🔴 [NO AR] TOUROS E URSOS: QUEM FICOU EM BAIXA E QUAIS FORAM AS SURPRESAS DE 2025? – ASSISTA AGORA

Ricardo Gozzi

É jornalista e escritor. Passou quase 20 anos na editoria internacional da Agência Estado antes de se aventurar por outras paragens. Escreveu junto com Sócrates o livro 'Democracia Corintiana: a utopia em jogo'. Também é coautor da biografia de Kid Vinil.

SD ENTREVISTA

Nova Ordem Mundial à vista? Os possíveis desfechos da guerra comercial de Trump, do caos total à supremacia da China

Michael Every, estrategista global do Rabobank, falou ao Seu Dinheiro sobre as perspectivas em torno da guerra comercial de Donald Trump

Ricardo Gozzi
30 de abril de 2025
5:52 - atualizado às 8:41
Silhueta de Donald Trump pegando fogo com bandeira dos EUA no fundo.
Imagem: iStock

A guerra comercial deflagrada por Donald Trump contra o resto do mundo vai muito além de déficits e superávits. Trata-se de uma tentativa dos Estados Unidos de mudar as regras de um jogo ainda em andamento para não sofrer uma derrota definitiva.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A afirmação é de Michael Every, estrategista global do Rabobank.

“Os Estados Unidos decidiram claramente que, se não agirem agora, perderão o jogo”, disse ele em entrevista concedida ao Seu Dinheiro para fazer um balanço sobre os primeiros 100 dias do segundo governo Trump.

“Pode ser daqui a quatro, oito, 12 anos. Você traça a linha. Mas, do jeito que está, eles vão perder. Estão mudando as regras do jogo”, afirmou Every.

O jogo ao qual o estrategista do Rabobank se refere é a globalização.

Ao término da Segunda Guerra Mundial, os EUA emergiram como o único país no mundo com capacidade industrial para atender à demanda de seus aliados.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Com o passar das décadas, à medida que os salários aumentavam e a desigualdade social diminuía, os EUA se transformaram no maior mercado consumidor do mundo e suas indústrias começaram a transferir a produção para países onde a mão de obra era mais barata.

Leia Também

Isso levou ao estabelecimento das empresas multinacionais e ao desenvolvimento de uma cadeia global de suprimentos a partir da década de 1970.

Mais adiante, com o colapso da União Soviética e o fim da Guerra Fria, a impressão era de que a ordem liberal global havia obtido uma vitória incontornável e duradoura.

De produtores, os EUA passaram a ser o principal consumidor final do processo conhecido como globalização.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Pelas regras do jogo dessa nova ordem globalizada, os EUA suportariam déficits comerciais com parte considerável de seus parceiros.

Em troca, o uso disseminado do dólar nas transações e a demanda por Treasurys (títulos da dívida) garantiriam o financiamento da máquina norte-americana.

De quebra, permitiriam aos EUA imprimir dinheiro sem grandes preocupações com inflação interna ou endividamento.

Os efeitos colaterais da globalização

Entretanto, talvez estivesse fora do radar a possibilidade real de algum país emergir do processo de globalização com capacidade de desafiar a hegemonia norte-americana. Eis que surgiu a China para provar o contrário.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Simultaneamente, os norte-americanos passaram a conviver com os efeitos colaterais da globalização.

Do ponto de vista social, “isso cria uma enorme desigualdade entre vencedores e perdedores dentro dos Estados Unidos”, diz Every.

Nos âmbitos global e institucional, a polarização internacional entre exportadores (China) e importadores (EUA) enfraqueceu o poder industrial de Washington.

“Com o tempo, isso significa que os EUA não podem desenvolver as Forças Armadas de que precisam para estar em todos os lugares do mundo ao mesmo tempo para impedir uma combinação [entre países considerados inimigos]”, afirma.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Every vai além e atesta que praticamente “todos os países estão vivenciando, sem ofensa, o que no Ocidente chamamos de brasilianização”.

Brasilianização é um processo por meio do qual o encontro com o futuro é negado e a frustração torna-se parte integrante da realidade social. O termo apareceu pela primeira vez em um artigo do analista Alex Houcholi na revista American Affairs.

Trump tenta passar o trator

Em meio à ascensão chinesa e diante do risco de perder o jogo inventado por seus antecessores décadas atrás, Trump agora vê na guerra comercial a solução para os problemas imediatos.

Para governos e observadores ainda perplexos com a velocidade dos acontecimentos, o problema principal estaria não exatamente nos objetivos, mas na forma como o presidente norte-americano propõe o estabelecimento de um novo sistema.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“Quase todo mundo está moral ou pessoalmente ofendido com o que os Estados Unidos estão fazendo. Quase ninguém simpatiza com o que eles estão fazendo e muito poucos acreditam que o que estão fazendo seja realista”, afirma Every.

No entanto, o estrategista do Rabobank considera essa visão reducionista e diz que um olhar mais objetivo e distanciado indica que a postura do atual inquilino da Casa Branca é qualquer coisa, menos surpreendente.

“As táticas de antes são exatamente as mesmas agora”, diz Every, que já no início do primeiro mandato de Trump apontava em seus relatórios para o risco de colapso da ordem liberal como a conhecemos.

“A diferença é que Trump está oito anos mais velho, então ele entende que não tem tanto tempo de vida. Ele está em um segundo mandato e, apesar das discussões sobre isso, este é seu último mandato como presidente. Portanto, ele tem apenas três anos e meio para realizar uma quantidade incrível de trabalho.”

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Michael Every, estrategista global do Rabobank.

Há outros aspectos mais relevantes, no entanto.

No primeiro mandato, Trump enfrentava limitações que não existem hoje.

“Antes ele não estava apenas lutando contra a oposição, mas também contra seu próprio partido”, afirma Every.

Hoje, com os democratas enfraquecidos e o Partido Republicano coeso em torno de si, Trump tem liberdade para ser mais radical.

“Portanto, ele pode usar as mesmas táticas, mas pode ser mais radical porque não precisa diluí-las", diz.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Internamente, Trump aproveita o momento para confrontar as instituições. “Uma a uma, ele as está derrotando”, afirma o estrategista.

Fora das fronteiras norte-americanas, ele entende que os EUA exercem força gravitacional suficiente para bancar a guerra comercial.

Na avaliação de Every, para que Trump consiga atingir seus objetivos, uma transformação radical do mundo precisa ocorrer simultaneamente a uma transformação radical dentro dos Estados Unidos.

Mas o que Donald Trump quer, afinal?

“Donald Trump gostaria de ter uma zona de influência comercial sobre a maior parte possível do mundo, onde os EUA mantivessem um comércio equilibrado com seus parceiros, porque todas as tarifas foram eliminadas, todas as barreiras não tarifárias foram derrubadas e o governo exerce um papel relativamente pequeno, exceto em alguns setores onde é necessário para a segurança nacional. Além disso, a regulamentação é incrivelmente frouxa, e a tributação, incrivelmente baixa. Ao mesmo tempo, há controles rígidos sobre a migração e talvez também sobre a movimentação de tecnologia, por razões de segurança nacional”, responde Every.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A questão então passa a ser: o que esperar da guerra comercial?

“O ponto mais claro com o qual todos podemos concordar é que haverá mais volatilidade, muito mais volatilidade do que já vimos até agora, porque este é apenas o estágio inicial deste processo”, afirma o estrategista. 

No entanto, é impossível prever no momento qual será o resultado da guerra comercial.

Pode ser o caos que tantos antecipam. Pode ser que, depois de um forte solavanco inicial, os Estados Unidos se reindustrializem e saiam fortalecidos como Trump gostaria. Ou então que arrastem o mundo inteiro para uma crise sem precedentes.

Pode ser que a China acelere seu plano de desenvolver um mercado interno de 800 milhões de consumidores. Também pode ser que os países tentem se descolar dos EUA e se aliem em blocos múltiplos sob novas ou velhas regras.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Há muitas outras especulações possíveis. Não existe bola de cristal capaz de prever o desfecho.

“As possibilidades são infinitas”, afirma o estrategista global do Rabobank.

Every também avaliou as consequências da guerra comercial para o Brasil.

Esse trecho da entrevista pode ser conferido aqui.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
WALL STREET

Bolsas de NY fecham em alta na véspera de Natal; S&P 500 e Dow Jones renovam recordes

24 de dezembro de 2025 - 16:21

Um dos destaques foi a Nike, que avançou quase 5% depois que o CEO da Apple, Tim Cook, comprou 50 mil ações da fabricante de calçados

TRABALHO NOS EUA

Após taxa de US$ 100 mil, EUA mudam regras para obtenção de visto H-1B; entenda como vai funcionar

23 de dezembro de 2025 - 17:20

A medida reforça uma política de resistência progressiva da Casa Branca à imigração, e coloca no centro do controle do governo os trabalhadores especializados

TUDO O QUE RELUZ

Ouro em US$ 6 mil é possível: saiba até aonde o metal precioso pode chegar com os novos recordes e o que fazer agora 

23 de dezembro de 2025 - 15:05

O ouro voltou a renovar máximas nesta terça-feira (23), pelo segundo dia consecutivo, e foi seguido de perto pela prata, que superou os US$ 70 por onça

O QUE ESPERAR?

‘Gripe K’: O que sabemos sobre nova variante do vírus H3N2 que acaba de chegar ao Brasil

19 de dezembro de 2025 - 17:05

Nova variante mostrou-se predominante na ‘temporada de gripe’ do hemisfério norte, e chegou ao Brasil com 4 casos confirmados recentemente; entenda

AINDA MAIS RICO

Fusão bilionária faz fortuna de Trump crescer US$ 400 milhões em um único dia

19 de dezembro de 2025 - 14:06

Alta de mais de 36% nas ações da Trump Media após anúncio de fusão bilionária impulsionou o patrimônio estimado de Donald Trump

CÓDIGO DE TRÂNSITO DO CÉU

Como vão ser as regras de trânsito para os carros voadores da China — e que podem virar modelo para o Brasil e para o mundo

18 de dezembro de 2025 - 13:01

País lançou um sistema unificado para controlar voos de baixa altitude de carros voadores e eVTOL, criando um “código de trânsito do céu” antes da popularização da tecnologia

ROTAS DO NOEL

De trenó, de skate e até de helicóptero: como o Papai Noel se vira pelo mundo para entregar os presentes

18 de dezembro de 2025 - 10:59

Sem neve, sem renas e sem chaminés: os trajetos improváveis do Papai Noel ao redor do planeta

A DECISÃO QUE VALE UMA GRANA

Ganhar dinheiro com juros nos EUA, na Europa e até no México: as novas opções da B3 para quem quer investir de olho no exterior 

17 de dezembro de 2025 - 18:11

A controladora da bolsa brasileira lançou três opções com base em decisões de política monetária do Fed, do BCE e do Banxico; entenda como funcionam

BRASIL NA DISPUTA

Pré-indicados ao Oscar 2026: Brasil aparece em quatro categorias; confira os filmes da shortlist

17 de dezembro de 2025 - 12:29

Produções brasileiras aparecem em diferentes frentes na disputa pelo Oscar 2026; anúncio oficial dos indicados será apenas em janeiro

EM BUSCA DO MUNDO

Final do Intercontinental 2025: veja horário e onde assistir a Flamengo x PSG

17 de dezembro de 2025 - 11:44

Flamengo x PSG disputam a final da Copa Intercontinental 2025 no Catar, em duelo que vale título mundial e premiação milionária

RED FLAGS X GREEN FLAGS

Não uma, mas várias bolhas da IA: Deutsche Bank aponta os exageros e o que realmente pode dar errado a partir de agora

16 de dezembro de 2025 - 19:33

Além das bandeiras vermelhas e verdes ligadas às ações de empresas de inteligência artificial, o banco alemão também acende o sinal amarelo sobre o setor

CONTRAPESO

O dólar vai subir na Argentina? Banco Central anuncia mudança de regime cambial e programa de compra de reservas

15 de dezembro de 2025 - 19:26

A escassez contribuiu para uma corrida contra o peso em outubro, com investidores temendo que a Argentina ficasse sem dólares para sustentar as bandas cambiais

MUDANÇA DE CULTURA

Saída de Warren Buffett e dança das cadeiras representam o fim da Berkshire Hathaway como a conhecemos?

15 de dezembro de 2025 - 17:15

Movimentações no alto escalão da empresa de investimentos do Oráculo de Omaha indicam que a companhia está deixando para trás sua cultura descentralizada e migrando para uma estrutura mais tradicional

EM BUSCA DO CESSAR-FOGO

Vem aí acordo de paz entre Rússia e Ucrânia? Zelensky abre mão de ingressar na Otan com início das negociações em Berlim

14 de dezembro de 2025 - 17:22

O presidente ucraniano disse que, em conjunto com os europeus e os EUA, está analisando um plano de 20 pontos e que, ao final disso, há um cessar-fogo

NO TOPO DE 2025

Na corrida da IA, Kinea diz que só uma big tech é realmente magnífica e não é a Nvidia — ganho no ano beira 50%

12 de dezembro de 2025 - 15:03

Se a big tech que mais brilhou em 2025 até aqui teve um ganho acumulado de quase 50%, na contramão, a que foi ofuscada perdeu quase 7%

REVOLUÇÃO

CEO da Nvidia é eleito ‘Pessoa do Ano’ pelo Financial Times e diz se vai ter bolha da IA

12 de dezembro de 2025 - 13:21

A fabricante de chips se tornou a primeira empresa pública do mundo a atingir US$ 5 trilhões em valor de mercado; seus papéis acumulam valorização de 36% no ano em Nova York

VAI SUBIR OU CAIR

EUA tomam petroleiro na costa da Venezuela — o que pode acontecer com os preços de petróleo? 

11 de dezembro de 2025 - 15:33

As cotações operam em queda nesta quinta-feira (11), com os investidores concentrados nas negociações de paz entre Ucrânia e Rússia; entenda o que mexe com o mercado agora

O QUE FAZER AGORA?

Os juros caíram nos EUA: as janelas de oportunidade que se abrem para o investidor brasileiro 

10 de dezembro de 2025 - 18:01

Entenda por que a decisão do Fed desta quarta-feira (10) — que colocou a taxa na faixa entre 3,50% e 3,75% ao ano — importa, e como montar uma carteira de olho nos juros norte-americanos

O AFROUXAMENTO VEIO

A última do ano: Fed atende chamado do mercado e corta juros em 0,25 pp; a projeção para 2026 é de uma redução

10 de dezembro de 2025 - 16:10

No comunicado, o BC norte-americano indica que a incerteza sobre as perspectivas econômicas permanece elevada nos EUA e que os riscos negativos para o emprego aumentaram nos últimos meses

EM BUSCA DO HEXA

Copa do Mundo 2026: passagens para as cidades onde o Brasil joga já estão mais caras; confira os preços

10 de dezembro de 2025 - 11:23

Simulações do Google Flights mostram que as viagens para Nova York, Filadélfia e Miami ficaram mais caras após o sorteio da Copa do Mundo 2026

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar