🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 2T25 VAI COMEÇAR: ACOMPANHE A COBERTURA COMPLETA

Monique Lima

Monique Lima

Repórter de finanças pessoais e investimentos no Seu Dinheiro. Formada em Jornalismo, também escreve sobre mercados, economia e negócios. Já passou por redações de VOCÊ S/A, Forbes e InfoMoney.

A ALTA VEIO

Copom aumenta os juros em 0,25 p.p. e Selic chega a 15% ao ano — e deve parar por aí mesmo

Embora o Copom tenha sinalizado que o período de hiato será indefinido, o debate sobre o corte de juros já está na mesa, e precificado nos juros futuros

Monique Lima
Monique Lima
18 de junho de 2025
18:38 - atualizado às 19:40
Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central Copom Selic - juros
Imagem: Montagem Canva Pro/ Seu Dinheiro

Acertou quem esperava por mais um aumento na taxa básica de juros. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu por mais uma elevação na taxa Selic, de 0,25 ponto percentual, que colocou os juros em 15% ao ano

A decisão desta quarta-feira (18) foi unânime, segundo o comunicado, e foi a sétima alta promovida pela autarquia neste ciclo, que começou em setembro do ano passado. 

Em oito meses, o Copom aumentou o nível da Selic em 4,50 p.p., elevando os juros de 10,50% a 15% ao ano. Com isso, a taxa básica chegou ao nível mais alto desde julho de 2006, quando estava em um ciclo de queda após ter atingido 19,75% em maio de 2005. 

A boa notícia é que não devemos ver o ciclo atual de alta terminar com a Selic em 19,75% ao ano, em contraponto ao que aconteceu há duas décadas.

No comunicado da decisão de hoje, os membros do Copom sinalizaram que este deve ser o último aumento do ciclo atual, e que a taxa deve se manter estável por tempo indefinido daqui para a frente. 

“Em se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, diz o comunicado. 

Leia Também

Porém, também afirma que os próximos passos da política monetária poderão ser ajustados e que não "hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado".

Copom avalia riscos para a inflação

Os riscos para a inflação, tanto de alta quanto de baixa, seguem mais elevados do que o usual, na avaliação do Copom.

O comitê do BC destaca que as expectativas para 2025 e 2026, apuradas pela pesquisa Focus, permanecem em valores acima da meta anual de 3%, situando-se em 5,2% e 4,5%, respectivamente. Mas não só, a projeção do próprio Copom para o próximo ano está bastante desalinhada da do mercado, em 3,6% no cenário de referência.

Essa desancoragem das projeções é um dos cenários de risco de alta dos preços na avaliação da autarquia.

Uma inflação de serviços maior do que o esperado e o conjunto de políticas econômicas, no Brasil e no mundo, que tenham um impacto nos preços maior que o esperado, por meio do dólar, por exemplo, também são sinalizadas no comunicado.

"O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Para assegurar a convergência da inflação à meta, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado", diz o texto divulgado hoje.

Mas os membros do comitê também apontam situações que podem ajudar na queda da inflação.

  • Desaceleração mais acentuada do que a projetada na atividade econômica, com impactos sobre o cenário de inflação;
  • Desaceleração global mais pronunciada, decorrente do choque de comércio e de um cenário de maior incerteza; e
  • Redução nos preços das commodities com efeitos desinflacionários.

Giro no foco: quando começam os cortes? 

A decisão do Copom pode ter sido unânime entre os diretores do BC, mas não era unanimidade entre os agentes de mercado. 

Há pouco mais de 40 dias, o comitê do Banco Central aumentou a Selic em 0,50 p.p., para os 14,75% ao ano anteriores. Após esse aumento, a maior parte das projeções de mercado estabeleceu que o juro básico terminaria o ano nesse patamar de 14,75%. 

Tanto que a edição mais recente do boletim Focus mantém essa projeção de Selic para o fim de 2025 — mas muitos bancos, corretoras e casas de análise mudaram suas projeções para 15%

Os motivos são diversos. Há quem argumente pela crise do IOF, pela resiliência da atividade econômica, pela projeção da inflação futura ainda muito alta no horizonte de três anos. O ponto é que o mercado ficou dividido, e pelo menos para metade dos economistas, gestores e analistas, esta alta de 0,25 p.p. pode ter sido inesperada

Embora o Copom tenha sinalizado que o período de hiato com a Selic em 15% ao ano será indefinido, o debate sobre o corte de juros já está na mesa — e precificado nos juros futuros. 

A maior parte das projeções considera um corte entre o primeiro e segundo trimestre de 2026, principalmente por causa da pressão política pelas eleições presidenciais no próximo ano. 

O ex-diretor do Banco Central e diretor de macroeconomia do ASA, Fabio Kanczuk, vê essa queda chegando mais cedo, entre novembro e dezembro deste ano, em linha com uma diminuição nas taxas pelo banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve. 

Kanczuk acredita que se abrirá uma janela de oportunidade para o Brasil diminuir os seus juros acompanhando um movimento global, com o argumento de melhora na atratividade dos investimentos locais e possível valorização do câmbio. Saiba mais nesta matéria.

Com a possibilidade de recessão no país da América do Norte fora do horizonte dos economistas, o ex-BC não vê muita chance de o Fed postergar um primeiro corte até o próximo ano. 

Nesta Super Quarta, o Fed optou pela manutenção dos juros nos EUA na faixa dos 4,25% a 4,50% ao ano, reconhecendo que as incertezas em relação às tarifas de importação diminuíram, mas que as perspectivas econômicas permanecem nubladas. 

Claudio Pires, sócio-diretor da MAG Investimentos, avalia que o comunicado de hoje da autoridade norte-americana deixa claro que esse corte de juros pode vir: “em resumo, a mediana de projeções atualizada indica espaço para dois cortes de juros em 2025 e somente um corte em 2026 e 2027".

Como ficam os investimentos com a Selic em 15%?  

Juros mais altos são sinônimo de maiores retornos com a renda fixa, desde os títulos públicos, até os de emissão bancária e de dívida de empresas. 

No que diz respeito às taxas de retorno da renda fixa, Camilla Dolle, head de renda fixa da XP, afirma que os títulos IPCA+ seguem sendo a preferência da casa, uma vez que a inflação permanece acima da meta e os prêmios oferecidos continuam em patamares superiores à média histórica. 

Os investimentos pós-fixados, como os do Tesouro Selic e de CDBs, principalmente, também são indicados por Dolle, porque devem se beneficiar deste juro alto até que se inicie o ciclo de cortes. 

Nos dois casos indicados, a recomendação da XP é que se adote a estratégia de carregar os investimentos até o vencimento, para que se garanta o retorno total oferecido pelo papel. 

A estratégia de ganho de capital em cima da marcação no preço do título não é a melhor estratégia neste momento, segundo a head da XP. 

Uma opinião compartilhada por Marcelo Bolzan, sócio da The Hill Capital: "conseguir comprar título público com esse patamar de taxa é incrível", diz. Ele acredita que os ativos brasileiros de renda fixa vão surfar esse bom momento por um longo período, e também atrair investidores estrangeiros.

Para ações, fundos imobiliários e fundos de investimento de renda variável, o cenário segue desfavorável. 

Jonatas Pires, especialista em alocação de carteiras na WIT Invest, vê pouco rescaldo positivo para as empresas brasileiras listadas em bolsa. 

Ele acredita que o setor bancário pode ser preterido pelos investidores, pela resiliência e algum ganho com o juro mais alto, enquanto varejo e consumo podem devolver um pouco dos ganhos recentes, com o cenário ficando mais apertado para crédito. 

Outra expectativa é de que o real se fortaleça em relação ao dólar, devido ao diferencial de juros que favorece a possibilidade de ganho com a moeda brasileira. Porém, com o cenário geopolítico tenso com o conflito entre Israel e Irã, esse ganho no câmbio pode não se concretizar. 

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
COM A PALAVRA, O MINISTRO

Sem negociações entre Brasil e EUA? Haddad já alerta para risco do silêncio de Trump sobre tarifas de 50%

21 de julho de 2025 - 11:14

O ministro da Fazenda também opinou sobre a justificativa política para a taxa de 50% contra os produtos brasileiros importados pelos EUA

ANOTE NO CALENDÁRIO

Agenda econômica: começa a temporada de balanços 2T25; inflação, juros e big techs também devem agitar o mercado

21 de julho de 2025 - 7:31

Balanços começam a ditar o ritmo do mercado, mas IPCA-15, Fed, decisão de juros na Europa e uma bateria de indicadores completam a agenda dos próximos dias; confira o que esperar desta semana

BOMBOU NO SD

Banco do Brasil (BBAS3) em dobro, Bitcoin (BTC) e Petrobras (PETR4) como distribuidora: confira as notícias mais lidas da semana

20 de julho de 2025 - 13:04

Banco estatal está sob os holofotes e emplacou duas matérias nas mais lidas da semana, ao lado das criptomoedas, que tiveram uma semana importante

R$ 1 TRI DE OLHO NO ESG

Como os fundos de pensão brasileiros estão lidando com a pauta sustentável — e por que isso mexe com o seu bolso

20 de julho de 2025 - 7:03

Grandes entidades já incorporam critérios ESG nas decisões de investimento, mas o setor enfrenta desafios de métricas, dados confiáveis e disseminação entre as entidades menores

IMBRÓGLIO TRIBUTÁRIO

Alexandre de Moraes barra cobrança retroativa de IOF após suspensão de decreto; entenda a decisão

18 de julho de 2025 - 18:11

O governo quis subir as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) por decreto. O Congresso reagiu, o Supremo Tribunal Federal (STF) entrou no meio. E, no fim das contas, a última palavra foi do ministro Alexandre de Moraes. Ele confirmou nesta sexta-feira (18) que o IOF não pode ser cobrado pela Receita Federal durante […]

FORA DE SINCRONIA

Juro alto não é suficiente — Brasil precisa é de um grande e permanente ajuste fiscal estrutural, diz Goldman Sachs 

18 de julho de 2025 - 16:39

Banco norte-americano avalia que a economia brasileira requer um ajuste fiscal permanente para evitar desequilíbrios domésticos e externos

LOTERIAS

Quem afugentou a sorte? Mega-Sena acumula outra vez e prêmio sobe para R$ 25 milhões; Lotofácil e Quina também emperram

18 de julho de 2025 - 8:47

Vários apostadores estiveram por um triz de levar para casa os prêmios polpudos nas três principais loterias da Caixa; veja as dezenas sorteadas

AVENUE CONNECTION

“Se o Brasil tivesse a educação média de um americano e todo o capital deles, a gente ainda seria metade dos EUA”, diz o economista Marcos Lisboa 

17 de julho de 2025 - 19:47

Em participação no evento Avenue Connection, o ex-secretário da Fazenda falou sobre as dificuldades de crescimento por aqui e quais são os problemas que travam o país

CÂMBIO

Dólar poderia chegar a R$ 4,30, mas Brasil precisa colaborar — Trump está fazendo quase todo o trabalho até agora, aponta UBS

17 de julho de 2025 - 14:00

De acordo com um relatório do UBS, o real tem ganhado força contra o dólar, mas as coisas poderiam estar melhores se o cenário de risco fiscal doméstico se dissipasse

HAJA SORTE!

Apostador sortudo embolsa quase R$ 10 milhões sozinho na Quina; Lotofácil tem 4 vencedores, mas ninguém ficou milionário com a loteria

17 de julho de 2025 - 9:08

Após diversos sorteios acumulando, a Quina finalmente pagou quase R$ 10 milhões ao único vencedor do concurso 6775. Veja as dezenas sorteadas

VOLTOU A VALER

Aumento do IOF volta a valer com decisão de Alexandre de Moraes, mas exclui risco sacado da cobrança; entenda os efeitos

16 de julho de 2025 - 19:35

O decreto havia sido suspenso após votação do Congresso Nacional para derrubar a alteração feita pelo presidente Lula

IMPACTO NO BOLSO

De olho na conta de luz: Aneel aprova orçamento bilionário da CDE para 2025 com alta de 32% — e cria novo encargo

16 de julho de 2025 - 13:14

Novo orçamento da agência regula impacto de R$ 49,2 bilhões no setor elétrico — quase tudo será pago pelos consumidores

VEJA PONTO A PONTO

Governo Trump apela até para a Rua 25 de março e o Pix na investigação contra o Brasil. Aqui estão as seis acusações dos EUA

16 de julho de 2025 - 10:54

O governo norte-americano anunciou, na noite da última terça-feira (15), investigações contra supostas práticas desleais do comércio brasileiro. Veja as seis alegações

LOTERIAS

Ganhador da Mega-Sena fatura prêmio de mais de R$ 45 milhões com aposta simples; Lotofácil também faz um novo milionário

16 de julho de 2025 - 8:45

Em uma verdadeira tacada de sorte, o ganhador foi o único a cravar todas as dezenas do concurso 2888 da Mega-Sena; confira os resultados das principais loterias da Caixa

POLÍTICA MONETÁRIA

Copom vai cortar juros ainda em 2025 para seguir o Fed, mas não vai conseguir controlar a inflação, diz Fabio Kanczuk, do ASA

15 de julho de 2025 - 17:53

O afrouxamento monetário deve começar devagar, em 25 pontos-base, mesmo diante da possível tarifação dos EUA

GUERRA COMERCIAL

Lula tira do papel a Lei da Reciprocidade para enfrentar Trump, mas ainda aposta na diplomacia

15 de julho de 2025 - 14:08

Medida abre caminho para retaliação comercial, mas o governo brasileiro segue evitando o confronto direto com os Estados Unidos

AGENDA DE RESULTADOS

Temporada de balanços 2T25: Confira as datas e horários das divulgações e das teleconferências

15 de julho de 2025 - 7:00

A temporada de balanços do 2T25 começa ainda em julho e promete mostrar quem realmente entregou resultado entre as principais empresas da B3

O QUE ESPERAR AGORA

Tarifas de Trump jogam balde de água fria nas expectativas para a economia brasileira; confira os impactos da guerra tarifária no país, segundo o Itaú BBA

14 de julho de 2025 - 11:51

O banco ressalta que o impacto final é incerto e que ainda há fatores que podem impulsionar a atividade econômica do país

ANOTE NO CALENDÁRIO

Agenda econômica: Inflação, Livro Bege, G20 e PIB chinês; confira os indicadores mais importantes da semana

14 de julho de 2025 - 7:03

Com o mercado ainda digerindo as tarifas de Trump, dados econômicos movimentam a agenda local e internacional

ANÁLISE

É improvável que tarifa de 50% dos EUA às importações brasileiras se torne permanente, diz UBS WM

13 de julho de 2025 - 17:03

Para estrategistas do banco, é difícil justificar taxação anunciada por Trump, mas impacto na economia brasileira deve ser limitado

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar