Dólar, juro, bolsa e arcabouço fiscal estão interligados – e uma janela para internacionalizar seus investimentos pode estar se abrindo
O dólar voltou à casa dos R$ 5,00. Seria viável pensar em voltar para R$ 4,75? Entenda o que impede que ele continue caindo de maneira mais sustentável

Depois de algum estresse ao longo do primeiro trimestre, começamos abril com o dólar mais uma vez flertando com os R$ 5,00.
O patamar é emblemático, uma vez que se tornou usual comentar sobre o quanto o real tem estado desvalorizado há algum tempo, mais precisamente desde que a pandemia estourou.
É curioso refletir sobre como há cinco anos a nossa moeda, como podemos ver abaixo, flertava com patamares inferiores a R$ 3,50.
Inegavelmente, o exótico real tem sido um veículo bastante volátil ao longo dos últimos anos, sendo que a força do dólar em nível internacional e as incertezas domésticas contribuíram para isso.
Fonte: Trading Economics
Leia Também
17 X 0 na bolsa brasileira e o que esperar dos mercados hoje, com disputa entre Israel e Irã no radar
Sexta-feira, 13: Israel ataca Irã e, no Brasil, mercado digere o pacote do governo federal
Se fôssemos avaliar as razões internas que poderiam justificar isso, poderíamos destacar a alta do Credit Default Swap (CDS, que funciona como um "seguro contra calote" dos títulos públicos) de cinco anos e a queda dos juros para 2% por um período considerável, de 2020 a 2021. Note que o CDS segue acima de 200 pontos.
Fonte: World Government Bonds
- O SEGREDO DOS MILIONÁRIOS: as pessoas mais ricas do Brasil não hesitam em comprar ações boas pagadoras de dividendos. Veja como fazer o mesmo neste treinamento exclusivo que o Seu Dinheiro está liberando para todos os leitores.
Em contrapartida, a taxa de juros foi para dois dígitos novamente neste novo ciclo recente de aperto monetário.
Ainda assim, seguimos com um dólar relativamente elevado contra o real. O grande problema, em meu entendimento, é a desancoragem das expectativas, em grande parte por conta da incerteza fiscal.
Veja que bastou a apresentação geral do arcabouço fiscal para que voltássemos a flertar com os R$ 5 no Brasil, com a ajuda da fraquejada do Dollar Index (DXY, um índice que mede a força do dólar contra uma cesta de divisas) depois da crise dos bancos regionais nos EUA, que já comentei neste espaço em outra oportunidade.
Está tudo interconectado
As coisas estão conectadas. De 2020 para cá, o Brasil passou por inúmeros choques orçamentários, começando com a pandemia, passando pelos precatórios e chegando ao ano eleitoral, com PEC das Bondades e PEC da Transição.
Consequentemente, os movimentos colocaram em dúvida a capacidade de bom pagador do Brasil.
Sim, o real tem espaço para voltar para a faixa dos R$ 4,75 como já fez no ano passado.
Leia também
- Em busca de um porto seguro: Como o ouro pode proteger seus investimentos em meio a uma crise bancária global
- Surreal! O ‘peso-real’ deixou todo mundo histérico, mas inutilmente; entenda por que moeda comum não vai sair do papel
- O mercado não gostou da meta de crescimento da China. Mas e se ela apenas impôs uma meta fácil de ser batida?
Precisamos de mais certezas
O problema é que mais certezas precisam ser dadas, algo que só teremos gradualmente ao longo dos próximos meses, com a apresentação do texto formal da nova regra fiscal e com a devida tramitação no Congresso.
Até lá os juros seguirão elevados na curva — note abaixo que houve uma evolução versus há um mês, mas ainda estamos piores do que há seis meses —, o dólar continuará encontrando resistência, e a Bolsa se manterá nesses patamares indecorosos, negociando a múltiplos baratos, mas sem gatilhos de curto prazo.
Fontes: Highcharts.com e World Government Bonds
Com isso devidamente explicado, entendo que o saldo final dos próximos meses, ainda que morosamente, possa ser positivo, com uma aprovação de um arcabouço fiscal minimamente aceitável, ainda que muito dependente de arrecadação. Sim, há dúvidas sobre o texto; logo, enquanto elas não forem sanadas, a moeda enfrentará resistência.
De qualquer forma, o movimento geral poderá possibilitar que o dólar se mantenha mais próximo da faixa entre R$ 4,75 e R$ 5,00 do que do patamar entre R$ 5,50 e R$ 5,75, como já fez antes, quando o risco era maior. Uma nova janela para internacionalização de investimentos pode estar começando a se abrir.
Rodolfo Amstalden: Mais uma anomalia para chamar de sua
Eu sou um stock picker por natureza, mas nem precisaremos mergulhar tanto assim no intrínseco da Bolsa para encontrar oportunidade; basta apenas escapar de tudo o que é irritantemente óbvio
Construtoras avançam com nova faixa do Minha Casa, e guerra comercial entre China e EUA esfria
Seu Dinheiro entrevistou o CEO da Direcional (DIRR3), que falou sobre os planos da empresa; e mercados globais aguardam detalhes do acordo entre as duas maiores potências
Pesou o clima: medidas que substituem alta do IOF serão apresentadas a Lula nesta terça (10); mercados repercutem IPCA e negociação EUA-China
Entre as propostas do governo figuram o fim da isenção de IR dos investimentos incentivados, a unificação das alíquotas de tributação de aplicações financeiras e a elevação do imposto sobre JCP
Felipe Miranda: Para quem não sabe para onde ir, qualquer caminho serve
O anúncio do pacote alternativo ao IOF é mais um reforço à máxima de que somos o país que não perde uma oportunidade de perder uma oportunidade. Insistimos num ajuste fiscal centrado na receita, sem anúncios de corte de gastos.
Celebrando a colheita do milho nas festas juninas e na SLC Agrícola, e o que esperar dos mercados hoje
No cenário global, investidores aguardam as negociações entre EUA e China; por aqui, estão de olho no pacote alternativo ao aumento do IOF
Azul (AZUL4) no vermelho: por que o negócio da aérea não deu samba?
A Azul executou seu plano com excelência. Alcançou 150 destinos no Brasil e opera sozinha em 80% das rotas. Conseguiu entrar em Congonhas. Chegou até a cair nas graças da Faria Lima por um tempo. Mesmo assim, não escapou da crise financeira.
A seleção com Ancelotti, e uma empresa em baixa para ficar de olho na bolsa; veja também o que esperar para os mercados hoje
Assim como a seleção brasileira, a Gerdau não passa pela sua melhor fase, mas sua ação pode trazer um bom retorno, destaca o colunista Ruy Hungria
A ação que disparou e deixa claro que mesmo empresas em mau momento podem ser ótimos investimentos
Às vezes o valuation fica tão barato que vale a pena comprar a ação mesmo que a empresa não esteja em seus melhores dias — mas é preciso critério
Apesar da Selic, Tenda celebra MCMV, e FII do mês é de tijolo. E mais: mercado aguarda juros na Europa e comentários do Fed nos EUA
Nas reportagens desta quinta, mostramos que, apesar dos juros nas alturas, construtoras disparam na bolsa, e tem fundo imobiliário de galpões como sugestão para junho
Rodolfo Amstalden: Aprofundando os casos de anomalia polimórfica
Na janela de cinco anos podemos dizer que existe uma proporcionalidade razoável entre o IFIX e o Ibovespa. Para todas as outras, o retorno ajustado ao risco oferecido pelo IFIX se mostra vantajoso
Vanessa Rangel e Frank Sinatra embalam a ação do mês; veja também o que embala os mercados hoje
Guerra comercial de Trump, dados dos EUA e expectativa em relação ao IOF no Brasil estão na mira dos investidores nesta quarta-feira
O Brasil precisa seguir as ‘recomendações médicas’: o diagnóstico da Moody’s e o que esperar dos mercados hoje
Tarifas de Trump seguem no radar internacional; no cenário local, mercado aguarda negociações de Haddad com líderes do Congresso sobre alternativas ao IOF
Crônica de uma ruína anunciada: a Moody’s apenas confirmou o que já era evidente
Três reformas estruturais se impõem como inevitáveis — e cada dia de atraso só agrava o diagnóstico
Tony Volpon: O “Taco Trade” salva o mercado
A percepção, de que a reação de Trump a qualquer mexida no mercado o leva a recuar, é uma das principais razões pelas quais estamos basicamente no zero a zero no S&P 500 neste ano, com uma pequena alta no Nasdaq
O copo meio… cheio: a visão da Bradesco Asset para a bolsa brasileira e o que esperar dos mercados hoje
Com feriado na China e fala de Powell nos EUA, mercados reagem a tarifas de Trump (de novo!) e ofensiva russa contra Ucrânia
Você já ouviu falar em boreout? Quando o trabalho é pouco demais: o outro lado do burnout
O boreout pode ser traiçoeiro justamente por não parecer um problema “grave”, mas há uma armadilha emocional em estar confortável demais
De hoje não passa: Ibovespa tenta recuperação em dia de PIB no Brasil e índice favorito do Fed nos EUA
Resultado do PIB brasileiro no primeiro trimestre será conhecido hoje; Wall Street reage ao PCE (inflação de gastos com consumo)
A Petrobras (PETR4) está bem mais próxima de perfurar a Margem Equatorial. Mas o que isso significa?
Estimativas apontam para uma reserva de 30 bilhões de barris, o que é comparável ao campo de Búzios, o maior do mundo em águas ultraprofundas — não à toa a região é chamada de o “novo pré-sal”
Prevenir é melhor que remediar: Ibovespa repercute decisão judicial contra tarifaço, PIB dos EUA e desemprego no Brasil
Um tribunal norte-americano suspendeu o tarifaço de Donald Trump contra o resto do mundo; decisão anima as bolsas
Rodolfo Amstalden: A parábola dos talentos financeiros é uma anomalia de volatilidade
As anomalias de volatilidade não são necessariamente comuns e nem eternas, pois o mercado é (quase) eficiente; mas existem em janelas temporais relevantes, e podem fazer você ganhar uma boa grana