Subestimar inflação é esporte perigoso e termina em voo de galinha
Melhor cenário não há. Retomada com Selic baixa e inflação nas metas. No entanto, quando todo o mercado, ou pelo menos a maior pare dele, fala a mesma coisa, cabe sempre desconfiar ou ao menos questionar

Retorno passado não é garantia de ganho futuro. Esse alerta e suas variações estampam ofertas de investimento e análises. Estava pensando aqui se não caberia uma variação com relação às leituras de inflação. Algo como, deflação presente não é garantia de preço baixo para sempre.
O questionamento retórico surgiu nesta terça-feira após mais uma leitura de inflação rastejando abaixo das metas. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) ficou em 0,09% em outubro. No ano, a prévia da inflação oficial acumula 2,69% e em 12 meses tem variação de 2,72%. A meta é de 4,25% com banda de 1,5 ponto.
Essa inflação bem-comportada está entre os vetores que levaram o mercado a uma espécie de corrida para ver quem faria a menor projeção possível de Selic. Temos a mediana do mercado em 4,5%, mas temos casas falando até em 3,75%. E esse juro baixo perduraria mesmo com uma atividade saindo de 1% para quase 3% e com dólar na faixa dos R$ 4.
Melhor cenário não há. Retomada com juro baixo e inflação nas metas. No entanto, quando todo o mercado, ou pelo menos a maior pare dele, fala a mesma coisa, cabe sempre desconfiar ou ao menos se questionar. Até porque não existe meio termo no mercado, ou o mundo está acabando ou a euforia domina.
O concurso
Para me ajudar nessa argumentação, conversei com o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, que tem alertado para o oba-oba das projeções, chamando de “concurso de beleza keynesiano”.
Parece que a montagem de projeções está mais influenciada pelo que as outras casas estão fazendo do que pelos os modelos mostram. Sempre há um fator de subjetividade nos modelos e quando todo mercado caminha igual é sinal de que esse vetor está mais atuante.
Leia Também
O questionamento levantado por Vieira com relação à inflação é simples. Tem alguma coisa errada quando a projeção de inflação de 2019 é igual ou até menor que a de 2020 se consideramos que a atividade decepcionou durante dois terços desse ano, enquanto a perspectiva é de que tenhamos quatro trimestres de atividade melhor no ano que vem.
“Inflação mais baixa ou na linha do que está agora não parece fazer sentido dado o contexto que temos desenhado”, avalia.
Antes que o leitor nos xingue, ninguém advoga juro alto ou está preocupado com uma explosão inflacionária. É mais uma questão de ajuste fino do atual ciclo de corte de juros para que não tenhamos um famigerado voo de galinha, com o BC tendo de abortar um ciclo de retomada por uma “surpresa” com a inflação.
Para Vieira, mesmo que haja espaço para uma retomada sem inflação, ele pode ser um pouco menor do que o estimado (aqui tem outra discussão filosófica sobre hiato do produto e PIB potencial).
“O temor é que tenhamos um voo de galinha. Se a inflação subir, o juro sobe junto e isso antes mesmo de vermos uma queda expressiva do desemprego. Temos que sair desse ciclo”, explica.
Na avaliação de Vieira, a queda da inflação é um fenômeno conjuntural. Não há mudança na estrutura da inflação brasileira, que segue sendo bastante indexada. Além disso, não podemos descartar um movimento de recomposição de margens de lucro com a melhora da atividade.
Um apelo ao gradualismo
A chave seria navegar com mais cautela por esses mares nuca antes navegados de juros real (descontado a inflação) de 1% ou abaixo disso. Uma forma de fazer isso é o Banco Central (BC) reduzir o ritmo de corte e juntar mais elementos dos efeitos no lado real da economia das reduções já feitas no custo do dinheiro.
Há diferença de um corte de meio ponto sobre uma Selic de 14% e sobre uma taxa de 5,5%. Além disso, Vieira questiona o efeito estimulativo do juro menor no lado real, ou seja, o quanto disso está chegando na economia. Para o consumidor final é fácil responder, o juro na ponta não caiu e até mesmo subiu em algumas linhas de crédito.
“Não estou falando de algo para a semana que vem, para o mês que vem. Estou falando de algo para daqui seis meses, um ano, quando os ciclos estiverem amadurecendo”, pondera.
Ainda de acordo com Vieira, o posicionamento mais cauteloso deve partir do BC, que pode utilizar o comunicado de sua próxima decisão, no dia 30, para começar a balizar expectativas. As mesas de operação não têm outra opção a não ser embarcar nesse “fechamento” de juros.
“Estar certo na hora errada é o mesmo que estar errado. Tem que aproveitar. Mas há sim uma perspectiva errônea com a inflação”, pondera.
Em tempo, a Infinity trabalha com IPCA de 3,25 em 2019 e de 4,2% para 2020. A Selic estimada era de 5% e agora está em 4,75% ao ano.
Bitcoin vai do inferno ao céu e fecha como melhor investimento de abril; um título de renda fixa se deu bem com a mesma dinâmica
As idas e vindas das decisões do presidente dos EUA, Donald Trump, causaram uma volatilidade além da habitual no mercado financeiro em abril, o que foi muito bom para alguns ativos
Gafisa (GFSA3) recebe luz verde para grupamento de 20 por 1 e ação dispara mais de 10% na bolsa
Na ocasião em que apresentou a proposta, a construtora informou que a operação tinha o intuito de evitar maior volatilidade e se antecipar a eventuais cenários de desenquadramento na B3
Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado
Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos
Para Gabriel Galípolo, inflação, defasagens e incerteza garantem alta da Selic na próxima semana
Durante a coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do segundo semestre de 2024, o presidente do Banco Central reafirmou o ciclo de aperto monetário e explicou o raciocínio por trás da estratégia
Quase metade dos apostadores de bets também são investidores — eles querem fazer dinheiro rápido ou levar uma bolada de uma vez
8ª edição do Raio-X do Investidor, da Anbima, mostra que investidores que diversificam suas aplicações também gostam de apostar em bets
14% de juros é pouco: brasileiro considera retorno com investimentos baixo; a ironia é que a poupança segue como preferência
8ª edição do Raio-X do Investidor da Anbima mostra que brasileiros investem por segurança financeira, mas mesmo aqueles que diversificam suas aplicações veem o retorno como insatisfatório
JP Morgan rebaixa Caixa Seguridade (CXSE3) para neutra após alta de 20% em 2025
Mesmo com modelo de negócios considerado “premium”, banco vê potencial de valorização limitado, e tem uma nova preferida no setor
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Mesmo investimentos isentos de Imposto de Renda não escapam da Receita: veja por que eles precisam estar na sua declaração
Mesmo isentos de imposto, aplicações como poupança, LCI e dividendos precisam ser informadas à Receita; veja como declarar corretamente e evite cair na malha fina com a ajuda de um guia prático
Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide
Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.
Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste
Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento
Quanto e onde investir para receber uma renda extra de R$ 2.500 por mês? Veja simulação
Simulador gratuito disponibilizado pela EQI calcula o valor necessário para investir e sugere a alocação ideal para o seu perfil investidor; veja como usar
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Tem offshore? Veja como declarar recursos e investimentos no exterior como pessoa jurídica no IR 2025
Regras de tributação de empresas constituídas para investir no exterior mudaram no fim de 2023 e novidades entram totalmente em vigor no IR 2025
FI-Infras apanham na bolsa, mas ainda podem render acima da Selic e estão baratos agora, segundo especialistas; entenda
A queda no preço dos FI-Infras pode ser uma oportunidade para investidor comprar ativos baratos e, depois, buscar lucros com a valorização; entenda
A coruja do Duolingo na B3: aplicativo de idiomas terá BDRs na bolsa brasileira
O programa permitirá que investidores brasileiros possam investir em ações do grupo sem precisar de conta no exterior
Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%
Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa
Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado
Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Como declarar recursos e investimentos no exterior como pessoa física no imposto de renda 2025
Tem imóvel na Flórida? Investe por meio de uma corretora gringa? Bens e rendimentos no exterior também precisam ser informados na declaração de imposto de renda; veja como