Bill Gates viu o futuro, blefou para fechar contratos e ficou bilionário – e decidiu doar quase tudo
Saiba como o fundador da Microsoft acumulou quase US$ 100 bilhões, criou a maior instituição filantrópica da iniciativa privada e também “perdeu” uma guinada tecnológica
Numa época em que os escritórios eram equipados com máquina de escrever e mimeógrafos, Bill Gates e Paul Allen enxergaram um futuro em que cada mesa de trabalho e cada casa teriam um microcomputador. Era 1975 e Bill Gates tinha apenas 19 anos. Os dois amigos moravam em Boston. Allen trabalhava e Gates estudava matemática e direito na Universidade de Harvard. Em janeiro daquele ano, Allen foi buscar o amigo na faculdade e o levou até uma banca de revistas.
Apontou para a última edição da Popular Electronics, cuja capa mostrava um computador chamado Altair 8.800, da empresa Micro Instrumentation and Telemetry Systems (MITS). Era um dos primeiros computadores a chegar no mercado que não ocupavam uma sala inteira inteira. Paul Allen olhou para Gates e disse: “Isso está acontecendo sem nós”. “Aquele momento marcou o fim de minha carreira universitária e o início de nossa nova empresa, a Microsoft”, lembrou Bill Gates recentemente.
Foi também o início da construção de um patrimônio bilionário, avaliado em US$ 96,5 bilhões no ranking de 2019 da revista Forbes. Esse número faz de Bill Gates o segundo homem mais rico do mundo, atrás apenas de Jeff Bezos, dono da Amazon.
- Esta reportagem faz parte da série especial Rota do Bilhão, que conta a trajetória dos 10 homens mais ricos do mundo. Quem são? Como vivem? Como ficaram bilionários? E que lições você pode aprender com eles? Veja todas as histórias neste link.
Os dois decidiram ali que seriam os primeiros a escrever programas para o Altair 8.800, em linguagem de programação Basic, um método desenvolvido por professores americanos para não especialistas em informática e que Gates dominava - ele sabia programar desde os 13 e já tinha até hackeado o computador da escola. Allen e Gates ligaram para o dono da MITS e disseram que tinham programas prontos para rodar naquele microcomputador - o que não era verdade, ainda. Fizeram tudo em um simulador, sem nunca terem visto o Altair. Quando foram apresentar seus produtos, o código trabalhou perfeitamente na máquina da MITS - para surpresa de todos, inclusive de Gates.
Embora esse programa tenha marcado o início da Microsoft, não foi ele que fez a fortuna de seu fundador. Mas, sim, a mudança de paradigma que Bill Gates trouxe para o mercado. Naquela época, programar era uma atividade vista como hobby. O grande negócio estava em produzir as máquinas. Mas Gates enxergou que os programas também eram produtos, assim como os computadores. E se são produtos, copiar sem pagar por eles poderia ser considerado roubo.
- Veja abaixo algumas fotos que Bill Gates postou dele e Allen no início da carreira, em uma homenagem feita quando Allen morreu, em em 2018.
https://www.instagram.com/p/BpAUDhsFzsk/?utm_source=ig_web_copy_link
Leia Também
Blefe histórico
Nos anos 80, a IBM, que já era líder do mercado de grandes computadores, decidiu produzir máquinas menores, os PCs. Mas faltava o sistema operacional. Em um dos maiores blefes do mundo corporativo, Gates disse que tinha o programa, assinou o contrato e assumiu um prazo de entrega que não conseguiria cumprir. Pegou um avião e, em vez de desenvolver o software para a IBM, foi até um programador e comprou um sistema pronto. Fez alguns ajustes e deu o nome de MS-DOS - que se tornou o programa mais importante da história da Microsoft.
“A IBM decidiu franquear a qualquer empresa a cópia de suas máquinas. Mas o programa que fazia as máquinas funcionarem tinha um único dono: a Microsoft”, escreveu o jornalista Pedro Dória, especializado em tecnologia. O DOS permitiu que consumidores do mundo inteiro pudessem ter dentro de casa um computador capaz de realizar as mesmas tarefas das grandes máquinas da época. Mais tarde, foi a base para o Windows e o Office. E colocou Bill Gates na lista dos homens mais ricos do mundo, da revista Forbes, já na década de 1980.
As circunstâncias e um pouquinho de sorte também o ajudaram . Filho de uma família de classe alta, Gates teve acesso a educação privada e pode se aventurar no universo da programação quando a quase totalidade de sua geração nem tinha computadores. O contrato decisivo com a IBM, por exemplo, também teve um empurrãozinho importante. A mãe de Gates, professora universitária, com passagem pelo conselho de administração de instituições financeiras, conhecia o presidente da gigante dos computadores na época.
Em 1995, nove anos depois da abertura de capital da Microsoft, Bill Gates assumiu pela primeira vez o topo do ranking dos bilionários, destronando o empreendedor imobiliário japonês Yoshiaki Tsutsumi. Das 31 edições da lista publicada pela Forbes, Gates esteve na liderança em 18 delas. Ninguém, nem de longe, conseguiu essa proeza. Em 1999, no auge da internet, seu patrimônio líquido ultrapassou os US$ 100 bilhões, ou cerca de US$ 150 bilhões, em valores corrigidos pela inflação.
No ano passado, Gates foi desbancado por Jeff Bezos, fundador da Amazon, e ocupa o segundo lugar no ranking de 2019, com um patrimônio de US$ 99 bilhões. Nos dias em que seus investimentos têm um bom desempenho ele retorna para a casa dos 12 dígitos, como aconteceu em abril deste ano.
Sócio de Warren Buffett e de hotéis de luxo
O patrimônio de Bill Gates já é bem diversificado. Ele detém apenas 1,3% da Microsoft e, com essa fatia, a empresa que criou responde por 12% de sua fortuna. A maioria de seus investimentos hoje está na empresa Cascade, uma holding criada a partir da venda de ações da Microsoft e de dividendos, e que hoje aplica em diversos segmentos.
O responsável por deixar Bill Gates cada vez mais rico, há 20 anos, é o discreto Michael Larson, diretor da Cascade. Na carteira administrada por ele, há empresas de biotecnologia, transporte, energia e algumas de entretenimento, além da rede de hotéis de luxo Four Seasons e uma participação na Berkshire Hathaway, o conglomerado fundado pelo amigo e bilionário Warren Buffett.
US$ 10 milhões para os herdeiros
Agora está na moda que os ricaços doem seu dinheiro - Mark Zuckerberg e Mackenzie Bezos, por exemplo, aderiram recentemente. Mas ninguém colocou esse discurso em prática como Bill Gates, que levou a filantropia a outro patamar.
Em 2010, Gates e Buffett fundaram juntos o The Giving Pledge, uma organização filantrópica que incentiva bilionários a doar ao menos metade de suas fortunas para causas sociais. Gates já doou mais de US$ 35 bilhões para a caridade, em grande parte para a Fundação Bill e Melinda Gates – a maior fundação de filantropia privada do mundo -, que ele preside com sua esposa. Seus três filhos, vão herdar “apenas” US$ 10 milhões cada um.

Desde 2008, quando se “aposentou”, deixando a presidência executiva da Microsoft, Gates se dedica quase integralmente à Fundação. Já financiou a criação de biscoitos nutritivos para o mundo subdesenvolvido. Investiu bilhões em pesquisas para erradicar a poliomielite no Paquistão. Há pouco tempo, lançou uma privada inteligente, que não precisa de água nem de rede de esgoto. Ele prega agora o “capitalismo criativo”, que tem como um de seus objetivos beneficiar os mais pobres e reduzir a desigualdade no mundo.
Mas Bill Gates já foi um típico capitalista selvagem. Steve Jobs, da Apple, disse certa vez que o problema do rival era que ele “queria ficar com 5 centavos de cada dólar que passasse pelas suas mãos”. Monopolista, a Microsoft foi acusada por concorrentes e agências reguladoras de ter se aproveitado de sua condição para dominar o mercado adotando práticas ilegais. A empresa enfrentou uma batalha jurídica com o Departamento de Justiça dos EUA que durou mais de uma década e terminou em 2002 com um acordo.
O futuro que Gates não viu
No mercado de tecnologia, a inovação é tão rápida que é difícil se manter no topo por muito tempo. Uma das críticas à Microsoft é que a empresa ficou presa ao desktop, enquanto a concorrência – Apple e o Google – já estavam trabalhando em seus smartphones e tablets. A empresa perdeu também outras duas grandes mudanças tecnológicas: a dos motores de busca e das redes sociais. “Em vez de responder ao fenômeno da internet, Bill Gates quis proteger o Windows”, diz Brad Silverberg, ex-executivo da Microsoft.
Mas, mesmo os que apontam os deslizes da trajetória de Gates, concordam que ele teve uma tremenda habilidade na condução da Microsoft, por entender ao mesmo tempo de negócios e da engenharia necessária para a criação dos softwares. Seu talento foi, sem dúvida, fundamental para o sucesso da companhia.
Em 2007, ao discursar para formandos da Universidade de Harvard, ele resumiu o que considera ser a receita do sucesso. “Determinar um objetivo, encontrar a abordagem de maior alavancagem, descobrir a tecnologia ideal para essa abordagem e a aplicação mais inteligente para essa tecnologia. O mais importante é nunca parar de pensar e trabalhar.”

CVM inicia julgamento de ex-diretor do IRB (IRBR3) por rumor sobre investimento da Berkshire Hathaway
Processo surgiu a partir da divulgação da falsa informação de que empresa de Warren Buffett deteria participação na resseguradora após revelação de fraude no balanço
Caso Banco Master: Banco Central responde ao TCU sobre questionamento que aponta ‘precipitação’ em liquidar instituição
Tribunal havia dado 72 horas para a autarquia se manifestar por ter optado por intervenção em vez de soluções de mercado para o banco de Daniel Vorcaro
Com carne cara e maior produção, 2026 será o ano do frango, diz Santander; veja o que isso significa para as ações da JBS (JBSS32) e MBRF (MBRF3)
A oferta de frango está prestes a crescer, e o preço elevado da carne bovina impulsiona as vendas da ave
Smart Fit (SMFT3) lucrou 40% em 2025, e pode ir além em 2026; entenda a recomendação de compra do Itaú BBA
Itaú BBA vê geração de caixa elevada, controle de custos e potencial de crescimento em 2026; preço-alvo para SMFT3 é de R$ 33
CSN (CSNA3) terá modernização de usina em Volta Redonda ‘reembolsada’ pelo BNDES com linha de crédito de R$ 1,13 bilhão
Banco de fomento anunciou a aprovação de um empréstimo para a siderúrgica, que pagará por adequações feitas em fábrica da cidade fluminense
De dividendos a ações resgatáveis: as estratégias das empresas para driblar a tributação são seguras e legais?
Formatos criativos de remuneração ao acionista ganham força para 2026, mas podem entrar na mira tributária do governo
Grupo Toky (TOKY3) mexe no coração da dívida e busca virar o jogo em acordo com a SPX — mas o preço é a diluição
Acordo prevê conversão de debêntures em ações, travas para venda em bolsa e corte de até R$ 227 milhões em dívidas
O ano do Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3) e Santander (SANB11): como cada banco terminou 2025
Os balanços até setembro revelam trajetórias muito diferentes entre os gigantes do setor financeiro; saiba quem conseguiu navegar bem pelo cenário adverso — e quem ficou à deriva
A derrocada da Ambipar (AMBP3) em 2025: a história por trás da crise que derrubou uma das ações mais quentes da bolsa
Uma disparada histórica, compras controversas de ações, questionamentos da CVM e uma crise de liquidez que levou à recuperação judicial: veja a retrospectiva do ano da Ambipar
Embraer (EMBR3) ainda pode ir além: a aposta ‘silenciosa’ da fabricante de aviões em um mercado de 1,5 bilhão de pessoas
O BTG Pactual avalia que a Índia pode adicionar bilhões ao backlog — e ainda está fora do radar de muitos investidores
O dia em que o caso do Banco Master será confrontado no STF: o que esperar da acareação que coloca as decisões do Banco Central na mira
A audiência discutirá supervisão bancária, segurança jurídica e a decisão que levou à liquidação do Banco Master. Entenda o que está em jogo
Bresco Logística (BRCO11) é negociado pelo mesmo valor do patrimônio, segundo a XP; saiba se ainda vale a pena comprar
De acordo com a corretora, o BRCO11 está sendo negociado praticamente pelo mesmo valor de seu patrimônio — múltiplo P/VP de 1,01 vez
Um final de ano desastroso para a Oracle: ações caminham para o pior trimestre desde a bolha da internet
Faltando quatro dias úteis para o fim do trimestre, os papéis da companhia devem registrar a maior queda desde 2001
Negócio desfeito: por que o BRB desistiu de vender 49% de sua financeira a um grupo investidor
A venda da fatia da Financeira BRB havia sido anunciada em 2024 por R$ 320 milhões
Fechadas com o BC: o que diz a carta que defende o Banco Central dias antes da acareação do caso Master
Quatro associações do setor financeiro defendem a atuação do BC e pedem a preservação da autoridade técnica da autarquia para evitar “cenário gravoso de instabilidade”
CSN Mineração (CMIN3) paga quase meio bilhão de reais entre dividendos e JCP; 135 empresas antecipam proventos no final do ano
Companhia distribui mais de R$ 423 milhões em dividendos e JCP; veja como 135 empresas anteciparam proventos no fim de 2025
STF redefine calendário dos dividendos: empresas terão até janeiro de 2026 para deliberar lucros sem imposto
O ministro Kassio Nunes Marques prorrogou até 31 de janeiro do ano que vem o prazo para deliberação de dividendos de 2025; decisão ainda precisa ser confirmada pelo plenário
BNDES lidera oferta de R$ 170 milhões em fundo de infraestrutura do Patria com foco no Nordeste; confira os detalhes
Oferta pública fortalece projetos de logística, saneamento e energia, com impacto direto na região
FII BRCO11 fecha contrato de locação com o Nubank (ROXO34) e reduz vacância a quase zero; XP recomenda compra
Para a corretora, o fundo apresenta um retorno acumulado muito superior aos principais índices de referência
OPA da Ambipar (AMBP3): CVM rejeita pedido de reconsideração e mantém decisão contra a oferta
Diretoria da autarquia rejeitou pedido da área técnica para reabrir o caso e mantém decisão favorável ao controlador; entenda a história
