Empresas chinesas não sabem o que fazer com a pilha de dinheiro que têm em caixa — e são seus acionistas que estão ganhando com isso
Com a crise econômica na China, Pequim vem estimulando uma mudança na política das empresas do país, que estão distribuindo dividendos recordes aos acionistas

A economia chinesa vive um período de crise desde o fim da pandemia e, com a volta de Donald Trump à Casa Branca, as tensões geopolíticas devem adicionar pressão a um cenário já delicado para o Gigante Asiático. Porém, por mais contraditório que pareça, essa situação pode impulsionar o mercado de ações do país — e já vem atraindo investidores.
As companhias chinesas tinham como tradição realocar o seu capital em projetos de expansão. Porém, em meio às incertezas econômicas, elas não estão sabendo onde colocar o dinheiro. Assim, em vez disso, elas têm optado por distribuir dividendos de peso.
No ano passado, empresas chinesas listadas pagaram um recorde de 2,4 trilhões de yuans (US$ 328 bilhões) em dividendos, de acordo com dados da Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China (CSRC).
Além disso, as empresas fizeram a recompra de 147,6 bilhões de yuans em ações — o que também representa um recorde histórico no país, sendo esta uma outra forma de dar retorno aos acionistas.
A CSRC estima que mais de 310 empresas tenham distribuído dividendos superiores a 340 bilhões de yuans entre dezembro de 2024 e janeiro deste ano. O montante representa um aumento de nove vezes no número de empresas que pagam proventos.
O rendimento de dividendos das ações chinesas também subiu para cerca de 3%, o nível mais alto em quase uma década, segundo dados do Goldman Sachs.
Leia Também
As empresas chinesas não devem parar por aí. O banco estima que a distribuição de dividendos das empresas chinesas pode atingir 3,5 trilhões de yuans este ano, alcançando um novo recorde.
O analista Herald Van Der Linde, do HSBC, também concorda com a avaliação. “Acho que eles [dividendos recordes] vão continuar. As empresas não sabem onde colocar seu dinheiro. Elas não recebem muito do banco, então devolvem aos acionistas. Esta é uma mudança muito grande de mentalidade”, disse ao veículo norte-americano CNBC.
Uma questão de prioridade
A mudança de estratégia das empresas chinesas não é apenas um movimento natural do mercado. O governo chinês vem pressionando as companhias para aumentar a distribuição de dividendos.
A medida é uma tentativa de reverter o cenário do mercado de ações local, que não tem vivido dias fáceis com a crise no país. Desde 2021, o índice de referência CSI 300, de Xangai, apresentou queda de mais de 27%. Já o S&P 500, índice de referência norte-americano, teve um aumento de 65% no mesmo período.
Desde o ano passado, o governo da China tornou o aumento dos retornos aos acionistas uma prioridade e vem oferecendo incentivos fiscais às companhias para promover pagamentos de dividendos e recompras de ações.
Em abril de 2024, os reguladores reforçaram os padrões de listagem de ações, reprimiram as vendas ilegais dos papéis e reforçaram a regulamentação dos pagamentos de dividendos.
Além disso, em outubro, o banco central da China lançou um programa de repasse direcionado de 300 bilhões de yuans para ajudar empresas listadas e grandes acionistas a recomprarem ações.
- E MAIS: Quais são as melhores ações internacionais para investir? Analista diz que “caso DeepSeek” abriu espaço para comprar bons ativos mais baratos
Quanto vale a paciência? Os dividendos respondem…
Na visão do diretor de investimentos da Julius Baer, Bhaskar Laxminarayan, a estratégia de Pequim em pressionar a distribuição de dividendos recordes é um “pagamento pela paciência” dos investidores que optam por permanecer no mercado de ações chinês.
“A maneira mais simples de ver isso é que você deve receber dividendos suficientes, ou alguma outra ação comum, para suportar a dor do fato de que a recuperação pode não acontecer”, disse o diretor à CNBC. “Se não, então não vale a pena”.
Vale lembrar que, mesmo com as medidas do governo chinês, o cenário econômico do país continua incerto, pressionado pela crise imobiliária, o aumento do endividamento corporativo e a baixa demanda doméstica.
Porém, na visão de Shaun Rein, diretor administrativo do China Market Research Group, a pressão por altos dividendos em meio à crise deve impulsionar as ações chinesas no curto prazo.
Isso porque, não há “nenhum outro lugar para os chineses guardarem seu dinheiro” além do ouro, afirmou o executivo à CNBC.
- VEJA MAIS: Brasil está na mira do tarifaço de Trump – confira os impactos dessa mudança nos seus investimentos
Dividendos de peso: A mudança cultural das empresas chinesas
As empresas estatais estão na linha de frente dessa mudança de cultura em relação ao pagamento de dividendos e às recompras de ações, segundo a Allianz Global Investors.
Entre as gigantes à frente da nova política, a PetroChina se destaca com um dividend yield (taxa de retorno de dividendos) de cerca de 8%. Além da petroleira, o CNOOC Group também chama atenção, com uma taxa de 7,54%.
Porém não são apenas as estatais que estão aderindo à tática. Empresas privadas também estão aumentando seus pagamentos de proventos.
A gigante do comércio eletrônico JD.com aprovou uma recompra de US$ 5 bilhões ao longo de três anos em setembro de 2024. Além disso, a taxa de retorno da empresa é de 1,9%.
No entanto, o dividend payout da China — que mede os dividendos distribuídos aos acionistas em relação ao lucro líquido da empresa — ainda fica atrás de algumas de suas concorrentes asiáticas.
A taxa da China ficou em 52,58% no final de janeiro deste ano, de acordo com dados da Reuters e LSEG.
Embora maior do que os 36,12% do Japão e os 27,6% da Coreia do Sul, o número ainda fica atrás de Cingapura, que ficou em 78,13%.
*Com informações da CNBC e da Reuters
Gerdau (GGBR4) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4) anunciam R$ 322 milhões em dividendos
Distribuição contempla ações ordinárias e ADRs; confira os detalhes
Salão de Xangai 2025: BYD, elétricos e a onda chinesa que pode transformar o mercado brasileiro
O mundo observa o que as marcas chinesas trazem de novidades, enquanto o Brasil espera novas marcas
Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente
Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.
S&P 500 é oportunidade: dois motivos para investir em ações americanas de grande capitalização, segundo o BofA
Donald Trump adicionou riscos à tese de investimento nos EUA, porém, o Bank Of America considera que as grandes empresas americanas são fortes para resistir e crescer, enquanto os títulos públicos devem ficar cada vez mais voláteis
Yudqs (YDUQ3) e Cogna (COGN3) vão distribuir R$ 270 milhões em dividendos; veja quem mais paga
A maior fatia dos proventos é da Yudqs, que pagará R$ 150 milhões em proventos adicionais no dia 8 de maio
Acabou para a China? A previsão que coloca a segunda maior economia do mundo em alerta
Xi Jinping resolveu adotar uma postura de esperar para ver os efeitos das trocas de tarifas lideradas pelos EUA, mas o risco dessa abordagem é real, segundo Gavekal Dragonomics
Bitcoin (BTC) rompe os US$ 95 mil e fundos de criptomoedas têm a melhor semana do ano — mas a tempestade pode não ter passado
Dados da CoinShares mostram que produtos de investimento em criptoativos registraram entradas de US$ 3,4 bilhões na última semana, mas o mercado chega à esta segunda-feira (28) pressionado pela volatilidade e à espera de novos dados econômicos
Huawei planeja lançar novo processador de inteligência artificial para bater de frente com Nvidia (NVDC34)
Segundo o Wall Street Journal, a Huawei vai começar os testes do seu processador de inteligência artificial mais potente, o Ascend 910D, para substituir produtos de ponta da Nvidia no mercado chinês
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Agenda econômica: Balanços, PIB, inflação e emprego estão no radar em semana cheia no Brasil e no exterior
Semana traz IGP-M, payroll, PIB norte-americano e Zona do Euro, além dos últimos balanços antes das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos de maio
Agenda intensa: semana tem balanços de gigantes, indicadores quentes e feriado
Agenda da semana tem Gerdau, Santander e outras gigantes abrindo temporada de balanços e dados do IGP-M no Brasil e do PIB nos EUA
Sem alarde: Discretamente, China isenta tarifas de certos tipos de chips feitos nos EUA
China isentou tarifas de alguns semicondutores produzidos pela indústria norte-americana para tentar proteger suas empresas de tecnologia.
Engie (EGIE3) distribui mais R$ 715 milhões em dividendos e total pago no ano chega a R$ 1,8 bilhão; confira os prazos
O montante anunciado agora se junta aos R$ 1,2 bilhão previamente anunciados pela companhia de energia em 2024
A marca dos US$ 100 mil voltou ao radar: bitcoin (BTC) acumula alta de mais de 10% nos últimos sete dias
Trégua momentânea na guerra comercial entre Estados Unidos e China, somada a dados positivos no setor de tecnologia, ajuda criptomoedas a recuperarem parte das perdas, mas analistas ainda recomendam cautela
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
E agora, Trump? A cutucada da China que pode reacender a guerra comercial
Em meio à sinalização do presidente norte-americano de que uma trégua está próxima, é Pequim que estica as cordas do conflito tarifário dessa vez
Copel (CPLE6) vai distribuir R$ 1,25 bilhão em dividendos; confira quando essa bolada vai pingar na conta e quem mais paga
A maior fatia dos proventos é da Copel, referentes a proventos adicionais, enquanto a Magazine Luiza distribui proventos referentes ao lucro de 2024
Dividendos extraordinários estão fora do horizonte da Petrobras (PETR4) com resultados de 2025, diz Bradesco BBI
Preço-alvo da ação da petroleira foi reduzido nas estimativas do banco, mas recomendação de compra foi mantida
Fim da linha para o dólar? Moeda ainda tem muito a cair, diz economista-chefe do Goldman Sachs
Desvalorização pode vir da relutância dos investidores em se exporem a investimentos dos EUA diante da guerra comercial com a China e das incertezas tarifárias, segundo Jan Hatzius
CCR agora é Motiva (MOTV3): empresa troca de nome e de ticker na bolsa e anuncia pagamento de R$ 320 milhões em dividendos
Novo código e nome passam a valer na B3 a partir de 2 de maio