O panorama global passou por um alívio nesta semana — e o dólar levou uma surra
Números mais fracos que o esperado do mercado de trabalho dos EUA deram força aos ativos de risco no mundo. Com isso, o dólar teve queda firme e o Ibovespa subiu
O dólar à vista subiu ao ringue ostentando um cartel invejável: a moeda vinha de sete semanas consecutivas em alta, saltando do nível de R$ 3,75 em meados de julho para o patamar de R$ 4,18 na última segunda-feira (2). A divisa começava a exalar aquela aura dos lutadores imbatíveis, que vencem a luta antes mesmo do primeiro gongo.
Mas, como todos sabem, ninguém é imparável — basta lembrar de uma certa noite em 1990, quando o desconhecido James Douglas nocauteou o então invicto Mike Tyson, para espanto do mundo. Pois, assim como Tyson, o feroz dólar foi à lona quando menos se esperava.
Depois desses sete rounds na ofensiva, a moeda americana começou a dar sinais de cansaço no oitavo assalto. E os mercados aproveitaram para encaixar uma combinação de golpes: um jab de dados fortes na China, um direto rápido de menores tensões em Hong Kong, um cruzado potente de alívio na guerra comercial.
E, com o dólar já tonto, o golpe fulminante foi desferido nesta sexta-feira (6): os números mais fracos do mercado de trabalho dos Estados Unidos em agosto, o que ampliou a percepção de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) irá continuar cortando os juros do país para estimular a economia.
Esse gancho certeiro fez o dólar à vista cair 0,73% na sessão de hoje, a R$ 4,0801, acumulado uma queda de 1,51% na semana. Essa foi a maior baixa semanal da moeda americana desde o intervalo entre 8 e 12 de julho, quando a divisa recuou 2,09% — foi a semana em que a reforma da Previdência foi aprovada pelo plenário da Câmara em primeiro turno.
As bolsas globais, que estavam na torcida, também comemoraram: por aqui, o Ibovespa subiu 0,68% nesta sexta-feira, aos 102.935,43 pontos, acumulando ganhos de 1,78% desde segunda-feira. Nos Estados Unidos, o Dow Jones (+0,26%) e o S&P 500 (+0,12%) fecharam o pregão em alta, enquanto o Nasdaq (-0,17%) caiu.
Leia Também
Confira comigo o replay da sequência de golpes que levou o dólar ao chão nesta semana.
Jab certeiro
No meio da semana, um dos fatores que vinha trazendo desconforto aos mercados — as tensões sociais em Hong Kong — teve um desdobramento importante: o governo local decidiu retirar a lei de extradição que vinha causando os protestos na ex-colônia britânica, diminuindo bastante a intensidade das manifestações populares.
A ilha de Hong Kong goza de relativa independência em relação à China continental, e essa lei de extradição era vista como uma tentativa de interferir na liberdade de expressão dos residentes. A explosão dos protestos, assim, era vista como um potencial fator de instabilidade no continente asiático.
Além disso, Hong Kong é um dos grandes centros financeiros da Ásia — o Hang Seng é um dos principais índices acionários do continente. Assim, a escalada nas tensões e as incertezas quanto ao que poderia acontecer eram mais um fator de estresse aos mercados.
Desta maneira, a retirada dessa lei foi um primeiro golpe no dólar, com os agentes financeiros mostrando-se mais propensos a assumir riscos a partir do episódio.
Direto potente
O jab de Hong Kong foi sucedido por um direto cortante: no mesmo dia, dados econômicos da China indicaram a recuperação do setor de serviços do país, reduzindo as preocupações do mercado quanto a uma possível desaceleração econômica do gigante asiático em função da guerra comercial.
É claro que os temores quanto aos impactos decorrentes das disputas entre Pequim e Washington não estão descartados. Mas o avanço surpreendente do setor de serviços chinês em agosto trouxe um alento aos agentes financeiros, que se preparavam para ver uma deterioração maior da economia do país.
O tema da desaceleração econômica, combinado com a guerra comercial, é um dos grandes fatores de preocupação dos mercados globais. Assim, o sinal de força por parte da China foi bem recebido nas mesas de operação — e derrubaram um pouco mais o dólar.
Cruzado na hora certa
Um terceiro golpe — este bastante potente — foi desferido a partir do front da guerra comercial: também nesta semana, os diálogos entre Estados Unidos e China avançaram, com os governos de ambas as partes marcando uma nova rodada oficial de negociações para outubro. A data exata ainda não foi definida.
Por mais que esse novo encontro estivesse originalmente previsto para este mês, os mercados temiam que, em meio às novas elevações de tarifas por ambos os lados, a relação entre Pequim e Washington estivesse deteriorada num nível que inviabilizasse novos diálogos. Assim, esse avanço foi comemorado pelos agentes financeiros.
Novamente, tudo é uma questão de sinalização: o mercado não trabalha com um cenário em que Estados Unidos e China cheguem a um acordo definitivo em outubro, ou que a guerra comercial termine num futuro próximo. Mas, ao menos, os governos dos dois países indicam que não querem a continuidade da escalada das tensões.
Esse terceiro golpe tirou o equilíbrio do dólar. Faltava pouco para o nocaute.
Gancho matador
E o soco final veio nesta sexta-feira, com dados abaixo do esperado do mercado de trabalho dos EUA. Ao todo, foram criadas 130 mil novas vagas de emprego em agosto, decepcionando os analistas, que projetavam a geração de 150 mil postos no mês.
Esse resultado fortaleceu a percepção de que o Fed terá que cortar juros na reunião deste mês, de modo a estimular a economia do país — antes, havia a percepção de que o mercado de trabalho local ainda estava forte, o que limitaria o espaço para mais estímulos monetários.
Com isso, o dólar à vista chegou a cair ao nível de R$ 4,05 na mínima do dia — no exterior, a moeda americana perdeu terreno em relação às divisas de países emergentes. Essa reação ocorre porque, com os juros mais baixos nos Estados Unidos, a rentabilidade dos ativos americanos tende a cair.
Assim, os agentes financeiros precisam buscar alternativas com risco maior para obterem retornos mais atrativos — e as moedas de países emergentes, como o real, o peso mexicano, o rublo russo, o peso chileno e o rand sul-africano, entre outras, acabam atraindo um fluxo maior de investidores.
Um economista com quem conversei mais cedo acredita que, com os dados mais fracos do mercado de trabalho nos Estados Unidos, o Fed tende a promover mais um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros do país, mesmo movimento da reunião de julho. "Um corte de 0,50 ponto seria um exagero, seria muito forte", diz.
Com tudo isso em mente, os mercados aguardavam ansiosamente pelo discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, no início desta tarde. Contudo, mesmo com a desaceleração do mercado de trabalho americano, o executivo não deu sinais mais efetivos de mudança de avaliação.
Em sua fala, Powell limitou-se a dizer que a autoridade monetária vai atuar de maneira apropriada para sustentar o crescimento da economia americana. O tom neutro assumido pelo presidente do Fed, no entanto, não tirou o ânimo dos mercados, que continuam mostrando maior disposição ao risco nesta sexta-feira — levando o dólar à lona.
Juros curtos queda
Os DIs de curto prazo acompanharam o movimento do dólar à vista e fecharam no campo negativo. Além da percepção de que o Fed tende a cortar as taxas na próxima reunião, o mercado também repercute o resultado da inflação oficial no Brasil, medida pelo IPCA.
O índice fechou o mês de agosto em alta de 0,11%, desacelerando em relação ao avanço de 0,19% medido em julho. Assim, com o dólar mais baixo e a inflação sob controle, os mercados sentem-se confortáveis para apostar em mais cortes na Selic por parte do Banco Central (BC).
No vértice curto, as curvas com vencimento em janeiro de 2020 caíram de 5,36% para 5,33%, e as para janeiro de 2021 recuaram de 5,38% para 5,37%. No longo, os DIs para janeiro de 2023 avançaram de 6,43% para 6,45%, e as com vencimento em janeiro de 2025 avançaram de 6,98% para 7,00%.
Festa dos bancos, parte 2
Assim como no pregão anterior, os bancos subiram em bloco e deram força ao Ibovespa, recuperando-se do fraco desempenho visto no início da semana. Itaú Unibanco PN (ITUB4) teve ganho de 3,14%, Bradesco PN (BBDC4) valorizou 4,19%, Banco do Brasil ON (BBAS3) teve alta de 4,07% e as units do Santander Brasil (SANB11) avançaram 2,40%.
MRV sob pressão
Na ponta negativa do Ibovespa, destaque para os papéis ON da MRV (MRVE3), que caíram 2,89% e apareceram entre os piores desempenho do índice — na semana, as ações já acumularam baixa de mais de 10%.
Nesta semana, a companhia anunciou um investimento de até US$ 255 milhões na AHS Residential, que constrói imóveis pra alugar nos Estados Unidos. Mas a operação têm provocado mal-estar no mercado, já que a AHS é controlada pela família Menin, principal acionista da MRV.
Pátria Malls (PMLL11) vai às compras, mas abre mão de parte de um shopping; entenda o impacto no bolso do cotista
Somando as duas transações, o fundo imobiliário deverá ficar com R$ 40,335 milhões em caixa
BTLG11 é destronado, e outros sete FIIs disputam a liderança; confira o ranking dos fundos imobiliários favoritos para dezembro
Os oito bancos e corretoras consultados pelo Seu Dinheiro indicaram três fundos de papel, dois fundos imobiliários multiestratégia e dois FIIs de tijolo
A bolsa não vai parar: Ibovespa sobe 0,41% e renova recorde pelo 2º dia seguido; dólar cai a R$ 5,3133
Vale e Braskem brilham, enquanto em Nova York, a Microsoft e a Nvidia tropeçam e terminam a sessão com perdas
Vai ter chuva de dividendos neste fim de ano? O que esperar das vacas leiteiras da bolsa diante da tributação dos proventos em 2026
Como o novo imposto deve impactar a distribuição de dividendos pelas empresas? O analista da Empiricus, Ruy Hungria, responde no episódio desta semana do Touros e Ursos
Previsão de chuva de proventos: ação favorita para dezembro tem dividendos extraordinários no radar; confira o ranking completo
Na avaliação do Santander, que indicou o papel, a companhia será beneficiada pelas necessidades de capacidade energética do país
Por que o BTG acha que RD Saúde (RADL3) é uma das maiores histórias de sucesso do varejo brasileiro em 20 anos — e o que esperar para 2026
Para os analistas, a RADL3 é o “compounder perfeito”; entenda como expansão, tecnologia e medicamentos GLP-1 devem fortalecer a empresa nos próximos anos
A virada dos fundos de ações e multimercados vem aí: Fitch projeta retomada do apetite por renda variável no próximo ano
Após anos de volatilidade e resgates, a agência de risco projeta retomada gradual, impulsionada por juros mais favorável e ajustes regulatórios
As 10 melhores small caps para investir ainda em 2025, segundo o BTG
Enquanto o Ibovespa disparou 32% no ano até novembro, o índice Small Caps (SMLL) saltou 35,5% no mesmo período
XP vê bolsa ir mais longe em 2026 e projeta Ibovespa aos 185 mil pontos — e cinco ações são escolhidas para navegar essa onda
Em meio à expectativa de queda da Selic e revisão de múltiplos das empresas, a corretora espera aumento do fluxo de investidores estrangeiros e locais
A fome do TRXF11 ataca novamente: FII abocanha dois shoppings em BH por mais de R$ 257 milhões; confira os detalhes da operação
Segundo a gestora TRX, os imóveis estão localizados em polos consolidados da capital mineira, além de reunirem características fundamentais para o portfólio do FII
Veja para onde vai a mordida do Leão, qual a perspectiva da Kinea para 2026 e o que mais move o mercado hoje
Profissionais liberais e empresários de pequenas e médias empresas que ganham dividendos podem pagar mais IR a partir do ano que vem; confira análise completa do mercado hoje
O “ano de Troia” dos mercados: por que 2026 pode redefinir investimentos no Brasil e nos EUA
De cortes de juros a risco fiscal, passando pela eleição brasileira: Kinea Investimentos revela os fatores que podem transformar o mercado no ano que vem
Ibovespa dispara 6% em novembro e se encaminha para fechar o ano com retorno 10% maior do que a melhor renda fixa
Novos recordes de preço foram registrados no mês, com as ações brasileiras na mira dos investidores estrangeiros
Ibovespa dispara para novo recorde e tem o melhor desempenho desde agosto de 2024; dólar cai a R$ 5,3348
Petrobras, Itaú, Vale e a política monetária ditaram o ritmo dos negócios por aqui; lá fora, as bolsas subiram na volta do feriado nos EUA
Ações de Raízen (RAIZ4), Vibra (VBBR3) e Ultrapar (UGPA3) saltam no Ibovespa com megaoperação contra fraudes em combustíveis
Analistas avaliam que distribuidoras de combustíveis podem se beneficiar com o fim da informalidade no setor
Brasil dispara na frente: Morgan Stanley vê só dois emergentes com fôlego em 2026 — saiba qual outro país conquistou os analistas
Entenda por que esses dois emergentes se destacam na corrida global e onde estão as maiores oportunidades de investimentos globais em 2026
FII Pátria Log (HGLG11) abocanha cinco galpões, com inquilinos como O Boticário e Track & Field, e engorda receita mensal
Segundo o fundo, os ativos adquiridos contam com características que podem favorecer a valorização futura
Bolsa nas alturas: Ibovespa fecha acima dos 158 mil pontos em novo recorde; dólar cai a R$ 5,3346
As bolsas nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia também encerraram a sessão desta quarta-feira (26) com ganhos; confira o que mexeu com os mercados
Hora de voltar para o Ibovespa? Estas ações estão ‘baratas’ e merecem sua atenção
No Touros e Ursos desta semana, a gestora da Fator Administração de Recursos, Isabel Lemos, apontou o caminho das pedras para quem quer dar uma chance para as empresas brasileiras listadas em bolsa
Vale (VALE3) patrocina alta do Ibovespa junto com expectativa de corte na Selic; dólar cai a R$ 5,3767
Os índices de Wall Street estenderam os ganhos da véspera, com os investidores atentos às declarações de dirigentes do Fed, em busca de pistas sobre a trajetória dos juros
