Está faltando dólar nos EUA e Fed oferta US$ 75 bilhões
Situação pouco comum no mercado interbancário leva Banco Central americano a ofertar liquidez pela primeira vez em 10 anos. No fim da tarde, outra operação foi anunciada para quarta-feira

O assunto pipocou ontem e tomou nova dimensão nesta terça-feira obrigando do Federal Reserve (Fed) de Nova York a intervir no mercado interbancário americano para prover liquidez ao sistema financeiro, algo que não acontecia desde 2009. E outra operação do tipo foi anunciada para quarta-feira.
O assunto é técnico e chato, mas podemos tentar resumir da seguinte forma. Faltou e está faltando dólar no mercado onde os bancos e outros agentes de mercado buscam dinheiro de curto prazo para suas operações.
Normalmente, a taxa que se negocia nos chamados “money-markets” é muito próxima à taxa básica fixada pelo Fed, que está entre 2% e 2,25% ao ano. Como faltou dólar (liquidez), essas taxas chegaram a saltar para 8% a 10% ontem e seguiram em alta mesmo depois da atuação do Fed.
A explicação para falta de moeda passa pelo um aumento pontual na demanda em função de empresas que precisam fazer um pagamento trimestral de impostos, mais a liquidação da venda de títulos do Tesouro dos EUA na casa dos US$ 78 bilhões. Também entra na lista um feriado, ontem, no Japão. No entanto, o mercado teria condições de se antecipar a essa demanda maior por dinheiro.
O que o Fed se viu obrigado a fazer é algo parecido com as nossas operações compromissas, utilizadas para controlar a liquidez e manter o juro dentro da meta estabelecida pelo Banco Central. Assim, o Fed vai ao mercado e pega títulos que estão com os agentes e entrega dinheiro com o compromisso de recompra dos papéis.
Esse tipo de operação deixou de ser rotina depois da enorme expansão do balanço do Fed na crise de 2008/2009. O BC americano, no entanto, vinha em um movimento de “normalizar” seu balanço, ou seja, retirar dinheiro que colocou no mercado. É o reverso do “quantitave easing”. No entanto, essas operações de “quantitative tightening” já tinham deixado de ocorrer no mês passado.
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Esse tipo de aperto (squeeze) de liquidez nos mercados de “money market" sempre é acompanhado com cautela, pois a falta de funding de curto prazo foi algo que antecedeu crises mais severas nos mercados.
A dúvida que começa a aumentar é se há alguma instituição com problemas de liquidez ou se a conjugação de fatores pontuais com limitações técnicas está promovendo esse movimento de aperto de liquidez. Em tese, os bancos seriam naturais arbitradores, ou seja, entrariam com dinheiro em troca de títulos nesses momentos de abertura de taxa, mas parece existir limitação regulatória para esse tipo de exposição. Assim, quem tem de atuar é o próprio Fed, seja via "repo" (compromissadas) ou via compra direta de ativos.
Relatório produzido pela Alhambra Investiments resume bem a questão. O Fed não pode perder o controle desse mercado de “money market". Isso aconteceu em 2008 e não terminou muito bem. O tema pode não parecer nada atraente para as pessoas comuns, mas é algo muito relevante para o mercado. Uma escalada nas questões envolvendo liquidez pode levar a problemas ainda maiores.
A atuação do Fed chegou a normalizar a situação, mas não por muito tempo. Agora do fim da tarde, as taxas tinham voltado para perto de 4%, acima dos 2,25% que seriam o "teto", e o Fed de Nova York, responsável pelas operações de mercado aberto já anunciou nova operação para quarta-feira. Da oferta de até US$ 75 bilhões, o mercado tomou cerca de US$ 53 bilhões. O Fed teve de fazer o leilão por duas vezes, pois na primeira tentativa teve problemas técnicos.
Amanhã, há reunião do colegiado do Fed e cresce a expectativa de que haja algum comentário sobre esse aperto de liquidez. Além de fazer as "repo" e as compras diretas, o Fed também pode reiniciar o "quantitative easing" e/ou reduzir o juro sobre o excedente de reservas bancárias, que está em 2,1%. Em tese, juros menores nesses depósitos que os bancos fazem junto ao BC estimularia maior colocação de dinheiro junto ao mercado.
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