Bolsas na Europa celebram chance de encontro entre Putin e Zelensky, mas há muito em jogo — inclusive para Trump
Os principais mercados europeus fecharam esta terça-feira (19) com ganhos — a exceção do setor de defesa, que recuou — mas pode ser cedo demais para comemorar qualquer avanço na direção do fim do conflito entre Rússia e Ucrânia
Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, podem estar prestes a se sentarem cara a cara pela primeira vez desde 2019 — e o mercado já responde positivamente à chance de a guerra no leste europeu chegar ao fim.
As principais bolsas do velho continente terminaram esta terça-feira (19) com ganhos, enquanto o setor de defesa recuou, repercutindo o encontro da véspera entre o presidente norte-americano, Donald Trump, e o homólogo ucraniano.
Nas conversas na Casa Branca na segunda-feira (18), Trump ofereceu ajuda e garantias de segurança à Ucrânia para evitar que a Rússia retome a guerra no futuro.
Essa sinalização, junto com a notícia de que o republicano iniciou os preparativos para um encontro entre Zelensky e Putin e, posteriormente, uma reunião trilateral na qual Trump se juntaria aos dois líderes, embalou as negociações nos mercados europeus.
O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou o dia com alta de 0,69%, enquanto Londres, Frankfurt e Paris avançaram 0,34%, 0,50% e 1,21%, respectivamente.
A possibilidade de paz entre russos e ucranianos, no entanto, pesou nas ações de empresas europeias do setor de defesa. A alemã Renk caiu 6,67%, a italiana Leonardo teve queda de 10,16%, a espanhola Indra recuou 4,31% e a sueca Saab teve queda de 7,02%.
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Trump: “cada um precisa fazer a sua parte”
Ainda que esteja articulando o fim da guerra entre Rússia e Ucrânia, Trump não deixou de dar seu recado. Em entrevista para a Fox News na manhã desta terça-feira (19), o presidente norte-americano disse que espera que Zelensky “faça o que tiver que fazer”, mas enfatizou que o líder ucraniano precisa ser “flexível” nas negociações.
O republicano também demonstrou ter os pés no chão sobre a situação ao deixar claro que Zelensky e Putin não serão “melhores amigos”, mas observou que os dois líderes estão “se dando um pouco melhor do que o esperado” e que são eles que “precisam dar as ordens”.
Ainda assim, o encontro o russo e ucraniano é incerto uma vez que o Kremlin ainda não confirmou se Putin concorda negociar diretamente com Zelensky.
Na segunda-feira (18), o assessor presidencial russo, Yuri Ushakov, afirmou que Trump e Putin haviam discutido “que seria necessário estudar a possibilidade de elevar o nível de representantes dos dois lados”, mas indicou que nenhuma decisão havia sido tomada.
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A maior missão de Trump: colocar Putin e Zelensky frente a frente
Reunir Putin e Zelensky em uma mesma sala não é uma tarefa fácil — a quem diga que será o maior desafio diplomático de Trump. Costurar um cessar-fogo e uma paz duradoura que impeça a Rússia de invadir a Ucrânia novamente tampouco.
Sobre a mesa de negociações estarão questões cruciais como uma força capaz de proteger a Ucrânia em longo prazo e garantias de segurança da Europa e dos EUA que Zelensky deseja que Putin aceite.
Além disso, ainda que o russo apoie um acordo, haverá ceticismo generalizado sobre se ele honrará as promessas, uma vez que a Rússia já descumpriu alguns compromissos relacionados à invasão da Ucrânia.
Embora os ataques aos territórios não tenham cessado, Trump disse ontem (18) que as garantias de segurança para a Ucrânia seriam fornecidas pelos países europeus em conjunto os Estados Unidos.
O pacote de garantias é um ponto-chave para Kiev, que avalia a iniciativa como uma forma de impedir futuras agressões russas. Após o encontro, Zelensky classificou a declaração de Trump como um “grande passo à frente”.
O presidente ucraniano afirmou ainda que o pacote de garantias incluirá a compra massiva de armas norte-americanas, com financiamento apoiado pela Europa. Ainda segundo Zelensky, o acordo seria “formalizado dentro de uma semana a 10 dias”, afirmou.
Já Trump comentou em uma coletiva de imprensa após as negociações que os países europeus “assumiriam grande parte do ônus” pelo pacote de garantias, mas os Estados Unidos ajudariam e tornariam o processo “muito seguro”.
Nesta terça-feira (19), o presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que a “primeira garantia de segurança — e a mais importante — é um forte exército ucraniano, composto por centenas de milhares de homens, bem equipado, com sistemas de defesa e padrões mais elevados”.
“A segunda é ter forças de segurança, britânicas, francesas, alemãs, turcas e entre outras, prontas para realizar essas operações — não na linha de frente, não de forma provocativa, mas operações de segurança no ar, no mar e em terra. O objetivo é enviar um sinal estratégico: a paz na Ucrânia também é nossa preocupação”, disse ele à emissora francesa TF1-LCI.
Zelensky tem exigências e Putin também
Apesar do pacote de garantias de segurança à Ucrânia envolver a Europa e os Estados Unidos, entrar para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) parece fora de cogitação — e essa é uma demanda antiga de Putin, que não quer os ucranianos como membros da aliança.
O primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, enfatizou sua objeção à adesão da Ucrânia em uma publicação no X (antigo Twitter):
“Quando, desde o início da guerra, rejeitei a adesão da Ucrânia à Otan como um pré-requisito fundamental para o fim do conflito, fui publicamente crucificado. Hoje, o fato de a Ucrânia não fazer parte da Otan já é dado como certo”, disse.
Trump já declarou que o país não se juntaria à Otan e que a Rússia exigiu que esse compromisso seja reiterado e ratificado.
Além disso, o Kremlin quer o controle total sobre o Donbass, o que implicaria em Kiev abrir mão do território que ainda detém nas regiões de Donetsk e Luhansk. Em troca, a Rússia congelaria as linhas de frente em Zaporizhzhia e Kherson.
Putin também reivindica o reconhecimento da Crimeia como parte do território russo, que foi anexada ilegalmente em 2014.
Suíça na jogada
Ainda não há um lugar definido para o possível encontro entre Putin e Zelensky, segundo Trump, embora a Suíça esteja sendo cotada para sediar a reunião.
Além de receber apoio do presidente francês, a Suíça tem buscado ser palco das negociações para reforçar sua relevância em meio aos profundos cortes financeiros nas agências da Organização das Nações Unidas (ONU) sediadas na região.
Mas o interesse suíço vai além: conseguir a redução da tarifa de 39% imposta pelos EUA ao se juntar a Trump para contribuir com o fim da guerra entre Rússia e Ucrânia — uma prioridade da política externa do republicano.
Em meio às preparações para a possível reunião entre Zelensky e Putin, o governo suíço chegou a afirmar que o líder russo ganharia imunidade para entrar no país, desde que a viagem fosse realizada com o intuito de negociar a paz, e não por motivos pessoais.
Vale lembrar que o Tribunal Penal de Haia expediu um mandado de prisão contra Putin em 2023 por crimes de guerra após ele deportar centenas de crianças da Ucrânia.
Apesar das concessões propostas, Putin estaria relutante em realizar a reunião na Europa Ocidental após a Suíça ter aderido às sanções da União Europeia (UE).
*Com informações da Reuters, CNBC, BBC News.
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