Caneladas e munição para o inimigo
Declarações de Bolsonaro e aliados sobre Previdência e privatizações repercutem mal

Jair Bolsonaro tem por hábito chamar de “caneladas” as declarações controversas de aliados. Mas nos últimos dias é ele mesmo que tem perpetrado os golpes, fornecendo munição ao inimigo e levantando dúvida entre apoiadores.
Dois pontos abordados por Bolsonaro no “Jornal da Band” não soaram bem entre agentes de mercado. A questão de ir mais vagarosamente com a reforma da Previdência parece contrastar com ênfase que vinha sendo dada por seu assessor econômico, Paulo Guedes.
Outro tema foi a privatização da Eletrobras, com o candidato temendo os chineses, e falando em não vender à iniciativa privada os ativos de geração. Ainda no tema energia, Bolsonaro não falou o “petróleo é nosso”, mas que o “miolo” da Petrobras é nosso sim, e que a política de preços livres nos combustíveis tem que ser revisada, já não se pode salvar a empresa e quebrar e economia.
Dando o benefício da dúvida, um gestor avalia que pode ser só um discurso político, com o candidato tentando angariar mais votos para garantir a vitória agora no segundo turno.
“Mas começo a ficar com um pouco de receio. Vai fazer um discurso para ganhar eleição e perder o voto convicto? Os ativos vão começar a olhar isso”, pondera.
Para meu amigo gringo a entrevista deixa transparecer a característica autoritária de Bolsonaro, principalmente quando ele fala que Guedes e seus ministros notáveis terão liberdade, mas que é ele é quem define metas e diretrizes.
“Ele é autoritário e age por impulso. Não me parece que o Guedes vai atura-lo por muito tempo. Isso fica claro no seu comportamento. Ele realmente não se importa com as consequências, age apenas por impulso sobre o que percebe como certo. Isso é uma boa característica para um soldado, mas não para um chefe de Estado”, disse.
Argumento com ele que pode ser apenas política no que ele me responde: “meu caro, se você que é brasileiro não tem certeza, imagine eu”. Fiquei sem resposta.
Está claro que o mercado tem preferido dar o benefício da dúvida ao capitão, acreditando na conversão do nacional desenvolvimentista em um liberal. E certamente vai continuar preferindo já que o asco ao PT é maior.
Falei hj em NY para 500 investidores. Mercado quer inundar o Brasil de investimentos. Com Bolso. Com Haddad, dois pés atrás.
— Murillo de Aragão (@murillodearagao) October 10, 2018
Mas as lições de liberalismo de Paulo Guedes ainda parecem restritas à página um. Quando se olha a página dois, muita gente começa a desconfiar.
Olhando mais friamente, as declarações de Bolsonaro não são grande novidade, mas tem momentos em que isso pouco importa. Essa percepção de descompasso e falta de alinhamento é “munição para o inimigo”, como diz o próprio Bolsonaro. E vai ser utilizada contra ele nos debates. Por sorte o arsenal contra PT e Haddad também é vasto.
Suspeitando irregularidades, TSE pede a WhatsApp dados sobre disparos nas eleições de 2018
Rede social deverá informar ainda se realizou alguma medida para bloquear ou banir as linhas referidas
Bolsonaro fala pela primeira vez em disputar a reeleição em 2022
Diante de moradores de Eldorado, no interior de São Paulo, o presidente apontou para a possibilidade de disputar novamente as urnas
Em Nova York, Haddad diz que Brasil pode crescer com governo liberal de Bolsonaro
Candidato derrotado na corrida eleitoral disse que Brasil terá de se “prevenir” de agenda conservadora e neoliberal radical
Os 5 possíveis nomes para o Banco Central no governo Bolsonaro
Equipe de presidente eleito vem tentando aprovar autonomia do BC, o que abriria oportunidade para Ilan ficar no cargo até 2020
Não teremos nenhum problema com a China, diz Bolsonaro
Em entrevista, presidente eleito fala sobre China, reformas e corta a cabeça de assessor de Paulo Guedes
Em entrevista, Eduardo Bolsonaro diz sentir que não haverá reforma da previdência em 2018
Bolsonaro disse que há preocupação com a eleição de um presidente da Câmara alinhado com os interesses do futuro governo, que não necessariamente o nome sairá do PSL
Bolsonaro ainda não bateu o martelo sobre fusão de Agricultura e Meio Ambiente, diz Onyx
Anúncio da fusão causou protestos na Frente Parlamentar da Agricultura, a chamada bancada ruralista, que vê a ideia com desconfiança
Ministério de governo Bolsonaro terá até 16 pastas
Futuro governo vai criar superministério da Economia, juntando as pastas da Fazenda, Planejamento e Indústria além de Comércio Exterior e Serviços
Empresários esperam confirmação de agenda liberal no governo de Bolsonaro
Aprovação das reformas é vista como prioridade para colocar o país na rota do crescimento, embora candidato eleito tenha de convencer o Congresso a votar a favor de medidas impopulares
Trump reforça possibilidade de acordo comercial com futuro governo Bolsonaro
Presidente norte-americano reforçou que teve “uma ótima” conversa com Bolsonaro mas criticou o atual comportamento do país na área comercial
Leia Também
-
Bilhões de reais ainda estão à espera dos brasileiros que têm dinheiro esquecido a receber. Saiba se você tem direito ao “PIX do Banco Central”
-
Fundo imobiliário tomba mais de 9% na B3 após 'passar a faca' nos dividendos para reduzir dívida; FII cortou proventos em 50%
-
Vai pagar pra ver? Mercado banca aposta de corte de juros após payroll e espera a próxima cartada do Fed
Mais lidas
-
1
Novo campo de batalha para privatização da Sabesp (SBSP3)? Câmara de SP pode atrapalhar planos de Tarcísio Freitas para a empresa
-
2
Campos Neto fecha 2023 com mais um corte na Selic; quem ganha e quem perde com os juros mais baixos? E a bolsa, ainda sobe mais?
-
3
Harmonizou? Nova identidade visual do Itaú (ITUB4) chama atenção nas redes sociais por semelhança com logo do Inter (INBR32)