🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 2T25 VAI COMEÇAR: ACOMPANHE A COBERTURA COMPLETA

Camille Lima

Camille Lima

Repórter de bancos e empresas no Seu Dinheiro. Bacharel em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Já passou pela redação do TradeMap.

SEM APETITE PELO BRASIL

Selic a 15% ao ano, inflação e fantasma fiscal: por que a Kinea está vendida na bolsa brasileira?

Responsável por mais de R$ 132 bilhões em ativos, a gestora afirma que “existem melhores oportunidades no exterior”; veja onde a Kinea investe hoje

Camille Lima
Camille Lima
2 de dezembro de 2024
17:12 - atualizado às 17:13
B3, bolsa de valores, ações, mercados, brasil, dividendos, empresas, ibovespa, investir
Imagem: iStock/Ca-ssis

A recente deterioração do cenário macroeconômico doméstico alimentou a falta de apetite pela bolsa brasileira entre os grandes tubarões do mercado — e a Kinea Investimentos é uma das gestoras atualmente pessimistas com as ações locais.

A casa controlada pelo Itaú, responsável por mais de R$ 132 bilhões em ativos sob gestão, encontra-se com posição vendida na bolsa brasileira e afirma que “existem melhores oportunidades no exterior”. 

  • Carteira que já rendeu mais de 200% do Ibovespa está disponível sem custos para leitores do Seu Dinheiro; veja como receber

“Na atual precificação da curva de juros, preferimos manter apenas pequenas posições táticas, reconhecendo as incertezas atuais”, escreveu a gestora, em carta a investidores.

Se alguém ainda apostava em um rali de fim de ano para o Ibovespa, o fechamento de novembro veio como um balde de água fria. O principal índice de ações da B3 recuou 3,12% no acumulado do mês, pressionado pelas ações de construtoras, varejistas e outros segmentos ligados ao consumo.

Por trás do pessimismo da Kinea sobre a bolsa brasileira 

Na avaliação da Kinea, o Brasil “dependerá principalmente das suas próprias ações” daqui para frente — e  as respostas que temos até o momento para o desafio que está por vir são insuficientes.

“Embora as medidas do pacote sejam na direção correta de cumprir o arcabouço fiscal, mais uma vez o governo falha em ancorar as expectativas”, escreveu a gestora. 

Leia Também

Nas projeções da casa, como o pacote de corte de gastos anunciado pelo governo federal na semana passada esteve “mais pautado em pente-fino, e com poucas medidas estruturais”, o ajuste deve gerar, na prática, uma economia bem menor do que o previsto.

Relembrando, o plano fiscal lançado pelo Ministério da Fazenda prevê a economia de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos. 

Junto com o pacote, o governo ainda aprovou a isenção do imposto de renda para quem recebe até R$ 5 mil por mês, promessa de campanha de Lula que tira R$ 40 bilhões dos cofres públicos em arrecadação.

Se, por um lado, os desembolsos fiscais dos últimos anos impulsionaram o Brasil para uma economia sobreaquecida, com crescimentos do PIB (Produto Interno Bruto) em cerca de 3%, a expectativa da Kinea é que o impulso fiscal perca tração nos próximos meses.

“O fato de o governo não estar mais com os dois pés no acelerador contribui para a atividade voltar a rodar em um ritmo mais fraco”, disse a gestora.

Economia, fiscal e juros

A desaceleração da economia brasileira deve bater diretamente em outra variável macroeconômica: os juros. A tendência é que a política monetária do país se torne cada vez mais contracionista.

“Em nosso cenário base, a desaceleração não será intensa o suficiente para tirar pressão sobre nosso hiato do produto, dificultando o processo de desinflação. No cenário negativo, podemos ter um ambiente de estag-inflação, com os choques de condição financeira e aumento da incerteza pesando sobre a atividade, enquanto a depreciação do real eleva a inflação”, projetou a gestora, que prevê os núcleos de inflação próximos a 6% no primeiro semestre de 2025.

Para a Kinea, a resultante de uma atividade resiliente com inflação acima da meta é uma constante pressão sobre o Banco Central para elevar a taxa básica de juros (Selic).

Se considerada a “regra de Taylor” — equação que relaciona a taxa de juros de curto prazo à inflação real, à meta de inflação, ao PIB e taxa de desemprego —, a Selic precisaria chegar ao patamar de 15% ao ano para ser capaz de trazer a inflação de volta à meta.

No início de novembro, o Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a taxa básica de juros brasileira em 0,5 ponto percentual, para 11,25% ao ano. Atualmente, o mercado já precifica uma Selic terminal na casa de 14% a.a.

“Uma taxa Selic a esses níveis pode trazer novamente o fantasma do problema fiscal estrutural brasileiro, em que um primário com déficit em torno de 1% e o elevado nível de juros reais pressionam o crescimento da relação dívida/PIB, fazendo com que a política monetária perca potência.”

O “Risco Trump” para a bolsa

Para além dos fatores domésticos, há ainda uma questão externa que deve atrapalhar uma retomada da bolsa brasileira, segundo a Kinea.

Com a volta de Donald Trump à Casa Branca e a adoção das novas políticas protecionistas e de estímulos a empresas norte-americanas prometidas pelo republicano, a tendência é que haja um constante fluxo de capital para os Estados Unidos.

Isso tende a drenar o fluxo de investimentos para a Eurásia e mercados emergentes, como o Brasil.

“Em um ambiente onde o capital é atraído para os Estados Unidos, não nos sentimos compelidos a manter posições compradas em países emergentes”, afirmou a Kinea.

Se não na bolsa brasileira, onde a Kinea investe hoje?

Ainda que a bolsa brasileira faça gestores brasileiros como a Kinea torcerem o nariz, a renda variável no exterior chama a atenção da gestora ligada ao Itaú.

A gestora tem posição comprada na bolsa norte-americana, com apetite maior por setores que devem se beneficiar das políticas defendidas por Donald Trump, como os bancos e pequenas empresas.

Veja algumas das apostas da Kinea em ações nos EUA:

  • Setor industrial: Eaton e Parker Hannifin;
  • Bancos: Bank of America, Wells Fargo e posições em bancos regionais;

A gestora também se desfez das posições tomadas em juros na parte longa da curva norte-americana (que se beneficiariam da subida dos juros longos). 

Na parte curta da curva de juros dos EUA, o portfólio continuou posicionado para uma abertura do diferencial de juros norte-americanos em relação às demais economias desenvolvidas.

A chegada de Trump e da nova política de tarifas também deve continuar a dar tração ao fortalecimento do dólar, a partir da desvalorização de moedas que exportam para os Estados Unidos. 

A Kinea se manteve comprada na moeda norte-americana e no iene japonês, e com posição vendida no yuan e em uma cesta de moedas europeias.

Do lado das commodities, a cesta comprada da Kinea inclui café, ouro e boi gordo. Já a ponta vendida conta com petróleo, açúcar, soja, trigo e cobre.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
SD ENTREVISTA

Fuga do investidor estrangeiro? Não para a sócia da Armor Capital. Mesmo com Trump, ainda tem muito espaço para gringo comprar bolsa brasileira

16 de julho de 2025 - 16:02

Para Paula Moreno, sócia e co-diretora de investimentos da Armor Capital, as tensões comerciais com os EUA criam uma oportunidade para o estrangeiro aumentar a aposta no Brasil

ANTES DO RESULTADO

Quão ruim pode ser o balanço do Banco do Brasil (BBAS3)? O JP Morgan já traçou as apostas para o 2T25

16 de julho de 2025 - 12:41

Na visão dos analistas, o BB pode colher ainda mais provisões no resultado devido a empréstimos problemáticos no agronegócio. Saiba o que esperar do resultado

O QUE ESPERAR?

Banco do Brasil (BBAS3) terá a pior rentabilidade (ROE) em quase uma década no 2T25, prevê Goldman Sachs. É hora de vender as ações?

16 de julho de 2025 - 11:09

Para analistas, o agronegócio deve ser outra vez o vilão do balanço do BB no segundo trimestre de 2025; veja as projeções

SD ENTREVISTA

Investidor ainda está machucado e apetite pela bolsa é baixo — e isso não tem nada a ver com a tarifa do Trump, avalia CEO da Bradesco Asset

16 de julho de 2025 - 6:36

Apetite por renda fixa já começou a dar as caras entre os clientes da gestora, enquanto bolsa brasileira segue no escanteio, afirma Bruno Funchal; entenda

ENTREVISTA EXCLUSIVA

Com ou sem Trump, Selic deve fechar 2025 aos 15% ao ano — se Lula não der um tiro no próprio pé, diz CEO da Bradesco Asset

16 de julho de 2025 - 6:08

Ao Seu Dinheiro, Bruno Funchal, CEO da Bradesco Asset e ex-secretário do Tesouro, revela as perspectivas para o mercado brasileiro; confira o que está em jogo

FICOU BARATO DEMAIS?

FII Arch Edifícios Corporativos (AIEC11) sai na frente e anuncia recompra de cotas com nova regra da CVM; entenda a operação

15 de julho de 2025 - 19:00

Além da recompra de cotas, o fundo imobiliário aprovou conversão dos imóveis do portfólio para uso residencial ou misto

MUDANDO O TIME

As apostas do BTG para o Ibovespa em setembro; confira quem pode entrar e sair da carteira

15 de julho de 2025 - 18:42

O banco projeta uma maior desconcentração do índice e destaca que os grandes papéis ligados às commodities perderão espaço

TELA AZUL

Na guerra de tarifas de Trump, vai sobrar até para o Google. Entenda o novo alerta da XP sobre as big techs

15 de julho de 2025 - 16:15

Ações das gigantes da tecnologia norte-americana podem sofrer com a taxação do republicano, mas a desvalorização do dólar oferece alívio nas receitas internacionais

FECHAMENTO DOS MERCADOS

Ibovespa come poeira enquanto S&P 500 faz história aos 6.300 pontos; dólar cai a R$ 5,5581

15 de julho de 2025 - 13:50

Papéis de primeira linha puxaram a fila das perdas por aqui, liderados pela Vale; lá fora, o S&P 500 não sustentou os ganhos e acabou terminando o dia com perdas

INVESTIMENTOS

O Brasil não vale o risco: nem a potencial troca de governo em 2026 convence essa casa de análise gringa de apostar no país

15 de julho de 2025 - 11:59

Analistas revelam por que não estão dispostos a comprar o risco de investir na bolsa brasileira; confira a análise

TOUROS E URSOS #230

Trump tarifa o Brasil em 50%: o que fazer agora? O impacto na bolsa, dólar e juros

15 de julho de 2025 - 11:04

No Touros e Ursos desta semana, o analista da Empiricus, Matheus Spiess, analisa os impactos imediatos e de médio prazo das tarifas para o mercado financeiro

MERCADOS

Ibovespa cai, dólar sobe a R$ 5,57 e frigoríficos sofrem na bolsa; entenda o que impacta o setor hoje

14 de julho de 2025 - 15:06

Enquanto Minerva e BRF lideram as maiores perdas do Ibovespa nesta segunda-feira (14), a Brava Energia desponta como maior alta desta tarde

A LIDERANÇA ESCAPOU

Na batalha da B3, Banco do Brasil (BBAS3) volta a perder para o Itaú (ITUB4) em junho, mas segue à frente de Bradesco (BBDC4)

14 de julho de 2025 - 12:25

Em junho, as ações do banco estatal caíram para o quarto lugar em volume negociado na B3, segundo levantamento do DataWise+

O SOL NASCERÁ?

Gestores de fundos imobiliários passam a ficar otimistas, após sentimento negativo do 1º semestre; saiba os motivos

13 de julho de 2025 - 15:57

Após pessimismo da primeira metade do ano, sentimento vira e volta para o campo positivo, com destaque para os setores de escritórios e aluguel residencial

RANKING SEMANAL

Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) se salvaram, mas não a Embraer (EMBR3); veja as maiores altas e quedas do Ibovespa na última semana

12 de julho de 2025 - 15:46

Bolsa brasileira sentiu o impacto do tarifaço de Trump, sobretudo sobre as empresas mais sensíveis a juros; BRF (BRFS3) fechou com a maior alta, na esteira da fusão com a Marfrig (MRFG3)

MERCADOS HOJE

Trump volta a derrubar bolsas: Ibovespa tem a maior perda semanal desde 2022; dólar sobe a R$ 5,5475

11 de julho de 2025 - 12:59

A taxação de 35% ao Canadá pressionou os mercados internacionais; por aqui, a tarifa de 50% anunciada nesta semana pelo presidente norte-americano seguiu pesando sobre os negócios

FIIS HOJE

BRPR Corporate Offices (BROF11) estabelece novo contrato de locação com a Vale (VALE3) e antecipa R$ 44 milhões

10 de julho de 2025 - 16:16

O acordo, no modelo atípico, define que a mineradora passará a ser responsável por todos os encargos referentes ao empreendimento localizado em Minas Gerais

AÇÕES BLINDADAS

XP aponta seis ações defensivas para enfrentar o novo choque de 50% imposto pelos EUA — e duas possíveis beneficiadas

10 de julho de 2025 - 14:56

Enquanto a aversão a risco toma conta do mercado, a XP lista seis papéis da B3 com potencial para proteger investidores em meio ao tarifaço de Trump

FECHAMENTO DOS MERCADOS

Ibovespa escapa da sangria após tarifas de Trump, mas cai 0,54%; dólar sobe a R$ 5,5452

10 de julho de 2025 - 11:33

Após o anúncio da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, que deve entrar em vigor em 1 de agosto, algumas ações conseguiram escapar de uma penalização dos mercados

VOLATILIDADE CRESCENTE

Embraer (EMBR3) não é a única a sofrer com as tarifas de Trump: as ações mais impactadas pela guerra comercial e o que esperar da bolsa agora

10 de julho de 2025 - 10:26

A guerra comercial chegou ao Brasil e promete mexer com os preços e a dinâmica de muitas empresas brasileiras; veja o que dizem os analistas

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar