Por que o gestor da Aberdeen tem apenas 2,5% de seu fundo no Brasil
Mike Brooks leva à risca a velha máxima de nunca colocar todos os ovos numa cesta só, com fundo que investe em ativos de infraestrutura, energia renovável, contratos de seguros e até leasing de aeronaves
O britânico Mike Brooks tem escolhido a dedo os momentos em que vem ao Brasil. A primeira vez foi antes das eleições de 2014, quando o clima de “Fla-Flu” que se instalou na política nacional nos últimos anos ainda dava os primeiros passos. Ele pousou novamente no país no mês passado, em mais um momento de alta tensão pré-eleitoral.
Durante a curta passagem pelo país, o gestor da Aberdeen Standard Investments conseguiu arrumar um espaço na agenda para disputar - e vencer - uma partida de golfe, disputada contra o colega brasileiro George Kerr no campo construído no Rio para as Olimpíadas. E, entre uma reunião e outra em São Paulo, deu uma passada na redação do Seu Dinheiro, onde conversou comigo por quase uma hora.
Assim como boa parte dos investidores, Brooks acompanha o desenrolar da campanha eleitoral, que tem seu primeiro ato (final?) neste domingo. Mas, ao contrário de muita gente com quem falei nas últimas semanas, não me pareceu muito preocupado com o resultado. Afinal, um dos trabalhos dele é justamente levar para outro patamar a velha máxima de “nunca colocar seus ovos em uma cesta só”.
Brooks é o responsável pela estratégia de diversificação em diversas classes de ativos da Aberdeen, uma gigante que possui um total de US$ 735 bilhões sob gestão. E quando falo em diversificação, não me refiro ao tradicional “bolsa, câmbio e juros” dos multimercados brasileiros. Na carteira dele estão ativos de infraestrutura, energia renovável, contratos de seguros e até leasing de aeronaves.
A ampla variedade do portfólio é a forma adotada pelo gestor para dar mais rentabilidade ao fundo, sem sofrer muito se as coisas derem errado - o caso típico de uma aposta no Brasil neste momento.
Retorno atraente
Mas com os títulos brasileiros oferecendo retornos na casa de 10% a 11%, enquanto a Europa oferece taxas de juros negativas, não dá para ficar totalmente de fora do país. Até porque os fundamentos da economia parecem ajustados, segundo o gestor da Aberdeen. Algo importante para um investidor que busca oportunidades no longo prazo como ele.
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“O Brasil não deve apresentar um grande crescimento, mas também não deve passar por nenhuma crise, e apresenta inflação relativamente baixa.”
Uma pequena parte do fundo de US$ 2 bilhões (pouco menos de R$ 8 bilhões) sob gestão de Brooks - aproximadamente 2,5% do total - está alocada em títulos brasileiros. A exposição poderia até ser maior, não fosse a incerteza sobre o resultado das eleições.
“Para um fundo que busca retorno no longo prazo com base em fundamentos, não podemos fazer uma aposta grande em como as coisas vão se desenrolar”, diz.
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O grande risco para um fundo estrangeiro é o de que uma desvalorização abrupta do real em consequência das eleições corroa o retorno da posição no país. Assim como a maior parte do mercado, Brooks também enxerga o candidato Jair Bolsonaro como melhor - ou “menos ruim”, como ele frisou - para a economia.
Diversificar é preciso
O investimento em títulos de países emergentes é parte importante da estratégia do fundo gerido por Brooks, que é distribuído no Brasil na plataforma da XP Investimentos. A busca por investimentos alternativos rentáveis no longo prazo é fundamental depois da forte alta dos mercados tradicionais nos últimos anos.
A estimativa da Aberdeen é que o S&P 500, principal índice de ações do mercado americano, tenha um retorno anual de 5,3% nos próximos anos. O que significa um prêmio de risco baixo diante da tendência de subida das taxas de juros nos Estados Unidos.
Depois do longo período de juros baixos nos países desenvolvidos, já existe uma percepção entre muitos investidores de que os mercados estão sobrevalorizados, segundo Brooks.
Por essa razão o gestor da Aberdeen decidiu reduzir gradativamente o peso das ações no portfólio nos últimos anos e aplicar em ativos que ofereçam retornos que não sejam correlacionados com o que acontece nas bolsas.
“Não sei quando, mas alguma coisa vai acontecer. Minha preocupação é que muita gente procure a saída ao mesmo tempo”, diz Brooks.
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