🔴 [EVENTO GRATUITO] MACRO SUMMIT 2024 – FAÇA A SUA INSCRIÇÃO

Cotações por TradingView
Vinícius Pinheiro
Vinícius Pinheiro
Diretor de redação do Seu Dinheiro. Formado em jornalismo, com MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela FIA, trabalhou nas principais publicações de economia do país, como Valor Econômico, Agência Estado e Gazeta Mercantil. É autor dos romances O Roteirista, Abandonado e Os Jogadores
Bancos

Uso político pode afetar (novamente) os bancos públicos?

Ao contrário do que se esperava, BB e Caixa chegarão em 2019 sem precisar de dinheiro do Tesouro. Mas o futuro dos bancos depende de quem sentará na cadeira de presidente da República a partir de 2019

Vinícius Pinheiro
Vinícius Pinheiro
29 de setembro de 2018
6:30 - atualizado às 13:57
Dilma Rousseff acena para as câmeras
Dilma Rousseff usou os bancos públicos para ampliar o crédito e derrubou sua rentabilidade - Imagem: Shutterstock

Quando vejo candidatos à Presidência defenderem o uso de bancos públicos para forçar uma redução dos juros no crédito, uma imagem me vem imediatamente à cabeça: a da ex-presidente Dilma Rousseff. Mais precisamente o pronunciamento dela na TV no feriado do Dia do Trabalho de 2012.

Para quem não se lembra (se estiver com saudades pode procurar no YouTube), Dilma estava no auge da popularidade e usou parte do tempo em cadeia nacional para atacar os juros cobrados pelos grandes bancos privados. E ainda deu uma de garota-propaganda do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, que haviam baixado suas taxas por livre e espontânea pressão.

O assunto na redação do jornal não foi outro na volta daquele feriado. E devo reconhecer que, naquela época, não só eu como vários colegas encararam com certa simpatia a atitude da ex-presidente. Afinal, os juros bancários sempre foram altos (e continuam ainda hoje). Então parecia haver certa lógica em estimular a competição para forçar os bancos privados a repassar a queda da taxa básica de juros (Selic) para os financiamentos.

O que deu errado

Como se sabe, a estratégia não funcionou. Em vez de reduzir as taxas, os bancos privados preferiram não correr o risco de emprestar com margens menores e pisaram no freio do crédito. Tudo isso sem abrir mão dos lucros bilionários, é claro.

Nesse meio tempo, a Selic voltou a subir, a crise econômica se agravou e os bancos públicos foram pegos no contrapé. O aumento dos calotes dentro de uma carteira de crédito com juros mais baixos - ou seja, com menos gordura que a concorrência - derrubou a rentabilidade e comprometeu a situação de capital de BB e Caixa.

O retorno do BB, por exemplo, caiu de 21,7% em 2011 para apenas 8,8% cinco anos mais tarde. No linguajar do mercado, o banco “destruiu valor” ao entregar um resultado menor que a taxa básica de juros (Selic).

A piora nos resultados se refletiu nas ações listadas na bolsa, a ponto de o BB chegar a valer menos que a BB Seguridade, a empresa que reúne as participações do banco em seguros.

Diante do estrago, havia dúvidas sobre a capacidade de recuperação dos bancos públicos mesmo depois da mudança na gestão. Tanto que a necessidade de um aporte de dinheiro do contribuinte (o meu, o seu, o nosso) era dada como certa. Mas a melhora não só aconteceu como veio bem mais rápido do que o esperado.

Ambos os bancos implementaram planos rigorosos de redução de custos, com o fechamento de agências e programas de demissão e aposentadoria voluntária. Mas a maior parte do ajuste veio de uma combinação de maior controle na concessão de crédito e aumento dos spreads.

Em resumo, a política do governo Dilma levou a mais juros e menos crédito, justamente o contrário do pretendido. E com o agravante de ter acontecido no meio da maior recessão econômica da história brasileira.

O que funcionou

A analista Ceres Lisboa, da agência de classificação de risco Moody’s, acompanhou de perto os bancos públicos em ambas as fases. Ela esteve na Caixa uma semana antes da manhã em que fui até o escritório da agência para entrevistá-la, no fim de agosto.

“Pela primeira vez em muitos anos saí do banco sem notícias ruins”, ela me disse.

De fato, a visita ao banco havia acontecido logo depois da divulgação do balanço do primeiro semestre. E um desavisado que fizesse a comparação com os números de três anos antes poderia pensar que se tratava de outro banco. Basta olhar para o lucro, que bateu o recorde de R$ 6,7 bilhões.

Graças à melhora nos resultados e à moderação na hora de conceder novos empréstimos, a Caixa - que ao contrário do BB é 100% controlada pelo Tesouro - chegará a 2019 sem precisar de dinheiro público para recompor o capital. Nada mal para um banco que chegou a amargar prejuízo operacional no último trimestre de 2015.

Com o BB não foi diferente. Quem apostou na volta da credibilidade sobre a gestão se deu bem. Nos últimos três anos, as ações praticamente dobraram de valor e hoje valem R$ 30 bilhões a mais que a holding de seguros.

Parte importante da melhora nos resultados veio da renovação de financiamentos concedidos com taxas de juros mais baixas na época do programa “Bom pra todos”. O retorno ainda não chegou aos níveis de 2011, mas vem melhorando trimestre a trimestre e atingiu 13,8% na divulgação mais recente.

“Gestões políticas ruins podem ter um poder destrutivo enorme, mas os resultados recentes mostraram que os bancos públicos também têm capacidade de se recuperar rapidamente”, me disse um analista que acompanha as empresas financeiras na bolsa.

Enigma eleitoral

Mesmo com o avanço das ações na bolsa, o BB ainda é avaliado muito abaixo dos principais concorrentes privados. A diferença, como quase sempre, é justificada por fatores “extracampo”. No caso, a indefinição sobre quem vai dar as cartas no país a partir de 1º de janeiro de 2019.

Um sinal claro da desconfiança nesse sentido é o fato de o BB ser negociado na bolsa abaixo do valor de seu patrimônio líquido. Para efeito de comparação, as ações do Itaú Unibanco valem o dobro do patrimônio.

Isso significa que as ações do BB têm um grande potencial de alta se um candidato “pró-mercado” vencer as eleições. Pelo menos para quem investe nas ações, o melhor dos cenários seria o de uma privatização - isso sem entrar no mérito da medida em si, que seria assunto para outra reportagem.

Também do ponto de vista do investidor, o grande risco é se o oposto acontecer, com a volta do uso dos bancos públicos para fins políticos. Existem de fato razões para se preocupar. A recuperação recente deixou os bancos em ponto de bala para serem usados em uma nova versão da cruzada contra os juros altos.

Para quem quiser mais sobre o que os candidatos pensam sobre os bancos públicos e o sistema financeiro, eu recomendo esta reportagem da série que o Eduardo Campos preparou sobre as propostas dos presidenciáveis.

No ponto

Tanto BB e Caixa conseguiram reforçar o capital nos últimos anos, a ponto de contarem hoje com uma posição melhor do que concorrentes como Bradesco e Santander. Isso significa que ambos podem voltar a acelerar no crédito sem a necessidade de recorrer a recursos públicos no curto prazo.

Algumas medidas foram tomadas nesse meio tempo para evitar a repetição do filme. A principal delas foi a aprovação da Lei das Estatais, em 2016. A regra diminuiu a margem de manobra, mas nem de longe blindou os bancos e as outras estatais do uso político. Haja vista a brecha na lei aberta na Câmara neste ano e que pode liberar a volta das indicações políticas para a administração das empresas.

“A nova administração vai ser um teste de fogo para os bancos”, resumiu a analista da Moody’s, ao comentar por que pretende esperar o resultado das eleições e a postura do novo governo antes de se decidir por uma melhora na classificação de risco.

Compartilhe

ATENÇÃO, ACIONISTA!

Dividendos e JCP: Banco do Brasil (BBAS3) anuncia pagamento de R$ 781 milhões em proventos; confira prazos

26 de agosto de 2022 - 18:54

A distribuição do montante será feita em antecipação ao terceiro trimestre de 2022, de acordo com informações do próprio banco

Market Makers

Banco do Brasil (BBAS3) está ‘ridiculamente barato’, diz Sara Delfim, da Dahlia

25 de agosto de 2022 - 18:00

Analista e sócia-fundadora da Dahlia Capital, Sara Delfim retorna ao Market Makers ao lado de Ciro Aliperti, da SFA Investimentos, para detalhar suas teses de investimento

Hora de comprar

Ação do Banco do Brasil (BBAS3) ainda está barata e Itaú BBA revisa preço-alvo para cima

23 de agosto de 2022 - 11:40

Destaque da temporada de balanços, o Banco do Brasil conta com recomendação de compra de suas ações da ampla maioria dos analistas

MENOS LUCRO

Lula fala em enquadrar Banco do Brasil (BBAS3) e quer lucro menor que concorrentes privados

17 de agosto de 2022 - 17:09

Líder nas pesquisas, Lula disse que, em um eventual novo governo, irá “orientar” o Banco do Brasil; ações BBAS3 fecham em queda

BOMBOU NAS REDES

Banco do Brasil ‘vence’ Bradesco em rentabilidade e ações disparam 53% no ano — estatal ainda pagará R$ 2 bilhões em dividendos e analista alerta: BBAS3 supera Nubank (NUBR33)

15 de agosto de 2022 - 13:49

Após resultados fortíssimos no segundo trimestre, as ações do Banco Brasil estão em disparada. Descubra se vale a pena comprar os papéis

SEXTOU COM O RUY

Investir em estatal vale a pena? Uma reflexão sobre como o Banco do Brasil (BBAS3) subverteu as máximas dos manuais de investimentos

12 de agosto de 2022 - 5:57

Banco do Brasil (BBAS3) negocia com múltiplos baixos demais para a qualidade dos resultados que tem apresentado e ainda guarda um bom potencial de valorização

MISSÃO CUMPRIDA

Banco do Brasil tem lucro de R$ 7,8 bilhões no 2T22 e cumpre promessa de se equiparar a bancos privados em rentabilidade

10 de agosto de 2022 - 19:12

Lucro do Banco do Brasil aumentou 54,8% em relação ao mesmo período de 2021 e rentabilidade sobre o patrimônio líquido superou a do Bradesco

BALANÇO

BB Seguridade tem salto no lucro e anuncia data para pagar dividendos; banco recomenda compra de BBSE3

8 de agosto de 2022 - 12:06

A holding de seguros do Banco do Brasil lucrou R$ 1,4 bilhão no segundo trimestre e vai distribuir mais de R$ 2 bilhões em dividendos no dia 29 de agosto

A NATA DA B3

Suzano (SUZB3) ou Klabin (KLBN11): veja qual empresa de papel é a ação mais recomendada para julho — e confira as principais indicações das corretoras

5 de julho de 2022 - 7:03

O candidato ideal para substituir o plástico e atrair um mercado que valoriza cada vez mais a agenda ESG é o principal produto da ação mais recomendada para julho

SEGURO AGRO É POP?

Banco do Brasil (BBAS3) e BB Mapfre criam plataforma digital para o agronegócio

27 de junho de 2022 - 10:17

A Broto será focada na cadeia produtiva do setor, aproveitando a proximidade do Banco do Brasil (BBAS3) com o segmento

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies