Gafisa (GFSA3) deixa investidores no limbo ao adiar etapa em processo de grupamento de ações na B3; entenda o caso
Cinco meses depois da operação, a incorporadora ainda não fez o leilão das frações do grupamento nem deu prazo; B3 indicou que não há o que fazer
O grupamento de ações é uma das ferramentas disponíveis para que empresas condensem o capital, aumentem a cotação das ações no mercado secundário e reduzam a volatilidade de seus ativos. A Gafisa (GFSA3) recorreu a essa estratégia no ano passado para aumentar o valor patrimonial de seus papéis.
O procedimento ocorreu como previsto em setembro do ano passado. Mas, cinco meses depois, o leilão das frações — uma das etapas da operação — ainda não foi concluído e deixou a posição acionária de parte dos 39 mil investidores da construtora em um um “limbo” formado pelas sobras pós-grupamento.
É importante relembrar que a Gafisa escolheu a proporção de nove para um para unir seus papéis. Portanto, quem detinha ações em um número que não fosse múltiplo de nove ganhou um prazo de 30 dias para ajustar a posição e evitar sobras de frações.
Quem não fez esse ajuste, porém, teria as eventuais frações reagrupadas em números inteiros e vendidas em bolsa pela própria Gafisa.
Conforme explica Tarsila Machado Alves, advogada especializada em direito societário e sócia do VRMA Advogados, o saldo desse tipo de operação pode ser tratado de três formas:
- creditado em dinheiro, quando o acionista é conhecido;
- reservado para ser pago junto a proventos em dinheiro, se a companhia tiver expectativa de distribuí-los no futuro próximo;
- ou colocado à disposição se o investidor for desconhecido.
Acionista denunciou demora no leilão das sobras da Gafisa (GFSA3)
Leonardo Pinto é um dos investidores que optou por não ajustar sua posição na companhia antes do grupamento. Como se enquadra no primeiro caso — de acionista conhecido — e a Gafisa não distribui dividendos há mais de seis anos, ele aguardou o depósito das sobras em sua corretora.
Leia Também
Quando isso não ocorreu, o acionista procurou a área de relacionamento com os investidores da construtora.
Sem obter resposta depois de diversas tentativas de contato pelos canais oficiais do RI e acionar até mesmo o Reclame Aqui da empresa, Pinto procurou o Seu Dinheiro para denunciar aquilo que encarou como descaso da construtora.
“Nós estamos falando de um valor ínfimo em relação às sobras. Mas o meu principal ponto de insatisfação não é financeiro, é o desrespeito da empresa ao ignorar o investidor minoritário”, afirmou.
- O SEGREDO DOS MILIONÁRIOS: as pessoas mais ricas do Brasil não hesitam em comprar ações boas pagadoras de dividendos. Veja como fazer o mesmo neste treinamento exclusivo que o Seu Dinheiro está liberado para todos os leitores.
B3 “lava as mãos”
Procurada pela reportagem do Seu Dinheiro, a B3 indicou que há pouco a fazer. Isso porque não há um prazo estabelecido em regulamentação para a execução do leilão de frações, de acordo com a superintendente de listagem e supervisão de emissores da B3, Ana Lúcia Pereira.
Mas, de acordo com o manual de orientação para grupamento que também é produzido pela mesma B3, a prática de mercado é que o certame seja realizado em até dez dias após o encerramento do prazo para ajuste de posições.
No caso da Gafisa, já se passaram cinco meses desde o fim dessa janela.
Então o que os acionistas da incorporadora podem fazer?
Nesse caso, a advogada Tarsila Machado Alves afirma que uma alternativa é apresentar uma notificação extrajudicial para a companhia e uma reclamação na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para que a autarquia possa verificar a documentação ligada aos desdobramentos da operação.
Além disso, quem se sentiu lesado pela demora também pode buscar a cobrança de correção monetária e juros, de acordo com a especialista em direito societário. Vale destacar que as ações GFSA3 acumulam uma queda de 26,5% desde o grupamento.
O que diz a Gafisa
Procurada pelo Seu Dinheiro, a Gafisa informou que “busca manter uma comunicação ativa e ágil com todos os seus acionistas e vai verificar se alguma mensagem ficou sem retorno”.
A construtora também garantiu estar empenhando, junto a uma corretora contratada, “os maiores esforços para realizar o leilão” das frações de ações.
Questionada sobre a demora em concluir o procedimento, a empresa diz que a operação ainda não ocorreu por “motivos alheios à sua vontade”.
“A Gafisa esclarece ainda que divulgará em breve, assim que realizado, aviso aos acionistas com o resultado do leilão e respectivos prazos para compensação dos valores”, diz a nota enviada ao SD.
Gafisa está imersa em polêmicas
Essa não é a primeira vez que a Gafisa se envolve em uma polêmica com investidores. Os controladores da companhia travam há meses uma batalha pública com a gestora Esh Capital, uma de suas acionistas.
No embate mais recente, a gestora convocou uma assembleia para discutir a suspensão dos direitos políticos do empresário Nelson Tanure e outros investidores supostamente ligados a ele na incorporadora.
Segundo a Esh, Tanure deveria lançar uma oferta pública de aquisição (OPA) pelas ações da Gafisa na B3 após alcançar uma participação direta e indireta acima de 30% na companhia.
No entendimento da gestora, o empresário possui hoje uma participação de mais de 40% na incorporadora, que estaria oculta em veículos sob gestão da Planner Corretora, Trustee DTVM e do Banco Master. As instituições negam ligações com Tanure.
A chamada cláusula de "poison pill" (pílula de veneno) faz parte do estatuto da Gafisa e prevê a realização de uma oferta quando um acionista ultrapassa os 30% do capital. O mesmo estatuto prevê que o acionista pode ter a suspensão dos direitos na companhia caso não faça a OPA.
A proposta da Esh, porém, foi rejeitada pelos acionistas. Essa foi a segunda derrota da gestora em assembleias da Gafisa: ela também tentou barrar um aumento de capital da incorporadora, mas acabou perdendo a votação.
Já em outra frente, a Esh conseguiu uma liminar que impede a conversão de uma emissão de debêntures em ações da companhia.
Smart Fit (SMFT3) lucrou 40% em 2025, e pode ir além em 2026; entenda a recomendação de compra do Itaú BBA
Itaú BBA vê geração de caixa elevada, controle de custos e potencial de crescimento em 2026; preço-alvo para SMFT3 é de R$ 33
CSN (CSNA3) terá modernização de usina em Volta Redonda ‘reembolsada’ pelo BNDES com linha de crédito de R$ 1,13 bilhão
Banco de fomento anunciou a aprovação de um empréstimo para a siderúrgica, que pagará por adequações feitas em fábrica da cidade fluminense
De dividendos a ações resgatáveis: as estratégias das empresas para driblar a tributação são seguras e legais?
Formatos criativos de remuneração ao acionista ganham força para 2026, mas podem entrar na mira tributária do governo
Grupo Toky (TOKY3) mexe no coração da dívida e busca virar o jogo em acordo com a SPX — mas o preço é a diluição
Acordo prevê conversão de debêntures em ações, travas para venda em bolsa e corte de até R$ 227 milhões em dívidas
O ano do Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3) e Santander (SANB11): como cada banco terminou 2025
Os balanços até setembro revelam trajetórias muito diferentes entre os gigantes do setor financeiro; saiba quem conseguiu navegar bem pelo cenário adverso — e quem ficou à deriva
A derrocada da Ambipar (AMBP3) em 2025: a história por trás da crise que derrubou uma das ações mais quentes da bolsa
Uma disparada histórica, compras controversas de ações, questionamentos da CVM e uma crise de liquidez que levou à recuperação judicial: veja a retrospectiva do ano da Ambipar
Embraer (EMBR3) ainda pode ir além: a aposta ‘silenciosa’ da fabricante de aviões em um mercado de 1,5 bilhão de pessoas
O BTG Pactual avalia que a Índia pode adicionar bilhões ao backlog — e ainda está fora do radar de muitos investidores
O dia em que o caso do Banco Master será confrontado no STF: o que esperar da acareação que coloca as decisões do Banco Central na mira
A audiência discutirá supervisão bancária, segurança jurídica e a decisão que levou à liquidação do Banco Master. Entenda o que está em jogo
Bresco Logística (BRCO11) é negociado pelo mesmo valor do patrimônio, segundo a XP; saiba se ainda vale a pena comprar
De acordo com a corretora, o BRCO11 está sendo negociado praticamente pelo mesmo valor de seu patrimônio — múltiplo P/VP de 1,01 vez
Um final de ano desastroso para a Oracle: ações caminham para o pior trimestre desde a bolha da internet
Faltando quatro dias úteis para o fim do trimestre, os papéis da companhia devem registrar a maior queda desde 2001
Negócio desfeito: por que o BRB desistiu de vender 49% de sua financeira a um grupo investidor
A venda da fatia da Financeira BRB havia sido anunciada em 2024 por R$ 320 milhões
Fechadas com o BC: o que diz a carta que defende o Banco Central dias antes da acareação do caso Master
Quatro associações do setor financeiro defendem a atuação do BC e pedem a preservação da autoridade técnica da autarquia para evitar “cenário gravoso de instabilidade”
CSN Mineração (CMIN3) paga quase meio bilhão de reais entre dividendos e JCP; 135 empresas antecipam proventos no final do ano
Companhia distribui mais de R$ 423 milhões em dividendos e JCP; veja como 135 empresas anteciparam proventos no fim de 2025
STF redefine calendário dos dividendos: empresas terão até janeiro de 2026 para deliberar lucros sem imposto
O ministro Kassio Nunes Marques prorrogou até 31 de janeiro do ano que vem o prazo para deliberação de dividendos de 2025; decisão ainda precisa ser confirmada pelo plenário
BNDES lidera oferta de R$ 170 milhões em fundo de infraestrutura do Patria com foco no Nordeste; confira os detalhes
Oferta pública fortalece projetos de logística, saneamento e energia, com impacto direto na região
FII BRCO11 fecha contrato de locação com o Nubank (ROXO34) e reduz vacância a quase zero; XP recomenda compra
Para a corretora, o fundo apresenta um retorno acumulado muito superior aos principais índices de referência
OPA da Ambipar (AMBP3): CVM rejeita pedido de reconsideração e mantém decisão contra a oferta
Diretoria da autarquia rejeitou pedido da área técnica para reabrir o caso e mantém decisão favorável ao controlador; entenda a história
Azul (AZUL54) chega a cair mais de 40% e Embraer (EMBJ3) entra na rota de impacto; entenda a crise nos ares
Azul reduz encomenda de aeronaves com a Embraer, enquanto ações despencam com a diluição acionária prevista no plano de recuperação
Corrida por proventos ganha força: 135 empresas antecipam remuneração; dividendos e JCP são os instrumentos mais populares
Recompras ganham espaço e bonificação de ações resgatáveis desponta como aposta para 2026, revela estudo exclusivo do MZ Group
IG4 avança na disputa pela Braskem (BRKM5) e leva operação bilionária ao Cade; ações lideram altas na B3
A petroquímica já havia anunciado, em meados deste mês, que a gestora fechou um acordo para assumir a participação da Novonor, equivalente a 50,1% das ações com direito a voto
