Tempo fecha nos mercados
Trocas intensivas de provocações entre EUA e China no fim de semana turvam cenário para o mercado financeiro, antecipando tsunami esperado apenas em Brasília

Novos tweets do presidente Donald Trump e ameaças de retaliação da China significam que os investidores podem esquecer a melhora ensaiada pelo mercado financeiro na última sexta-feira, quando se dizia que as conversas eram “construtivas”. Os eventos do fim de semana turvaram o cenário em relação à guerra comercial, ampliando a capacidade do tsunami que era esperado só em Brasília - conforme previsão do presidente Jair Bolsonaro - e atingindo em cheio os ativos de risco pelo mundo.
Depois de elevar as tarifas sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses e ameaçar taxar mais US$ 300 bilhões em até quatro semanas, Trump disse no sábado, pelo Twitter, que seria “sensato” para a China “agir agora” e concluir um acordo com os EUA logo. Segundo o republicano, o país asiático parece querer esperar pela eleição presidencial em 2020, “para ver se terão sorte com uma vitória democrata”.
“O único problema é que eles sabem que eu vou ganhar e o acordo se tornará muito pior para eles se tiver que ser negociado no meu segundo mandato”, emendou o presidente. Trump disse ainda que adora coletar GRANDES TARIFAS (sic) e uma maneira fácil para as fabricantes norte-americanas de evitá-las seria produzir suas mercadorias dentro dos EUA. “É muito simples”, garantiu.
O outro lado
Já o vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, listou o preço para um acordo comercial com Washington, assim que desembarcou em Pequim. Segundo ele, existem três pontos principais de diferença entre os dois país. O primeiro, e mais importante, é de que os EUA removam todas as tarifas adicionais impostas à China. “As tarifas são o ponto de partida da disputa comercial bilateral, e todas elas devem ser removidas se um acordo for feito", disse.
O segundo ponto trata das metas estabelecidas pelos EUA para as compras chinesas, que devem estar compatíveis com a demanda real. Liu disse que os dois lados diferem em quanto a China deve comprar dos EUA, dando a entender que o governo norte-americano está tentando renegociar uma quantia maior, incompatível com o consumo doméstico do país asiático. Isso "é um problema muito sério e não pode ser alterado facilmente", afirmou.
Por fim, Pequim exige que o texto final do acordo seja “equilibrado”, garantindo a "dignidade" de ambas as nações. Segundo Liu, não houve recuos; é “inevitável” ter “soluços” durante as negociações.. Em entrevista às estatais CCTV e Xinhua, o vice-primeiro-ministro indicou que “um pé de igualdade" é a base para o texto e emendou: “[o conflito] Não é apenas uma questão econômica. Tem a ver com muitas outras questões”.
Leia Também
Como o ator Mel Gibson pode salvar a Austrália das garras de Trump
Entre a guerra e os BCs
Os investidores recebem as trocas intensivas de provocações entre EUA e China como um sinal de que o impasse comercial vai durar. Não há qualquer otimismo para a retomada das negociações. Houve um convite para a delegação norte-americana voltar a Pequim, mas nenhuma data foi marcada. O próximo encontro deve acontecer durante a reunião do G-20, no fim de junho, quando Trump e o presidente chinês Xi Jinping devem se reunir.
Assim, após Wall Street amargar o pior desempenho semanal de 2019 - exceto o Dow Jones, que teve a maior queda desde março - os desdobramentos da guerra comercial devem continuar ditando a tendência de curto prazo dos mercados. O foco dos investidores tende a se concentrar nos impactos da disputa sobre a economia global.
Por ora, os ativos de risco ainda se apoiam na capacidade que os bancos centrais têm para garantir a liquidez financeira - isto é, o fluxo de recursos pelo mundo - via estímulos monetários. Porém, os principais BCs globais parecem ter poderes limitados, uma vez que o sistema financeiro já se provou incapaz de impulsionar a atividade - e o crescimento.
Com isso, o mundo continua a mostrar fragilidade na economia real, em meio à perda de dinamismo de vários países emergentes e desenvolvidos. Já a inflação insiste em seguir baixas em várias economias maduras, ao passo que choques de oferta (alimentos, combustíveis etc.) afetam os preços em nações produtoras e exportadoras - como o Brasil.
Assim, o mercado financeiro ainda coloca grande esperança em uma estabilização econômica global e no poder dos bancos centrais para carregar os ativos. Mas ainda é preciso entender o quanto esse cenário se sustenta, no caso de uma guerra comercial mais longa afetar o crescimento mundial de maneira mais estrutural.
Segunda-feira pesada
O impasse sobre as negociações comerciais entre EUA e China chocam os investidores, que buscam proteção em ativos seguros, penalizando os mercados emergentes. Os índices futuros das bolsas de Nova York exibem perdas aceleradas nesta manhã, com o Dow Jones caindo mais de 300 pontos. As praças na Ásia e Europa também têm queda firme.
A Bolsa de Xangai caiu 1,2%, enquanto Hong Kong permaneceu fechada por causa de um feriado. O yuan chinês (renminbi) teve a maior queda em nove meses, cotado próximo a 6,90 yuans por dólar. Na outra ponta, o iene se fortaleceu, ao passo que o euro está no nível mais elevado em três semanas.
Nos bônus, o juro projetado pelo título norte-americano de 10 anos (T-note) volta aos níveis de março, enquanto o rendimento (yield) do “bund” alemão segue negativo, em -0,05%. Entre as commodities, o petróleo e os metais básicos recuam. Destaque ainda para as commodities agrícolas, com o algodão e a soja caindo por causa da guerra comercial.
Esse sinal negativo vindo do exterior contrata novas perdas para os mercados domésticos, após o Ibovespa sustentar a faixa dos 94 mil pontos na última sexta-feira e o dólar encerrar acima da marca de R$ 3,90 pela quarta semana seguida. Além do cenário externo hostil, os investidores também monitoram a articulação política do governo no Congresso.
Um tsunami na semana
Os próximos dias também não serão de alívio no mercado financeiro. No Brasil, os investidores estão atentos ao governo Bolsonaro, após o presidente falar em um tsunami nesta semana, em evento na última sexta-feira. “Mas a gente vence o obstáculo, com toda certeza”, emendou.
Bolsonaro estava se referindo à redução da quantidade de ministérios, com o governo tentando votar a medida provisória da reforma administrativa no plenário da Câmara. O Executivo tem pressa e, sob o risco de a MP que expira em 3 de junho perder a validade, aceita adiar a tramitação da reforma da Previdência na comissão especial.
Se acumular mais uma derrota, a estrutura da Esplanada volta a ter 29 ministérios, como era na gestão Temer. E o Congresso já estaria até se movimentando para indicador nomes de possíveis ministros. Durante a campanha, o então candidato Bolsonaro prometeu enxugar a máquina para 15 Pastas, mas acabou ficando com 22.
Já no front econômico, os investidores aguardam as publicações do Banco Central ao longo da semana. Hoje, sai o relatório Focus (8h25), que pode trazer revisões, para baixo, nas estimativas do mercado financeiro para o Produto Interno Bruto (PIB) - a décima primeira seguida - e também para a taxa básica de juros (Selic).
Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a Selic em 6,50% pela nona vez seguida. Parte do mercado financeiro viu o comunicado que acompanhou a decisão como mais suave (dovish), o que aliado aos dados de atividade fraco e inflação comportada, reacendeu a discussão sobre um novo ciclo de cortes de juros.
Com isso, ganha importação a ata da reunião do Copom na semana passada, que sai amanhã. No mesmo dia, será conhecido mais um indicador de atividade, desta vez, sobre o desempenho do setor de serviços em março. No dia seguinte, é esperada a divulgação do índice de atividade econômica medido pelo Banco Central, o IBC-Br.
Já na quinta-feira, sai o primeiro IGP de maio, o IGP-10. Na safra de balanços, a temporada vai chegando ao fim tendo como destaque para os resultados trimestrais de Eletrobras, Embraer e JBS. No exterior, destaque para dados de atividade nos EUA e na China. O desempenho da indústria e do varejo norte-americanos serão conhecidos na quarta-feira.
Na noite do dia anterior, saem os números da produção industrial e das vendas no comércio varejista chinês. Também serão conhecidos dados do setor imobiliário nos EUA, ao longo da semana, além do índice de confiança do consumidor norte-americano, na sexta-feira. Nesse mesmo dia, na zona do euro, saem dados de atividade e de inflação.
Bradesco (BBDC4) salta 15% na B3 com balanço mais forte que o esperado, mas CEO não vê “surpresas arrebatadoras” daqui para frente. Vale a pena comprar as ações do banco?
Além da surpresa com rentabilidade e lucro, o principal destaque positivo do balanço veio da margem líquida — em especial, o resultado com clientes. É hora de colocar BBDC4 na carteira?
Trump anuncia primeiro acordo tarifário no âmbito da guerra comercial; veja o que se sabe até agora
Trump utilizou a rede social Truth Social para anunciar o primeiro acordo tarifário e aproveitou para comentar sobre a atuação de Powell, presidente do Fed
Não há escapatória: Ibovespa reage a balanços e Super Quarta enquanto espera detalhes de acordo propalado por Trump
Investidores reagem positivamente a anúncio feito por Trump de que vai anunciar hoje o primeiro acordo no âmbito de sua guerra comercial
Itaú Unibanco (ITUB4) será capaz de manter o fôlego no 1T25 ou os resultados fortes começarão a fraquejar? O que esperar do balanço do bancão
O resultado do maior banco privado do país está marcado para sair nesta quinta-feira (8), após o fechamento dos mercados; confira as expectativas dos analistas
Duas ações para os próximos 25 anos: gestores apostam nestes papéis para sobreviver ao caos — e defendem investimentos em commodities
No TAG Summit 2025 desta quarta-feira (7), os gestores destacaram que a bolsa brasileira deve continuar barata e explicaram os motivos para as commodities valerem a pena mesmo em meio à guerra comercial de Trump
Chora mais quem pode menos: os bastidores do encontro de EUA e China que pode colocar fim às tarifas
Representantes de Washington e de Pequim devem se reunir no próximo sábado (10) na Suíça; desfecho das conversas é difícil de prever até mesmo para Trump
Mesmo com apetite ao risco menor, Bradesco (BBDC4) supera expectativas e vê lucro crescer quase 40% no 1T25, a R$ 5,9 bilhões
Além do aumento na lucratividade, o banco também apresentou avanços na rentabilidade, com inadimplência e provisões contidas; veja os destaques
Vem coisa boa aí: Nvidia dispara com chance de revogação de restrições aos chips por Trump
Governo norte-americano estuda não aplicar a chamada regra de “difusão de IA” quando ela entrar em vigor, no próximo dia 15, animando o mercado de chips de inteligência artificial
Bitcoin (BTC) sobrevive ao Fed e se mantém em US$ 96 mil mesmo sem sinal de corte de juros no horizonte
Outra notícia, que também veio lá de fora, ajudou os ativos digitais nas últimas 24 horas: a chance de entendimento entre EUA e China sobre as tarifas
Não vai meter a colher onde não é chamado: Fed mantém taxa de juros inalterada e desafia Trump
Como era amplamente esperado, o banco central norte-americano seguiu com os juros na faixa entre 4,25% e 4,50%, mas o que importa nesta quarta-feira (7) é a declaração de Powell após a decisão
Klabin (KLBN11) avança entre as maiores altas do Ibovespa após balanço do 1T25 e anúncio de R$ 279 milhões em dividendos
Analistas do Itaú BBA destacaram a geração de fluxo de caixa livre (FCF) e a valorização do real frente ao dólar como motores do otimismo
Balanço fraco da RD Saúde (RADL3) derruba ações e aumenta pressão sobre rede de farmácias. Vale a pena comprar na queda?
Apesar das expectativas mais baixas para o trimestre, os resultados fracos da RD Saúde decepcionaram o mercado, intensificando a pressão sobre as ações
Bola de cristal monetária: Ibovespa busca um caminho em dia de Super Quarta, negociações EUA-China e mais balanços
Investidores estão em compasso de espera não só pelas decisões de juros, mas também pelas sinalizações do Copom e do Fed
A exuberância americana continua: para gestores, empresas mais valiosas do mundo são dos EUA e valem o investimento
Especialistas afirmam durante o TAG Summit que as empresas americanas podem sair fortalecidas da guerra comercial travada pelo presidente norte-americano
Copom deve encerrar alta da Selic na próxima reunião, diz Marcel Andrade, da SulAmérica. Saiba o que vem depois e onde investir agora
No episódio 221 do podcast Touros e Ursos, Andrade fala da decisão de juros desta quarta-feira (7) tanto aqui como nos EUA e também dá dicas de onde investir no cenário atual
Balanço da BB Seguridade (BBSE3) desagrada e ações caem forte na B3. O que frustrou o mercado no 1T25 (e o que fazer com os papéis agora)?
Avaliação dos analistas é que o resultado do trimestre foi negativo, pressionado pela lucratividade abaixo das expectativas; veja os destaques do balanço
Selic em alta atrai investidor estrangeiro para a renda fixa do Brasil, apesar do risco fiscal
Analistas também veem espaço para algum ganho — ou perdas limitadas — em dólar para o investidor estrangeiro que aportar no Brasil
Rafael Ferri vai virar o jogo para o Pão de Açúcar (PCAR3)? Ação desaba 21% após balanço do 1T25 e CEO coloca esperanças no novo conselho
Em conferência com os analistas após os resultados, o CEO Marcelo Pimentel disse confiar no conselho eleito na véspera para ajudar a empresa a se recuperar
É recorde: Ações da Brava Energia (BRAV3) lideram altas do Ibovespa com novo salto de produção em abril. O que está por trás da performance?
A companhia informou na noite passada que atingiu um novo pico de produção em abril, com um aumento de 15% em relação ao volume visto em março
Expectativa e realidade na bolsa: Ibovespa fica a reboque de Wall Street às vésperas da Super Quarta
Investidores acompanham o andamento da temporada de balanços enquanto se preparam para as decisões de juros dos bancos centrais de Brasil e EUA