Nem tudo está perdido: mesmo com tempestade no mercado local, é possível encontrar FIIs pagando bons dividendos
Perfil da indústria de FIIs é diferente do mercado de ações, com uma participação relevante de títulos de renda fixa no mercado; confira uma oportunidade para investir

Quando o assunto é o desempenho do mercado de capitais das últimas semanas, é inevitável abordar os movimentos questionáveis das instituições domésticas no que diz respeito à condução da política econômica, fiscal e corporativa.
Em uma janela de 45 dias, tivemos eventos negativos relacionados ao alcance das metas fiscais e uma mudança de comando na principal estatal do país, que corroeu R$ 50 bilhões de seu valor de mercado.
Para colaborar, o Comitê de Política Monetária (Copom) realizou o corte de 0,25 ponto percentual na Taxa Selic, mas o comunicado foi mal digerido pelo mercado. Houve uma quebra de credibilidade nítida neste momento.
Com isso, mais uma vez a bolsa brasileira foi na contramão do restante do mundo, com queda de quase 3% no mês (Ibovespa). Quando olhamos para os fundos imobiliários, o desempenho do Índice de Fundos Imobiliários (IFix) ficou muito próximo do zero no período.
- Receber aluguéis na conta sem ter imóveis é possível através dos fundos imobiliários: veja as 5 top picks no setor para comprar agora, segundo o analista Caio Araujo
A Selic e os FIIs
Assim como descrito na última coluna, os potenciais benefícios do ciclo de queda dos juros locais estão ameaçados. As projeções do Boletim Focus para o final do ano para a Taxa Selic já estão em 10,0%. Vemos pouquíssimo espaço para um novo corte na próxima reunião do Copom.
Este é um fator importante para os fundos imobiliários (FIIs), tradicionais veículos de captura de valor em ciclos de queda dos juros. É um dos pilares da tese de investimento na categoria em 2024, especialmente no setor de tijolos.
Leia Também
Ainda assim, nem tudo está perdido. Apesar de o ministro da Fazenda ter questionado a meta de inflação doméstica (em mais uma ótima demonstração de timing), o dado do IPCA-15 de maio veio favorável, com núcleos controlados.
Um nível de inflação controlado abre margem para uma política menos restritiva, desde que respeitado o caráter técnico das decisões.
Além disso, ressalto que o perfil da indústria de FIIs é diferente do mercado de ações. Em termos de estratégias, temos uma participação relevante de títulos de renda fixa no mercado (representados pelos fundos de papel), capaz de proporcionar uma relação risco vs retorno mais apropriada em determinados momentos.
Quando avaliamos a volatilidade da categoria, por exemplo, encontramos um resultado consideravelmente menor do que outros.
Onde mora o risco
Em termos de riscos, o principal motivo desta dinâmica é o fundamento do crédito, que está acima do equity na escala de prioridade de recebimentos. Ou seja, na maioria dos casos, o credor recebe sua remuneração antes dos acionistas.
Ademais, os títulos de crédito presentes nos fundos imobiliários (CRIs) oferecem algumas possibilidades de indexação, inclusive ao CDI. Nestes casos, temos uma volatilidade ainda menor, diante da carteira pós-fixada.
Com o CDI em patamares elevados, a participação destes fundos imobiliários volta ao radar dos investidores. O Kinea Rendimentos (KNCR11), fundo mencionado nesta coluna há algum tempo, possui este propósito e está com uma nova emissão de cotas em andamento – a orientação está presente na série Renda Imobiliária, da Empiricus.
Pensando em alocação de carteira, em função deste contexto de mercado mais desafiador, a migração gradual de recursos para crédito é um ponto pertinente para quem busca uma estratégia "tática".
Algo acima de 40% do total, bem diversificado entre gestores e níveis de risco, me parece adequado. Lembrando que o crédito privado não está imune aos riscos e, portanto, há possibilidade de perda também.
Para o médio/longo prazo, sigo convicto que o balanceamento equilibrado entre setores em FIIs é vencedor. O tijolo, apesar da régua mais restrita sob a ótica de valuation, ainda confere boas oportunidades. Precisamos considerar que a recuperação operacional dos portfólios foi significativa nos últimos anos.
Por fim, também chamo atenção para os FoFs, que me parecem em um ponto de entrada razoável. Com o desconto em relação ao valor patrimonial aumentando e o dividend yield médio do setor batendo 11%, enxergo potencial geral de valor nesta cesta também – especialmente para os mais arrojados.
BTG Fundo de Fundos (BCFF11): oportunidade pontual em carteira balanceada em FIIs
O BTG Pactual Fundo de Fundos (BCFF11) é um FoF gerido e administrado pelo BTG Pactual. O fundo tem por objetivo gerar renda mediante aquisição, principalmente, de cotas de outros FIIs e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI). O regulamento do fundo ainda prevê a possibilidade de investir em Letras Hipotecárias (LH) e em Letras de Crédito Imobiliário (LCI).
O BCFF11 se apresenta como o maior FoF da indústria, com um patrimônio líquido de quase R$ 2 bilhões. No final do último ano, o fundo realizou o desdobramento das cotas na proporção de 1 para 8, passando a ser negociado em base 10, prática que tem ganhado relevância entre os participantes do mercado em busca de elevar a liquidez dos ativos.
De acordo com o relatório gerencial de abril, o portfólio do BCFF11 conta com 86% de cotas de outros FIIs, 11% em CRIs e 3% alocado em aplicações de renda fixa, que representam o caixa.
Estratégia
O BCFF11 possui uma alocação mais concentrada em crédito imobiliário, com 47% do seu portfólio. Trata-se do maior patamar dos últimos quatro anos, acima do praticado pelos seus pares. Esta estratégia foi essencial para mitigar a volatilidade da carteira nos últimos anos.
Sua maior posição em crédito é no BTG Pactual Fundo de CRI (BTCI11), resultado da incorporação do fundo BTCR11 pelo FEXC11 em 2022. Enquanto o primeiro contava com um portfólio high grade (baixo risco de crédito), o segundo apresentava um “blend mid grade” (mescla de operações high grade com high yield, de risco maior).
Ainda nesta parcela de crédito, além das cotas de outros FIIs, o fundo possui alocações diretas em CRIs. A grande maioria dos papéis é high grade, com boas garantias e taxas médias interessantes de IPCA + 8,9% e CDI + 2,3%.
No tijolo, o portfólio está distribuído entre os setores de lajes corporativas, logística e shoppings, principalmente. Nesta parcela, não vejo grandes destaques de alocação, mas existem algumas opcionalidades envolvendo alguns fundos (VTLT11, por exemplo).
Segundo o último relatório gerencial disponível, se considerarmos o “duplo desconto” (particularidade dos FoFs) encontramos um deságio de cerca de 19%, sinalizando um potencial de ganho interessante para o cotista. Claro que este dado pode estar defasado, tendo em vista o intervalo de dois meses desde a publicação do dado.
No geral, o BCFF11 apresenta um portfólio bem diversificado e com um posicionamento interessante para o momento, dado a maior concentração em veículos de crédito, que contribui para um melhor controle da volatilidade da sua carteira.
Com o recuo das cotas em maio, o dividend yield anualizado do fundo atingiu a marca de 10%, o que me parece interessante considerando a isenção do imposto de renda.
Abraço,
Caio
LEIA TAMBÉM:
- É hora de recalcular a rota no portfólio de FII? Confira uma alternativa para os mais conservadores
- Analista da Empiricus Research indica 5 fundos imobiliários para buscar rendimentos até acima da Selic
FII BRCO11 aluga imóvel para M. Dias Branco (MDIA3) e reduz vacância
O valor da nova locação representa um aumento de 12% em relação ao contrato anterior; veja quanto vai pingar na conta dos cotistas do BRCO11
TRXF11 vai às compras mais uma vez e adiciona à carteira imóvel locado ao Assaí; confira os detalhes
Esse não é o primeiro ativo alugado à empresa que o FII adiciona à carteira; em junho, o fundo já havia abocanhado um galpão ocupado pelo Assaí
Ouro vs. bitcoin: afinal, qual dos dois ativos é a melhor reserva de valor em momentos de turbulência econômica?
Ambos vêm renovando recordes nos últimos dois anos à medida que as incertezas no cenário econômico internacional crescem e o mercado busca uma maneira de se proteger
Do Japão às small caps dos EUA: BlackRock lança 29 novos ETFs globais para investir em reais
Novos fundos dão acesso a setores, países e estratégias internacionais sem a necessidade de investir diretamente no exterior
Até onde vai o fundo do poço da Braskem (BRKM5), e o que esperar dos mercados nesta semana
Semana começa com prévia do PIB e tem Super Quarta, além de expectativa de reação dos EUA após condenação de Bolsonaro
Rio Bravo: “Momento é de entrada em fundos imobiliários de tijolo, não de saída”
Anita Scal, sócia e diretora de Investimentos Imobiliários da empresa, afirma que a perspectiva de um ciclo de queda da taxa de juros no Brasil deve levar as cotas dos fundos a se valorizarem
TRXF11 abocanha galpão locado pelo Mercado Livre (MELI34) — e quem vai ver o dinheiro cair na conta são os cotistas de um outro FII
Apesar da transação, a estimativa de distribuição de dividendos do TRXF11 até o fim do ano permanece no mesmo patamar
Ação da Cosan (CSAN3) ainda não conseguiu conquistar os tubarões da Faria Lima. O que impede os gestores de apostarem na holding de Rubens Ometto?
Levantamento da Empiricus Research revela que boa parte do mercado ainda permanece cautelosa em relação ao futuro da Cosan; entenda a visão
LinkedIn em polvorosa com Itaú, e o que esperar dos mercados nesta sexta-feira (12)
Após STF decidir condenar Bolsonaro, aumentam os temores de que Donald Trump volte a aplicar sanções contra o país
Ibovespa para uns, Tesouro IPCA+ para outros: por que a Previ vendeu R$ 7 bilhões em ações em ano de rali na bolsa
Fundo de pensão do BB trocou ações de empresas por títulos públicos em nova estratégia para reforço de caixa
TRBL11 recebe R$ 6 milhões em acordo por imóvel que é alvo de impasse com os Correios — agora o FII está de olho na disputa judicial contra a estatal
Segundo o gestor da Rio Bravo, o acordo “é apenas o começo” e, agora, o fundo imobiliário busca cobrar os Correios e voltar a ocupar o galpão com um novo inquilino
Banco do Brasil (BBAS3) supera a Vale (VALE3) em um quesito na bolsa; saiba qual
Os dados são de um levantamento mensal do DataWise+, parceria entre a B3 e a Neoway
Fundo imobiliário MFII11 mira novo projeto residencial na zona leste de São Paulo; veja os detalhes
O FII vem chamando atenção por sua estratégia focada em empreendimentos residenciais ligados ao Minha Casa, Minha Vida (MCMV)
Ibovespa renova máxima histórica e dólar vai ao menor nível desde julho de 2024 após dados de inflação nos EUA; Wall Street também festeja
Números de inflação e de emprego divulgados nesta quinta-feira (11) nos EUA consolidam a visão do mercado de que o Fed iniciará o ciclo de afrouxamento monetário na reunião da próxima semana; por aqui, há chances de queda da Selic
Fundo imobiliário do BTG quer vender cinco imóveis por mais de R$ 830 milhões — e já tem destino certo para o dinheiro
Criado especialmente para adquirir galpões da Log Commercial Properties (LOGG3), o BTLC11 comprou os ativos em 2023, e agora deseja gerar valor aos cotistas
GGRC11 ou Tellus: quem levou a melhor na disputa pelo galpão da Renault do FII VTLT11, que agora se despede da bolsa
Com a venda do único imóvel do portfólio, o fundo imobiliário será liquidado, mas cotistas vão manter a exposição ao mercado imobiliário
Fundo imobiliário (FII) aposta em projetos residenciais de alto padrão em São Paulo; veja os detalhes
Com as transações, o fundo imobiliário passa a ter, aproximadamente, 63% do capital comprometido em cinco empreendimentos na capital paulista
Fundo imobiliário Iridium Recebíveis (IRIM11) reduz dividendo ao menor nível em um ano; cotas caem
A queda no pagamento de proventos vem em meio a negociações para a fusão do FII ao Iridium Fundo de Investimento Imobiliário (IRIM11)
Ibovespa sobe 0,52% após renovar máxima intradia com IPCA e PPI no radar; dólar cai a R$ 5,4069
Deflação aqui e lá fora em agosto alimentaram a expectativa de juros menores ainda neste ano; confira os dados e o que mais mexeu com a bolsa e o câmbio nesta quarta-feira (10)
Ouro supera US$ 3.700 pela primeira vez e segue como o refúgio preferido em 2025
Ataque de Israel ao Catar e revisão dos dados de emprego nos EUA aumentaram a busca por proteção e levaram o metal precioso a renovar recorde histórico