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Julia Wiltgen

Julia Wiltgen

Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril.

Bolsa e dólar hoje

Ibovespa fecha em alta em dia de recuperação nas bolsas e reações aos balanços

Balanços corporativos mexeram com as ações no mundo todo; dólar voltou ao patamar de R$ 3,70

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
25 de outubro de 2018
10:48 - atualizado às 18:24
Selo marca a cobertura de mercados do Seu Dinheiro para o fechamento da Bolsa
Ambev teve a pior queda do Ibovespa depois de resultados decepcionantes - Imagem: Seu Dinheiro

O Ibovespa fechou em alta de 1,23%, aos 84.083 pontos, nesta quinta-feira (25). O dólar à vista fechou em queda de 0,88%, a R$ 3,7052, depois de operar boa parte do dia abaixo de R$ 3,70.

O dia foi de recuperação e reação a balanços corporativos no Brasil e no exterior depois do tombo nas bolsas globais ontem.

O real foi ajudado hoje pelos números do setor externo brasileiro. Houve superávit de U$ 1,3 bilhão no saldo de transações correntes de outubro.

O fluxo cambial total no mês até o dia 23 está positivo em US$ 299 milhões, graças à entrada de capitais estrangeiros no valor de US$ 652 milhões no mesmo período. O fluxo comercial foi negativo em US$ 353 milhões.

Os juros futuros fecharam em alta. O DI para janeiro de 2021 avançou de 8,364% para 8,40%, e o DI para janeiro de 2023 subiu de 9,573% para 9,61%.

Reações aos balanços

Ontem começou a temporada de resultados do terceiro trimestre das empresas brasileiras. As primeiras a divulgar seus números, Fibria e Weg, estiveram entre as poucas ações que subiram no pregão de quarta-feira.

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À noite, Vale, Localiza, Via Varejo e Odontoprev divulgaram seus números. Hoje de manhã tivemos Ambev, e para a noite são aguardados os resultados de Suzano, Pão de Açúcar, CCR, Renner e Fleury.

Ambev decepcionou

A ação da Ambev (ABEV3) fechou em baixa de 5,60%, a maior queda do Ibovespa no dia, depois da divulgação de um balanço decepcionante nesta manhã. No terceiro trimestre, a companhia vendeu menos no Brasil e na Argentina.

Diversas instituições financeiras fizeram uma avaliação negativa do papel.

Via Varejo virou com demanda por aluguel de ações

Os papéis da Via Varejo (VVAR11) tiveram a segunda maior baixa do Ibovespa após divulgarem, nesta quinta, prejuízo maior que o esperado no terceiro trimestre.

Segundo relatório do BTG Pactual, as vendas e a receita foram negativamente impactadas pela fraca recuperação pós-Copa, maior competição no setor e problemas na implementação do novo sistema da empresa, o Via +.

No entanto, os papéis viraram com a crescente demanda por aluguel das units, e passaram a operar em alta, fechando o pregão com valorização de 2,96%.

Operadores ouvidos pelo "Broadcast", serviço de notícias em tempo real do "Estadão", dizem que a busca pelas units da Via Varejo se deve à perspectiva de reorganização societária e ida para o Novo Mercado, com os resultados trimestrais mais fracos já precificados.

Eles consideram que a empresa está bem posicionada para as vendas da Black Friday e do Natal.

O Banco do Brasil Investimentos (BB-BI) reduziu o preço-alvo da unit da Via Varejo de R$ 35,50 para R$ 23,90.

Contudo, a recomendação segue como "outperform" (desempenho acima da média do mercado). Esse novo preço-alvo representa um potencial de alta de 57% em relação ao fechamento de ontem (R$ 15,20).

Vale dividiu analistas, mas caixa robusto foi destaque

As ações da Vale (VALE3) chegaram a figurar entre as maiores altas do Ibovespa nesta quinta, mas fecharam com valorização de apenas 0,33%. A mineradora divulgou resultados positivos ontem à noite e também é beneficiada pela alta no preço do minério.

Os resultados da Vale agradaram a boa parte dos analistas. O BTG Pactual manteve a recomendação de "compra" e avaliou o balanço como "sólido", destacando a "impressionante" geração de caixa de US$ 3,1 bilhões.

Esse também foi o ponto destacado pelo colunista do Seu Dinheiro Alexandre Mastrocinque, que fez uma análise do balanço da empresa para a gente. Ele lembra que, com a geração de caixa robusta, a distribuição de dividendos tem aumentado e promete ser formidável neste ano.

O UBS, entretanto, aconselhou seus investidores, em relatório, a rastrear os custos de frete e as margens do aço chinês. Cautelosos, os analistas recomendam a venda da ação.

Localiza e Odontoprev

A Localiza encerrou o terceiro trimestre com lucro líquido de R$ 159,9 milhões, cifra 14,6% maior que a do mesmo período de 2017. O Ebitda consolidado totalizou R$ 396,2 milhões, alta de 19,2% contra um ano antes.

Para os analistas do UBS, foram resultados mistos. Segundo eles, o balanço veio em linha com as estimativas do mercado, mostrando forte volume de crescimento e alavancagem operacional.

As condições de vendas de carro, porém, pioraram. O UBS manteve a recomendação de "compra" e não mudou as perspectivas para a ação.

Analistas do Banco do Brasil Investimentos (BB-BI) e da Mirae Asset avaliam os números da Localiza como sólidos e estão otimistas com o papel.

O BB-BI dá recomendação "outperform" (desempenho acima da média do mercado), e a Mirae recomenda "compra".

As ações da Localiza (RENT3) fecharam em alta de 2,97%.

Fora do Ibovespa, a Odontoprev (ODPV3) valorizou 0,83%. A companhia divulgou resultados fortes no terceiro trimestre ontem à noite.

Entre julho e setembro, a companhia teve receita líquida de R$ 412,921 milhões, melhor nível desde o segundo trimestre de 2012. O Itaú BBA elevou a recomendação da companhia de "underperform" para "market perform" (desempenho em linha com a média do mercado).

Cosan cai, Ultrapar sobe

A Ultrapar (UGPA3) fechou em alta de 5,44%, segunda maior valorização do Ibovespa no dia, com os investidores mais cautelosos em relação à reestruturação da sua concorrente Cosan, anunciada ontem.

Já as ações da Cosan (CSAN3) fecharam em baixa de 2,86%, terceira maior queda do índice. Ontem os papéis tiveram a maior queda do Ibovespa, de 9,95%, depois que a companhia anunciou a incorporação da Cosan Logística.

Cielo cai após notícia de troca de comando

As ações da Cielo (CIEL3) caíram mais de 3% após notícia de que o presidente do BB, Paulo Caffarelli, vai deixar o comando do banco antes do término do seu mandato para assumir a presidência da adquirente, controlada pelo próprio BB juntamente com o Bradesco.

O anúncio oficial deve ocorrer apenas depois do segundo turno das eleições. A interpretação do mercado é de que o executivo pode ser responsável por uma reestruturação e possível fechamento de capital da empresa.

As ações da empresa de maquininhas de cartões fecharam em queda de 2,44%, segunda maior baixa do Ibovespa hoje.

O novo presidente da Cielo terá o desafio de reverter ou pelo menos estancar a perda de mercado para novas empresas como PagSeguro e Stone.

E por falar em Stone...

A empresa brasileira de maquininhas de cartão Stone estreou hoje na bolsa americana Nasdaq em grande estilo. As ações dispararam mais de 30% no primeiro dia de negócios, e a companhia captou pelo menos US$ 1,2 bilhão em sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês).

Em um sinal da alta demanda dos investidores, o preço por ação foi definido em US$ 24, acima da faixa definida pelos bancos que coordenam a oferta, que variava de US$ 21 a 23.

O IPO atraiu investidores de alto calibre, como o bilionário Warren Buffett e a empresa chinesa Ant Financial, do também bilionário Jack Ma, dono do site de comércio eletrônico Ali Baba.

Recuperação no exterior foi puxada pelos balanços

As bolsas de Nova York se recuperaram parcialmente das fortes perdas do último pregão e fecharam em alta. O Dow Jones teve ganho de 1,63%, aos 24.984 pontos; o S&P500 subiu 1,87%, aos 2.705 pontos; e a Nasdaq fechou em alta de 2,95%, aos 7.318 pontos.

As ações ficaram mais baratas depois do péssimo desempenho de ontem, o que motivou compras.

Outro fator que ajudou a fortalecer o S&P500 foram os dados de vendas pendentes de imóveis nos EUA, que subiram 0,5% em setembro, contra uma previsão de estabilidade de economistas consultados pelo The Wall Street Journal.

Além disso, bons resultados corporativos puxaram as bolsas americanas e europeias para cima hoje.

O Twitter divulgou lucro líquido de US$ 789 milhões no terceiro trimestre, revertendo prejuízo de US$ 21 milhões registrado no mesmo período do ano passado. Trata-se do maior ganho trimestral desde que a companhia passou a ser listada em bolsa.

As ações da rede social dispararam e fecharam em alta de 15,47%. Também contribuíram para impulsionar os demais papéis do setor de tecnologia.

Na Europa, os balanços também ajudaram os preços das ações, com bancos liderando as valorizações. As bolsas europeias também fecharam em alta nesta quinta.

Crise fiscal na Itália

O Banco Central Europeu (BCE) manteve suas taxas de juros inalteradas nesta manhã, mas o mercado estava mesmo era de olho na entrevista coletiva do seu presidente, Mario Draghi, após a decisão.

O dirigente afirmou que espera que a inflação subjacente na zona do euro acelere no fim do ano e continue a subir em 2019. A inflação subjacente é também chamada de núcleo de inflação, pois desconsidera choques temporários e captura as tendências dos preços.

Com essas altas, a estimativa do BCE é que a primeira elevação de juros na zona do euro ocorra no verão europeu de 2019 (meio do ano).

A declaração fez o dólar ganhar força ante as moedas dos países emergentes, que sofrem com o retorno de recursos para os países desenvolvidos quando estes decidem elevar seus juros.

Mas o que os repórteres e investidores mais queriam saber de Draghi era sobre a crise fiscal na Itália.

Mesmo tendo seu orçamento de 2019 rejeitado pela Comissão Europeia, o governo italiano bateu o pé e manteve o plano que prevê déficit de 2,4% do PIB no ano que vem. Agora, o país tem três semanas para reapresentar o plano orçamentário ao bloco.

Na entrevista, porém, Draghi apenas disse que "não houve muita discussão" sobre o assunto e manifestou confiança de que a Itália e a União Europeia entrarão em um acordo. Analistas acham que faltaram esclarecimentos.

As falas de Draghi, no fim das contas, acabaram não afetando muito as bolsas.

Incertezas no exterior continuam

Apesar da recuperação das bolsas internacionais hoje, as incertezas que vêm assombrando os mercados globais não se dissiparam.

O principal temor é de uma desaceleração no crescimento mundial neste ano, conforme as previsões vêm sendo atualizadas, ao mesmo tempo em que os EUA podem ver um crescimento robusto e aumentar os juros em ritmo mais rápido que o planejado.

Com isso, os ativos de risco, como é o caso das ações, perdem sua atratividade frente à segurança dos títulos do Tesouro americano. Tal migração de recursos contribui para as quedas das bolsas, a alta do dólar e a continuidade do baixo crescimento no mundo.

A guerra comercial entre EUA e China vem sendo citada como um dos principais obstáculos ao crescimento mundial, pois a elevação de tarifas a importações chinesas já vem surtindo efeito nos números do país asiático e nos balanços de empresas americanas.

O fraco crescimento na zona do euro, que se preocupa com a crise fiscal na Itália e a dificuldade de fechar o acordo do Brexit, também é um ponto de atenção.

Para completar, EUA e Arábia Saudita, que são parceiros comerciais e estratégicos, encaram forte tensão em razão da suspeita de que um jornalista saudita de cidadania americana tenha sido assassinado a mando do governo de seu país natal no consultado saudita na Turquia.

Os preços do petróleo passaram a subir, nesta quinta, depois que o procurador-geral da Arábia Saudita disse ter recebido relatório que afirma que a morte do jornalista Jamal Khashoggi foi premeditada. Investidores temem que o agravamento da situação leve o reino ao isolamento.

Terrorismo nos EUA

Um dos acontecimentos que abalou as bolsas de NY ontem foi o envio de pacotes suspeitos para a sede da CNN, a casa dos Clinton e a casa de Obama, identificados como bombas. O ato foi classificado como terrorista por autoridades americanas.

Hoje, um pacote suspeito dirigido a Joe Biden, vice-presidente dos EUA durante o governo Obama, foi interceptado por policiais em uma instalação de correio de Delaware. Também foi removido um dispositivo enviado ao escritório do ator Robert De Niro.

Até agora, a força policial americana já interceptou dez pacotes suspeitos, e o FBI acredita que pode haver mais.

O prefeito de Nova York, Bill De Blasio afirmou à CNN que acredita que haja um homem-bomba à solta, mas não está claro se ele está na própria cidade ou em algum outro lugar do país.

*Com Estadão Conteúdo

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