Por que Javier Milei desvalorizou ainda mais o peso contra o dólar? Entenda as 5 principais primeiras medidas do novo presidente da Argentina
Após colecionar desafetos, Milei mudou a postura após assumir a presidência do país — e as primeiras medidas já devem afetar o dia a dia dos hermanos

O economista de 53 anos Javier Milei assumiu a presidência da Argentina no último dia 10 de dezembro e já anunciou importantes mudanças no país, em especial no que diz respeito à economia em frangalhos.
Mas antes, é preciso dizer que Milei não adicionou apenas uma faixa presidencial ao tradicional terno cinza com o qual costuma aparecer.
A postura do presidente já havia mudado bastante antes da posse, em especial para aliviar os desafetos plantados durante a campanha.
Entre eles, Brasil e China, os principais parceiros comerciais da Argentina.
O país governado por Xi Jinping deve auxiliar o governo a pagar a dívida com o FMI, além de dar mais liquidez às transações.
Já com o vizinho, a Argentina tem outros percalços. A participação do ex-presidente Jair Bolsonaro na posse de Milei — esvaziada de políticos de relevância global, vale frisar — não foi encarada com tanta indiferença pela atual gestão de Luiz Inácio Lula da Silva.
Leia Também
Ao mesmo tempo em que o xadrez político global se desenrola, Milei anunciou as primeiras medidas do novo governo. Confira elas a seguir — com o detalhamento das mais importantes na sequência:
- Contratos de trabalho do Estado com menos de um ano não serão renovados;
- Verba oficial para os meios de comunicação e propaganda será suspensa por 12 meses
- Ministérios serão reduzidos de 18 para 9; secretarias, de 106 para 54;
- Recursos não obrigatórios para as províncias serão reduzidos;
- Novas obras não serão licitadas. As licitadas e não iniciadas serão canceladas;
- Cortes nos subsídios de energia e transporte;
- O plano de geração de empregos e inclusão social por meio do chamado "Potenciar Trabajo" será mantido;
- Câmbio oficial será desvalorizado para 800 pesos, com aumento temporário do imposto sobre importações e exportações não agrícolas;
- O sistema de importações será substituído por um mecanismo automatizado, sem necessidade de autorização prévia;
- Benefício social por filho será duplicado, e cartão-alimentação será aumentado em 50%.
1 — Desvalorização do peso argentino
A primeira medida econômica anunciada pelo ministro da Economia, Luis “Toto” Caputo, foi a desvalorização do peso argentino frente ao dólar norte-americano.
Recapitulando, a Argentina possui bem mais de uma dezena de cotações para o dólar, mas o “dólar oficial” é aquela utilizada pelo Banco Central da República da Argentina (BCRA) e por boa parte das empresas.
Agora, o dólar oficial terá a cotação fixa de 800 pesos, o que representa um aumento de 118% em relação às cotações anteriores, travadas em 366 pesos.
A ideia, segundo o ministro da Economia, é estimular que setores produtivos tenham "incentivos adequados para aumentar sua produção"
Vale lembrar que a economia da Argentina sofre com uma hiperinflação que deve chegar a 185% no final de 2023. Leia aqui um pouco mais sobre como isso afeta um dos setores mais importantes do país: o mercado internacional de vinhos.
Ainda assim, o dólar oficial está abaixo do dólar blue, a cotação paralela e mais próxima da realidade, que gira em torno de 1.000 pesos.
2 - Corte nos subsídios, obras públicas…
Na esteira das medidas de Milei, o governo anunciou o corte de alguns subsídios governamentais que atingirão especialmente a classe média do país.
É preciso dizer que, durante a campanha eleitoral, o adversário do atual presidente, Sérgio Massa, utilizou a máquina do governo para intensificar esses subsídios. Entre eles, pagamentos para autônomos, pensionistas, aposentados, etc.
Além de prometer rever reajustes dos aposentados e suspender subsídios de água e transportes, Milei também anunciou a suspensão de obras públicas e cancelou novas licitações.
A medida deve afetar milhares de trabalhadores da construção civil, avaliam analistas.
- A DINHEIRISTA — BOOKING ME DEIXOU ‘SEM TETO’: ALUGUEI UM QUARTO E FIQUEI SEM TER PRA ONDE IR
3 - … E cortes nos ministérios da Argentina
O governo argentino começará uma nova gestão mais enxuta. Os ministérios serão reduzidos de 18 para 9; as secretarias, de 106 para 54. A ideia inicial era manter apenas 8 ministérios, Milei voltou atrás e manteve a pasta da Saúde
Essa é uma promessa antiga de campanha de Milei, que extinguiu os ministérios da Educação, Desenvolvimento Social, Trabalho e Mulheres, que estarão sob a recém-criada pasta de Recursos Humanos como secretarias.
O ex-presidente brasileiro também começou o governo com uma “tesourada” nos ministérios. Contudo, Bolsonaro, que havia prometido manter o governo com 15 ministérios — com o mesmo discurso de enxugar a máquina pública —, chegou a 23 pastas no final do mandato para acomodar interesses políticos diversos.
4 - Manutenção da taxa de juros argentina
Em um comunicado emitido no fim da noite da última terça-feira (12), o BCRA manteve a taxa de política monetária do país.
Com isso, a taxa das Letras de Liquidez (Leliq) de 28 dias segue em 133%. "O BCRA continuará a monitorar a evolução do nível geral de preços, a dinâmica do mercado cambial e dos agregados monetários para calibrar sua política de taxas de juros e de gestão da liquidez”, destacou o comunicado.
No começo de dezembro, Javier Milei havia escolhido Santiago Bausilli para comandar o Banco Central do país. A estadia de Bausilli na instituição , contudo, deve ser curta. Afinal, o presidente prometeu fechá-la.
Bônus: Argentina vai piorar antes de melhorar, diz ministro
O próprio ministro da Economia da Argentina admitiu que o cenário é bastante complexo. "Vamos ficar por alguns meses pior do que antes", admitiu Caputo em seu pronunciamento. "Uma coisa que podemos ter certeza é que este é o caminho certo", defendeu.
É verdade que as recentes medidas estão sendo encaradas com bons olhos pelos credores internacionais, como o FMI.
Somado a isso, o mercado financeiro local também está empolgado com as recentes medidas, o que se reflete no índice Merval, o Ibovespa hermano, que deu um salto de cerca de 25% em 12 meses com a perspectiva de chegada de Milei à Casa Rosada, sede do governo.
No entanto, a desvalorização da moeda em meio a uma crise econômica profunda e as mais recentes medidas devem afetar negativamente a população nos primeiros meses de 2024. Vale ressaltar, por fim, que boa parte das medidas está pouco detalhada — e como Milei levará suas pautas adiante segue um mistério.
Será que deu ruim? Titãs de Wall Street passam por teste de estresse; confira se algum dos grandes bancos EUA foi reprovado
A avaliação considerou uma recessão global severa, com desemprego em 10% e queda acumulada do Produto Interno Bruto (PIB) real de 7,8%
A guerra dos EUA com a China acabou? O sinal de Trump que pode colocar fim à disputa entre as duas maiores economias do mundo
Um ponto crucial para as tarifas serem suspensas teria sido acordado nesta semana, segundo fontes da Casa Branca
A guerra acabou, decreta Trump sobre Israel e Irã — mas nem ele mesmo tem certeza disso
Presidente norte-americano deu declarações conflituosas sobre o status do conflito entre os dois inimigos no Oriente Médio, que mantêm um cessar-fogo frágil
Trump dá aval para Powell subir juros, mas impõe uma condição para isso acontecer nos EUA
O presidente do banco central norte-americano participou do segundo dia de depoimentos semestrais no Congresso; já o republicano usou os holofotes da Otan para falar da política monetária norte-americana
A Europa corre perigo? Otan sobe meta de gastos para 5% em mudança histórica e Trump manda recado duro para um membro
A medida mais decisiva da aliança em mais de uma década ocorre em meio à escalada de tensões no Oriente Médio e ao conflito entre Ucrânia e Rússia — mas um país europeu ainda resiste
Trump falhou: peças centrais do programa nuclear do Irã seguem intactas, diz inteligência dos EUA
Enquanto a Casa Branca nega as informações, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, promete atacar novamente se Teerã retomar seu programa nuclear
Após cessar-fogo entre Irã e Israel, Donald Trump é indicado ao Nobel da Paz (de novo)
Mais que prestígio, a indicação ao prêmio entra no jogo político da Casa Branca — e no xadrez internacional
Israel e Irã podem mexer com a política de juros nos EUA? Powell responde
O presidente do Federal Reserve presta depoimento ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara e fala dos reflexos da instabilidade no Oriente Médio nas decisões do banco central norte-americano
Powell diz o que pensa na guerra pelo corte de juros após ser chamado de burro por Trump
O presidente do Federal Reserve presta depoimento ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara e fala o que vai acontecer com os juros, o que pensa sobre as tarifas e sobre a guerra entre Israel e Irã
A guerra não acabou: Trump anuncia cessar-fogo entre Israel e Irã — mas tem o maior dos desafios pela frente
Mais cedo, Teerã respondeu à ofensiva norte-americana contra instalações nucleares com um ataque com mísseis à Base Aérea de Al Udeid, no Catar
Brasil na guerra: governo se posiciona sobre ataque dos EUA ao Irã; veja o que diz o Itamaraty
Ministério das Relações Exteriores emite nota oficial sobre a escalada do conflito no Oriente Médio; mais cedo o ex-chanceler e agora assessor especial Celso Amorim havia se manifestado sobre os confrontos
Empresas começam a suspender atividades com escalada da guerra entre Israel e Irã
Do setor marítimo ao setor aéreo, as primeiras companhias começam a anunciar uma paralisação temporária das operações na esteira dos ataques dos EUA às instalações nucleares iranianas
Apagando fogo com gasolina: a oferta da Rússia ao Irã que pode desencadear uma guerra nuclear
Um dos homens fortes do governo de Putin questiona sucesso do ofensiva norte-americana, que atacou três instalações nucleares iranianas, afirmando que uma futura produção de armas atômicas segue sobre a mesa
O Estreito de Ormuz na berlinda: Irã se prepara para fechar a passagem marítima mais importante do mundo
Embora tenha ameaçado diversas vezes, o governo iraniano nunca fechou, de fato, a via, mas, agora, o parlamento começa a dar passos nessa direção
Da China a Europa: a reação internacional ao ataque dos EUA às instalações nucleares do Irã
Na noite de sábado (21), o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou uma operação classificada por ele como bem-sucedida contra três usinas nucleares iranianas
Consequências perpétuas: a resposta do Irã ao envolvimento direto dos EUA na guerra de Israel
Enquanto não toma uma decisão mais dura, Teerã lança a 20ª onda de ataques com mísseis e drones contra alvos militares israelenses
Uma declaração de guerra? Ou haverá paz ou haverá tragédia, diz Trump em pronunciamento após ataques ao Irã
O presidente norte-americano falou pela primeira vez à televisão pouco mais de uma hora depois de anunciar uma ofensiva contra três instalações nucleares iranianas; o primeiro-ministro de Israel também discursa
EUA entram na guerra de Israel contra o Irã: o que está em jogo após o ataque histórico com aval de Trump
O presidente norte-americano anunciou neste sábado (21) uma ofensiva contra instalações nucleares, incluindo Fordow — uma usina que fica em uma região montanhosa e a 90 metros de profundidade
Israel ataca 5ª instalação nuclear do Irã e tensão aumenta entre países
Não foram detectados vazamentos radioativos, mas agência da ONU alerta para os riscos
Motosserra segue ativa: Milei quer mais corte de gastos na Argentina para atingir uma meta pessoal
O presidente fechou um acordo com o FMI para conseguir um empréstimo, mas estabeleceu um objetivo próprio para o país em 2025