente até chegar à previsão de 0,99% que está hoje.

Outro ponto é que a bolsa está negociando a um preço/lucro de 12,6 vezes. Mas, se olharmos a curva de juros como está hoje e calcularmos o fluxo de caixa, as companhias deveriam estar negociando a um preço/lucro de 14 vezes. Ou seja, ainda há potencial de alta.

E seria possível dizer que ainda há pechinchas na bolsa? Quais são os setores que vêm chamando a sua atenção?

Eu acredito que ainda há oportunidade de entrada na bolsa, e um dos setores que vêm chamando a minha atenção é o elétrico. Hoje, ele é o principal gargalo do Brasil e deve receber bastante investimento nos próximos anos.

Além disso, ele é interessante porque podemos comparar a rentabilidade das empresas do setor com o retorno real [acima da inflação] dos títulos públicos de 10 anos, que é de 3%. Por exemplo, se pegarmos a CPFL (CPFE3), hoje nós calculamos que ela possa oferecer um retorno entre 8,5% e 9%, o que significa um prêmio de cerca de 6% em relação à taxa de juros reais de longo prazo.

E há outros fatores atrativos na CPFL?

Seu dividend yield [indicador que mostra quanto do valor de uma ação retorna para o acionista na forma de proventos] é de 4,5%. Outro ponto é que a liquidez das ações está melhorando desde que a companhia fez uma nova oferta de papéis no chamado "re-IPO". E isso faz com que haja uma chance de o papel entrar em índices da B3.

Além do setor elétrico, quais outros oferecem boas oportunidades?

Outro setor que achamos interessante é o de saúde. É a "China brasileira". Hoje, a população acima de 60 anos cresce além de 4% ao ano, enquanto a população média cresce 1% ao ano. Isso sem contar que cada emprego formal que você adiciona na economia aumenta as chances de que a pessoa adicione também marido, esposa e filhos no plano de saúde.

E qual é a ação preferida nesse setor?

O papel que mais gostamos é o da SulAmérica (SULA11). A ação está barata, negociando a um preço/lucro de 15 vezes, sendo que a média do setor é de 20 vezes. E se o retorno continuar crescendo por volta de 20%, com a receita expandindo a duplos dígitos, a relação entre preço/lucro pode chegar 20 vezes.

Da última vez em que nos encontramos, você havia mencionado também que o setor de locação de carros te chamava a atenção. O que há de especial nele?

A gente gosta das três companhias que estão listadas hoje na bolsa: Localiza (RENT3), Movida (MOVI3) e Unidas (LCAM3). Eu, inclusive, brinco que se tivesse um ETF de locadoras, eu com certeza teria um.

O que mais me atrai no setor é a acessibilidade. O preço do aluguel de carros ficou parado durante muito tempo, e isso barateou o serviço para uma grande parcela da população. Além disso, o setor soube transformar uma ameaça em oportunidade, com a entrada de apps como Uber e 99. Sem contar que ele é um dos que possuem maior poder de barganha com as montadoras.

Agora falando um pouco sobre o setor de construção. Como está vendo a sua recuperação?

Eu gosto bastante do setor de construção porque ele está há um certo tempo sem ter aumento real de preços e sem fazer lançamentos. Nele, a preferida é a Even (EVEN3). Mas também acho interessante os casos de empresas correlatas, como a Gerdau (GGBR4). A empresa fabrica aço longo, muito utilizado em obras de infraestrutura e na construção civil, dois setores que devem se beneficiar com a retomada da economia.

Falando em Gerdau, o recente anúncio de Trump sobre a tarifação do aço brasileiro pode impactar as fabricantes? Como a equipe de análise do Santander recebeu a notícia?

Eu não vejo muito impacto. A Gerdau, por exemplo, tem operação nos Estados Unidos, então ela está protegida e não precisa exportar para lá. Outro ponto é que a gente prefere o aço longo, já que o primeiro tipo será impactado positivamente com a recuperação econômica. O aço plano, por sua vez, é mais ligado ao setor automotivo e está ligado à exportação para países da América Latina, que não está indo tão bem. A meu ver, a notícia é apenas levemente negativa para o setor, já que as grandes produtoras de aço não focam tanto em exportação.

Falando agora um pouco sobre América Latina, de que forma as manifestações que estão ocorrendo nos países vizinhos ao Brasil poderiam impactar a nossa economia?

Na minha cabeça, isso é uma questão de economia. Se o crescimento econômico vier e o desemprego começar a reduzir, o contágio é menor até porque estamos com um governo mais amigável ao mercado. Para mim, o pior contágio seria na moeda, mas a gente tem uma grande munição de reservas cambiais, e o ciclo do Brasil está melhor em termos de reformas.

Além da questão da América Latina, quais seriam os maiores riscos globais que poderiam afetar a economia brasileira?

Hoje, eu vejo que o risco global é maior do que o doméstico. O mundo passou por uma década de crescimento, e o Brasil perdeu isso. A gente perdeu um pedaço dessa festa. O risco agora é quão forte será essa desaceleração dos países mais desenvolvidos e da China.

E do ponto de vista doméstico?

Bom, o risco está no quanto as reformas focadas em aumento da produtividade vão evoluir. Se colocarmos isso como prioridade, o PIB potencial deve subir, e nós conseguiremos fazer com que esse indicador seja mais sustentável no médio prazo.

Quais seriam essas reformas?

A fiscal já foi. Agora seriam as reformas tributária, administrativa e a continuidade da venda de ativos. Outra reforma importante é a aprovação do Marco Legal do Saneamento, que teria impacto na expectativa de vida e poderia tornar a regulação do setor mais próxima do que ocorreu com o setor elétrico e que foi extremamente positiva. Temos, inclusive uma posição em Sabesp (SBSP3), que seria uma das grandes beneficiadas com a aprovação do projeto.

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