Estrela da corrida da inteligência artificial, Nvidia destaca iniciativas da Petrobras (PETR4), mas vê falta de incentivos à tecnologia no Brasil
Burocracia e os impostos dificultam investimentos em inteligência artificial no Brasil, diz Márcio Aguiar, diretor da Nvidia para a América Latina, em entrevista ao Seu Dinheiro

O tema Inteligência Artificial (IA) tomou conta do setor de tecnologia em 2023. Praticamente todas as big techs dos Estados Unidos anunciaram projetos nesse segmento. Mas nenhum desses avanços seria possível sem chips de última geração, como os produzidos pela Nvidia (BDR: NVDC34 / Nasdaq: NVDA).
Fundada em abril de 1993, a empresa já é uma Millennial do setor de tecnologia, com exatos 30 anos de existência. Mas só nos últimos 15 anos que a Nvidia passou a ganhar destaque, chamando a atenção do mundo dos jogos com suas superplacas de vídeo.
Mas a empresa ganhou definitivamente os holofotes com o avanço da inteligência artificial. A demanda pelos chips da Nvidia na onda de plataformas como o ChatGPT levou o valor de mercado da companhia a cruzar a fronteira do trilhão de dólares.
Enquanto isso, o Brasil mais uma vez parece ficar para trás na corrida da IA, em meio à burocracia e os impostos que dificultam a atuação das empresas.
“A gente entende a iniciativa de proteção, mas isso também dificulta a iniciativa privada de tomar coragem e fazer investimentos, principalmente em tecnologias inovadoras”, afirma Márcio Aguiar, diretor da divisão Enterprise da Nvidia para a América Latina, em entrevista ao Seu Dinheiro.
Mas isso não significa que o país esteja totalmente parado. Gigantes locais como a Petrobras (PETR4) estão entre as empresas que já se utilizam da inteligência artificial com aplicações da Nvidia, segundo o executivo, com quem eu conversei após o balanço da companhia — que surpreendeu mais uma vez o mercado com uma receita recorde de US$ 18,1 bilhões e um lucro líquido de US$ 9,24 bilhões.
Leia Também
Mesmo com a queda das ações após a divulgação dos robustos resultados, Aguiar brinca: “o mercado é assim, você entrega 1, mas ele queria na verdade 3. Faz parte do jogo”.
Confira a seguir os destaques da minha conversa com o executivo da Nvidia.
Mas antes… o que faz a Nvidia?
Para entender o ponto de partida da conversa, a Nvidia atua tanto no segmento de hardwares (CPUs, GPUs, semicondutores) quanto de softwares (programas em geral).
A empresa virou uma das queridinhas do mundo da tecnologia nos últimos anos, tornando-se uma referência no segmento de data centers — grandes espaços de armazenamento e processamento de dados — e serviços em nuvem (cloud services, que inclui armazenamento, espaços de criação de novos projetos, entre outros).
Atualmente, os recursos da Nvidia estão focados no ramo de inteligência artificial. Foi esse segmento, inclusive, que garantiu a entrada no grupo do trilhão como uma das empresas mais valiosas do mundo.
Isso porque a companhia é desenvolvedora dos GPUs (processadores) de última geração para o treinamento das chamas IAs Generativas. A mais conhecida de todas é o ChatGPT, da OpenIA, mas existem outras como o Bard, do Google — da qual a Nvidia também é parceira.
- 'BATALHA' ENTRE OZEMPIC E MCDONALDS: REMÉDIO DE EMAGRECIMENTO PODE DERRUBAR AS AÇÕES DO FAST FOOD?
E aqui no Brasil
Como falei, em terras brasileiras, a Nvidia tem parceria com a Petrobras, além de atuar fortemente no segmento de óleo e gás.
Você pode estar se perguntando: onde combustível fóssil e a IA se encontram?
Justamente na área de exploração e produção, onde são necessárias muitas simulações de perfuração de novos poços. São muitos cálculos e estudos para avaliar se uma região é viável para ser explorada e quais devem ser abandonadas.
“A Petrobras possui uma grande base de dados das perfurações, antigas e novas, o que ajuda nessa avaliação. A partir daí, já dá até para simular o impacto ambiental dessas atividades”, afirma Aguiar.
Aliás, a Petrobras possui um dos maiores data centers do mundo com um dos cem supercomputadores do planeta. Entre outras aplicações, o executivo destacou o uso de técnicas de visão computacional — isto é, câmeras integradas com IA — nas embarcações e plataformas para auxiliar na segurança dos funcionários.
A Nvidia além da Petrobras
Além da Petrobras, a Nvidia está envolvida com a Associação Brasileira de Desenvolvimento da Indústria (ABDI), entidade que reúne mais de 40 empresas.
Aguiar conta que a Nvidia apresentou à Associação o Omniverse, uma plataforma colaborativa que serve de base para as companhias desenvolverem seu próprio metaverso industrial.
“São empresas que precisam se atualizar e agora começaram a utilizar técnicas de realidade virtual e aumentada para treinamentos específicos”, comenta.
Os efeitos dessa parceria não devem ser vistos de forma imediata, já que o anúncio foi feito em agosto deste ano. O que se sabe até o momento é que a demanda por poder computacional (capacidade de processamento de dados) tem aumentado.
EUA e China — e uma briga de gigantes
Sobre o cenário atual de disputa sobre semicondutores entre EUA e China, a Nvidia se mantém relativamente otimista, apesar dos investidores terem penalizado as ações da companhia com o acirramento das tensões entre os dois países.
Para o diretor da companhia, o crescimento da América Latina pode compensar as receitas dos problemas comerciais de importação e exportação de chips entre os gigantes. Isso porque, ele afirma, o mercado está muito aquecido e há uma demanda muito grande por semicondutores em todo globo.
“Outros mercados vão nos ajudar a absorver um pouco desse impacto que possa vir a afetar negativamente os números, e uma dessas regiões é justamente a América Latina” , pondera.
Como exemplo, o executivo cita um projeto promissor específico: o Equador, país com a maior infraestrutura de IA da América Latina, tem utilizado a visão computacional e o reconhecimento de imagens nas suas duas principais cidades, Guayaquil e Quito.
Ainda que o projeto seja em um país pequeno e limitado aos grandes conglomerados urbanos, o sistema de segurança integrado é uma das aplicações práticas da IA no dia a dia.
Por falar na briga de gigantes: onde a Nvidia se encaixa nisso?
Recapitulando, a principal parceira na produção de semicondutores — essenciais para a fabricação de aparelhos eletrônicos — é a TSMC, empresa de Taiwan, território em disputa pela China.
Um dos possíveis desdobramentos da guerra comercial com os Estados Unidos seria o banimento das importações de produtos da região. Em outras palavras, o negócio da Nvidia poderia estar ameaçado em alguma medida.
Contudo, o diretor da empresa afirma que já existem iniciativas para criação de fábricas de semicondutores em outras partes do mundo.
“Obviamente existem sim conversas e tentativas de incentivos fiscais do governo americano para que empresas como a nossa tenham produção também nos EUA. Mas isso é uma coisa que vai demorar”, afirma Marcio Aguiar.
Brasil é carta fora do baralho para fábrica de semicondutores
Eu também questionei se o Brasil não seria uma alternativa de local para essa fábrica de semicondutores, mas o executivo afirmou que não. A complexidade jurídica e de impostos que existem no país “afasta a iniciativa privada como um todo”, na visão do diretor.
Mas um país que vem se mostrando como alternativa dentro da América Latina é o México. A região é destaque não apenas pela mão de obra barata, mas também pela proximidade com os Estados Unidos.
Dentro de um contexto global de investimentos em nearshore — isto é, produção próxima do mercado consumidor — o México acaba sendo mais atrativo nesse sentido. Vale lembrar que, nos últimos anos, diversas multinacionais se mudaram para a região que faz fronteira com os EUA.
Concorrência para Nvidia? A estatal brasileira de semicondutores
Dizem que se Maomé não vai até a montanha, é o monte que se desloca ao profeta.
Em outras palavras, o governo federal recentemente reverteu a extinção do chamado Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec). Entre outras coisas, a estatal seria uma das candidatas a ser uma fábrica de semicondutores no Brasil, já sendo conhecida por produzir outros tipos de microchips.
Questionado se a Ceitech poderia ser uma ameaça — ou parceira — aos negócios da Nvidia, Marcio Aguiar apenas respondeu: “ameaça, com certeza não, mas parceira é difícil dizer agora”.
Ele explica que a fabricação de chips de ponta não é um processo simples e que o investimento é bastante alto — cerca de US$ 3 bilhões, desde o lançamento até a atualização dos softwares e hardwares envolvidos na novidade.
Além disso, a concorrência é bastante alta, com diversas empresas diferentes lançando seus próprios chips e as novas gerações surgem a todo momento. Aparentemente, o sonho de uma fábrica de semicondutores no Brasil pode ser sim… ultrapassado.
Banco do Brasil (BBAS3) cai mais de 5% e Ibovespa recua 2,1% em dia de perdas generalizadas; dólar sobe a R$ 5,509
Apenas cinco ações terminaram o pregão desta terça-feira (19) no azul no Ibovespa; lá fora, o Dow Jones renovou recorde intradia com a ajuda de balanços, enquanto o Nasdaq foi pressionado pelas fabricantes de chip
Banco do Brasil (BBAS3) numa ponta e Itaú (ITUB4) na outra: após resultados do 2T25, o investidor de um destes bancos pode se decepcionar
Depois dos resultados dos grandes bancos no último trimestre, chegou a hora de saber o que o mercado prevê para as instituições nos próximos meses
Do fiasco do etanol de segunda geração à esperança de novo aporte: o que explica a turbulenta trajetória da Raízen (RAIZ4)
Como a gigante de energia foi da promessa do IPO e da aposta do combustível ESG para a disparada da dívida e busca por até R$ 30 bilhões em capital
Cade aceita participação da Petrobras (PETR4) em negociações de ações da Braskem (BRKM5), diz jornal
De acordo com jornal Valor Econômico, a estatal justificou sua intervenção ao alegar que não foi notificada da intenção de venda
Petrobras (PETR4) joga balde de água fria em parceria com a Raízen (RAIZ4)
Em documento enviado à CVM, a estatal nega interesse em acordo com a controlada da Cosan, como indicou o jornal O Globo no último sábado (16)
David Vélez, CEO do Nubank (ROXO34), vende US$ 435,6 milhões em ações após resultados do 2T25; entenda o que está por trás do movimento
A liquidação das 33 milhões de ações aconteceu na última sexta-feira (15), segundo documento enviado à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA
Lucro da XP (XPBR31) sobe a R$ 1,3 bilhão no 2T25, mas captação líquida despenca 70% em um ano
A XP teve um lucro líquido de R$ 1,32 bilhão no segundo trimestre de 2025, um crescimento de 18% na base anual; veja os destaques do resultado
Copel (CPLE6) marca assembleia sobre migração para o Novo Mercado; confira a data
Além da deliberação sobre o processo de mudança para o novo segmento da bolsa brasileira, a companhia também debaterá a unificação das ações
Banco Central aciona alerta de segurança contra possível ataque envolvendo criptoativos
Movimentações suspeitas com USDT no domingo gerou preocupações no BC, que orientou empresas de pagamento a reforçarem a segurança
Credores da Zamp (ZAMP3) dão luz verde para a OPA que vai tirar a dona do Burger King da bolsa
A oferta pública de aquisição de ações ainda precisa da adesão de dois terços dos acionistas minoritários
Raízen (RAIZ4) dispara 10% após notícias de possível retorno da Petrobras (PETR4) ao mercado de etanol
Segundo O Globo, entre as possibilidade estão a separação de ativos, acordos específicos de gestão ou a compra de ativos isolados
Com salto de 46% no lucro do segundo trimestre, JHSF (JHSF3) quer expandir aeroporto executivo; ações sobem na B3
A construtora confirmou que o novo projeto foi motivado pelos bons resultados obtidos entre abril e junho deste ano
Prio (PRIO3) anuncia paralisação de plataforma no campo de Peregrino pela ANP; entenda os impactos para a petroleira
A petroleira informou que os trabalhos para os ajustes solicitados levarão de três a seis semanas para serem cumpridos
Hora de dar tchau: GPA (PCAR3) anuncia saída de membros do conselho fiscal em meio a incertezas na liderança
Saídas de membros do conselho e de diretor de negócios levantam questões sobre a direção estratégica do grupo de varejo
Entre flashes e dívidas, Kodak reaparece na moda analógica mas corre o risco de ser cortada do mercado
Empresa que imortalizou o “momento Kodak” enfrenta nova crise de sobrevivência
Presidente do Banco do Brasil (BBAS3) corre risco de demissão após queda de 60% do lucro no 2T25? Lula tem outro culpado em mente
Queda de 60% no resultado do BB gera debate, mas presidente Tarciana Medeiros tem respaldo de Lula e minimiza pressão por seu cargo
Compra do Banco Master pelo BRB vai sair? Site diz que Banco Central deve liberar a operação nos próximos dias
Acordo de R$ 2 bilhões entre bancos avança no BC, mas denúncias de calote e entraves judiciais ameaçam a negociação
Petrobras (PETR4) avalia investimento na Raízen (RAIZ4) e estuda retorno ao mercado de etanol, diz jornal
Estatal avalia compra de ativos ou parceria com a joint venture da Cosan e Shell; decisão final deve sair ainda este ano
Dividendos e JCP: Vulcabras (VULC3) vai distribuir R$ 400 milhões em proventos; confira os prazos
A empresa de calçados vai distribuir proventos aos acionistas na forma de dividendos, com pagamento programado somente para este ano
Gol (GOLL54) segue de olho em fusão com a Azul (AZUL4), mas há condições para conversa entre as aéreas
A sinalização veio após a Gol divulgar resultados do segundo trimestre — o primeiro após o Chapter 11 — em que registrou um prejuízo líquido de R$ 1,532 bilhão