CEO da Embraer (EMBR3) comenta possível plano de jato de grande porte para competir com Boieng e Airbus; ações reagem em queda a balanço do 1T24
Em teleconferência de resultados, o CEO da Embraer revelou qual deve ser o principal obstáculo da fabricante de aeronaves neste ano

Nos dias que antecederam a divulgação do balanço da Embraer (EMBR3), uma notícia movimentou o mercado: a de que fabricante brasileira de aeronaves estuda desenvolver um novo modelo de avião para competir com os sucessores dos dois grandes jatos que dominam o mercado atualmente: o 737 MAX, da companhia americana Boeing, e o A320, da europeia Airbus.
Como não podia ser diferente, o tema foi abordado na teleconferência de resultados da Embraer na manhã desta terça-feira (7).
“Sempre avaliamos possíveis opções no nosso setor, mas agora nós estamos na época de colheita, então estamos nos concentrando em vender e entregar a nossa carteira de produtos atual, que é altamente competitiva”, disse o CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, ao ser questionado sobre a possibilidade de a Embraer desenvolver novos jatos de corredor único (narrow body) para competir com Boeing e Airbus.
Enquanto o futuro segue em aberto, a Embraer (EMBR3) conseguiu sustentar o voo no primeiro trimestre de 2024, em um período normalmente turbulento para as fabricantes de aeronaves — e o balanço já sinaliza que a empresa deve terminar o ano “nas alturas”, segundo o CEO.
A empresa registrou um lucro líquido de R$ 142,7 milhões entre janeiro e março, aumento de 138,7% em relação ao prejuízo apurado no mesmo intervalo de 2023.
Já a receita líquida chegou a R$ 4,44 bilhões no trimestre, crescimento de 19% na comparação com igual período do ano anterior. A cifra foi impulsionada pelo desempenho da divisão de aviação executiva, que atingiu R$ 1,2 bilhão em receita — o melhor primeiro trimestre em oito anos.
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“Nosso resultado continua sólido em todas as unidades. O primeiro trimestre é sazonalmente mais fraco, mas neste ano foi mais um passo na direção certa, com aumento das receitas e entregas, apoiado tanto os fatores externos, com melhora marginal em nossa cadeira suplementos, quanto por fatores internos, como nossas iniciativas de nivelamento de produção”, afirmou o CEO, durante teleconferência de resultados com analistas e imprensa.
Do lado das entregas, a companhia entregou 25 jatos no primeiro trimestre de 2024, sendo 18 jatos executivos e 7 jatos comerciais. Já a carteira total de pedidos atingiu US$21,1 bilhões no período, o maior nível dos últimos sete anos — em linha com os dados operacionais divulgados no fim de abril.
Com o desempenho do 1T24, o CEO da Embraer afirma estar confiante que a fabricante de aeronaves entregará as projeções (guidance) inicialmente anunciadas para 2024.
Confira as principais estimativas do guidance deste ano:
- Entregas de aeronaves da Aviação Comercial: entre 72 e 80
- Entregas de aeronaves da Aviação Executiva: entre 125 e 135
- Receita total: entre US$ 6,0 e US$ 6,4 bilhões
- Margem Ebit ajustada: entre 6,5% e 7,5%
- Fluxo de caixa livre ajustado: US$ 220 milhões ou maior
Apesar do tom positivo do balanço, as ações da Embraer (EMBR3) amargam queda na B3 nesta terça-feira (7). Por volta das 11h55, os papéis caíam 1,89% na bolsa brasileira, a R$ 33,70. No ano, porém, os ativos ainda somam uma valorização da ordem de 51%.
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O desafio da Embraer (EMBR3)
Ainda que esteja otimista com a entrega do guidance de 2024, o CEO da Embraer (EMBR3) revelou que ainda existe um principal desafio no radar da empresa: a cadeia de suprimentos.
Segundo Gomes Neto, existem problemas com componentes específicos, com atrasos e menos volumes disponíveis por determinados fornecedores de peças.
“Observamos melhoria na cadeia de suprimento, mas ainda há desafios em componentes específicos e atrasos. Por isso, tivemos que fazer alguns ajustes no nosso cronograma de produção, que acabam afetando a nossa produtividade e, em alguns casos, colocam em risco algumas entregas”, disse o presidente da Embraer.
De acordo com o executivo, a unidade de defesa e segurança foi impactada pelos atrasos na cadeia de suprimentos e estágios de produção dos aviões C-390, com uma queda de 21% da receita do segmento no primeiro trimestre de 2024.
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Porém, a Embraer (EMBR3) já possui uma estratégia definida para lidar com os problemas na cadeia, segundo o CEO.
De acordo com Gomes Neto, a empresa tem se planejado para distribuir as entregas de aeronaves ao longo dos próximos meses. “Apesar de desafios, estamos confiantes em atender guidance de entregas”, afirmou.
“Estamos confiantes de que as interrupções na cadeia devem diminuir. Com a ajuda de nossas iniciativas de nivelamento da produção, esperamos mais melhorias à medida que o ano avance. Essas alterações operacionais devem ajudar a empresa a registrar melhoria de eficiência de produtividade e resultados financeiros nos próximos anos.”
Questionado sobre o processo de arbitragem com a Boeing, o presidente da Embraer prevê que a decisão aconteça até o fim do primeiro semestre de 2024.
Relembrando, a fabricante norte-americana anunciou em 2018 um acordo de US$ 5 bilhões para comprar a maior parte da operação de aviação comercial da Embraer, mas desistiu do negócio em 2020, em meio à pandemia da covid-19 e problemas com os jatos 737 Max.
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O que dizem os analistas
Para o JP Morgan, um dos principais destaques positivos do balanço da Embraer (EMBR3) no 1T24 foi o avanço da receita, ajudada pelo aumento nas entregas durante o ano.
Além disso, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado superou as expectativas do banco norte-americano. O indicador disparou 333% no comparativo anual, a R$ 233,7 milhões.
Já na ponta negativa, os analistas destacaram o desempenho do segmento de defesa, impactado por problemas na cadeia de suprimentos e menor diluição de custos.
Nas contas do JP Morgan, a Embraer atualmente é negociada a um múltiplo de 7,8 vezes a relação valor de firma sobre Ebitda (EV/Ebitda) de 2024 — abaixo dos patamares das principais rivais, de 12,2 vezes da Airbus e 37,1 vezes da Boeing.
Segundo o BTG Pactual, apesar de o primeiro trimestre ser sazonalmente mais fraco, a Embraer deve se recuperar gradualmente ao longo do ano, ajudada pela melhora das entregas de aeronaves.
O banco recomenda a compra dos ADRs (American Depositary Receipts, recibos de ações) da Embraer, com preço-alvo de US$ 32 para os próximos 12 meses, um potencial de valorização de 18% em relação ao último fechamento.
Na visão dos analistas, a Embraer oferece uma boa exposição à indústria de aviação, enquanto pode destravar outras oportunidades de valor, como novas campanhas comerciais, a arbitragem da Boeing e o aumento dos carros voadores (chamados de eVTOLs).
Pelas contas do banco, apesar de os ADRs já terem avançado 52% em Wall Street no acumulado do ano, os papéis ainda estão atraentes, negociados a um múltiplo de 9x a relação valor de firma sobre Ebitda (EV/Ebitda) para 2024.
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