Está com pressa por quê? O recado do chefão do BC dos EUA sobre os juros que desanimou o mercado
As bolsas em Nova York aceleraram as perdas e, por aqui, o Ibovespa chegou a inverter o sinal e operar no vermelho depois das declarações de Jerome Powell; veja o que ele disse

“A pressa é inimiga da perfeição”, disse Rui Barbosa sobre a rapidez com que se redigia o Código Civil brasileiro. Depois, no discurso que fez em Haia, o jurista acrescentou que “a pressa é também a mãe do tumulto e do erro”. E, ao que tudo indica, é isso que Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), tenta evitar a todo custo na abordagem sobre os juros nos EUA.
Nos primeiros comentários públicos após cortar a taxa referencial em 0,25 ponto percentual (pp), o chefe do banco central norte-americano afirmou que o forte crescimento econômico dos EUA permite que a autoridade monetária tenha tempo para decidir até que ponto e quão rápido os juros devem cair a partir de agora.
Na reunião da semana passada, que aconteceu um dia após a consagração de Donald Trump como presidente dos EUA, o Fed reduziu o calibre do corte da taxa, colocando-a na faixa entre 4,50% e 4,75% ao ano. O Seu Dinheiro detalhou a decisão e você pode conferir aqui.
"A economia não está enviando nenhum sinal de que precisamos ter pressa para reduzir os juros", disse Powell em discurso para líderes empresariais em Dallas nesta quinta-feira (14). "A força que estamos vendo atualmente na economia nos dá a capacidade de abordar nossas decisões com cuidado", afirmou.
Embora a maioria das apostas do mercado ainda se concentre em um novo corte de menor calibre — 0,25 pp — na última reunião do ano, em 17 e 18 de dezembro, o investidor aqui e lá fora torceram o nariz em uma reação imediata ao discurso de Powell.
Em Wall Street, o Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq aceleraram as perdas e terminaram o dia com baixas de -0,47%, -0,60% e -0,64%. Por aqui, o Ibovespa chegou a inverter o sinal e operar no vermelho, mas conseguiu encerrar o dia com leve ganho de 0,05%, aos 127.791,60 pontos.
Leia Também
- Acima da Selic a 11,25% ao ano: conheça 8 ações que ainda podem valorizar acima da taxa de juros, segundo analista
Inflação e emprego na visão de Powell
A missão do Fed é perseguir a estabilidade de preços, que se traduz em inflação em 2% ao ano, e o pleno emprego, cuja taxa não é determinada. É com base nesse mandato duplo definido pelo Congresso que o banco central norte-americano define os juros nos EUA.
Em uma avaliação otimista das condições atuais, Powell disse que o mercado de trabalho norte-americano está se mantendo bem, apesar do crescimento decepcionante de empregos em outubro — em grande parte atribuído a danos causados por furacões e greves trabalhistas. No mês passado, a economia dos EUA abriu apenas 12 mil vagas.
Powell observou que a taxa de desemprego tem aumentado, mas se estabilizou nos últimos meses e continua baixa para os padrões históricos. Em outubro, o desemprego se manteve estável em 4,1%.
Sobre a inflação, o chefe do Fed disse que há um progresso amplo, observando que os membros do comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) esperam que a taxa continue a se aproximar da meta de 2%.
"A inflação está muito mais próxima da nossa meta de longo prazo de 2%, mas ainda não chegou lá. Estamos comprometidos em terminar o trabalho", disse Powell, acrescentando que o caminho pode ser acidentado até esse objetivo.
Os dados de inflação desta semana, no entanto, mostraram um ligeiro aumento nos preços ao consumidor e ao produtor, com as taxas de 12 meses se afastando da meta do Fed.
TRUMP ELEITO: Como ficam DÓLAR, JUROS e em quais AÇÕES INTERNACIONAIS apostar
Sem compromisso com os juros
Se Powell não tem pressa para cortar os juros, tem muito menos compromisso com previsões sobre o ritmo do ciclo de afrouxamento monetário.
"Estamos confiantes de que, com uma recalibração apropriada de nossa postura política, a força da economia e do mercado de trabalho pode ser mantida, com a inflação caindo de forma sustentável para 2%", disse.
"Estamos movendo a política ao longo do tempo para uma configuração mais neutra. Mas o caminho para chegar lá não está predefinido", afirmou.
Segundo Powell, a recalibragem da política monetária não precisa mais ser focada principalmente em controlar a inflação — agora tem um objetivo equilibrado de sustentar o mercado de trabalho.
O mapa da mina: Ibovespa repercute balanço do Banco do Brasil e fusão entre BRF e Marfrig
Bolsas internacionais amanhecem no azul, mas noticiário local ameaça busca do Ibovespa por novos recordes
Ibovespa melhor do que o S&P 500? Por que os gestores seguem vendidos em bolsa americana, segundo pesquisa da Empiricus
O levantamento mostrou que, pelo segundo mês consecutivo, a bolsa brasileira superou a bolsa americana em sentimento positivo dos gestores; descubra as razões
Trump dá ‘bronca’ em Tim Cook, CEO da Apple, por produção de iPhone fora da China; entenda essa história
Apple tenta mascarar os efeitos das tarifas enquanto procura alternativas para evitar os danos da guerra comercial entre EUA e China
Bank of America muda o preço-alvo para as ações da JBS (JBSS3) após teleconferência de resultados do 1T25; veja o que fazer com os papéis
A reavaliação acontece sob a luz de novos argumentos relacionados à dupla listagem da JBS na bolsa brasileira e americana
O novo normal durou pouco: Ibovespa se debate com balanços, PIB da zona do euro e dados dos EUA
Investidores também monitoram a primeira fala pública do presidente do Fed depois da trégua na guerra comercial de Trump contra a China
Brasil vai escapar da recessão, mas não da inflação: duas previsões do JP Morgan e um alerta
O banco também fez uma estimativa para a economia dos EUA depois da trégua de 90 dias com a China na guerra comercial; confira
Pelo quarto mês consecutivo, EUA tem queda de movimento na fronteira… do Canadá
Número de turistas regressando dos EUA para o Canadá em abril foi até 35% menor do que o mesmo período em 2024; de acordo com pesquisa, política externa de Trump seria motivo para queda
Após receber jatinho de presente, Trump fecha acordo de US$ 1,2 trilhão com o Catar; Boeing sai ganhando com venda de 210 aeronaves, estimadas em US$ 96 bilhões
Estados Unidos fecham nova série de acordos no Oriente Médio, mas parceria trilionária ganha contornos controversos após presidente receber jatinho de luxo como presente
Regulação das stablecoins trava no Senado dos EUA e Federal Reserve emite novo alerta sobre riscos
Projeto batizado de GENIUS Act travou no Senado em meio a embate entre democratas e republicanos após controvérsias envolvendo Donald Trump, sua família e o mercado cripto
Show de talentos na bolsa: Ibovespa busca novos recordes em dia de agenda fraca
Ibovespa acaba de renovar sua máxima histórica em termos nominais e hoje depende do noticiário corporativo para continuar subindo
Trump e o Boeing: por dentro da controvérsia (e da possível aeronave) que família real do Catar ofereceu aos EUA
Segurança, legalidade e carpetes felpudos: o que está por trás da luxuosa e polêmica aeronave que a família real do Catar ofereceu a Donald Trump
Ibovespa dispara quase 3 mil pontos com duplo recorde; dólar cai mais de 1% e fecha no menor patamar em sete meses, a R$ 5,60
A moeda norte-americana recuou 1,32% e terminou a terça-feira (13) cotada a R$ 5,6087, enquanto o Ibovespa subiu 1,74% e encerrou o dia aos 138.963 pontos; minério de ferro avançou na China e CPI dos EUA veio em linha com projetado
Unidos contra Trump? Lula e Xi aproveitam encontro na China para mandar mensagem aos EUA
Sem mencionar o nome do republicano, o presidente chinês, Xi Jinping, também comentou sobre a política tarifária dos EUA
Ata do Copom: Juros podem até parar de subir, mas Galípolo e diretores do BC jogam água fria sobre momento da queda da Selic
Copom volta a sinalizar que o fim do atual ciclo de aperto monetário está perto do fim, mas uma alta residual da taxa de juros ainda segue na mesa
Um acordo para buscar um acordo: Ibovespa repercute balanço da Petrobras, ata do Copom e inflação nos EUA
Ibovespa não aproveitou ontem a euforia com a trégua na guerra comercial e andou de lado pelo segundo pregão seguido
Depois do incêndio, EUA e China aparecem com baldes d’água: o que está em jogo no cessar-fogo da guerra comercial
A reação brasileira ao armistício tarifário tem sido, no mínimo, peculiar. Se por um lado a trégua parcial afasta o fantasma da recessão global e reacende o apetite por commodities, por outro, uma série de forças contrárias começa a moldar o desempenho do mercado local
Felipe Miranda: O elogio do vira-lata (ou sobre small caps brasileiras)
Hoje, anestesiados por um longo ciclo ruim dos mercados brasileiros, cujo início poderia ser marcado em 2010, e por mais uma década perdida, parecemos nos esquecer das virtudes brasileiras
Trégua entre EUA e China evita catástrofe, mas força Brasil a enfrentar os próprios demônios — entenda os impactos do acordo por aqui
De acordo com especialistas ouvidos pelo Seu Dinheiro, o Brasil poderia até sair ganhando com a pausa na guerra tarifária, mas precisaríamos arrumar a casa para a bolsa andar
Apple avalia aumentar preço da nova linha de iPhones enquanto evita apontar o verdadeiro “culpado”
Segundo o jornal The Wall Street Journal, a Apple quer justificar possível alta com novos recursos e mudanças no design dos smartphones a serem lançados no outono dos EUA
Criptomoedas (inclusive memecoins) disparam com avanço de acordos comerciais; Moo Deng salta 527% em uma semana
Mercado de memecoins ganha fôlego após alívio nas tensões geopolíticas entre os Estados Unidos e outras potências globais