O que Biden deixou de dizer em discurso é mais importante do que o que ele realmente disse
Presidente norte-americano faz um balanço de sua administração, fala de manutenção da democracia, mas é vago sobre os motivos que o levaram a abandonar a disputa

Em um raro discurso televisionado do Salão Oval, na quarta-feira (24) à noite, na Casa Branca, o presidente norte-americano, Joe Biden, fez os seus primeiros comentários públicos desde que encerrou abruptamente sua candidatura à reeleição no domingo.
Biden falou de suas realizações, de suas raízes humildes. Cantou louvores ao povo americano. Disse que o futuro da democracia americana está em suas mãos.
O que o presidente americano não fez, apesar de dizer que sempre seria sincero com os americanos, foi fornecer uma explicação direta para a maior questão do dia.
Na avaliação de analistas da política norte-americana, porém, ele não disse por que se tornou o primeiro presidente em exercício a abandonar a tentativa de reeleição, poucos meses antes do início da votação.
Biden insinuou, falou sobre, mas não abordou o assunto de frente. O tema do abandono da reeleição foi deixado para os americanos lerem nas entrelinhas.
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Discurso de união do partido
“Nas últimas semanas”, disse Biden, “ficou claro para mim que preciso unir meu partido”. Ele então repetiu o que se tornou um coro crescente entre os democratas: que era hora de "passar a tocha" para uma nova geração.
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Embora, no discurso institucional Biden tenha elencado suas realizações, que listou em detalhes, mereciam um segundo mandato, ele acrescentou que “nada pode impedir a salvação de nossa democracia – e isso inclui ambição pessoal”.
O presidente americano não disse nada, no entanto, sobre a crescente percepção de que não só ele seria derrotado por Donald Trump nas eleições de novembro, mas a representação do Partido Democrata diminuiria consideravelmente de tamanho no Congresso.
“Perdendo nas pesquisas, envergonhado por um desempenho ruim no debate e com um coro crescente no Partido Democrata pedindo sua renúncia, não havia um caminho claro para uma vitória de Biden”, avalia a BBC.
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Ataques da oposição
Embora o presidente possa não ter dito isso, seu antecessor republicano — e agora antigo rival pela Casa Branca — não teve tais escrúpulos.
Em um comício em Charlotte, Carolina do Norte, algumas horas antes do discurso, Donald Trump disse que Biden desistiu porque estava perdendo feio.
Em seguida, ele partiu para o ataque contra Kamala Harris, a nova provável indicada do partido, alegando que ela era uma "lunática de esquerda radical" e a "força motriz ultraliberal por trás de cada catástrofe de Biden".
Grupos republicanos têm inundado as ondas de rádio em estados-chave na disputa eleitoral, em uma tentativa de definir Kamala em seus termos, não nos dela. De acordo com uma pesquisa da Associated Press, o lado de Trump está programado para gastar mais que seus colegas democratas na proporção de 25 para 1 ao longo do próximo mês.
Um dos anúncios nas rádios diz que Harris é cúmplice em encobrir o “óbvio declínio mental” do presidente.
Oportunidade perdida
“O discurso de Biden ofereceu uma oportunidade transmitida nacionalmente no horário nobre para refutar os ataques contra sua vice-presidente e abordar firmemente as preocupações sobre sua capacidade de continuar a cumprir seus deveres presidenciais. Foi uma oportunidade que ele praticamente deixou passar”, informa a TV britânica.
Perto do fim do discurso, o presidente falou sobre sua companheira de chapa. Ele disse que Harris era "experiente, forte, capaz" e uma "parceira incrível para mim e uma líder para nosso país".
Foram palavras fortes, mas não muitas. Ele passou mais tempo discutindo Benjamin Franklin do que sua vice-presidente – a pessoa que ele apoiou no domingo, e aquela que será a mais importante portadora da tocha de seu legado nos próximos meses.
Com pouca cobertura do presidente, Kamala e sua equipe terão que decidir se, e como, responderão aos ataques fulminantes dos republicanos nos próximos dias.
Biden pode ter outra chance de promover sua ex-companheira de chapa na convenção Democrata em Chicago, no mês que vem, mas este é um momento delicado para a nova provável indicada, já que sua campanha está apenas decolando e os americanos ainda estão começando a conhecê-la.
*Com informações da rede de TV BBC
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