Extensão política do caso Moro passa pela postura do centrão
Congresso deve apreciar crédito de R$ 249 bilhões pedido pelo governo e votação pode ser um indicativo da avaliação do Congresso
Conversei com gente da política e do mercado ao longo da segunda-feira e não obtive uma resposta ou avaliação unânime sobre o eventual impacto que o caso envolvendo Sergio Moro pode ter sobre a agenda de reformas e nas cotações no mercado. O que mais ouvi é que ainda é cedo para avaliar o potencial de estrago.
No entanto, um termômetro pode vir ainda hoje com as articulações e placar de votação do PLN4 que trata de autorizar o governo a captar até R$ 248,9 bilhões para arcar com despesas correntes, como Previdência, Bolsa Família e Plano Safra.
A oposição já disse que vai obstruir toda e qualquer tentativa de votação e apesar de ser muito boa em fazer isso, não dispõe dos votos necessários para barrar esse projeto. Assim, a definição, virá de qual será a postura dos deputados e senadores do centro, ou centrão, e daqueles que se dizem independentes.
Quando o centro compõe com a oposição, o governo perde e vimos isso durante boa parte da tramitação da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Quando o governo se acertou com o centro, o projeto foi votado com folga na comissão.
O projeto que trata da “regra de ouro” das finanças públicas será votado primeiro na Comissão Mista de Orçamento (CMO), em sessão prevista para 11 horas. À tarde tem de ser referendado por deputados e senadores em sessão do Congresso. O governo e suas lideranças dizem já ter um acordo, mas em política tudo pode mudar muito rápido.
Os parlamentares devem adotar o habitual pragmatismo e aprovar o crédito, já que a falta de recursos para aposentados e Bolsa Família facilmente cairia no colo do Congresso.
Mas extrapolando o cenário, para o lado que centro pender a questão envolvendo Moro e os procuradores da Lava Jato pode pender também. A abertura de CPI e convocações para prestar esclarecimentos só se confirmam com uma composição do centro com a oposição.
A postura do governo com relação o tema também será relevante. O Planalto pode tentar tratar do tema como um “problema” mais do ex-juiz Sergio Moro que do ministro Sergio Moro. Mas isso tem de ser feito com grande habilidade, para não passar a imagem de que o ministro mais popular do governo está sendo “rifado”.
A movimentação nas redes sociais também foi e deve continuar forte. Ontem mesmo, além de hashtags envolvendo Moro e a Lava Jato, a votação do crédito extraordinário também tinha expressivo número de tuítes, mais de 80 mil, com “#AprovaPLN4”.
No meio disso, fica a expectativa com relação ao relatório de Samuel Moreira (PSDB-SP) sobre a reforma da Previdência.
O dia reserva uma aguardada reunião de governadores para tentar fechar uma posição sobre a participação dos entes federados na reforma.
Depois de sugerir que Moro deveria se afastar do cargo, o presidente da Comissão Especial da reforma, deputado Marcelo Ramos (PR-AM) voltou a afirmar que vai se dedicar a blindar a reforma da Previdência.
Amanhã dedicarei todo o meu dia para tentar blindar a Reforma da Previdência dos últimos acontecimentos. Reunião com governadores, com partidos de oposição e procurarei todos os líderes partidários. A Reforma é fundamental para o nosso futuro e deve ter seu calendário protegido.
— Marcelo Ramos (@marceloramosam) June 10, 2019
Seria interessante que essa blindagem antibombas, ou "bombinhas" para usar expressão de Paulo Guedes, funcionasse.
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Os termos foram homologados pela 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal (MPF) e pela 7ª Vara Federal Criminal, do juiz Marcelo Bretas.
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