‘Putin prefere [a eleição de] Trump’ nos Estados Unidos, diz economista Roberto Dumas Damas; entenda
Dumas Damas vê Donald Trump menos propenso a ajudar na defesa da Ucrânia e de Taiwan; por outro lado, republicano pode “se meter” no confronto no Oriente Médio

Em janeiro deste ano, a empresa de consultoria Eurasia Group definiu que 2024 seria “o ano das três guerras”: o conflito entre Rússia e Ucrânia, Israel contra o Hamas e as tensões internas nos Estados Unidos, exacerbadas pelas eleições.
Mais de 10 meses e muitos movimentos no tabuleiro depois, é possível afirmar que a geopolítica de fato tem ganhado cada vez mais espaço nas discussões econômicas e de investimentos.
Nesse contexto, as eleições nos Estados Unidos geram uma expectativa ainda maior, não apenas pelo que Kamala Harris ou Donald Trump poderão fazer internamente, mas também por suas posições no jogo geopolítico.
Esse foi um dos temas do segundo painel do evento Eleições Americanas: o futuro em jogo, promovido pelo Market Makers em parceria com o Seu Dinheiro, com a presença do professor do Insper e economista Roberto Dumas Damas (assista na íntegra aqui).
Como devem se posicionar os candidatos em relação aos conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio?
No caso do conflito entre Rússia e Ucrânia, Dumas vê Trump menos empenhado em ajudar o país comandado por Volodymyr Zelensky. Ao menos é o que indica as declarações do próprio ex-presidente.
“Putin prefere [a eleição de] Trump. Em 2018, Trump já falava que não ajudaria um país pequeno como Montenegro, porque isso seria entrar em uma terceira guerra mundial. No ano passado, ele chegou a falar várias vezes que não ajudaria nenhum país da Otan e a Rússia poderia ‘fazer o que quiser’”, disse o professor.
Leia Também
Se por um lado Trump não deve tomar partido a favor da Ucrânia, por outro deve ser mais ativo no conflito que envolve o Oriente Médio.
Dumas acredita que o republicano “sabe que não adianta ficar brigando com o Hamas” e que a questão deve ser resolvida diretamente com o Irã, que é de onde vem os recursos para atacar Israel. “O Hamas e o Hezbollah não têm dinheiro”, afirmou.
“Trump tende a escalar o problema do Oriente Médio e tentar uma solução definitiva”, enquanto Kamala Harris, na visão do professor, tentaria uma solução mais diplomática.
China prefere Harris ou Trump?
Já em relação à China, Dumas Damas vê uma preferência do país asiático pela eleição da democrata Kamala Harris “pelo lado comercial” e de Trump pelo “lado geopolítico”.
Isso porque Trump é um protecionista e pretende colocar uma tarifa média de 61% sobre a China, o que seria um obstáculo econômico para Xi Jinping.
Sob a perspectiva geopolítica, o republicano se mostra menos preocupado do que Kamala Harris com uma possível invasão de Taiwan, território autônomo que Pequim reivindica como seu.
“Para a China, a melhor coisa pelo lado geopolítico seria Trump, porque provavelmente ele não se meteria em conquistas e ajudas militares e aquilo se transformaria em uma zona de influência completamente chinesa. O call do Trump é comércio”, avalia o professor que é mestre em economia chinesa pela Universidade de Fudai.
O economista lembra da visita da democrata Nancy Pelosi à Taiwan em 2022, que, na época, afirmou que os EUA “não abandonariam Taiwan”. A curta viagem da parceira política do atual presidente Joe Biden foi vista pelos chineses como uma provocação.
“A China pode dominar mais a Ásia com Trump do que com Kamala. A Kamala pode ser mais assertiva em relação à Taiwan, vide o que aconteceu com Nancy Pelosi. Não vejo Trump visitando Taiwan. Você vê Trump visitando Putin, Kim Jong-Un, Xi Jinping, mas o presidente de Taiwan, não.”
Por outro lado, Kamala Harris e suas tarifas menos agressivas agradariam mais os chineses no que diz respeito ao comércio.
Déficit público não será resolvido nos próximos anos – pelo contrário
No aspecto econômico, o economista lembra que os dois candidatos são expansionistas, embora tenham propostas diferentes.
Trump pretende cortar impostos para as empresas locais e continuar com o Tax Cuts and Jobs Act, programa de redução de impostos e geração de empregos assinado por ele em 2017, quando era presidente. “Deve botar mais do que US$ 3,5 trilhões na economia em 10 anos”, estima o professor.
A também expansionista Kamala Harris deve seguir pelo caminho de aumentar os gastos e os impostos, segundo Dumas.
“Os dois são expansionistas em um déficit que é de mais ou menos 6,3% do PIB e uma dívida pública de 121%. Quem quer que ganhe vai aumentar essa dívida pública”, alerta.
Nesse sentido, ambos candidatos podem ser considerados “inflacionistas”. Portanto, os juros e a inflação deverão ficar “mais altos por mais tempo”. Essa, inclusive, deve ser uma tendência global: “[juros baixos] como era nos anos 2000, não vai ter mais. Nem com Trump, nem com Kamala, nem pelo lado geopolítico.”
Segundo ele, Trump pode ser ainda mais inflacionista por conta do protecionismo e das altas tarifas aplicadas à China, que podem voltar ao consumidor final norte-americano.
No campo da política monetária, Donald Trump tem atacado o atual presidente do Federal Reserve (banco central norte-americano), Jerome Powell, em entrevistas recentes. O candidato chamou Powell de “político” e disse que não o indicaria novamente para o cargo.
Para Dumas, a postura “lulista” de Trump em relação à política monetária “suscita ruído”. Apesar de não acreditar que isso afetará a condução de Powell na autarquia, ele alerta: “ruído faz preço e mexe na curva de juros.”
Para conferir a conversa completa com o professor Roberto Dumas Damas, clique no player abaixo:
O golpista do Tinder está de volta à cadeia — mas ainda não se sabe o porquê
Conhecido como o golpista do Tinder, Simon Leviev foi preso nesta terça-feira ao desembarcar de um avião na Geórgia
Não foi dessa vez, Trump: Tribunal de apelação dos EUA nega pedido para demitir Cook às vésperas da reunião do Fed
Essa é segunda decisão contrária aos esforços do republicano para demitir a diretora do Fed. Agora, é esperado que o governo Trump recorra
Fed deve começar a cortar os juros nesta semana; o que vem depois e como isso impacta a Selic
Investidores começam a recalcular a rota do afrouxamento monetário tanto aqui como nos EUA, com chances de que o corte desta quarta-feira (17) seja o primeiro de uma série
Resposta dos EUA à condenação de Bolsonaro deve vir nos próximos dias, anuncia Marco Rubio; veja o que disse secretário de Estado norte-americano
O secretário de Estado norte-americano também voltou a criticar o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes
TikTok vê luz no fim do túnel: acordo de venda do aplicativo nos EUA é confirmado por Trump e por negociador da China
Trump também afirmou em sua rede social que vai conversar com o presidente chinês na sexta sobre negociação que deixará os jovens “muito felizes”
Trump pede que SEC acabe com obrigatoriedade de divulgação trimestral de balanços para as empresas nos EUA
Esta não é a primeira vez que o republicano defende o fim do modelo em vigor nos EUA desde 1970, sob os argumentos de flexibilidade e redução de custos
O conselho de um neurocientista ganhador do Nobel para as novas gerações
IA em ritmo acelerado: Nobel Demis Hassabis alerta que aprender a aprender será a habilidade crucial do futuro
China aperta cerco ao setor de semicondutores dos EUA com duas investigações sobre práticas discriminatórias e de antidumping contra o país
As investigações ocorrem após os EUA adicionarem mais 23 empresas sediadas na China à sua lista de entidades consideradas contrárias à segurança norte-americana
Trump reage à condenação de Bolsonaro e Marco Rubio promete: “os EUA responderão de forma adequada a essa caça às bruxas”
Tarifas de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros tiveram origem no caso contra Bolsonaro e, mais recentemente, a Casa Branca chegou a mencionar o uso da força militar para defender a liberdade de expressão no mundo
Como um projeto de fim de semana do fundador do Twitter se tornou opção em meio ao corte das redes sociais no Nepal
Sem internet e sem censura: app criado por Jack Dorsey ganha força nos protestos no Nepal ao permitir comunicação direta entre celulares via Bluetooth
11 de setembro: 24 anos do acontecimento que ‘inaugurou’ o século 21; eis o que você precisa saber sobre o atentado
Do impacto humano à transformação geopolítica, os atentados de 11 de setembro completam 24 anos
Bolsa da Argentina despenca, enquanto mercados globais sobem; índice Merval cai 50% em dólar, pior tombo desde 2008
Após um rali de mais de 100% em 2024, a bolsa argentina volta a despencar e revive o histórico de crises passadas
Novo revés para Trump: tribunal dos EUA mantém Lisa Cook como diretora do Fed em meio à disputa com o republicano
Decisão judicial impede tentativa de Trump de destituir a primeira mulher negra a integrar o conselho do Federal Reserve; entenda o confronto
EUA falam em usar poder econômico e militar para defender liberdade de expressão em meio a julgamento de Bolsonaro
Porta-voz da Casa Branca, Caroline Leavitt, afirmou que EUA aplicaram tarifas e sanções contra o Brasil para defender “liberdade de expressão”; mercado teme novas sanções
A cidade que sente na pele os efeitos do tarifaço e da política anti-imigrantes de Donald Trump
Tarifas de Donald Trump e suas políticas imigratórias impactam diretamente a indústria têxtil nos Estados Unidos, contrastando com a promessa de uma economia pujante
Uma mensagem dura para Milei: o que o resultado da eleição regional diz sobre os rumos da Argentina
Apesar de ser um pleito legislativo, a votação serve de termômetro para o que está por vir na corrida eleitoral de 2027
Mark Zuckerberg versus Mark Zuckerberg: um curioso caso judicial chega aos tribunais dos EUA
Advogado de Indiana acusa a Meta de prejuízos por bloqueios recorrentes em sua página profissional no Facebook; detalhe: ele se chama Mark Zuckerberg
Depois de duas duras derrotas em poucas semanas, primeiro-ministro do Japão renuncia para evitar mais uma
Shigeru Ishiba renunciou ao cargo às vésperas de completar um ano na posição de chefe de governo do Japão
Em meio a ‘tempestade perfeita’, uma eleição regional testa a popularidade de Javier Milei entre os argentinos
Eleitores da província de Buenos Aires vão às urnas em momento no qual Milei sofre duras derrotas políticas e atravessa escândalo de corrupção envolvendo diretamente sua própria irmã
Como uma missão ultrassecreta de espionagem dos EUA levou à morte de inocentes desarmados na Coreia do Norte
Ação frustrada de espionagem ocorreu em 2019, em meio ao comentado ‘bromance’ entre Trump e Kim, mas só foi revelado agora pelo New York Times