Recessão e Previdência elevam cautela
Wall Street ensaia melhora um dia após o pior início de trimestre desde 2008, mas medo de recessão nos EUA é crescente

O mercado financeiro parece estar caindo na real em relação ao impacto da guerra comercial na atividade e começa a olhar com maior preocupação para os indicadores econômicos dos Estados Unidos. Após a indústria norte-americana cair ao nível mais baixo desde a última recessão e a geração de vagas no setor privado do país reforçar os sinais de desaceleração, os investidores elevam a cautela hoje, à espera do payroll, amanhã.
A criação de 135 mil postos de trabalho nas empresas norte-americanas em setembro, menos que a previsão de 165 mil, foi acompanhada de uma revisão para baixo na abertura de vagas em agosto e abre precedente para um dado igualmente fraco do relatório oficial sobre o mercado de trabalho nos EUA. Se confirmada essa premissa, cresce a percepção de que as contratações estão perdendo força junto com a economia em geral.
Ao que tudo indica, após um longo período em que ignorou os efeitos da disputa entre as duas maiores economias do mundo, apoiando-se em mensagens vazias pelo Twitter e promessas rasas dos bancos centrais, o mercado financeiro se dá conta de que a guerra comercial está afetando a economia global, chegando, enfim, à atividade norte-americana. E quanto mais prolongado for o conflito, maiores tendem a ser os estragos.
Com isso, além de aguardar pelos números do payroll, na sexta-feira, os investidores já operam em compasso de espera pela décima terceira rodada de negociações entre EUA e China, provavelmente no fim da semana que vem. Pequim ainda comemora os 70 anos da Revolução Comunista, paralisando a atividade em todo o país e esvaziando o noticiário sobre o encontro em Washington.
NY ensaia melhora
Essa ausência de novidades castiga os mercados internacionais, que ainda sofrem com o volume financeiro mais fraco por causa de feriados. Hoje, além da China (Continental), Coreia do Sul e Alemanha também estão fechadas, por causa de festividades locais, esvaziando a liquidez dos negócios.
Na Ásia, as bolsas que abriram afundaram, em meio às fortes perdas em Wall Street na véspera. Tóquio recuou 2%, mas Hong Kong subiu. Já na Europa, as praças tentam acompanhar a recuperação ensaiada nesta manhã em Nova York, relegando os planos dos EUA de impor tarifas de 25% contra US$ 7,5 bilhões de produtos da União Europeia (UE).
Leia Também
Warren Buffett (finalmente) fala: qual a visão do 'Oráculo de Omaha' sobre os EUA hoje e a guerra comercial travada por Donald Trump
China será a grande vencedora do desarranjo econômico global provocado por Donald Trump, diz Panamby Capital
Do outro lado do Atlântico Norte, os índices futuros das bolsas norte-americanas ensaiam ganhos, um dia após o Dow Jones e o S&P 500 registrarem o pior início de trimestre desde a crise de 2008, com perdas de 3% em dois dias. Ainda assim, o temor de recessão nos EUA é crescente, diante do aumento de sinais sobre a fraqueza da economia doméstica.
Esse receio eleva as chances de o Federal Reserve aumentar o tamanho do corte na taxa de juros dos EUA, para meio ponto, na reunião de outubro - o que não acontece desde a última crise. Ao mesmo tempo, os investidores ampliam a busca por proteção em ativos seguros, com o juro projetado pelo título norte-americano de 10 anos (T-note) caindo abaixo de 1,6%, ao passo que o ouro resgatou o nível psicológico de US$ 1,5 mil por onça-troy. Já o petróleo recua, enquanto o dólar mede forças em relação às moedas rivais.
Preocupações com a saída do Reino Unido da UE, prevista para o próximo dia 31, e com o drama político na Casa Branca, envolvendo o pedido de impeachment do presidente Donald Trump, também estão na lista. Já no Brasil, os investidores voltaram a ficar mais sensíveis com o noticiário vindo de Brasília.
Ruídos políticos
Por aqui, foi evitado o risco de evitar novas desidratações no texto da reforma da Previdência, após a derrota sofrida pelo governo em relação ao abono salarial. O Senado rejeitou ontem todos os outros destaques à proposta, que poderiam reduzir em mais R$ 200 bilhões o impacto fiscal esperado com as novas regras para aposentadoria.
Com isso, a economia a ser gerada aos cofres públicos, até o momento, está em torno de R$ 800 bilhões em dez anos. O perigo a ser evitado, agora, é de que haja novas surpresas na votação em segundo turno, com riscos de o texto poder retornar à Câmara, se houver mudanças adicionais.
A esperança é de aprovação do texto no Senado preservando a versão aprovada pelos deputados - inclusive com a retirada do destaque sobre o abono salarial. Mas a preocupação ainda é em relação ao calendário de votação. Legislativo e Executivo ainda precisam chegar a um acordo sobre as emendas parlamentares e o pacto federativo.
Se houver um consenso, a Previdência pode voltar à pauta até o dia 10. Mas já se fala abertamente em aprovação final em 15 de outubro, sob o risco de novos atrasos por causa do intervalo entre a primeira e a segunda votação da proposta. Outra preocupação vem do andamento da chamada “PEC paralela”, que trata da inclusão de estados e municípios na reforma. Já a Previdência dos militares nem se ouve falar...
Mais dados de atividade
A agenda econômica desta quinta-feira está esvaziada no Brasil, o que desloca as atenções para os indicadores no exterior. O destaque fica com as leituras revisadas de setembro dos índices dos gerentes de compras (PMI) do setor de serviços em países europeus e na zona do euro como um todo, além dos Estados Unidos, ao longo da manhã.
Também serão conhecidos os dados de agosto sobre a inflação ao produtor e as vendas no varejo na região da moeda única. Já o calendário norte-americano traz ainda os pedidos semanais de auxílio-desemprego (9h30) e as encomendas às fábricas em agosto (11h). Além disso, as fabricantes de veículos divulgam as vendas no mês passado.
Ibovespa deu uma surra no S&P 500 — e o mês de abril pode ter sido apenas o começo
O desempenho do Ibovespa em abril pode ser um indício de que estamos diante de uma mudança estrutural nos mercados internacionais, com implicações bastante positivas para os ativos brasileiros
Bitcoin mira marca de US$ 100 mil e ganha fôlego com Donald Trump sinalizando mais acordos comerciais
A principal criptomoeda do mundo foi o melhor investimento de abril e especialistas veem mais valorização à frente
Trump acena com negociações tarifárias, mas anuncia sanções ao petróleo do Irã — com alvo indireto na China
Presidente diz que quem comprar petróleo e petroquímicos do país do Oriente Médio não terá mais permissão para fazer negócios com os Estados Unidos
Elon Musk demitido da Tesla? WSJ diz que conselho deu início a busca por substituto, mas montadora nega; entenda
A Tesla tem sido alvo de boicotes devido à aproximação do bilionário com o governo Trump. Conselheiros estariam insatisfeitos com a postura de Musk e a repercussão nos lucros e valor de mercado da montadora
Ozempic na mira de Trump? Presidente dos EUA diz que haverá tarifas para farmacêuticas — e aproveita para alfinetar Powell de novo
Durante evento para entregar investimentos, Trump disse entender muito mais de taxas de juros do que o presidente do Fed
China já sente o peso das tarifas de Trump: pedidos de exportação desaceleraram fortemente em abril
Empresas americanas estão cancelando pedidos à China e adiando planos de expansão enquanto observam o desenrolar da situação
Diretor do Inter (INBR32) aposta no consignado privado para conquistar novos patamares de ROE e avançar no ambicioso plano 60-30-30
Em entrevista ao Seu Dinheiro, Flavio Queijo, diretor de crédito consignado e imobiliário do Inter, revelou os planos do banco digital para ganhar mercado com a nova modalidade de empréstimo
Ninguém vai poder ficar em cima do muro na guerra comercial de Trump — e isso inclui o Brasil; entenda por quê
Condições impostas por Trump praticamente inviabilizam a busca por um meio-termo entre EUA e China
Rodolfo Amstalden: Falta pouco agora
Depois de lambermos a lona no início de janeiro, a realidade acabou se mostrando um pouco mais piedosa com o Kit Brasil
Trump pressionou, Bezos recuou: Com um telefonema do presidente, Amazon deixa de expor tarifas na nota fiscal
Após conversa direta entre Donald Trump e Jeff Bezos e troca de farpas com a Casa Branca, Amazon desiste de exibir os custos de tarifas de importação dos EUA ao lado do preço total dos produtos
Gafisa (GFSA3) recebe luz verde para grupamento de 20 por 1 e ação dispara mais de 10% na bolsa
Na ocasião em que apresentou a proposta, a construtora informou que a operação tinha o intuito de evitar maior volatilidade e se antecipar a eventuais cenários de desenquadramento na B3
Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado
Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos
Nova Ordem Mundial à vista? Os possíveis desfechos da guerra comercial de Trump, do caos total à supremacia da China
Michael Every, estrategista global do Rabobank, falou ao Seu Dinheiro sobre as perspectivas em torno da guerra comercial de Donald Trump
Donald Trump: um breve balanço do caos
Donald Trump acaba de completar 100 dias desde seu retorno à Casa Branca, mas a impressão é de que foi bem mais que isso
Trump: “Em 100 dias, minha presidência foi a que mais gerou consequências”
O Diário dos 100 dias chega ao fim nesta terça-feira (29) no melhor estilo Trump: com farpas, críticas, tarifas, elogios e um convite aos leitores do Seu Dinheiro
Ironia? Elon Musk foi quem sofreu a maior queda na fortuna nos primeiros 100 dias de Trump; veja os bilionários que mais saíram perdendo
Bilionários da tecnologia foram os mais afetados pelo caos nos mercados provocado pela guerra tarifária; Warren Buffett foi quem ficou mais rico
Trump pode acabar com o samba da Adidas? CEO adianta impacto de tarifas sobre produtos nos EUA
Alta de 13% nas receitas do primeiro trimestre foi anunciado com pragmatismo por CEO da Adidas, Bjørn Gulden, que apontou “dificuldades” e “incertezas” após tarifaço, que deve impactar etiqueta dos produtos no mercado americano
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide
Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.
Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente
Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.