Bolsonaro ataca Rede Globo e nega envolvimento em caso Marielle
JN revelou que registros da portaria do condomínio onde mora o presidente apontam que um dos suspeitos de envolvimento na morte da vereadora entrou no local no dia do assassinato dizendo que iria para a casa do então deputado
O presidente Jair Bolsonaro fez uma transmissão ao vivo pelo Facebook nesta terça-feira (29) para responder a uma reportagem do Jornal Nacional, da Rede Globo, sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco. O chefe do Executivo acusou a emissora de querer infernizar a sua vida e disse que, se a TV tivesse "o mínimo de decência", não teria divulgado detalhes de uma investigação em segredo judicial.
Durante a transmissão, realizada em Riad, na Arábia Saudita, Bolsonaro afirmou que não irá "perseguir" a Rede Globo no processo de renovação da concessão da TV, em 2022. No entanto, disse que o processo tem de "estar limpo". "Se não estiver limpo, legal, não tem renovação da concessão de vocês (Globo) e de TV nenhuma", disse.
O presidente mostrou-se bastante irritado, falou em tom exaltado e conteve o choro ao menos uma vez. Ele disse estar à disposição para falar com a polícia na investigação sobre a morte de Marielle. "Eu gostaria muito de falar neste processo, conversar com esse delegado", disse.
Bolsonaro afirmou que, "pelo que tudo indica", o processo sobre a morte de Marielle está "bichado" e pediu ao Conselho Nacional do Ministério Público que "supervisione o processo".
Ainda na live, Bolsonaro atacou o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC). O presidente acusou o antigo aliado de ter vazado o inquérito sobre Marielle, que "está em segredo de Justiça". Bolsonaro acusou o governador do Rio de querer "destruir" a sua família para "chegar à Presidência da República". "Por que essa sede pelo poder, senhor governador Witzel?", questionou.
Resposta da Globo e de Witzel
Em resposta ao presidente, a TV Globo afirmou que "não faz patifaria nem canalhice", mas "jornalismo com seriedade e responsabilidade". "A Globo lamenta que o presidente revele não conhecer a missão do jornalismo de qualidade e use termos injustos para insultar aqueles que não fazem outra coisa senão informar com precisão o público brasileiro", diz o comunicado da emissora.
A Globo também fez referência à afirmação de Bolsonaro de que não perseguiria a emissora, mas que só renovará sua concessão, que vence em 2022, se o processo estiver "enxuto". "A Globo afirma que não poderia esperar dele outra atitude. Há 54 anos, a emissora jamais deixou de cumprir as suas obrigações."
Já o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, negou que tenha interferido nas investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco ou vazado detalhes do inquérito à imprensa.
Em comunicado publicado no Twitter, em resposta ao presidente, Witzel afirmou que em seu governo, "as instituições funcionam plenamente e o respeito à lei rege todas as nossas ações". Witzel disse que a manifestação de Bolsonaro, em live, mais cedo, foi "intempestiva". "Defenderei equilíbrio e bom senso nas relações pessoais e institucionais", declarou o governador.
O que diz a reportagem
Na edição desta terça-feira, o Jornal Nacional revelou que registros da portaria do condomínio no Rio de Janeiro onde mora o presidente apontam que Élcio de Queiroz, um dos suspeitos de envolvimento na morte da vereadora, entrou no local no dia do assassinato, em 14 de março de 2018, dizendo que iria para a casa do então deputado.
Registros de presença da Câmara dos Deputados, no entanto, mostram que Bolsonaro estava em Brasília e que postou vídeos no Legislativo no mesmo dia. No mesmo condomínio, mora o principal suspeito de matar Marielle, Ronnie Lessa.
De acordo com a reportagem, no dia do crime, o porteiro escreveu às 17h10 o nome do suposto visitante, Élcio, os dados do automóvel que ele dirigia - um Logan, placa AGH-8202 - e a residência para a qual ele iria, a de número 58. Élcio é apontado pela polícia como o motorista do carro usado no crime. A casa 58 do condomínio consta como sendo a de Bolsonaro no registro geral de imóveis. O presidente também é proprietário da casa 36, onde mora um dos filhos, o vereador Carlos Bolsonaro (PSL).
Segundo a reportagem, o porteiro contou à polícia que depois que Élcio se identificou, interfonou para casa 58 para confirmar se o visitante tinha autorização para entrar e que identificou a voz de quem atendeu como sendo a do "seu Jair".
Segundo o teor das declarações do porteiro à polícia apuradas pela reportagem, ele acompanhou a movimentação do carro de Élcio após a entrada e notou que o visitante se dirigiu à casa 66 - e não à 58 - do condomínio, onde morava Ronnie Lessa, apontado pelo Ministério Público e polícia como autor dos disparos contra Marielle.
"Fontes disseram à equipe de reportagem que os dois criminosos saíram do condomínio dentro do carro de Ronnie Lessa, minutos depois da chegada de Élcio, e embarcaram no carro usado no crime nas proximidades do condomínio", diz a reportagem da Globo.
Segundo o JN, a polícia tenta recuperar arquivos de áudio da guarita do condomínio, cujo interfone é monitorado, para saber com quem, de fato, o porteiro conversou naquele dia e quem estava na casa 58.
Com a citação pelo porteiro do nome do presidente, representantes do Ministério Público do Rio foram a Brasília no último dia 17 para fazer consulta ao presidente do STF, Dias Toffoli. Eles questionaram se podem continuar com investigações, uma vez que o nome de Bolsonaro foi mencionado. Toffoli ainda não respondeu.
O advogado de Bolsonaro, Frederick Wassef, contestou o depoimento. Ele ressaltou que o presidente estava em Brasília no dia do assassinato de Marielle e disse que o depoimento do porteiro é uma "mentira", feita para atacar a imagem e a reputação do presidente.
"Afirmo com absoluta certeza que é uma mentira, fraude, farsa para atacar imagem e reputação do presidente", disse Wassef ao JN. "O presidente não conhece o Élcio."
"Talvez, esse indivíduo tenha ido à casa de outra pessoa e, alguém, com intuito de incriminar o presidente, conseguiu um depoimento falso onde essa pessoa afirma que falou com Jair", declarou o advogado à Globo.
*Com Estadão Conteúdo
Guedes se alinha a Bolsonaro e sobe tom da campanha — veja as indiretas que o ministro mandou para Lula
Falando para uma plateia de empresários cariocas, ele se comprometeu com o Auxílio Brasil de R$ 600, reivindicou a autoria do Pix e considerou equivocadas as projeções de analistas para a inflação
O que Bolsonaro, Lula e Ciro querem para o Brasil? Confira o programa de governo dos presidenciáveis
Os três já apresentaram seus planos para o país: um prioriza transformar o Brasil em uma potência econômica, o outro foca na restauração das condições de vida da população e o terceiro destaca aspectos econômicos e educacionais
Vão fatiar: Lula e Bolsonaro querem desmembrar Economia e ressuscitar ministérios de outras áreas — veja a configuração
Caso o petista vença, a ideia é que o número de ministérios passe dos atuais 23 para 32. Já Bolsonaro, que na campanha de 2018 prometeu ter apenas 15 ministérios e fazia uma forte crítica ao loteamento de cargos, hoje tem 23 e também deu pastas ao Centrão
Avanço de Ciro e Simone na pesquisa BTG/FSB ajuda Bolsonaro a forçar segundo turno contra Lula
Em segundo turno, porém, enquanto Lula venceria em todos os cenários, Bolsonaro sairia derrotado em todas as simulações da pesquisa BTG/FSB
Propaganda barrada: ministro do TSE atende pedido de Lula e proíbe Bolsonaro de usar imagens do 7 de setembro em campanha; veja qual foi o argumento
O ministro viu favorecimento eleitoral do candidato e atendeu a um pedido da coligação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para barrar as imagens
Lula vs. Bolsonaro: no ‘vale tudo’ das redes sociais, quem está vencendo? Descubra qual dos candidatos domina a batalha e como isso pode influenciar o resultado das eleições
A corrida eleitoral começou e a batalha por votos nas redes sociais está à solta; veja quem está ganhando
‘Bolsonaro não dormiu ontem’: Lula comemora liderança nas pesquisas e atribui assassinato de petista a presidente ‘genocida’
O candidato do PT afirmou que o presidente não consegue convencer a população mesmo com gastos eleitoreiros altos
Bolsonaro é o candidato com maior número de processos no TSE — veja as principais acusações contra o presidente
Levantamento mostra que o candidato à reeleição é alvo de quase 25% das ações em tramitação na Corte até o início de setembro
7 de setembro ajudou? A distância entre Lula e Bolsonaro é a menor desde maio de 2021, segundo pesquisa Datafolha
Levantamento foi feito após as manifestações do Dia da Independência, feriado usado pelo atual presidente para atos de campanha, algo que nunca tinha acontecido na história recente do Brasil
Um novo significado de ‘imbrochável’: Jair Bolsonaro explica coro em discurso de 7 de setembro
Em transmissão nas redes sociais, Jair Bolsonaro explicou que o coro seria uma alusão ao fato de resistir a supostos ataques diários contra seu governo
Leia Também
-
Agenda política: Minirreforma eleitoral e Desenrola são destaque da semana em Brasília
-
E agora, 'Mercado'? Gestores divergem sobre tamanho da crise após cenas de terrorismo e destruição em Brasília — mas concordam que bolsa, juros e dólar devem ter dia difícil
-
Autogolpe e impeachment no mesmo dia? Entenda o caos que se instalou no Peru e derrubou o presidente em menos de 24h
Mais lidas
-
1
Órfão das LCI e LCA? Banco indica 9 títulos isentos de imposto de renda que rendem mais que o CDI e o Tesouro IPCA+
-
2
A verdade dura sobre a Petrobras (PETR4) hoje: por que a ação estaria tão perto de ser “o investimento perfeito”?
-
3
Como a “invasão” dos carros chineses impacta as locadoras como a Localiza (RENT3) e a Movida (MOVI3)