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Renan Sousa

Renan Sousa

É repórter do Seu Dinheiro. Formado em jornalismo na Universidade de São Paulo (ECA-USP) e já passou pela Editora Globo e SpaceMoney.

EL PELUCA

Seis meses de Javier Milei: como está a Argentina hoje para o investidor — e para o viajante — após novo presidente assumir? 

Desde que assumiu, Milei colecionou algumas vitórias e derrotas no seu primeiro semestre de gestão; conheça algumas delas e saiba se a Argentina ainda é um destino turístico atrativo, do ponto de vista financeiro

Renan Sousa
Renan Sousa
22 de maio de 2024
6:20 - atualizado às 7:40
O novo presidente da Argentina, Javier Milei, acena de uma sacada para uma multidão após tomar posse
Javier Milei, presidente da Argentina - Imagem: Casa Rosada

No dia 10 de dezembro de 2023, o ultraliberal Javier Milei tomou posse como o presidente da Argentina. Seu discurso radical contra la casta — como ele se refere a políticos tradicionais — saiu vencedor de um debate profundamente polarizado à época. 

Desde então, seis meses se passaram, com Milei colecionando algumas vitórias e derrotas neste seu primeiro semestre de gestão.

Como primeiro decreto, o novo presidente promoveu uma maxidesvalorização do peso argentino, o que chegou a mexer com os balanços de empresas brasileiras que atuam no país. 

Seu projeto de linha ultraliberal chamado Ley de Bases, ou, como ficou conhecido, a Ley Ómnibus, também foi aprovado pela Câmara do país e seguiu para aprovação dos senadores

As primeiras medidas do presidente foram consideradas positivas pelo mercado, garantindo quatro meses seguidos de superávit primário, além de um controle dos preços.

Esse saneamento das contas públicas também fez com que o Fundo Monetário Internacional (FMI), instituição da qual a Argentina é a principal devedora, ajustasse os termos de negociação da dívida e liberasse uma linha de crédito de US$ 1 bilhão

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Os reflexos sociais das mudanças econômicas na Argentina

Se o mercado vem aprovando o governo de Javier Milei, o efeito social de suas medidas ligou uma luz amarela na gestão que, desde o começo de maio, vem reduzindo o ritmo da “motosserra” — símbolo de cortes de gastos públicos durante sua campanha para presidente. 

Segundo dados oficiais do governo, a população em situação de pobreza na Argentina chegou a 12,3 milhões de pessoas, o que representa 41,7% da população.

Os números, porém, estão aquém de estimativas de outras agências locais, que estimam que o dado possa ser da ordem de 50% da população.

Apesar disso, o país registrou uma taxa de desemprego de 5,4% no quarto trimestre de 2023, uma queda em relação ao índice de 6,7% registrado no mesmo período do ano anterior.

Esses números conflitantes, somados à estabilização da inflação, fazem com que a popularidade de Milei junto à população seja alta: entre 47% a 51% dos argentinos veem como positiva a imagem do presidente, enquanto a desaprovação registra percentuais similares.

Confira alguns números da Argentina desde o começo deste ano: 

IndicadorVar (%) 2024Var (%) Últimos 12 Meses
Taxa de Câmbio dólar para peso argentino (oficial)+2,02% em 2024+254,28% nos últimos 12 meses
Taxa de Câmbio dólar para peso argentino (paralelo)*+6,34% em 2024+121,5% nos últimos 12 meses
Taxa de Câmbio real brasileiro para peso argentino (oficial)+3,61% em 2024+270,05% nos últimos 12 meses
Merval (principal índice da bolsa argentina) +45,32% (em dólar) e +60% (em pesos)**+98,88% (em dólar) e +350,33% (em pesos)**
Taxa de Inflação (%)65,0% até abril289,40% até abril
Contas públicasSuperávit de 265 bilhões de pesos argentinos (US$ 304,643 bilhões) em abril, o que representa superávit primário de cerca de 0,7% do PIB***O resultado de abril foi explicado por um forte ajuste nas despesas, já que a receita total aumentou 263,9% na comparação anual, caindo 6,5% na mesma base de comparação em termos reais. Já as despesas primárias aumentaram 197,0%, diminuindo 23,7% em termos reais no mesmo período***
*Cotação dólar Blue, colhida do Ámbito Financeiro no dia 20/05/2024.
** Coletados no portal Estadísticas BCRA no dia 20/05/2024.
*** Dados divulgados antecipadamente pelo Ministério da Economia.

Problemas diplomáticos de Milei

O novo presidente se elegeu com um discurso de outsider, ainda que ele tenha ocupado o cargo de deputado desde 2021. 

Suas falas duras atacando o “socialismo” e outras correntes ideológicas pode animar as bases, mas também rendeu algumas dores de cabeça com a diplomacia internacional. Foi o caso do ataque ao presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, ao qual Milei, durante sua campanha, chamou de “corrupto” e “comunista” e disse que não se reuniria com ele caso fosse eleito.

No mês passado, a Colômbia expulsou os diplomatas argentinos do país após Milei atacar o presidente, Gustavo Petro. À época, Petro foi chamado de “terrorista”, “assassino” e “comunista”. 

Tanto Brasil quanto Colômbia são importantes parceiros comerciais da Argentina. 

Na mais nova crise diplomática, Milei acusou a esposa do primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, de ser “corrupta”. As falas foram condenadas por representantes da União Europeia, e o país também expulsou diplomatas argentinos de seu território. 

Os desafios de Javier Milei agora

Ainda que Milei tenha conseguido aprovar suas propostas, a desidratação do pacote ultraliberal ficou evidente.

Das mais de 600 propostas, sobraram 232 artigos, sendo 112 deles relativos a medidas fiscais. O governo precisou fazer uma série de concessões para que o texto fosse melhor recebido pelos parlamentares, e Milei já afirmou que deve se valer de decretos para tentar aprovar outras medidas de cunho liberal. 

Entre as propostas que ficaram de fora da Ley Ómnibus, a privatização da YPF (petroleira estatal da Argentina) foi retirada em uma tentativa de fazer o plano ser aprovado com mais facilidade.

Também ficou de fora a privatização parcial do Banco Nación, uma das “joias da coroa” entre as empresas argentinas. No entanto, permaneceram nomes como Aerolíneas Argentinas e Yacimientos Carboníferos Río Turbio. 

Como o texto ainda deve ser debatido entre os parlamentares, é possível que novas empresas fiquem de fora do pacote.

Ainda vale a pena viajar para a Argentina?

O país virou o destino preferido dos viajantes brasileiros em 2023. A boa gastronomia e vinhos atraíram o público — juntamente com a relativa força do real frente ao peso argentino naquele ano. 

Porém, a inflação acumulada de mais de 280% em 12 meses não compensou a valorização de aproximadamente 270% do real frente ao peso no mesmo período. Como se não bastasse, o fim do programa governamental "Tesouros Argentinos", que se encerrou em 2023, também poderia desanimar os viajantes em 2024. 

Criado naquele mesmo ano, o Tesouros Argentinos foi um projeto do Instituto Nacional de Promoção Turística do país e consistia em oferecer aos turistas estrangeiros uma espécie de cartão presente. Com ele, era possível trocar pontos por descontos em restaurantes e outros pontos turísticos. 

Argentina 2024: um bom destino? 

Para a diretora da agência de viagens Aguiar Buenos Aires, Brunna Brok, o fluxo de turistas para Argentina ainda é grande — e isso não deve mudar para a temporada de 2024. Ela mesma mora na Argentina há mais de 13 anos. 

“Apesar do aumento dos preços, o momento ainda é muito bom para o turista brasileiro no país”, afirma Brok, que não viu mudanças no comportamento dos turistas em relação ao ano passado, mesmo com o fim do programa Tesouros Argentinos. 

“Não sabemos se o novo governo planeja estimular o turismo brasileiro com ações parecidas”, comenta ela. Contudo, para esse inverno, como nos anos anteriores, a expectativa é de muitos turistas brasileiros em viagem para Argentina.

Vale ressaltar ainda que o real segue como moeda forte em relação ao peso argentino, mesmo que existam preocupações dos viajantes em relação aos gastos. 

Como economizar na sua viagem

A diretora da agência de viagens para a cidade porteña afirma que Buenos Aires é um destino para todos os tipos de viajantes. Inclusive, diversos cartões postais da cidade têm entrada gratuita. “Sem contar os meios de transporte, que são acessíveis”, comenta.

A tarifa de ônibus, por exemplo, varia de R$ 2,47 até R$ 3,39. Para Subes (equivalente ao bilhete único paulistano) registrado com o DNI (CPF argentino), a passagem pode chegar a variar de R$ 1,55 até R$ 2,13. 

Brok cita alguns exemplos, como os casos do Obelisco, Puente de la Mujer, Caminito e Flor Metálica. A cidade também é bastante amigável com o viajante que prefere caminhar.

“É possível passear pelo Jardim Botânico, fazer um piquenique no Planetário, aproveitar as atividades dos Bosques de Palermo, descansar na Plaza San Martín durante um passeio pelo Microcentro, se conectar com a natureza na Reserva Ecológica. Tudo sem gastar nada”, comenta. 

Levando dinheiro para a Argentina

Além dos pontos turísticos, Brok faz algumas recomendações de antemão, como checar se a documentação está em dia, pesquisar o clima do período da viagem, etc.

Por fim, ela afirma que também é recomendado para o viajante verificar as informações atualizadas sobre o câmbio para evitar surpresas.

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