Vai pagar pra ver? Mercado banca aposta de corte de juros após payroll e espera a próxima cartada do Fed
Especialistas dizem o que Powell vai ter que fazer na semana que vem para vencer a partida contra os investidores globais que precificam o afrouxamento monetário no início de 2024

O blefe tem o objetivo de fazer com que os outros jogadores desistam da rodada, permitindo que o blefador vença sem precisar mostrar suas cartas. Nesta sexta-feira (8), o mercado bancou a aposta no corte de juros no início de 2024 depois do principal dado de emprego dos EUA — terá o Federal Reserve (Fed) uma mão forte para liquidar essa partida?
Quem cortou o baralho hoje foi a economia norte-americana, que criou 199 mil vagas em novembro, um pouco acima da previsão de 190 mil da Dow Jones e bem acima da abertura de outubro, que foi mantida em 150 mil após a revisão.
A taxa de desemprego caiu para 3,7% ante estimativa de 3,9% ao passo que a força de trabalho subiu para 62,8%.
O ganho médio por hora, um importante indicador da inflação, subiu 0,4% no mês e 4% em relação ao ano anterior. — o aumento mensal ficou ligeiramente acima da estimativa de 0,3%, mas a taxa anual ficou em linha.
Observando as cartas que recebeu, os mercados tiveram uma reação inicial mista ao payroll, com os futuros em Nova York no negativo, enquanto os yields (rendimento) dos Treasuries subiram. A abertura em Wall Street deu sequência a essas perdas. Acompanhe a nossa cobertura dos mercados ao vivo.
A carta na manga do mercado
Tudo indicava que as bolsas norte-americanas andariam de lado pelo resto do dia, enquanto os investidores digeriam os demais dados do payroll — mas o mercado recebeu uma mão boa pouco mais de 1 hora depois da divulgação do relatório de emprego.
Leia Também
A pesquisa sobre a confiança do consumidor da Universidade de Michigan mostrou que os receios dos consumidores norte-americanos relativamente à inflação diminuíram em dezembro, em um contexto de queda dos preços da energia e à medida que o impacto dos aumentos da taxa de juros aparece.
De acordo com o levantamento, a perspectiva de um ano para a inflação caiu para 3,1%, uma baixa acentuada em relação aos 4,5% de novembro. A perspectiva de cinco anos também diminuiu, de 3,2% no mês anterior para 2,8% agora.
Mercado banca a aposta
Com os dados de emprego e inflação na mão, o mercado bancou a aposta no corte de juros no início de 2024.
A ferramenta FedWatch, do CME Group, mostra agora uma probabilidade de 50,3% de os juros serem cortados em março do próximo ano. Para maio, as chances de uma redução dos juros é de 81,3%.
Na quinta-feira (7), a probabilidade de afrouxamento monetário em março era de 61,8% e em maio, de 88,5%.
ONDE INVESTIR EM DEZEMBRO: VEJA RECOMENDAÇÕES GRATUITAS EM AÇÕES, FIIS, BDRs E CRIPTOMOEDAS
A mão forte do Fed
Jerome Powell, o presidente do Fed, vem colocando suas cartas sobre a mesa para quem quiser ver.
Sem esconder o jogo, o chefão do banco central norte-americano já disse inúmeras vezes que não está convencido de que a inflação está em uma trajetória sustentável de queda rumo à meta de 2%.
O último recado de Powell nesse sentido veio no início do mês, quando eles descartou completamente a possibilidade de cortar os juros agora.
“Seria prematuro concluir com confiança que atingimos uma posição suficientemente restritiva, ou especular sobre quando a política poderá relaxar”, disse Powell na ocasião, completando: “Estamos preparados para apertar ainda mais a política se for apropriado fazê-lo”.
- Leia também: “O mercado está errado”. Por que um dos maiores economistas do mundo diz que o investidor pode se dar mal dessa vez
O que pensam os especialistas
Do mesmo jeito que o mercado e o Fed não compartilham da mesma visão sobre o futuro da política monetária, os especialistas também divergem.
“Os futuros da CME mostram atualmente que os investidores precificam 125 pontos base de redução nos juros até o final de 2024, com o primeiro corte ocorrendo em março. Consideramos isto prematuro, especialmente levando em conta que as brasas da inflação ainda estão acesas e poderão facilmente ser reacendidas por pressões salariais ainda elevadas”, disse o diretor e economista-sênior da TD Economics, Thomas Feltmate.
Para James Knightley, economista-chefe internacional do ING, o Fed deve adotar uma abordagem mais dovish (favorável ao afrouxamento monetário) agora, mas isso não deve mudar o que pode acontecer antes do final do primeiro trimestre de 2024.
“Os membros do Fed terão que ver provas mais convincentes de que o mercado de trabalho está em um caminho sustentado no sentido do reequilíbrio antes de avançarem com quaisquer cortes nos juros. É improvável que isso aconteça antes do segundo semestre do próximo ano”, diz Knightley.
O JP Morgan, por sua vez, acha que Powell jogará um novo balde de água fria nas expectativas do mercado sobre os cortes de juros no início de 2024 quando conceder a coletiva de imprensa na semana que vem.
O comitê de política monetária se reúne na terça e quarta-feira da próxima semana e o mercado já precificou a manutenção dos juros na faixa atual de 5,25% a 5,50% ao ano.
O visto de US$ 5 milhões: EUA abrem inscrição para quem quer ter um Trump card
Se você não tem essa quantia, calma — o governo norte-americano tem outra opção, mas as exigências são elevadas
Vão voltar às boas? A nova declaração de Elon Musk que pode mudar os rumos da briga pública com Donald Trump
Há quem diga que um deles pode retomar a amizade depois de declarar arrependimento das declarações recentes
Trump anuncia conclusão de acordo entre EUA e China: ‘O relacionamento está excelente!’
Tarifas, no entanto, permanecem; veja o que disse o presidente americano na sua rede social, Truth Social
Sem prazo para acabar, mas com estratégia sem precedentes: os bastidores das negociações entre EUA e China em Londres
As negociações entre os representantes dos dois países acontecem depois que Trump manteve uma longa conversa por telefone com o presidente chinês, Xi Jinping
Elon Musk que se cuide! No hall da fama da WWE: a saga de Donald Trump nos ringues
O bilionário sul-africano talvez não saiba, mas a briga que ele está puxando é com uma verdadeira lenda certificada dos ringues
Bastidores revelados: o que Trump e Xi conversaram por mais de uma hora em meio à guerra de tarifas
Após meses sem contato direto, presidentes da China e dos EUA conversam por telefone sobre comércio entre as duas potências — mas não foi só isso
Presidente dos EUA quebra o silêncio e Musk dispara: “Sem mim, Trump teria perdido a eleição”
Briga entre Elon Musk e Donald Trump esquenta nesta quinta-feira (5); acusações envolvem subsídios para veículos elétricos, comando da Nasa e suposta “ingratidão” presidencial
A nova tacada de Milei para os argentinos tirarem o dólar debaixo do colchão
A grana guardada não é pouca: o Instituto Nacional de Estatística e Censo estima que US$ 246 bilhões estão fora do sistema bancário do país
Em clima de guerra: Elon Musk se junta à oposição e intensifica ataques ao plano econômico de Donald Trump
Após deixar o governo, Musk amplia críticas ao pacote orçamentário de Trump; bilionário fala em “escravidão por dívidas” e confronta presidente dos Estados Unidos
‘Abominação repugnante’ — Elon Musk e Donald Trump, do ‘match’ político à lavação pública de roupa suja
Elon Musk detona projeto de Donald Trump menos de uma semana após deixar governo dos Estados Unidos
Instabilidade no verão europeu: é seguro viajar para Itália, Turquia e Grécia após erupção do vulcão Etna e terremoto?
Fenômenos naturais atingiram alguns dos destinos mais populares para as férias de julho
Por que o mercado erra ao apostar que Trump vai “amarelar”, segundo a Gavekal
Economista-chefe da consultoria avalia se o excepcionalismo norte-americano chegou ao fim e dá um conselho para os investidores neste momento
Rússia lança maior ataque com drones contra a Ucrânia desde o início da guerra — e tensão no Leste Europeu volta a subir
Segundo a Força Aérea Ucraniana, Moscou lançou 472 drones contra o território ucraniano
Trump dobra tarifas sobre aço e irrita aliados — UE ameaça retaliação, Canadá e Austrália reagem
A decisão norte-americana entra em vigor no dia 4 de junho e reacende as tensões com parceiros comerciais. Veja as reações
Trump encerra a semana com mais um anúncio polêmico: aumento das taxas sobre importações de aço de 25% para 50%
A afirmação foi feita durante um comício para trabalhadores da siderúrgica U.S. Steel em Pittsburgh, na Pensilvânia.
Casa Branca leva a melhor: justiça dos EUA suspende decisão que barrava tarifas de Trump; governo ganha tempo para reverter sentença
Corte de Apelações suspende liminar que derrubava tarifas impostas por Trump; ações são unificadas e prazo para novas manifestações jurídicas vai até 9 de junho
Bolsas se animam com decisão de tribunal americano que barrou tarifas de Trump; governo já recorreu
Tribunal de Comércio Internacional suspendeu tarifas fixa de 10%, taxas elevadas e recíprocas e as relacionadas ao fentanil. Tarifas relacionadas a alumínio, aço e automóveis foram mantidas
Na dúvida, fica como está: ata do Fed indica preocupação com as possíveis consequências das tarifas de Trump
A decisão pela manutenção das taxas de juros passou pelo dilema entre derrubar a atividade econômica e o risco de aumento de inflação pelas tarifas
“Estou decepcionado”: Elon Musk reclama de projeto de Trump sobre impostos e gastos nos EUA
O bilionário soltou o verbo em relação a um importante projeto de lei do presidente norte-americano, que pode dar fôlego à política de deportações
Trump volta atrás de tarifa de 50% contra a UE; bolsas europeias recuperam fôlego com morde-assopra
Vale lembrar que, até então, as tarifas anunciadas para a UE incluíam apenas impostos de 20% sobre as importações do bloco