🔴TRÊS ROBÔS CRIADOS A PARTIR DE IA “TRABALHANDO” EM BUSCA DE GANHOS DIÁRIOS – ENTENDA AQUI

Guilherme Castro Sousa

NO ALVO

Lula e Moraes na mira: governo Trump acusa Brasil de censura e deterioração dos direitos humanos

Documento do Departamento de Estado dos EUA critica atuação do STF, menciona o presidente brasileiro e amplia pressão sobre Brasília em meio a mudanças na política externa norte-americana

Guilherme Castro Sousa
12 de agosto de 2025
19:09 - atualizado às 19:55
Bandeiras do Brasil e EUA unidas
Chanceleres do Brasil e EUA se encontraram em Washington - Imagem: IStock

Está claro que um novo momento nas relações diplomáticas entre Brasília e Washington já havia chegado antes deste dia. Mas, depois de fortes atritos no campo econômico e político, nesta quarta-feira (12) a Casa Branca levou o embate ao terreno dos direitos humanos, denunciando o que chamou de censura e violência presentes no Estado brasileiro, com foco especial na atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) e na figura de Alexandre de Moraes.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“A situação dos direitos humanos no Brasil se deteriorou durante o ano. Os tribunais tomaram medidas amplas e desproporcionais para minar a liberdade de expressão e a liberdade na internet, bloqueando o acesso de milhões de usuários a informações em uma importante plataforma de mídia social em resposta a um caso de assédio”, afirma o relatório logo no primeiro parágrafo.

Dessa vez, a investida não veio de um post do presidente Donald Trump nem de um decreto assinado por ele, mas de um documento oficial do Departamento de Estado dos EUA, órgão equivalente ao Itamaraty no Brasil.

  • SAIBA MAIS: O CIO da Empiricus, Felipe Miranda, liberou gratuitamente a série Palavra do Estrategista, que reúne suas melhores ideias; acesse

O relatório integra uma série de documentos divulgados anualmente que avaliam os 196 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) e é considerado referência mundial, utilizado inclusive em tribunais dos EUA e internacionais.

A publicação desta quarta-feira (12), referente ao ano de 2024, era esperada entre março e abril, mas teve a data adiada pelo governo Trump.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Além das denúncias sobre a situação dos direitos humanos no Brasil, o relatório também critica outros países e aponta que, na Europa, também há “abusos significativos de direitos humanos”.

Leia Também

Já em El Salvador, para onde o governo Trump enviou vários imigrantes deportados e onde governa um aliado do republicano, Nayib Bukele, foi aprovada recentemente a reeleição ilimitada no país.

Lula, Moraes e os direitos humanos, segundo a Casa Branca

Entre as denúncias que citam falhas na segurança, direitos trabalhistas, liberdade de imprensa e violência cometida pelo Estado, o relatório menciona diretamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro do STF Alexandre de Moraes.

No caso de Moraes, as críticas miram sua atuação na suposta censura de perfis nas redes sociais. O documento relata ordens tomadas pessoalmente pelo ministro para suspender mais de 100 contas de usuários na plataforma X (antigo Twitter).

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A decisão, segundo o relatório, acabou “reprimindo desproporcionalmente a fala de defensores do ex-presidente Bolsonaro em vez de adotar medidas mais restritas para penalizar conteúdos que incitassem ações ilegais iminentes ou assédio”.

Lula é citado em um subtópico dedicado ao antissemitismo, no qual se destaca o aumento de ataques à população judaica no Brasil após os atentados terroristas do Hamas no território israelense em outubro de 2023.

O documento lembra que, em 2024, Lula declarou que “o que está acontecendo na Faixa de Gaza... é um genocídio”. Em seu discurso, ele comparou o ocorrido na Palestina ao “quando Hitler decidiu matar os judeus”.

Justiça, liberdade e violência

A atuação da Justiça brasileira é destacada em diversos trechos do documento.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“A Constituição proíbe prisões e detenções arbitrárias e garante o direito de as pessoas contestarem a legalidade de sua prisão ou detenção na justiça. O governo geralmente cumpriu esses requisitos; no entanto, figuras políticas e grupos de direitos alegaram que o governo manteve centenas de pessoas detidas por vários meses sem apresentar acusações, acusadas de participação nos protestos que levaram à invasão de prédios governamentais em 8 de janeiro de 2023, e que esses manifestantes tiveram negado acesso a advogados.”

Quanto à liberdade de expressão e de imprensa, a atuação do STF também recebeu atenção.

“O governo também suprimiu discursos politicamente desfavorecidos com base na justificativa de que constituíam ‘discurso de ódio’, um termo vago e desvinculado do direito internacional dos direitos humanos."

Quando os tópicos tratam de problemas não diretamente ligados ao governo brasileiro, a postura também é de cobrança.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“As questões significativas de direitos humanos incluíram relatos críveis de: execuções arbitrárias ou ilegais; tortura ou tratamento cruel, desumano ou degradante; prisão ou detenção arbitrária; e graves restrições à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa, incluindo violência ou ameaças de violência contra jornalistas.”

Uma nova leitura do Departamento de Estado dos EUA

O novo relatório anual de direitos humanos dos Estados Unidos sofreu mudanças profundas na gestão de Trump. O documento, tradicionalmente usado como referência internacional para avaliar a situação de liberdades civis e garantias individuais, teve trechos críticos a aliados estratégicos do governo republicano fortemente reduzidos.

No caso de El Salvador, por exemplo, a nova versão afirma que não há “relatos críveis de abusos significativos de direitos humanos” — uma mudança radical em relação ao texto de 2023, que listava execuções ilegais, tortura e condições carcerárias severas.

A seção dedicada a Israel também foi encurtada, deixando de mencionar a crise humanitária e o número de mortos em Gaza, estimado em cerca de 61 mil pelo Ministério da Saúde local.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ao mesmo tempo, o relatório ampliou as críticas a países com os quais Washington tem se desentendido em diversas frentes. Para países como Brasil e África do Sul, a linguagem ficou mais dura, destacando a deterioração de direitos e problemas institucionais.

No caso sul-africano, o documento fala em “passo preocupante em direção à expropriação de terras” e abusos contra minorias raciais, em sintonia com a narrativa usada por Trump para justificar uma ordem executiva que previa o reassentamento de afrikaners nos EUA.

A Europa também entrou no foco, com alertas sobre suposta supressão de líderes de direita e restrições à liberdade de expressão em países como Romênia, Alemanha e França.

Segundo funcionários do próprio Departamento de Estado, que falaram sob anonimato, o texto foi atrasado por meses para passar por uma reformulação alinhada à agenda America First.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Categorias inéditas como “Vida”, “Liberdade” e “Segurança da Pessoa” foram incluídas, enquanto relatos sobre temas como direitos LGBTQI foram, em grande parte, omitidos. 

A porta-voz Tammy Bruce justificou as alterações afirmando que a intenção foi tornar o material mais legível e menos “politicamente tendencioso”, mas evitou responder sobre exclusões específicas.

Críticos, como o ex-funcionário do Departamento de Estado dos EUA, Josh Paul, afirmam que o resultado se aproxima mais de “propaganda” do que de um relatório democrático e isento.

As mudanças acontecem em meio à reestruturação do próprio Departamento de Estado, que incluiu a demissão de centenas de profissionais do Bureau de Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, setor historicamente responsável pela elaboração do relatório.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Para figuras influentes do governo, como o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, a prioridade agora é reorientar o documento para refletir os chamados “valores ocidentais”.

*Com informações da Reuters

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
DIPLOMACIA EM CENA

Trump e Putin não selam acordo sobre guerra na Ucrânia; Zelensky entrará nas negociações

16 de agosto de 2025 - 8:50

Enquanto Trump tenta mostrar força como negociador e Putin busca legitimar seus ganhos de guerra, Zelensky chega a Washington para não perder espaço na mesa de conversas

ORÁCULO DE OMAHA

Nem Apple, nem UnitedHealth: a maior posição da Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, é outra

15 de agosto de 2025 - 12:30

Documento regulatório divulgado na quinta-feira (14) mostrou as atualizações de carteira do megainvestidor e deu indícios sobre suas apostas

DE OLHO NA ILHA

Cidadania australiana para brasileiros: caminhos, desafios e as novas regras para viver legalmente no país

15 de agosto de 2025 - 8:16

Com taxas mais altas e regras mais duras, brasileiros precisam de estratégia para conquistar cidadania na Austrália

SEM TRÉGUA À VISTA

Trump volta a criticar Brasil e diz que país “tem sido um parceiro comercial horrível” para os EUA

14 de agosto de 2025 - 17:37

Presidente norte-americano também classificou o processo contra Jair Bolsonaro como “execução política” e defendeu tarifa de 50% sobre produtos brasileiros

MEMO DO HOWARD MARKS

‘Guru’ de Warren Buffett vê sinais preocupantes no S&P 500 e volta a questionar: há uma bolha na bolsa americana?

14 de agosto de 2025 - 16:31

Cofundador da Oaktree Capital analisa o otimismo em relação ao mercado de ações dos EUA e destaca porque é preciso ter cautela

GUERRA FRIA RELOADED

Poderia ser irônico se não fosse verdade: encontro entre Trump e Putin chama atenção pelo local

13 de agosto de 2025 - 19:35

Os dois líderes devem se reunir na sexta-feira (15) em uma tentativa de estabelecer um cessar-fogo na Ucrânia que leve ao fim da guerra, mas europeus não estão confiantes nos propósitos do presidente norte-americano

CORTOU NA RAIZ

Vitória de Milei: inflação da Argentina cai para o menor nível desde 2020 e se mantém abaixo de 2% pelo terceiro mês seguido

13 de agosto de 2025 - 18:37

Dado reflete a busca do governo argentino por estabilidade em meio a reformas profundas e acordo com o FMI

VAI RESOLVER NA JUSTIÇA

Powell vai parar nos tribunais? Se depender de Trump, sim. Aqui está o motivo

12 de agosto de 2025 - 13:35

O republicano disse nesta terça-feira (12) que está considerando permitir um grande processo contra o chefe do banco central norte-americano

PAREM A GUERRA!

Relógio de Trump faz “tic-taco” e China ganha mais tempo para negociar as tarifas com os EUA

11 de agosto de 2025 - 17:25

O decreto foi assinado pelo republicano poucas horas antes da meia-noite, quando a pausa nas tarifas deveria expirar

INTERNACIONAL

Quem era Miguel Uribe, o pré-candidato de oposição ao governo da Colômbia morto após ser baleado em comício

11 de agosto de 2025 - 10:37

Filho de uma família influente na política colombiana, Miguel Uribe buscava a indicação de seu partido para concorrer à presidência no ano que vem

SEM 'JEITINHO'

Green Card, vistos e cidadania americana: o que mudou após Donald Trump?

11 de agosto de 2025 - 8:16

Com cerco migratório como bandeira, Donald Trump mudou o jogo para quem quer obter vistos e cidadania nos EUA; saiba o que mudou, como se proteger e quais caminhos continuam abertos para morar e trabalhar legalmente no país

ENCONTRO MARCADO

Trump e Putin se preparam para negociar cessar-fogo na guerra da Ucrânia; republicano quer Zelensky na mesa, mas acordo preocupa Kiev

10 de agosto de 2025 - 18:22

O encontro vem na esteira do fim do prazo de Trump para que Putin concordasse com um cessar-fogo; entenda o que está em jogo agora

CORRIDA DA TECNOLOGIA

China pressiona EUA para aliviar controle sobre exportação de chips de IA em meio às negociações do tarifaço de Trump

10 de agosto de 2025 - 12:51

Essa não é a primeira vez que Pequim indica a exportação de chips como um ponto-chave para as negociações

GUERRA COMERCIAL

Um beco sem saída? Vice-secretário de Trump culpa Moraes pela crise entre EUA e Brasil

10 de agosto de 2025 - 9:55

Christopher Landau afirmou que o ministro destruiu a relação historicamente próxima do Brasil com os Estados Unidos

ALÔ, COMPANHEIRO

Putin liga para…Lula? Veja o que o presidente russo falou sobre guerra na Ucrânia em meio às pressões de Trump pelo fim do conflito

9 de agosto de 2025 - 16:22

Na conversa, que durou cerca de 40 minutos, os líderes russo e brasileiro também compartilharam informações sobre as negociações com os Estados Unidos

BRILHO TARIFADO

Ouro continua renovando recordes — e a culpa agora é do tarifaço de Trump

8 de agosto de 2025 - 15:07

Decisão da alfândega dos EUA surpreende mercado, atinge em cheio refinadores suíços e ameaça fluxo global do metal

OS HOMENS DO PRESIDENTE

Aposta no corte de juros nos EUA aumenta com novo indicado de Trump para diretoria; saiba quem é Stephen Miran

7 de agosto de 2025 - 18:09

Ele vai ocupar a vaga de Adriana Kugler, que renunciou ao cargo na semana passada, mas sua indicação ainda precisa do aval do Senado norte-americano

DE DISSIDÊNCIA À LIDERANÇA

Bastidores da Casa Branca apontam novo favorito para o lugar de Powell; entenda a disputa pela liderança do maior banco central do mundo

7 de agosto de 2025 - 16:31

Segundo matéria exclusiva da Bloomberg, Christopher Waller, crítico de Powell e defensor de cortes nos juros, ganha força entre aliados de Trump como possível sucessor na presidência do Fed

O DONO DA BOLA

Trump comemora entrada em vigor de tarifas: ‘Bilhões de dólares estão fluindo para os EUA’

7 de agosto de 2025 - 11:22

As chamadas “tarifas recíprocas” foram atualizadas à 1h01 desta quinta, pelo horário de Brasília; no total, são 94 países diretamente atingidos

CURRÍCULOS SOB ANÁLISE

Quem vai substituir Powell? Scott Bessent sai da disputa, mas Trump diz que tem outros nomes

5 de agosto de 2025 - 14:26

O presidente norte-americano voltou a colocar o Departamento de Estatísticas do Trabalho (BLS, na sigla em inglês) sob sua mira nesta terça-feira (5); confira o que ele disse dessa vez

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar