Banco do Brasil (BBAS3) volta a crescer mais no crédito do que a concorrência: é para preocupar ou não? Executivos respondem
Para a CEO do banco, Tarciana Medeiros, e o CFO da instituição, Marco Geovanne da Silva, o avanço no crédito não se trata de uma estratégia de “mar aberto” desta vez
O balanço do Banco do Brasil (BBAS3) veio com uma série de boas notícias para os investidores. A instituição não apenas teve um lucro maior do que das projeções, como também manteve uma rentabilidade acima dos 20% e anunciou dividendos e juros sobre capital próprio que somam os R$ 2,6 bilhões.
No entanto, analistas e investidores preferiram olhar com mais cautela as várias linhas do balanço do banco público, especialmente aquela que diz respeito à concessão de crédito.
Isso porque o Banco do Brasil apresentou um aumento de 13,2% na carteira de crédito ampliada nos últimos 12 meses. O saldo de financiamentos do banco atingiu a marca de R$ 1,182 trilhão no fim de junho.
Acontece que esse aumento foi maior do que o da concorrência, superando o crescimento da carteira de crédito do Itaú (8,9%), do Santander (7,8%) e do Bradesco (5,0%) no mesmo intervalo.
Além disso, o Banco do Brasil também anunciou a mudança nas projeções (guidance) para o fim de 2024. A linha de provisões para perdas no crédito saiu da faixa entre os R$ 27 bilhões e R$ 30 bilhões para o intervalo entre R$ 31 bilhões e R$ 34 bilhões.
Mas em uma coletiva online com jornalistas, a CEO do banco, Tarciana Medeiros, e o CFO da instituição, Marco Geovanne da Silva, deram sua visão sobre o tema, na tentativa de acalmar uma possível reação negativa.
Leia Também
Nesta quinta-feira (8), as ações do Banco do Brasil caem 0,95% por volta das 12h38, negociadas a R$ 26,03.
Veja as principais linhas do balanço do Banco do Brasil — e os comentários dos executivos da instituição:
| Indicador | Banco do Brasil |
| Lucro líquido recorrente | R$ 9,502 bilhões |
| ROAE | 21,60% |
| Carteira de Crédito Ampliada | R$ 1,182 trilhão |
Banco do Brasil (BBSA3): estratégia de “mar aberto” 2?
Os executivos comentam que a estratégia atual do banco é baseada em modelos já utilizados anteriormente e em outras linhas específicas de crédito dentro da instituição.
Nas palavras de Marco Geovanne, o crescimento da oferta de crédito no segundo trimestre foi maior do que a concorrência porque “o Banco do Brasil fez a sua lição de casa antes e identificou os riscos do mercado primeiro” e aproveitou o cenário favorável do primeiro semestre para oferecer mais crédito.
Ele ainda explica que esse crescimento também não foi “a qualquer custo”.
A referência de Geovanne vem da década passada, quando os bancos públicos aceleraram a oferta de crédito com taxas mais baixas. Mas a estratégia acabou dando errado e gerou uma alta inadimplência no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal.
Inadimplência e risco calculado no Banco do Brasil (BBSA3)
Seja como for, a concessão de crédito mais forte em momentos econômicos incertos costuma ligar uma luz amarela sobre uma potencial inadimplência futura.
Sobre esse tema, a presidente do Banco do Brasil afirmou: “nós vamos passar a utilizar a lógica do mercado, de ganhar mais resultado em públicos que nós já conhecemos com o histórico que já temos.”
“Vamos correr um pouco mais de risco, mas um risco calculado, pensado, e com modelos que nos dão plena segurança do que nós estamos propondo para a execução dessa estratégia”, conclui Tarciana Medeiros.
Ameaça aos dividendos?
Ainda que os executivos tenham tentado acalmar a situação em relação à concessão de crédito, outra preocupação também diz respeito ao pagamento de proventos.
Junto com a apresentação do balanço, banco anunciou que pretende pagar pouco mais de R$ 866 milhões em dividendos e outros R$ 1,795 bilhão em JCP aos acionistas
Quando questionado se havia chances de uma redução nos dividendos até o final do ano, Geovanne afirmou que o guidance para o lucro continuava o mesmo — portanto, os proventos estariam garantidos.
Porém, ao ser perguntado se o payout — isto é, o percentual do lucro que será distribuído entre os acionistas como dividendos — poderia subir de dos atuais 45% para 55%, o CFO do Banco do Brasil afirmou que “45% é um payout adequado que nos permite contribuir com a expansão dos nossos negócios.”
Além disso, os executivos reforçaram que pretendem manter a rentabilidade sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) do Banco do Brasil acima de 20%.
No balanço mais recente, o banco manteve um ROE de 21,6%, permanecendo abaixo daquele registrado pelo Itaú Unibanco (22,4%), porém superando de longe o do Santander (15,5%) e do Bradesco (10,8%) em mais um trimestre.
Banco do Brasil (BBSA3) com um pé no segundo semestre
As perdas recentes nos mercados financeiros no início da semana também levantaram dúvidas sobre o cenário projetado para o segundo semestre deste ano.
Isso porque o cenário macroeconômico começa a dar sinais de fraqueza frente ao cenário de juros elevados nos Estados Unidos, o que pode, inclusive, afetar a trajetória de juros brasileira.
Para os executivos do Banco do Brasil, no entanto, esses problemas não afetam o cenário-base para o segundo semestre.
Eles explicam que continuam trabalhando com uma taxa de juros de 10,5% ao fim de 2024 e com início de cortes no primeiro semestre de 2025.
Rufem os tambores: o que os analistas acharam do balanço
Em linhas gerais, os analistas definiram o resultado do Banco do Brasil como “mistos” e “mais fracos”, ainda que apresentem uma crescente melhora.
Começando pelo Itaú BBA, os analistas enxergam como positivos os crescimentos do lucro e da ROE, porém destacam que “tendências implícitas” estão cada vez mais fracas. Com isso, a preferência continua em nomes como Santander Brasil e Bradesco.
Já os especialistas do Goldman Sachs também destacam as tendências positivas de lucro e ROE, mas observam que as receitas com intermediação financeira (NII) dos clientes permaneceu relativamente fraca — ainda que parcialmente compensada pela melhora na cobrança de taxas.
Por último, os analistas do JP Morgan e do BTG Pactual reiteram a recomendação de (ou o equivalente a) compra dos papéis (BBSA3), destacando que a revisão do guidance pode implicar em lucros marginalmente menores.
Como último comentário, o CFO do Banco do Brasil ressaltou que os analistas resolveram enxergar o “copo meio vazio”, reafirmando que as demais linhas como lucro e rentabilidade seguem altas. “Como que isso é ruim? Olha a volatilidade que o mercado está e a gente está ganhando em várias frentes”, diz.
Agora é lei: cardápios de papel serão obrigatórios em bares e restaurantes de São Paulo, dando adeus à hegemonia dos ‘QR Codes’
Cardápios digitais, popularizados durante a pandemia, permaneceram quase que de forma exclusiva em muitos estabelecimentos – mas realidade pode mudar com projeto de lei aprovado pela Alesp
Presente de Natal da Prio (PRIO3)? Empresa anuncia novo programa de recompra de até 86,9 milhões de ações; confira os detalhes
O conselho da Prio também aprovou o cancelamento de 26.890.385 ações ordinárias mantidas em tesouraria, sem redução do capital social
Exclusivo: Oncoclínicas (ONCO3) busca novo CEO e quer reestruturar todo o alto escalão após a crise financeira, diz fonte
Após erros estratégicos e trimestres de sufoco financeiro, a rede de oncologia estuda sucessão de Bruno Ferrari no comando e busca novos executivos para a diretoria
Copasa (CSMG3): lei para a privatização da companhia de saneamento é aprovada pelo legislativo de Minas Gerais
O texto permite que o estado deixe de ser o controlador da companhia, mas mantenha uma golden share, com poder de veto em decisões estratégicas
B de bilhão: BB Seguridade (BBSE3) anuncia quase R$ 9 bi em dividendos; Cemig (CMIG4) também libera proventos
Empresas anunciam distribuição farta aos acionistas e garantem um fim de ano mais animado
Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) estão entre as rainhas dos dividendos no 4T25; Itaú BBA diz quais setores vão reinar em 2026
Levantamento do banco aponta que ao menos 20 empresas ainda podem anunciar proventos acima de 5% até o final do ano que vem
MRV (MRVE3) entra no grupo de construtoras que vale a pena comprar, mas a preferida do JP Morgan é outra
Banco norte-americano vê espaço para uma valorização de até 60% nas ações do setor com juros menores e cenário político mais favorável em 2026
Ação acusa XP de falhas na venda de COEs como o da Ambipar (AMBP3) e pede R$ 100 milhões na Justiça
Após perdas bilionárias com COEs da Ambipar, associações acusam a corretora de erros recorrentes na venda de produtos ligados à dívida de grandes empresas no exterior
Ações da Oncoclínicas (ONCO3) na mão de Vorcaro vão parar no Banco de Brasília. O acordo para trocar os CDBs do Master subiu no telhado?
Com a transferência das cotas de fundos do Master para o BRB, investidores questionam o que acontece com o acordo da Oncoclínicas para recuperar o investimento em papéis do Master
Orizon (ORVR3) compra Vital e cria negócio de R$ 3 bilhões em receita: o que está por trás da operação e como fica o acionista
Negócio amplia a escala da companhia, muda a composição acionária e não garante direito de recesso a acionistas dissidentes
Maior rede de hospitais privados pagará R$ 8,12 bilhões em proventos; hora de investir na Rede D’Or (RDOR3)?
Para analista, a Rede D’Or é um dos grandes destaques da “mini temporada de dividendos extraordinários”
Fim da especulação: Brava Energia (BRAV3) e Eneva (ENEV3) negam rumores sobre negociação de ativos
Após rumores de venda de ativos de E&P avaliados em US$ 450 milhões, companhias desmentem qualquer transação em curso
Virada à vista na Oncoclínicas (ONCO3): acionistas querem mudanças no conselho em meio à crise
Após pedido da Latache, Oncoclínicas convoca assembleia que pode destituir todo o conselho. Veja a proposta dos acionistas
Bancos pagam 45% de imposto no Brasil? Não exatamente. Por que os gigantes do setor gastam menos com tributos na prática
Apesar da carga nominal elevada, as instituições financeiras conseguem reduzir o imposto pago; conheça os mecanismos por trás da alíquota efetiva menor
Mais de R$ 4 bilhões em dividendos e JCP: Tim (TIMS3), Vivo (VIVT3) e Allos (ALOS3) anunciam proventos; veja quem mais paga
Desse total, a Tim é a que fica com a maior parte da distribuição aos acionistas: R$ 2,2 bilhões; confira cronogramas e datas de corte
Vale (VALE3) mais: Morgan Stanley melhora recomendação das ações de olho nos dividendos
O banco norte-americano elevou a recomendação da mineradora para compra, fixou preço-alvo em US$ 15 para os ADRs e aposta em expansão do cobre e fluxo de caixa robusto
Não é por falta de vontade: por que os gringos não colocam a mão no fogo pelo varejo brasileiro — e por quais ações isso vale a pena?
Segundo um relatório do BTG Pactual, os investidores europeus estão de olho nas ações do varejo brasileiro, mas ainda não estão confiantes. Meli, Lojas Renner e outras se destacam positivamente
Pequenos negócios têm acesso a crédito verde com juros reduzidos; entenda como funciona
A plataforma Empreender Clima, lançada pelo Governo Federal durante a COP30, oferece acesso a financiamentos com juros que variam de 4,4% a 10,4% ao ano
Antes ‘dadas como mortas’, lojas físicas voltam a ser trunfo valioso no varejo — e não é só o Magazine Luiza (MGLU3) que aposta nisso
Com foco em experiência, integração com o digital e retorno sobre capital, o Magalu e outras varejistas vêm evoluindo o conceito e papel das lojas físicas para aumentar produtividade, fidelização e eficiência
Petrobras (PETR4): com novo ciclo de investimentos, dividendos devem viver montanha-russa, segundo Itaú BBA e XP
O novo ciclo de investimentos da Petrobras (PETR4) tende a reduzir a distribuição de proventos no curto prazo, mas cria as bases para dividendos mais robustos no médio prazo, disseram analistas. A principal variável de risco segue sendo o preço do petróleo, além de eventuais pressões de custos e riscos operacionais. Na visão do Itaú […]
