Via (VIIA3) quer dinheiro da Faria Lima para financiar o crediário das Casas Bahia; ações reagem em alta ao plano de reestruturação
Após novo prejuízo no segundo trimestre, Via anunciou “plano de transformação” que envolve criação de fundo para antecipar receita de vendas no crediário
O dinheiro para financiar o tradicional crediário das Casas Bahia e do Ponto Frio pode começar a vir da Faria Lima, região onde se concentra o mercado financeiro. Pelo menos essa a intenção da Via (VIIA3), dona das redes varejistas.
Em situação financeira delicada após mais um prejuízo milionário no segundo trimestre, a Via anunciou um "plano de transformação", que envolve corte de custos e monetização de ativos.
As iniciativas incluem ainda uma captação de até R$ 1,5 bilhão por meio de um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC).
A primeira reação do mercado ao plano é positiva. Por volta das 12h10, as ações da Via (VIIA3) registravam forte alta de 6,56%, a R$ 1,95. No mesmo horário, o Ibovespa subia 0,27%.
- ONDE INVESTIR NO 2º SEMESTRE: o Seu Dinheiro consultou uma série de especialistas do mercado financeiro e preparou um guia completo para te ajudar a montar uma carteira de investimentos estratégica para a segunda “pernada” de 2023. Baixe aqui gratuitamente.
Como vai funcionar o fundo
O plano da Via é usar o fundo para antecipar os recursos das vendas feitas no crediário. Desse modo, em vez de esperar para receber em parcelas o dinheiro da venda de uma geladeira, por exemplo, a varejista coloca os recursos no caixa de uma só vez.
É claro que, para isso, precisará oferecer uma taxa de desconto, que por sua vez vai depender da demanda dos investidores do FIDC. A companhia contratou o Banco BTG Pactual e a Polígono Capital para montar o produto.
Leia Também
A Via hoje já faz a antecipação dos recursos do crediário nas vendas das lojas do Ponto Frio e Casas Bahia diretamente com os bancos.
O objetivo com a criação do fundo é liberar limite de crédito com as instituições financeiras. O valor pode potencialmente superar R$ 5 bilhões, de acordo com a companhia.
Na visão de um gestor de fundos de crédito com quem eu conversei, as chances de a Via tirar o fundo do papel são boas, já que o risco de calote para o investidor não deve ser o da varejista, mas dos clientes que compram as mercadorias parceladas.
De todo modo, tudo ainda vai depender da forma e das condições que a empresa empacotar esses recebíveis.
O plano da Via para sair do buraco
O temor do mercado de que no fundo do poço a Via poderia encontrar um alçapão se confirmou no segundo trimestre. A varejista teve um prejuízo de R$ 492 milhões entre abril e junho — mais de 50% acima da projeção de R$ 321,4 milhões dos analistas.
O volume total de mercadorias vendidas (GMV) ficou praticamente estável e somou R$ 11 bilhões. Enquanto isso, tanto o Ebitda (indicador que o mercado usa como uma medida de geração de caixa) e a margem apresentaram queda no trimestre.
Mas o foco do mercado se concentra hoje no plano de reestruturação dos negócios da Via, que consiste em duas “alavancas”: de estrutura de capital e operacional.
A ideia de criar um FIDC para antecipar as vendas no crediário faz parte do primeiro grupo. A varejista também anunciou que pretende priorizar e reduzir os investimentos (capex) em até 40% em relação a 2022.
VEJA TAMBÉM — Pensão alimentícia: valor estabelecido é injusto! O que preciso para provar isso na justiça? Veja em A Dinheirista
Além disso, a Via conta com a possibilidade de monetizar ativos, como créditos fiscais. O potencial dessa iniciativa é da ordem de R$ 4 bilhões, de acordo com a companhia.
Dentro das alavancas operacionais, a Via anunciou uma série de ações. Entre elas, a redução potencial de 50 a 100 lojas, corte de funcionários e queima de estoque. No total, a companhia estima que as medidas podem render até R$ 1 bilhão em lucro antes impostos.
- LEIA TAMBÉM: Mercado Livre (MELI34) dispara após resultado impactante e eleva barra para balanços da Via (VIIA3) e Magalu (MGLU3)
A reação dos analistas ao plano da Via
Apesar da alta das ações hoje, os analistas que cobrem a Via ainda estão no modo "ver para crer". De todo modo, o plano estratégico deve tirar o foco dos investidores do resultado fraco do segundo trimestre, na visão do JP Morgan.
“Ainda assim, dado o alto nível de alavancagem e o histórico de execução ruim da empresa, é improvável que vejamos o plano de transformação completo sendo precificado”, escreveram os analistas do banco norte-americano, em relatório.
Para um gestor que está com posição vendida (short) nas ações da Via, o plano de hoje não deve ser suficiente para evitar uma futura rodada de aumento de capital na varejista.
Nas contas dele, a dona das Casas Bahia e Ponto Frio precisaria aumentar o Ebitda em R$ 4,5 bilhões para conseguir estabilizar a dívida sem a necessidade de emitir novas ações.
- LEIA TAMBÉM: Conta dos investidores vendidos nas ações da Via (VIIA3) indica Ebitda negativo e necessidade bilionária de capital
Mais otimista, o Santander aponta que o resultado fraco do segundo trimestre reforça ainda mais os desafios da Via. "No entanto, se executado com precisão e com condições favoráveis de mercado, o plano de transformação pode manter a Via no jogo."
A Via promove uma videoconferência para responder as perguntas de analistas nesta sexta-feira, às 14h. Você pode acessar o evento aqui.
A ação do Assaí virou um risco? ASAI3 cai mais de 6% com a chegada dos irmãos Muffato; saiba o que fazer com o papel agora
Na quinta-feira (27), companhia informou que fundos controlados pelos irmãos Muffato adquiriram uma posição acionária de 10,3%
Anvisa manda recolher lotes de sabão líquido famoso por contaminação; veja quais são e o que fazer
Medida da Anvisa vale para lotes específicos e inclui a suspensão de venda e uso; produto capilar de outra marca também é retirado do mercado
O “bom problema” de R$ 40 bilhões da Axia Energia (AXIA3) — e como isso pode chegar ao bolso dos acionistas
A Axia Energia quer usar parte de seus R$ 39,9 bilhões em reservas e se preparar para a nova tributação de dividendos; entenda
Petrobras (PETR3) cai na bolsa depois de divulgar novo plano para o futuro; o que abalou os investidores?
Novo plano da Petrobras reduz capex para US$ 109 bi, eleva previsão de produção e projeta dividendos de até US$ 50 bi — mas ações caem com frustração do mercado sobre cortes no curto prazo
Stranger Things vira máquina de consumo: o que o recorde de parcerias da Netflix no Brasil revela sobre marcas e comportamento do consumidor
Stranger Things da Netflix parece um evento global que revela como marcas disputam a atenção do consumidor; entenda
Ordinários sim, extraordinários não: Petrobras (PETR4) prevê dividendos de até US$ 50 bilhões e investimento de US$ 109 bilhões em 5 anos
A estatal destinou US$ 78 bilhões para Exploração e Produção (E&P), valor US$ 1 bilhão superior ao do plano vigente (2025-2029); o segmento é considerado crucial para a petroleira
Vale (VALE3) e Itaú (ITUB4) pagarão dividendos e JCP bilionários aos acionistas; confira prazos e quem pode receber
O banco pagará um total de R$ 23,4 bilhões em proventos aos acionistas; enquanto a mineradora distribui R$ 3,58 por ação
Embraer (EMBJ3) pede truco: brasileira diz que pode rever investimentos nos EUA se Trump não zerar tarifas
A companhia havia anunciado em outubro um investimento de R$ 376 milhões no Texas — montante que faz parte dos US$ 500 milhões previstos para os próximos cinco anos e revelados em setembro
A Rede D’Or (RDOR3) pode mais: Itaú BBA projeta potencial de valorização de mais de 20% para as ações
O preço-alvo passou de R$ 51 para R$ 58 ao final de 2026; saiba o que o banco vê no caminho da empresa do setor de saúde
Para virar a página e deixar escândalos para trás, Reag Investimentos muda de nome e de ticker na B3
A reestruturação busca afastar a imagem da marca, que é considerada uma das maiores gestoras do país, das polêmicas recentes e dos holofotes do mercado
BRB ganha novo presidente: Banco Central aprova Nelson Souza para o cargo; ações chegam a subir mais de 7%
O então presidente do banco, Paulo Henrique Costa, foi afastado pela Justiça Federal em meio a investigações da Operação Compliance Zero
Raízen (RAIZ4) perde grau de investimento e é rebaixada para Ba1 pela Moody’s — e mais cortes podem vir por aí
A agência de classificação de risco avaliou que o atual nível da dívida da Raízen impõe restrições significativas ao negócio e compromete a geração de caixa
Dividendos robustos e corte de custos: o futuro da Allos (ALOS3) na visão do BTG Pactual
Em relatório, o banco destacou que a companhia tem adotado cautela ao considerar novos investimentos, na busca por manter a alavancagem sob controle
Mercado torce o nariz para Casas Bahia (BHIA3): ações derretem mais de 20% com aumento de capital e reperfilamento de dívidas
Apesar da forte queda das ações – que aconteceu com os investidores de olho em uma diluição das posições –, os analistas consideraram os anúncios positivos
Oncoclínicas (ONCO3): grupo de acionistas quer destituir conselho; entenda
O pedido foi apresentado por três fundos geridos pela Latache — Latache IV, Nova Almeida e Latache MHF I — que, juntos, representam cerca de 14,6% do capital social da companhia
Por que o Itaú BBA acredita que a JBS (JBSS32) ainda pode mais? Banco elevou o preço-alvo e vê alta de 36% mesmo com incertezas no horizonte
Para os analistas Gustavo Troyano, Bruno Tomazetto e Ryu Matsuyama, a tese de investimento permanece praticamente inalterada e o processo de listagem nos EUA segue como um potencial catalisador
Black Friday 99Pay e PicPay: R$ 70 milhões em recompensas, até 250% do CDI e descontos de até 60%; veja quem entrega mais vantagens ao consumidor
Apps oferecem recompensas, viagens com cashback, cupons de até R$ 8 mil e descontos de 60% na temporada de descontos
Uma pechincha na bolsa? Bradesco BBI reitera compra de small cap e calcula ganho de 167%
O banco reiterou recomendação de compra para a companhia, que atua no segmento de logística, e definiu preço-alvo de R$ 15,00
Embraer (EMBJ3) recebe R$ 1 bilhão do BNDES para aumentar exportações de jatos comerciais
Financiamento fortalece a expansão da fabricante, que prevê aumento nas entregas e vive fase de demanda recorde
Raízen (RAIZ4): membros do conselho renunciam no meio do mandato; vagas serão ocupadas por indicados de Shell e Cosan
Um dos membros já havia deixado cargo de diretor vice-presidente financeiro e de relações com investidores da Cosan
