Estados Unidos em alerta: ‘guerra’ contra a China chegou a outro nível, um novo império global pode começar — e o TikTok tem a ver com isso
O novo campo de batalha entre Estados Unidos e China mostra a preocupação com o avanço do gigante asiático

“O poder é mais do que a comunicação e a comunicação é mais do que o poder. Mas o poder depende do controle da comunicação, assim como o contrapoder depende do rompimento desse controle”.
A frase do sociólogo espanhol Manuel Castells ajuda a explicar por que os Estados Unidos ‘desbloqueou’ uma nova etapa na “guerra” contra a China.
Depois de comprar briga por causa de alguns balões e, mais recentemente, admitir pela primeira vez a possibilidade de uma guerra nuclear contra o gigante asiático, a maior potência global montou um circo na Câmara do país para lutar contra o que eles enxergam como uma grave ameaça… o TikTok!.
- QUEREMOS VOCÊ NO GRUPO MAIS VIP DO SEU DINHEIRO: Clique aqui e participe de um grupo com nossa equipe de repórteres especiais. Lá eles enviam as notícias e análises mais quentes do mercado financeiro para você tomar as melhores decisões para o seu bolso. Clique aqui e entre de graça.
Na última quinta (23), os deputados americanos ouviram o Shou Zi Chew, diretor-executivo da ByteDance, empresa por trás do TikTok — a televisão da geração Z. O objetivo era apurar possíveis riscos do aplicativo chinês para a segurança nacional.
Com mais de 150 milhões de usuários nos Estados Unidos, o TikTok corre risco de ser banido do país caso não aceite ser vendido para uma uma empresa de lá. Por outro lado, no Brasil a rede está firme e forte, nos siga por lá para receber conteúdos “raíz” sobre investimentos. Basta clicar aqui.
Os norte-americanos evocam a ameaça de vazamento de dados para explicar a perseguição.
Leia Também
O governo americano aponta a possibilidade de a China acessar dados de cidadãos americanos, já que o país possui leis que permitem que autoridades exijam secretamente dados de empresas e cidadãos chineses para operações de coleta de informações.
Também estão preocupados que a China possa usar as recomendações de conteúdo do TikTok para desinformação. A ByteDance, por outro lado, negou que algo dessa natureza já tenha ocorrido.
Durante o depoimento na Câmara, Chew disse entender que existam preocupações nesse sentido, mas deixou claro:
"Deixe-me afirmar isso de forma inequívoca: a ByteDance não é um agente da China, nem de qualquer outro país".
A empresa ainda se ofereceu para transferir todas as informações de cidadãos americanos para servidores dos EUA até o final deste ano.
Mas, por trás das cortinas, existe outro motivo — além da segurança — que está deixando os governantes do país ensandecidos com o crescimento exponencial da rede entre os jovens: a perda significativa de poder geopolítico americano. O TikTok é uma representação disso.
TikTok é só um dos símbolos do enfraquecimento dos EUA, isso os deixa apavorados
A disputa entre China e Estados Unidos não se restringe aos artefatos bélicos de cada um, há um outro fator em jogo: o soft power (poder brando, em tradução livre), um conceito elaborado pelo autor e cientista político Joseph Nye.
Trata-se da habilidade de jogar a opinião pública e as ações políticas ao redor do globo em favor de seus objetivos sem precisar usar a força. E o TikTok tem tudo a ver com isso.
Afinal, estamos falando de uma plataforma criada na China que gera tendências e influencia diretamente no comportamento de seus usuários na vida real.
É o algoritmo deles que define quais discursos serão virais entre os mais de 1 bilhão de usuários ativos da rede. O sistema deles que decide quem atinge milhões e quem cai no esquecimento.
“No limite, trata-se de qual empresa irá definir os moldes que são calibrados para pautar a realidade e conduzi-la de acordo com os interesses das potências e do mercado”, explicam os pesquisadores Juliana R. Corrêa e Ergon Cugler em um artigo para o Le Monde Diplomatique Brasil.
É o que preocupa os Estados Unidos, que vem perdendo o domínio geopolítico global para a China há alguns anos.
Enquanto isso, as redes norte-americanas também sofrem com a perda de espaço para o aplicativo chinês, o que deixa Mark Zuckerberg, dono da Meta (ex-Facebook), doido de raiva. Falo mais sobre isso nesta matéria.
Cabe ressaltar que uma série de redes sociais e serviços norte-americanos também são proibidos na China. Instagram, Twitter, Google e Facebook são alguns deles. Ou seja, o sentimento é recíproco.
VEJA TAMBÉM - PUTIN VAI INICIAR UMA GUERRA NUCLEAR? RELÓGIO DO FIM DO MUNDO ATINGE NÍVEL PREOCUPANTE
Continue lendo abaixo.
Não é só o TikTok: a China tem outras armas para a guerra cultural
Nos últimos anos, a China tem feito um avanço significativo quando o assunto é a guerra cultural contra os EUA.
Para Corrêa e Cugler, enquanto os Estados Unidos exercem o soft power por meio das grandes produções audiovisuais para difundir o “american way of life”, a fonte de poder brando da China é a dependência comercial de seus produtos.
“É o caso do TikTok que, além de ditar tendências virais, também contribui para o mapeamento do mercado consumidor”, explicam.
Mas, desde o início do século 21, a China está engajada em um programa massivo de expansão internacional de mídia e cultura.
De acordo com o pesquisador de comunicação, Graham Murdock, o jornal em inglês China Daily é um exemplo. O veículo foi fundado em 1981 e até 2009 era publicado apenas em Pequim. Então se expandiu para uma edição diária na América do Norte e suplementos semanais na Europa, Asia e África.
O principal jornal oficial, People’s Daily, e seus companheiros China Daily e Global Times, também lançaram edições internacionais ambiciosas e exploraram os recursos da internet para fazer suas notícias e visões disponíveis ao redor do mundo.
A China conseguirá vencer os EUA nessa guerra?
Por mais estranho que pareça, existe sim a possibilidade de a China conseguir triunfar na batalha cultural que está travando, mas isso pode demorar décadas (ou até um ou mais séculos).
De acordo com o pesquisador em comunicação, Colin Sparks, certamente a China não vai vencer os Estados Unidos e implementar um novo império cultural tão cedo, mas isso não significa que o gigante asiático jamais conseguirá fazer isso.
“É um erro concluir que os críticos estão certos e que todo este investimento em televisão, jornal impresso e internet é dinheiro jogado no lixo. Por uma razão: ainda está cedo, e influência cultural leva tempo para ser construída”, explica em um capítulo do livro “Media Imperalism”.
Nas palavras do próprio secretário de Estado do governo Joe Biden, Anthony Blinken, a China é o único país capaz de desafiar o domínio global norte-americano.
Para o diplomata e consultor geopolítico Henry Kissinger, a cada século surge um país com poder e vontade para moldar todo o sistema internacional aos seus próprios valores. Assim como os EUA conseguiram tirar a Europa do centro do mundo depois da segunda guerra mundial, é possível que a China faça o mesmo.
O TikTok está a salvo no Brasil e nós estamos ativos por lá
Enquanto China e Estados Unidos brigam e colocam a sobrevivência do TikTok em jogo em território norte-americano, a rede social está a salvo no Brasil e o Seu Dinheiro publica conteúdos diários por lá.
E se você está pensando que a rede só tem coisas bobas, saiba que nós estamos comprometidos em publicar vídeos ‘raíz’ sobre investimentos que podem ser decisivos para o seu bolso.
Um exemplo disso são os materiais produzidos pela nossa equipe premiada, incluindo a repórter vencedora do prêmio +Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças Julia Wiltgen. Clique aqui para assistir.
Fica o convite para você nos seguir por lá. Basta clicar aqui.
Trégua entre EUA e China evita catástrofe, mas força Brasil a enfrentar os próprios demônios — entenda os impactos do acordo por aqui
De acordo com especialistas ouvidos pelo Seu Dinheiro, o Brasil poderia até sair ganhando com a pausa na guerra tarifária, mas precisaríamos arrumar a casa para a bolsa andar
Apple avalia aumentar preço da nova linha de iPhones enquanto evita apontar o verdadeiro “culpado”
Segundo o jornal The Wall Street Journal, a Apple quer justificar possível alta com novos recursos e mudanças no design dos smartphones a serem lançados no outono dos EUA
Criptomoedas (inclusive memecoins) disparam com avanço de acordos comerciais; Moo Deng salta 527% em uma semana
Mercado de memecoins ganha fôlego após alívio nas tensões geopolíticas entre os Estados Unidos e outras potências globais
Bitcoin (BTC) toca os US$ 105 mil; XRP lidera ganhos após trégua na guerra comercial entre China e EUA
Mercado de criptomoedas ganha força após EUA e China reduzirem tarifas comerciais e abrirem caminho para novas negociações; investidores voltam a mirar recordes
Ações das farmacêuticas passeiam na montanha-russa de Trump após ordem para cortar preços de remédios em 59%
De acordo com especialistas, uma nova pressão sobre os preços dos medicamentos pode ter um impacto significativo nas receitas do setor
Acordo com China prevê mais de US$ 2 bi de investimentos em combustível sustentável e carros elétricos no Brasil
China também planeja investir em centro de pesquisa e desenvolvimento na área de energia renovável em parceria com o SENAI CIMATEC
Cenário dos sonhos para a bolsa: Dow Jones dispara mais de 1 mil pontos na esteira de acordo entre EUA e China
Por aqui, o Ibovespa teve uma reação morna, mas exportações brasileiras — especialmente de commodities — podem ser beneficiadas com o entendimento; saiba como
Didi, GWM, Meituan e mais: empresas da China planejam desembarcar no Brasil com investimentos de mais de R$ 27 bilhões
Acordos foram firmados durante passagem do presidente Lula pela China no fim de semana; expectativa é de criação de mais de 100 mil empregos
Onda de euforia nas bolsas: Ibovespa busca novos recordes na esteira do acordo entre EUA e China
Investidores também estão de olho no andamento da temporada de balanços e na agenda da semana
Agenda econômica: Fim da temporada de balanços do 1T25 e divulgação de PIBs globais movimentam a semana
Além dos últimos resultados da temporada, que incluem os balanços de BTG Pactual, Petrobras, Banco do Brasil e Nubank, a agenda traz a ata do Copom e dados do PIB na Europa e no Japão
Trump e Xi chegam a acordo melhor do que se esperava para arrefecer guerra comercial e mercados amanhecem eufóricos
Tarifas bilaterais sobre a maioria dos produtos passarão por um corte de 115 pontos porcentuais, mas ainda faltam mais detalhes sobre o acordo
Caminho para a paz: a proposta de Putin que pode mudar os rumos da guerra na Ucrânia — e sem condições dessa vez
A oferta do presidente russo acontece em meio à pressão de Trump e da Europa, que no dia anterior, exigiu um cessar-fogo incondicional de 30 dias
Ficou para amanhã: o resultado da reunião entre EUA e China para colocar fim à guerra de tarifas de Trump
Representantes norte-americanos e chineses se encontraram por dois dias na Suíça, mas o resultado das conversas só será detalhado na segunda-feira (12); por enquanto, o que se sabe é que houve progresso
Uma viagem cheia de riscos: o que está por trás da visita de Donald Trump aos países do Golfo e por que Wall Street está de olho
A viagem do presidente norte-americano começa na terça-feira (13) e chama atenção não só pelas tensões geopolíticas — titãs da bolsa americana acompanham de perto as visitas
Depois de Vladimir Putin, Xi Jinping: Lula desafia Trump e vai à China em meio a guerra comercial
O petista encerrou na manhã de sábado (10) a viagem para a Rússia e partiu para Pequim, onde começa a agenda na segunda-feira (12)
Bilionários que se cuidem: Trump coloca aumento de impostos sobre os mais ricos no topo da lista
A última sinalização do presidente norte-americano nessa direção veio na sexta-feira (10), quando apoiou nas redes sociais a ideia de taxar os bilionários nos EUA — ainda que os colegas de partido se oponham à proposta
Ainda não foi dessa vez: sem acordo, negociações comerciais entre EUA e China vão continuar
Representantes de Washington e Pequim estiveram reunidos na Suíça neste sábado (10) em busca de entendimento sobre as tarifas, mas não chegaram a uma conclusão — conversas continuam neste domingo (11)
Dedo na cara: a nova crítica de Lula a Trump após viagem à Rússia e encontro com Putin
O presidente brasileiro deixou Moscou neste sábado (10) rumo a outro destino que deve desagravar bastante o republicano: a China
Por um fio da guerra nuclear: Trump anuncia cessar-fogo total e imediato entre Índia e Paquistão
Os dois países estavam lançando ataques contra as instalações militares desde quarta-feira (7), levando os EUA a pedirem para que os vizinhos iniciassem negociações e apaziguassem o conflito, o mais intenso desde 1999
Agora é para valer: tarifaço de Trump pega a China em cheio — veja quais são as primeiras empresas e produtos taxados em 145%
Os navios com itens importados da China começaram a atracar nos EUA em meio ao início das negociações entre os dois países para tentar colocar fim à guerra comercial